Revista do IHGP - Vol. 18

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REVISTA IHGP

Monsenhor Rosa

Em 1901, logo após sua ordenação, foi coadjutor da Paróquia de Santa Cecília em São Paulo e de 1902 a 1910 foi pároco de Nossa Senhora do Belém de Descalvado e em 20 de fevereiro de 1910 foi nomeado, por Dom Nery, bispo de Campinas, pároco de Santo Antônio de Piracicaba. E aqui ficou até sua morte. O pároco se entrega à cura das almas em determinada parte de uma diocese. Este pastoreio significa ensinar, santificar e rezar de tal modo que os fieis e as comunidade se sintam realmente membros da diocese e da Igreja Universal. A cura de almas deve ser animada pelo espírito missionário e se estende a todos os moradores da paróquia. No desempenho do magistério é dever dos párocos pregar a palavra de Deus a todos os fiéis, a fim de que, fundamentados na fé, esperança e caridade cresçam os cristãos e a comunidade testemunhando o Senhor. Pela catequese é dever do pároco levar os fiéis ao pleno conhecimento do mistério da salvação. Através da celebração do Sacrifício Eucarístico, centro de toda vida cristã deve o pároco estimular os fiéis a prática de recepção dos sacramentos e a participação consciente da liturgia e do sacramento da penitência com uma humildade apropriada a da vida cristã. Visitar as casas, escolas, obras de caridade, instituições e desenvolver, em particular, a caridade com os pobres, enfermos e necessitados. Essas foram as balizas do desempenho sacerdotal de Mons. Rosa em mais de meio século na condição de pároco e depois de cura da Catedral de Santo Antônio de Piracicaba. Os depoimentos que obtive foram redigidos por paroquianos de Mons. Rosa, que o conheceram profundamente. Os outros depoimentos orais foram feitos por rapazes (hoje senhores) da Associação Mariana que congregava muitos jovens na época. Frequentavam a casa paroquial com a liberdade de moradores junto ao Mons. Rosa. Ainda outras informações foram prestadas por seminaristas na época, hoje sacerdote. Por ex-filhas de Maria, associação feminina fundada por Mons. Rosa e pupila de seus olhos. Por missionárias de Jesus Crucificado, aqui instalados sob sua aprovação e proteção. Por membros de famílias e amigos que eram visitados por Mons. Rosa. Por freiras que aqui exercem suas atividades na ocasião. Foram informações selecionadas de pessoas credenciadas entre as quais, sem desprestígio das demais podemos citar: Dom Ernesto de Paul, 1º Bispo Piracicabano, residente em São Paulo; Dom Aniger Francisco de Maria Melillo, 2º Bispo de Piracicaba, falecido; Dom Angelico Sândalo Bernardino, bispo auxiliar de São Paulo e primeiro

piracicabano sagrado bispo; Dom Mauro Morelli, bispo de Duque de Caxias na Baixada Fluminense; Dom Agnelo Rossi, cardeal decano da Igreja Católica Apostólica Romana; Mons. José Nardim, pároco em Piracicaba, seminarista e sacerdote na época historiada; Irmã Maria Estela Ayres, missionária de Jesus Crucificado; Dona Lili Nogueira, esposa do Dr. Luis de Campos Toledo (Dr. Lula), médico e amigo pessoal de Mons. Rosa; Dona Chiquita Arruda, vizinha e uma das provedoras da casa paroquial; Dr. João José Correa, vizinho e amigo; Tércio Mendes de Campos, ex-mariano que cuidava voluntariamente do asseio pessoal de Mons. Rosa e o acompanhava quando ele era solicitado para visitas aos doentes e moribundos; Cacilda Silveira de Moraes, ex-filha de Maria, integrante da ação católica e participante ativa dos movimentos religiosos no tempo de Mons. Rosa. Todos os depoimentos foram analisados, comparados para comprovar a veracidade. Ninguém pode negar que Mons. Rosa era um Santo Sacerdote. Mons. Rosa mantinha uma relação muito evangélica com a política. Reivindicava o que “era de Deus a Deus e a César o que era de César”. Respeitava a autoridade constituída ou delegada e se fazia respeitar por ela. Não se envolvia em contendas partidárias e se portava como um sacerdote. Sua casa era de todos e no confessionário. Segundo testemunhas de sua época, ouvindo pessoas com envolvimento partidário, se atinha as coisas de Deus. Levava bem presente os ensinamentos de Pio X de 1910 na encíclica “Sobre os Erros de Sillon” – “A autoridade, é certo, emana de Deus, mas reside principalmente no povo e daí deriva, por via de eleição, ou melhor ainda, de seleção, sem, por isso, deixar o povo e se torna independente dele; ela será exterior, somente na aparência; na realidade, ela será interior, porque será uma autoridade consentida. Se o poder emana do povo, aqueles que exercem o poder, na sociedade, não exercem autoridade própria, mas como uma autoridade a eles delegada pelo povo e sob a condição de poder ser revogada pela vontade do povo de quem eles a receberam.”... “Os que presidem o governo da coisa pública podem bem, em certos casos, serem eleitos pela vontade do povo, mas essa escolha designada o governante, não lhe confere a autoridade de governar, não lhe delega o poder. Apenas designa a pessoas que dele será investido...”. “O povo continua a ser o detentor do poder...”. Nessa condição de procurador do poder do povo, o governante, a autoridade, era entendida por Mons. Rosa. Poucos e raros são aqueles que assim entendem o poder mandatário. A Tese Paulina de submissão à autoridade para as coisas de César previa, necessariamente, todas as etapas possíveis de sociedade humana. E ao seu tempo os ventos impeliam

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