Neer I e II

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V NEER como um momento para mostrar, tanto aos vizinhos como aos forâneos, que neste tempo não há lugar para a escassez ou para a pobreza; é dizer: rompem-se os limites impostos durante um tempo anual para oferecer o melhor, a fim de evidenciar certos ideais impossíveis de se materializarem na realidade quotidiana. Também, a intensidade do empenho dos ausentes para estarem presentes em Campo Azul, em janeiro, permite afirmar que as festividades favorecem o fortalecimento dos laços identitários e dão visibilidade ao seu patrimônio cultural, uma vez que possibilita expressar a identidade de um grupo, para mostrar o que fomos ou o que pretendemos ser. Com isso, tem-se um rebatimento nas identidades territoriais. Reinventa-se o rural festivo, fortalecido pela existência palpável das solidariedades internas, e o principal: valoriza-se a imagem de Campo Azul aos olhos do exterior. Enfim, são ganhos políticos e de autoestima da população local. Por sua vez, a festa de la Viergen de la Asunción, de Xalatlaco – México –, que acontece no dia 15 de agosto, realiza-se com base na experiência e nas concepções de que cada um é um círculo e, assim, decidem suas atividades e formas de atuar para com a Virgem. Os habitantes de Xalatlaco mantêm seus ritos e cerimônias tradicionais na celebração da festa de “Mamá Chona”. A festa toca um ponto final e um começo, o caos e o cosmos. Ela é a vivência do tempo circular, que sempre volta a começar. Em Xalatlaco, se vive a festa acatando a divindade que se tem aos santos. Rende-se o culto, mas tem-se um grande respeito e temor ao castigo caso não se cumpram algumas promessas/rituais a favor da “Mama Chonita”. Essa forma de culto e de sentir a obrigação de participar de maneira 122


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