Revista iMasters #05 - Feveireiro

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restringe ao eixo Rio-São Paulo. O grupo Gambiologia (gambiologia.net/blog), de Belo Horizonte, marca presença na cena com sua cultura pop tupiniquim. E em festivais e encontros de cultura digital podemos ouvir toda uma série de sotaques baianos e pernambucanos discutindo códigos e calando muito carioca e paulista.

construída com objetos que estão à nossa volta. Ao compreendermos como escrever nossos próprios softwares ou construir nossas próprias máquinas, compreendemos mais o mundo à nossa volta e podemos nos expressar melhor de uma maneira que rompe com os limites que as grandes instituições e corporações estão nos impondo. A Casa de Cultura Digital, em São Paulo, é quase uma vila de hackerspaces – como a sede do Garoa Hacker Club – engajadíssimos e em um constante clima de festa. Um dos projetos mais interessantes que surgiu lá é o Ônibus Hacker, isso mesmo, um ônibus todo hackeado e cheio de hackers viajando pelo Brasil compartilhando conhecimento. O projeto foi financiado através de crowdfunding, ou seja, por pessoas físicas interessadas na iniciativa e engajado pelo site Catarse. Outro projeto surgiu quando decidiram comprar uma Makerbot, impressora que imprime peças em 3D, para construir sua própria máquina de pinball e perceberam que a impressora poderia ser bem melhor. Daí fizeram a impressora imprimir outra impressora 3D, ainda mais avançada. A Casa de Cultura Digital ainda abriga o MemeLab (memelab.com.br), onde trabalham o VJ Pixel e a produtora Andressa Viana, que têm a pilha de produzir tanto um evento como um software – a questão é realizar. Um dia decidiram que queriam criar seu próprio software de Realidade Aumentada e reuniram quem mais estava a fim de se envolver, fuçaram um pouco e criaram o Jandig, software que já participou de vários festivais de cultura digital, mostrando o que um grupo de pessoas ousadas é capaz. Mas o desenvolvimento de gambiarras, aquele jeitinho brasileiro de improvisar soluções, não se

Os que frequentam o universo do desenvolvimento tecnológico formam uma cena cada vez mais variada e animada. Entre eles está Marcelo Castilha, músico da banda Improvisado. Ele vira o disco da cena eletrônica noturna e toca jazz em uma das festas mais descoladas de São Paulo; durante o dia ele revira o disco novamente e se introduz na cena hacker: já conduziu o hackerspace do SESC Belenzinho e já foi visto usando tupperwares como distorcedores de som, criando e modificando músicas com um resultado harmônico. Mais um pouco e vamos ter o lado C da tecnologia!

Conclusão Podemos virar o disco, ou unir os lados. Segundo Arlindo Machado, o segredo é a convergência – quanto mais individualizamos os campos de atividade, menos produtivos somos, enquanto a hibridização gera possibilidades e melhores soluções. Compartilhar é a chave do negócio e, sem as comunidades que disponibilizam livremente a informação na rede, nada disso seria possível. Olhar para o outro lado é estar livre de padrões, criar com as próprias mãos e ver que é possível alcançar seus objetivos por diferentes caminhos. Sem medo de errar, somos capazes de improvisar e de onde menos esperamos é que surgem as ideias mais bacanas. O lado B é que aqui a gente faz samba, e esse é o nosso ritmo, uma incorporação de diversos gêneros com um resultado singular. </>

Texto: Blab - Adriana Pedrosa e Iliana Grinstein Fotos: cedidas O Blab é um coletivo voltado para tecnologias audiovisuais e interativas, que reúne designers, programadores, videomakers, músicos, surfistas e ex-modelos para projetos imersivos extrasensoriais.


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