Revista do IHGP - Vol. 01

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REVISTA DO INSTITUTO

HISTÓRICO E GEOGRÁFICO

DE PIRACICABA


REVISTA DO INSTITUTO

HISTÓRICO E GEOGRÁFICO

DE PIRACICABA


REVJSTA DO INSTI'IUI'O HISTóRICO E GEOGIlÁnCO DE PIRACICABA coe 508S387lIIOOO14

R. do _rio, 781· 13400 Pill""ba. SP

I!ljl(PEDIENTE

'tóI. DInIIOfde Campos M~ especial RetpOIISÁV8I

HeI/y Colaboração I'ro(t Mariy 1herezInha

Getmanp Pereoln

Ed~or

Rev. Erasmo Prestes de Souza Diretoria· 1991 PRESIDENTE

He//y de Cempos MeJges

V1CE-PRESlDl!tm!

Hugó Pedro CartadMI l' SECRETARIO

Myr/a Machado Botelho

2' SECRETÂIIIO

Noeml SIIVeffa Wroge

ao TESOUREIRO

Femendo Ferraz de Am.Ida

SIBI.IOl'IiCÁRIO

o

HaldumOhl Nobre Ferraz

ORAOOA

EralJlo da FO/IfJe(I(I

COl.ASOIW;ÁO 6 da,"""", "",lIá"'''.''

• publl<acto de , _ de """,lado<

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tolabõtlu;6U devet• ., tIIt S....uuI. piIlI togIolfó em H.... oap••I.1 ...fio publload.. pell OIdOIll d. _ .....to. Jóp!lI)o 5011<1111... quo o .1111.01110 Il1o • ..ulto U1t1lOO patt q.. hajA 1"*1bIl~ d. patlltlpilCl. por "'."', AIIfIIOfó d. lOIcIoI. o. ...balh08 d....... totofil e«I....

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Com este núnero inicúJ·se a pliblk~ da &visltJ da IlIStilUto

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Geogr6fü:o dlJ1'irocú;aba.

T/"tIJ;Ne dlJlfUlis uma ~tIe.sre sod41Jldqao dlJsenvolvim_athurr:d dIJ

HouaTenI1. É O fruto da esfoI'ço. do carinho eda dedJ~ dos s6cim

qu Wm pIIfIiilipI/IIt

com seus eitudat. JIIas pesquJsas. dat lfUlis~formaspamotn~/It) liutuuto ~ 11/) anulo dIJ aI~ seus objtllil'os, p_segJUt sem vacI4u 1111_ C4I1fI­ lIÍIatIII cJwIa de lulas e de vitórias. ; o

EsfW/l11fos assim, dar opor/unldadIJ °dIJ publicllç40 11 muifllS pesquisas que acabDlÚlnlllltl4l'elecidus pelo tempo, no ftutdo dat gavetas, pt'I1duziruIo de.seJdmuIo e ftus/rtll;lo aos .studiosos. Espe1l1lltos ainiJa, °ÍJICenôVQTo os vaI_ jovens. [HIInIs ~ <l upera dIJ /4pIda;Io. Mas, Isso 1140 basUI. Qu_ _ IfUlis. Quetom". ukIr pelo palrillJ8nio cu/1tJ.rrll dIJ nossa TeJ1G • dí""fRar ..... Histórl4 • JIIas 1'rtuliç<Jes bIIm como OS /J'rlbaIhos que se IWIÍZIlm em nosso IÍt.stilUlo, (l/1rlpÚ de in/Qc4m/M com entidodes~. Queremo:,.finaJnumte, cóllli'ilJuir junlO <l iU-tudIJ pinlckabona na ""'f~ cll'ica. EsI/I lo nosso alvo prlndpaI. Este _piar I apenas Oprimeiro lIÚItIm> dIJ UI/fQ séri. ~ se Dt:us quiser. apoú:> dIJ C4Ils s,xlo 1140 lNá fim e, por ser o primtlÍl'O, I bIIm poriIwd que, peltt _ illll:qletlhlcia jomalf4llclr, mui/tU falha. venham ser ("'C/1III1rIdas. Assim, hunúldememe, solidúlmos sejam e/tU rIpOIIllldas /IUIÍI upúito C01UI1UIIvo e, sem qutZlquerconsl1'llllgimmlo, aftictU. sugest(!eS. serlo aceilas com latbfllflo UIIUl o

vez que /I nosso ".Jo I f - Ome/JrQr.

I> TESOUREIRO

Pedro Caldarl

Il&tt _

EIS A NOSSA REVISTA

Esperamos pub/jCllf' _ Revisto, Irimutlabllente e, numa hipótese de _ pret.n..lo. li cada ~ AproveitaJIdo a oportunldode, apreittllllltlOS nossos agradecimentos a todos 114.1/_lu ~ dIJ UIIUl OU de _ fomu4 deIrJJn apoú:> li COIICIfJIizJlçI de.st. velho sállho • li RevistII do liulllUta, Inclusive IJO hefello t aos y~ peltt c~ de exre/eI<M !IeIf)" delIiIJatId <l CII1IJJrrI, no ~ ÚSI/I tJII/). ~o lIWior Illndo ex/e1III1nIM IJO 11OSS0 Pai C#udaI, peltt fi, peta comgem _por 11ii16 dlJlIlIm que lIo.t /em cOlléedíd<J t que 1101 pemrite rtpetlr li /tIIIU do salmlsttJ: '(Jt/1IIde$ cd.IlJ.!fllZo SéNlI1I'porlllJl t por Isso ~ 1IIqjm'. Salmo ll1J.3. Sim, Dt:us /em estllllo COItOICO fi por_ ftIZ40petIimM lII1rJtI p a m . _ UIIUI ~ de _a llIJIi'Jfi4, 116 v4NM /11101 _ que /em t:.fIIIdo stmprn MI_1IJb1Ol

nas Iwms /InI11I/If1$ _ lIo.t _ t o s de alegria.

o IMPORTANTE

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lU p"!oHndo pare 0., .. 9Uhu..do q... o tempo.

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1IoI1d'.... q..... ~ "111ft dall.....!IdaI ... papól &\IJllIe .....~ 3t com mfdl. de 10 loqIIeiI por IWI...

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ConIpoolçlo .I",~

SIIdtlIlAllIMIIOIl. ollllka

TIlIJ (0194) 21oÓ'1fi6

ANO \. deuftlb"'. 1991.· N" 1

o importallte, Senhor, li que Tu eIIIás COIIIigoI Sim, que este Deus, o veivIodeiro Dt:us que sem~ est4 -co. 110S lJUfI1de, 11M lIbtnçoe e lIo.t ojude (I t:M!ftU1r um 110110 QJI() de 11m"" dIJ muIIII pq:tJ

He/Jy dIJ 0tIIIpM Me/gu


A PROFESSORA, DONA NINA

Helly de Cmnpos Metges

A menina, aluna da famosa e respeitada mestra Olivia Bianco,no Grupo Escolar"Barão do Rio Branco", em Piracicaba, nos primeiros anos deste século,já tinha um ideal que acalentou a vida toda e em cuja busca traçou o seu destino. Era o ideal de ensinar, independente de hora, de local e até mesmo de condições adversas. Já nos primeiros anos de estudo se dispunba a dar aulas a coleguiJihas que, p~r qualquer motivo, se apresentavam com pouco aproveitamento e assim, a pequenina professora sentia a grande responsabilidade de !lIo impor­ tante missão - a de ensinar e que, para o perfeito desempenho desta nobre missão, precisava aprender e aprender muito bem. Fez-se pois aluna aplicada e ávida de conhecimentos. Antonia Guilhermina de Campos, conhecida quando criança por Antoninha, procurava ler tudo o que lhe vinha às mãos e por ser membro de uma famflia pobre, irmã mais '1Íelba de outros seis me~ores, por falta de biblioteca e por não poder comprar os livros indicados pelos professores da, ' escola complementar, passsava horas e horas a copiar longos ,trechos dos que tomava empres- ' tados das cólegas, em papel de embrulhar pão. Fazia esta tarefa à luz de lamJiarina de querosene, chegando a ficar com as narinas enegrecidas pelos resíduos da substância queimada. Depois, cuidadosamente ajuntava as folhas, fazendo gros­ sos cadernos que guardava, lia e relia atenciosa­ mente. O problema maior que a menina enfrentava, não era entretanto o da pobreza, criando·lhe dificuldade para aquisiÇão de materiais escolares e pagamento das taxas que naquele tempo se cobr<lvam na' escola complementar, hoje a tradicional Sud Mennucci. Havia um pior, a ignorância materna que, não entendendo o sonho da menina e niio sabendo valorizar a educação, niio só tentava dissnadí-la de estudar, bem como procurava impedi-la de ir à escola. Houve até uma -5­

ocasiâõ em que a mãe, ao esconder o único parde sandálias da menina, colocou-as no fomo à lenha, (o único tipo de fogão da época), e que acabaram totalmente queilruidas. ' Para fazer frente às sua.. dificuldades finan­ ceiras, Antoninha trabalhava comligeiras costuras que aprendera na adolescência e com opouco que ganhava, ajudava em casa, pagava as taxas es­ colares, e comprava cadernos e outros materiais baratos. Avisão da adolescente erajá bastante elevada no meio ignorante em que vivia. Quando houve um trabalho de vacinação anti-variótica, às escon­ didas, levou o seu irmão de idade logo abaixo da sua para ser imnoizado. E foi asalvação da famflia. A varíola, conhecida como bexiga, alastrou-se pela cidade e grllÇ3S a tal cuidado ela e seu irmão não contraíram a doença, podendo entao cuidar de todos os seus familiares que, sem exeeção, niio escaparam da epidemia.' , Em 1918, tendo por paraninfo, o professor Joaquim Silveira dos Santos, como homenageado, o professor Fabiano R. 1.ozano, ela e sua colegas recebiam das mãos do diretor,Dr. Honorato Faus­ tino de Oliveira, (, sonhado diploma de prÓfesSora pimária pela chamada Escola Normal de Piracicaba. Formavam-se naquele ano: José Mattéis, Décio Portella, José Ferraz de Toledo, Lavfnia Assumpção, Maria José Souza Ferraz, Mària Rodrigues Moraes, Maria Adalgisa Pfuhl, Mathilde Brasiliense, Maria Isabel Oliveira, Veridiana R. de Moraes, Iraydes Pacheco Jordão, Maria Isabel Cotrin, Maria Antonieta Netto, Anna Cândida de Moraes Salles, Corina Ferraz, FranciS<;3 Alves Araújo, Olympia Moraes Rosa, Iraceina A. Rodrigues, Rosa de, Azevedo, Rosalina F. Nascimento. Rita de. Cassia, Angelina Usberti, Sebastiana R. Carvalho, Olivia Silveira Leite, Maria do Carmo Oliveira, Branca Toledo Castanho, Maria Teresa Nucci, Maria José


Amaral, Victoria Martins de Tolooo, Risoleta Dias Ferraz, Elvira Barros Pastana, Antonia C. de Campos, Maria Conceição Ferreira'Melges (esta viria a ser cunhada de Antoninha), lsaura Souza Aguiar, Santina Mandelli, AJzira Nascimento, Augusta Fachada, Adelina Palma e Luiza Abreu Uma. De posse do diploma já então casada com José Ferreira Melges, irmão de sua colega, o qual conhecera por estudarem juntas, Antoninba foi nomeada para exercer o magistério na Escola Isolada do Baito da Baixada, no municfpio de Ibitinga. Naquele local, dfstante da cidade alguns quilômetros e onde foi· morar, dava ela início à carreira que sonhara tánto, tomando-se desde então conhecida como a Professora Dona Nina. Teve seu primeiro filho, o pequenino' Luiz, nome do avÔ matemo. Esta criança, quando fal­ tavam seis dias para completar o primeiro ano de vida, veio a fal ecer por falta de resursos hospitalares e de satisfatório atendimento médico. Foi o grande golpe na vida da jovem professora. A seguir, teve mais três filhos n!lquele município: Neydy, Nilsy e He1eny. QUandoaNilsy nasceu, o Inspetor ao visitar a colega, no dia seguinte ao do parto, encontrou-a dando aula. Admirado e preocupado, carinhosa­ tnente, chamou-lhe a atenção dizendo-lhe: "Do1l3. Nina, a senhora Dão precisa dar aula, a Sll3licença­ gestante já está concedida pelo Delegado de ~n­ sino e eu já prQvidenciei uma substituta". Ao ouvir estas palavras ela apenas lhe disse: "Senhor Ins­ petor, agradeço-lhe pela sua preocupação mas en­ quanto a substituta não vier, as crianças Dão poderão ficar sem aulas". Isto valeu-lhe um termo de visita tão meritório em livro que ela guardou como verdadeira relíquia. Para ela, aquele termo valia mais do que qualquer precioso troféu. No dia seguinte lá estava a', professora substituta a trabalhar. Em 1928, voltava a professora Dona Nina para sua Terra Natal. Vinha para ser adjunta do Grupo Escolar Moraes Barros, lecionando no

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período da tarde. Em Piracicaba nasceram seus fillios Hel1ye Noedyr. Assim que voltou a Piracicaba, no seu anseio de ensinar, comprou carteiras, um grande quadro negro, outro menor e diversos materiais didáticos. Colocou-os no porão confortável do casarão onde residia e -Ia começou, pela manhã, a manter um curso de admissão ao ginâsiocom cerca de quaren­ ta a cinquenta alunos. Naquele tempo, os exames de admissão ao gipásio apresentavam-se como verdadeira barreira àos que, concluindo o primário quisessem continuar os estudos. Assim, davaaulas nô período das 8 às 11 horas no curso de admissão e das 12,30 às 16,bO no Grupo Escolar. Quando a Secretaria da Educação passou a exigir que os cursos Ué preparatórios aos' exames de admissão fossem registrados, ela tomou providências imediatas e assim nascia o famoso Curso Pré-Ginasial Bandeirantes que durou mais de 10 anos e só deixou de funcionar porque, em 1944, ela se remov,ia para o Grupo Escolar de ltaquera, no município da Capital. Durante OS 15 a 16 anos em que lecionou em Piracicaba, ela se notabilizoú pela didátiea, sendo uma das primeiras professoras a adotar o método analítico, ou melhor, Jllobalizado dealfabetiz3ção; Em tempo récordea classe inteira passava a ler e a escrever e a realizar as quatro operações. As crianças aprendiam com urna facilidade nonca

vista. Não foi porém só·na alfabetização que ela se projetou. Deu aulas em.todas as classes, de primeira à quartá, Chegaodo a aeompanhar alunos . tlm todó o curso. A metodologia adotada pela professora DOna Ninavinha em consequência do seu auto=didatis­ mo, desejo de melhorar o seu trabalho e, especial­ mente, do amor à caosa a que se dedicou. Ensinar para ela, era tudo o que de I!IliÍS sublime uma pessoa podia fazer. Na sua metodologia, desenvolveu o ensino; uti1izando-se do que se chamava: Centro de Inte­ resses. A Bandeira Nacional, hoje tão ultrajada, motivava aulas de aritimétiea, geometria, dese­ nho, redação, história, geografia, caoto, poesia,


civismo e tantas outras disciplinas inclusive as atividades de Educação Física. AI; aulas de História eram' dramatizada.' e para cada matéria, a Professora Dona Nina tinha os materiais didáticos áudio-visuais que elaborara ao longo de sua carreira. Só para se terumavaga idéia do que ela fazia, Os c~s a respeito de animais começavam com a grande divisão: Vertebrados e Invertebrados. Dar, referindo-se aos vertebrados apresentava outros cinco, com as grandes divisões: Mamfferos, Aves, Répteis, Batráquias e Peixes. Qmmto aos mamíferos tinha cartazes referentes à sua divisão: Paquidermes, Felinos, Caninos,' ~uminantes, Caprinos, Quadnipedes, Quadnimanos, Mar­ mpiais, Queirópteros e os demais. As c1assifica«ies eram completas. O mesmo ocorria com as Aves e demais classes de vertebrados e invertebrados. No ensino dos vegetais, os cartazes referentes aos estudos das raízes, caules, folhas, flores e frutos eram completos. Praticamente, elá' tinha cartazes para tudo. Possuía a sua mapoteca, materiais didáticos para o ensino da geometria, do sistema métrico e de outras unidades de medidas com seus múltiplos e submúltiplos. Quem não aprendesse tais assuntoS com ela, não aprenderia com mais ninguém. . O trabalho da professora Dona Nina não se limitava só a dar aulas. Quando voltava à tarde para casa, fazia-se sempre acompanhar por duas ou três meninas que a ajudavam a carregar os cadernos que estavam sempre bem encapadinhos. Até altas horas da. noite ficava a corrigi-los com tinta vermelha, anotando os erros e escrevendo ao lado o certo para observaçãO dos alunos. Correção cuidadosa que os 'atuais educadores de gabinete": baniram do ensino a fim de manterem as crianças nos erros que cometem. A dedicação de Dona Nina não tinha limites. No final do ano, no dia 30 de novembro, ela levava as crianças para sua casa e fazia com as mesmas, festejos com cânticos, distn'buindo-lhes doces. e refresco. Se era conclusão do corso então as lágrimas das crianças unidas às dela rolavam abun­ dantemente. Chegadas as férias de fim de ano, como os·

exames de admissão eram realizados em fevereiro, a professora dobrava o curso de admissão sem cobrar um cruzeiro a mais e assim praticamente foram 15 anos sem férias a não ser os 15 dias que se ~eserniNam para o mês de junho. O curso pré-ginasial Bandeirantes tinha sempre de 40 a50 alunos o que deveria dar-lhe de retribuição financeita de 1200 a 1500 cruzeiros por mês uma vez que ela cobrava a mensalidade de 30 cruzeiros ,de cada aluno. Entretanto, aten­ dendo às solicitações de pais pobres, desde que as crianças tivessem realmente vocação para o es­ tudo, conhecida esta pelos testes que aplicava, abaixava a mensalidade para 25, 20 e até o ponto de muitos alunos estudarem gratuitamente e assim, em vez daquela retribuição prevista, ao somar as importâncias recebidas pelo seu traba­ lho, as mesmas não iam além de 600 cruzeiros por mês. Era sempre assim. Seu desprendimento não tinha medida. Dona Nina,. ao desenvolver o seu trabalho, tinha por hábitq, chamar os pais de alunos, expor­ lhes as dificuldades que os filhos encontravam e insistia mesmo para que eles a procurassem. Quando via que uma áiança tinha vontade de estudar e o pai, pela ignorância, não se preocupava, ou até procurava impedir, ela ia falar com o mesmo e não safa de sua casa enquanto o seu pedido para que a criança pudesse estudar não fosse atendido. Conseguiu ela, pôr na cabeÇa de muitos joveus, que deveriam estudar e, acatando a sua sugestão e insistência, vários deles sempre vieram ser gratos a ela.. Independente do seu trabalho como profes­ sora do grupo Escolar e do Curso Pré-Ginasial, à noite, atendendo a pedidos de pessoas adultas, que, urgentemente.. precisavam aprenaer a ler e a escrever, ou melhorar os conhecimentos para con­ seguir emprego ou progredir no serviço, gratuita­ mente ela as alfabetizava ou lhes dava aulas de reforço. Em sua casa, era muito comum a frequência de tais pessoas. Os alunos da professora Dona Nina, ao final dó ano, apresentavam-se em orfeão e exibiam belfssimas exposições de Trabalhos Manuais. A professora polivalente era completa.

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Quando foi criado o MOBRAL,ingressando · no quadro de voluntários, à noite, foi dar aulas de alfabetizaçllo, durante alguns anos; sem receber fl'IlIIquer pagamento. . . Á ~ra Qoua Nina aeonlpanhava cari­ · Hhtl§ámente a vida social e política, participando IISIIlduamente dos eventos. Em 1932, por ocasião dll Ailvolução Constitucioualista, após o trabalho dH dia, até altas horas da noite, a chorar, ajudou a costurar as fardas dos vollliltários. Na segunda grande guerra participou de inúmeras campanhas. Sempre soube dizer "presente". Em 1944, por motivos particulares e fêlHiHUfes. vbl·se l1a íminêfima de tfIlIl8ttiit li fesidência para São Paulo, removendo-Se plifa ô Grupo Escolar de ltaquera e daquel~ para o "Car­ 165 Escolar" onde veio se apoSentar. Aposen­ tadoria compulsória por motivo de doença que a Impossibilitava de continuar seu trabalho. Não fosse referido impedimento e ela, por certO, §/1 ·deixaria de lecionar com o falecimento. Em São Paulo continuou a agir da memIll forma só que. em vez de manter o curso partieullil' por conta própria, aproveitando o horário HYfe .' num dos períodos foi lecionar na:&eola Partil!l1lli1' • Cesário de Carvalho e à noite continuou aindll por alguns anos a trabalhar ~atuitamente nos éW'lIôs doMOBRAl. , Ôbteve maior vitória de sua vida, dando liHi diploma de professor primário para cada filho, liéndo que os dois primeiros receberam-no através' dá antiga'Escoía Normal, hoje, Sud Mennuecl. Os filhos ao cursarem a Escola Normal, com facilidade tiJ:avam nota 10 nas aulas de Prática de Ensino. E aquele sucesso acontecia porque, antes de ir dar a sua aula, cada filho recorria a ela. Pacientemente, ela orientava o plano de aula a ser apresentado e dava mna aula modelo que bastava ao filho, repeti-Ia dÍ8I\te do examinador. Era tiro e queda. Nota Dez! A pmfessora Dona Nina sempre valorizou apaionadamente a Educação e o Magistério. Não havia para ela instituição mais importante do que

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a Escola nem profissão,mais nobre do que a de Professor. Sempre acompanhou os trabalhos das Escolas e no ano em que faleceu, 3 meses antes, já bastante doente, fez questão de IlSSÍlltir ao d.m" das escolas na data magna da Pé. htóll pert@ . de mna motocicleta da Polícia MIlItAr e o gulil'dfl, gentilmente, ofereceu-lhe o assento do VlIlfillJ", merecendo tal fato um desuutUlIllWJl dOfi jOfMÍ8 da Terra. •Até li vovó veio ptes~ I) diti!lê e o policial. carinhosamente, ofereceu-lhe assefito em sua moto"! Sua grande alegria, pouco antes do téi'fillM de seus dias fOi 9 dé preparar ti ~lO Carlos Um· b@flO flIIl'li os @lIIiIlU dê IIIlmi MÃO. SUII 111_ vitória llb ifablllM de ptôlé§liOffl. "lnU fIIlO8 depois de sua formatüta, sua netâ RIimafa téOêblli ó diploma do protefl8Oftl pila niéSiiI1! êiléola. PeHIi êlli iWI tir viAlO êlltI llOOJ:ltêcimeÍlto. Cómo ftOOfÍII fêl1il Á SUA memôrlllllWlIvlliulü ficou gravada de W fMmll iIllle~ de ü\I& alunos que, em l!f1é. Ílulli140 (I ilIllOf de8têá Imhas se elegeu Vêfüdüf pelâprimtife ftiJ müitlls pessoas, Ílomo­ Yldlim@iitt. vlêtãm ll'Ie qtl@ tinham votado fiel~ pelo mlO ae IIIf fIil:Io 'dê I'foféssora Dona NiiIa! Côm mdo I) trllblllhó que de8êtwolveu, Ílão se Slibe ôildê ftffIIftjfMi tempo, o fato é que foi uma filãe que jlllfUl.ls deixou de dar atenção na hora rem para êàda filho, ori~ntando-os muito bem para ajornadâ que tinham pela frente. Nem faltou jàfílais COni á sua dedicação de esposa. A Professora Dona Nina jamais quis ser 4iretora. Não escreveu livros de pedagogia. Ela Viveu a pedagogia prática do dia adia porque li sua .vida além do lar só teve um 1inica ràzão ~ mna só finalidade: dar aulas... Hoje, lá no Céu, se houver alguma escola, não tenho dúvida de que Deus a terá nomeado em caráter efetivo. E isto eu posso afirmar com toda a convicção porque eu a conheci muito bem como mãe e mestral

-r.


ESTAÇÃO DA PAULISTA

PIRACICABA - SP

ELEMENTOS mSTÓRICOS PARA PROCESSO

DE TOMBAMENTO

Hugo Pedro Comldote Setmnbmfl991

ANTECEDENTES

por tração eJétrica, ligando Píí:acicaba à Vila Americana. Esta foi uma das primeiras vezes em que no Brasil se falou em estrada de ferro movida a eletricidade. O projeto chegou a ser discutido na Assembléia Legislativa do Estado, contudo, segundo consta, a polftica local nãó envidou esforços no sentido de que o empreendimento se tornasse realidade, pois, desejava a primazia da idéia. Tanto assim que, em 1902, a Câmara man­ teve contato com o Sr. Antonio Prado, presidente da Companhia Paulista,.qo qual obteve a promes­ sa formal de implantação de um ramal até Piracicaba, o que só velo acontecer vinte anos depois, em 1922.

Na história das ferrovias paulistas, um nome tem um alto significado: Manuel Buarque de Machado. Como tantos outros idealistas que plantaram o progresso em Piracicaba, o De. Manuel Buarque de Machado não era piracicabano. Veio vinculado à Fábrica de Tecidos e com os olhos voltados ao Engenho Monte Alegre. Convivendo cOm a cidade, encantou-se com a paisagem e com o seu povo. Desta forma, prO<ÍW'Óloi contribuir de forma significativa para o seu progresso: deu" à cidade o "Jornal de Piracicaba", fundou escola e cooperativa para os operários da fábrica de tecidos, e deu-lhes moradia mais digna. Contudo, ele sentia que Piracicaba, presa à Companbia Ituana, sofria com a falta de melhores meiorrde comunicação e transporte, o que lhe embargava o progresso. . Naqueles idos do início do século, o sonho dos piracicabanos era o de que a Companhia Paulista estendesse os seus trilhos até a "Noiva da Colina". Em 1896, a Câmara Municipal havia mantido con­ tatos com a Companhla Paulista, sem, cnotudo, apesar de todas as justificativas, nada obter de positivo. Assim, é que Manuel Buarque de Machado teve a idéia de fundar a Estrada de Ferro Piracicaba, ligando Piracicaba à Vila Americana para alcançar a Companhia Paulista. Em setembro de 1900, o engenheiro Manuel Buarque de Machado apresentou o Memorialjus­ tificativo de pedido de concessão de uma ferrovia,

o RAMAL Em 26 de março de 1902, a Câmara Municipal, sob a presid6ncia do. Dr. Paulo. de Moraes Barros, enviou à Companhia Paulista um o.fício. falando. da necessidade urgente da construção do ramal, que devia ligar Piracicaba a todas as regiões produtoras servidas pelas suas linhas férreas. Em 22 de abril de 1902, em sessão da Câmara presidida pelo Dr. Paulo. de Mo.raes Barros, com a presença dos edis: Dr. Jo.ão Baptista da Silveira Mello, cQronel Aquilino José Pacheco, José Gabriel Bueno de Mattos, Antonio Pinto Coelho e Manuel FerI1!Z de Cantargo, foi lido. um o.ffcio do Conselheiro Anto.nio Prado., presidente da Co.mpanhia Paulista, sobre o projeto. da

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COllStrução do ramal. No íÍ(j~lImento o Conse­ lheiro expunha as bases do projeto do ramal: 1 • A linha seria de bitola largai 2 • Construída no pràZO de um ano após a assinatura do Cóntrato e aprovação da pla.."'lta pelo Governo; 3 - As passagens seriam maiS baratas do que as da Sorocabana; 4 - COllStruir-se-iam duas estações das quais, uma na cidade e outra no ntllilicipio, obrigando-se aCâmara na construÇão colli a Ílílportáncia de 7S0 Cóntos dé réis, pagáveis em 10 anos, e de ii1delili:ar os proprietários dos terrenos e benfeitorias que SerialIl desapropriados em tertit6rios do Município. De acordo com as linhas getais da proposta da Companhia 'Paulisla, a Câmara delegou poderes ao seu presidénte para iniéiar as

negodaçOes, . No dia 30 de abtil, 11 assembléia geral da Companhia Paullslll apt0\10u o projeto que sOÍréu modlflcaçlio em uma dó íiuas dáWlUW, porque a Compálihla tesolvera aeeitar e coíléllder I!l.áÍOf prll20 para o pagamento da subvenção. O pràZO proposto que inicialmellte /lrl de dez (10) anos; foi áI1Iplládo para dmiê (12) aoos e os 1S contos de 1'619, dêVêrlallt ser pag<l8.em ptê9l11tj1'lês selfiêSttáis dé 37:500$ (trinta e Sétê conl<18 e quiilllent()$ mil rtis). A Imprél1sa Pltlítlicllbàna tegistroll. e li populilçAo reéebéll com gtlll1de regmiljó li notíCÍIr telegrdfitá da asslnlítura do contrato na tarde de 30 de abril de 1902. "Dt ~ pôrUM dá cidade &ubifam aóS ares útWttefô.i/~, eem t'i/gumQNétU4f qUllilltilftlíll­ .te baterias. Em fretlie ti ~ de lit'JUà GóktJ4 "Oaleta Ü, /Oram queÍlftiJ/U)$ tiJmbllm muitos foguete:. A /l1Ití'ádá dé tIi1ifS(l$ ojkÍ1liíN em ptiUllÔ tempo jkou cheia dê popu/tJrt!s. M~ IltliâtJ fJ/Imfô tel~ em lugar illstve~ em que ptJ.dtàst

esperavam l:(JIH impacl4l1cltL A frtttli! ~ta ~ loi tãmQêm

ler

lido por

tOdô8 àl tlUt

queimadauma bateria 1/ soltMõs flIgumas tÜi%ÍdS de rojôttJ. p{)tQ»j NNantãdM muitos I'tVáS Q() Dr. An­ tonio PrtzdD, à Canu:w MWtidpoJ, /11(;. Hoje fUido$à ~ tlttspel1a16 apopldação

desta cidade. Tocará em passeata pelas ruas uma banda de música" (JomoJ de Piracicaba). No dia 12 de maio de 1902, compacta massa popular reunida no Largo do Teatro, foi em cara'latla receber na Estaçãoda Sorocabana, como verdadeiros heróis, os doutores Paulo Moraes Barros e João Conceição, acompanbando-os até a residência do primeiro, onde este foi saudado pelo nr.1oão Sâmpaio. INiCIO DO PROJETO

No diá 05 de maio de 1902, encontrava-se em Pirácicaba, o Dr. Hetmelio Alves, engenheiro chefe designado para a construÇão do r~al que, em companhia do Dr. Francisco Feio, engenheitõ muniCÍpaI, féZ uma excursão aos baitros da Batlli· tada, Lambari, Quebra-Dentes, Rec:anto.... para escolher melhor tt8Çàdo pàta o projetado ramal. O ltáÇado foi nláis úlrde apresentado pOr aquele etJgenheito•. A liilha deveria passar pela Batístada. atrá"~ oS ribeirões. da Batlstada 11 'fiju.Có Preto, passar no Quebtll.-DentéS, ltal!5por o Lambari nas proXinlldades do Bàtbôsinha e subir pela ttIII11em esql1érdt(do Toledó át6 Santa Bárbara. arompàilbar aquele n'beÍrllO e depois !tampO-lo lllIS proximidades de um seu afluente, por este seguir até alcançar ás cábeceiras de um afluente do Córrego do ReCilitlO, descendo pela sua margem esquerda até entrOlltar na llttha da Peullstá, entré VUa Americana e Pombal, hoje Nova Odessa. A PARALISAÇÃO nAS OBRAS POR 12 ANOS Tendo sidó iniciados ()$ trabalhos, esperava a população de Pirãcicabã, que iria ver Cónclufdó o 1'IIIIlal em teil'lpO bem <W'tO pótém mal iniciada a obra fOi piII'IlIisadil pelo período de doze àü.OS. Bm 24 de JlIl1eiro de 1914. Sélldo Presidente do Estado, Rod.rigues Alves é o Dr. Paulo de Motaes, Secretário da Agricultura, Piracicaba teve a IlOticia de que a <:ObStruçãO do ramal seria reiniciada sob 11 direção do engéllbeitõ Alvimat de Magalhães CastrO o que, aconteceu de fato no dia

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25 do mesmo mês, ele já se encontrava em Santa Bárbara, a fim de providenciar o reinício. Somente em 14 de julho de i917, foi vencida aprlmeiraetapa,comaligaçlloentreNovaOdessa e Santa Bárbara. Entre grandes festas, chegou ao vizinho municfpio o primeiro trem da Companhia Paulista Em nome da Comissão, falou naquela cidade o Dr. Sebastião Nogueira de Uma. Naquela altura dos acontecimentOs, a guerra que ensanguentava a Europa e na qulÍl o Brasil teve também de intervir, desorganizaram-se todos os projetos do Pais. Mais uma vez os trabalhos foram interrompidos, e retomados em ritmo lento, sendo concluída a Iigaçllo entre San.ta Bárbara e Piracicaba, em 1922.. Em 1919, com delegaçllo da municipalidade, para tratar do assunto, o prefeito Fernando Febeliano da Costa seguiu para São Paulo, para a renovação do Contrato com a Companhia Paulis­ ta, que se obrigava a trazer o ramal até dois anos, a findar-se em 31 de dezembro de 1921. A Câmara pagaria os mesmos 750 contos de réis, em prestações semestrais de 25 contos de réis, dando como garantia a ~ipoteca do imposto predial. De outra parte, a .Gompanhia Paulista comprometia-se a pagar a multa de 2O'contos por mês, excedente ao contrato. Em fins de setembro de 1919, em Santa Bárbara, foram iniciados os serviços de escavaçllo do leito, dirigidos pelos engenheiros Emydio Ger­ mano e Uma Pereira, que pouco depois foram substituídos pelos engeobeiros Jayme Blandy e Carlos Pereira. O engenheiro cbefe da construÇão foi o Or. AIvimar de Magalhaes Castro. DADOS

TÉCNIcos

seu ponto terminal oom um desenvolvimento total de 33 kiJometros. As oondiçóelJ technica:; a que obedeceu o traçado são optimas, havendo apenas três curvas de raio inferior a 500 meJ:ros e rampas nunca exce­ dentes de 18 m.ilIimetroII por metro. Devido ao preço ekyado dos trilhos, na época da co1llllruçlío, foram ef!ernwws modificaçiiell em algutlll trechos da linha, tf!IUIentes a diminuir o seu desenvolvime"to, mesmo com prejufzo de movimento de f,em,u, resultando dis.w condições technicas ainda melhores pela suppressão de al­ gumt1II curvas e melhoramenk> de outras. A const1UCÇãq foi iniciat1a em setembro de 1919, tendo sidoos trabalhos de excavação de terras dividido em quatro trechos, cem um volume ap­ proximado de trezentosmil meJ:ros cúbicos cadoum, o que, accresddo da ~ão paTa a explanada de Piradcaba, perfaz um tOtal de um milhiio e trezentos mil meJ:ros cúbicos. Dada a sua exJenção de 33 kiJomeJ:ros,resuIIa uma média de 39,3 metros cúbicos de excaJ{açiíoJ'Or metro commJe de linha que coIloca o ramal de Piracicaba como sendo uma dos linhas mais peIIadas c:qnstruldas na utado de S. Paulo. Para Qt!ender ao elevado cubo de excpvação, e auTiliar a COlIClusão dos aterros maiores, foi feita pela Companhia a instalação de dois excavadores mechanicos, sendo um do bairro do Quebra Dente.r. e outro junto à estação do TaquaraL A abertura da maior parte dos 001Ú!$ da linha exigiu o emprego de explosivos, sendo alguns destes cortes abeno8 em rocha,viva.· , Foram1Íll trabalhos de excavação empmtados cem os m. Martins &; Cunha, Domingos Ferreira: Bento, drs. Arthur Maciel e Antonio de Mello M~~

(Publicados no "Jornal de Piracicaba" em 29 de julho de 1922) nA linha de Santa Bárbara a Piracicaba desen­ volve-se na mmgem esquerdD do rio Piradcaba, ucompatúumdo na seu inicio o valle do ribeirãc dos Toledos e transpondo em seguida os vaJl.es do rio Lambary e dos ribeirões Tijuco Preto e Piracicamilim e do córrego ltopeva, chegando ao

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Na travessia dos cursos dagua, foram oonstruldas obras de arte de diversos typos sendo a:; mais importonlell: -a ponJe sobre o rio Lambary, de 12 meJ:ros de vão, com viga metálica em trelissa; a pontesobre o Piradca-mirim, cem dois arcos de seis meJ:ros em alvenoria de tijo1Jo.s e;fundt;lçiiell de can­ créto; os pontilJrões sobre o Tfjuco Preto, o córrego da Barraca, o córrego da Baptistada, todos em aboboda de alvenaria de tijo1Jo.s. Foi construida

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uma passagem so/;1re a E. F. Sorocabana, na

no dia 29 de julbo de 1922, às 13 horas, o trem chegada dePiracicabae outmsobrearua da Glória,

inimguraL tendo esta 13,20 metros de vão livre; ambas com

A composição era formada por mna máquina vigas de "alma cheia", Existe ainda um grande

e sete carros de passageiros, trazendo repre­ . 1W11INO de passagens inferiores sobre os camin­ sentantes de governo do Estado, da alta hos e cerca de dois mil metros de boeiros de diversos

administração da Companhia Paulista, Senadores, typos. Deputados Estaduais, representantes da imprensa da Capital e outros convidados ilostres. . Os trabalhos de ercavação foram dados por As 15h30. partiu da estação de Piracicaba um concluídos em Dezembro de 1921, época em que trem conduzindo 9s véreadores e autoridades estavam abenos todos os cortes. As chuva,<; exa­ locais, que foram até Santa Bárbara, onde aguar­ geradas de Janeiro e Fevereiro do co/WlJe anno daram a chegada do trem inaugural, incorporan­ causaram não pequenos estratJOS no leito da linha, do-se à comitiva, que saíra de São Paulo com occasionando desmoronamentos de barreiras, destino à Piracicaba, onde chegaram aproximada­ sendo de notáveis proporções o que se virlficou no mente às 19 horas,. cone do kilometro 11(), cuja desabstrucçào exigiu Na Estação da Paulista, que se encontrava um demorado e penoso trabalho; eguaImente, mas toda decorada e resplandecentemente iluminada, em menores proporções deram-se quedas de bar­ falou em nome da população o dr. Antonio Pinto reiras no kilometro 116 (Taquaral) e 120 de Almeida. De lá, atravéssando um arco do triun­ (Pompéia), sendo que esta última obrigou a fo construido especialmente para o evento, as construção de uma linha provisória, por cima da autoridades e convidados dirigiram-se ao Hotel Central, onde foiof~recido um banquete. A banda primitiva linha, que jicou soterrada em extensão superior à 1()() metros. da Força Pública do Estado de São Paulo também Durante os trabalhos de construção não oecor­ participou da recepção. reu nenhum accidente no qual fesultasse a morte ou ferimentos graves em trabalhodores", FESTIVIDADES .NA INAUGURAÇÃO DO

RAMAL - PROGRAMAÇÃO .

os IMÓVEIS 19 horas - Chegada do 19 trem com as autoridades vindas de_São Paulo. A Estação da Paulista e o armazém foram Central para 100 talheres, oferecido pela Câmara construídos por empreitada pelo construtor­ Municipa1, com a participação da Orquestra "Per­ Domingos Borelli. Ainda, vinte casas, destinadas fetti" sob a regência do maestro Tobias Perfetti. à residência dos empregados da ferrovia foram Faziam parte. da orquestra os músicos: Erothides erguidas pelo empreiteiro Felicio Bertoldi. de Canipos, JoIIo Baptista Vizioli, Antonio Cor­ Entre Santa Bárbara e Piracicaba ficaram três reia, A. Romanelli e Wey. Também participou o estações intermediárias: Caiubi, Tupi e Taquaral, "Jazz-Band Americana" ­ todas elas com casas para ferroviários. O banquete ofereceu o seguinte "MENU': A área onde se encontra a Estação da Paulis­ Galantine de poulete; Consommé Royal; Filet de ta, os barracões e os páteos foi doada pelo ilustie poisson sauce crevettes; Poulet á la Perigaud; Petit piracicab!UlOdr. Jollo Conceição,já falecido quan­ pois, Pommes pailie; Carré D'espinards; Dinde á do da festiva inauguração em 29 de jtilho de 1922. la bresilienne; Créme Spumone; Frnits: Raisins. Faises, pomme poces, oranges; Formages: Em­ o TREM INAUGURAL DIA 29 DE JUUlO (SÁBADO) DE 1922 menthal, Reino. Prata; Café; Liquers; Vins: Madeira, Graves, Sautemes, aos de Couréjean, Laurmont, Champagne; Cigarros. Da Estação da Luz, em São Paulo, partiu

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(SIC) (Jornal de Piracicaba, 30107/1922) 22 horas - Inicio. do Bai1ecomemorativo ao evento no Salão Nobre da EscoÍa Agrícola "Luís de Queiroz".

!rua Governador Pedro de Toledo), do Pes­ cadores (hoje, Rua Prudente de Moraes) até o campo do Esporte XV de Novembro (hoje, Grêmio da Mansa), onde foram feitas diversas evoluções. FH'lTh. \emANA

COMEMORAçõES NO DIA 30 DE JULHO (DOMINGO) p~

À noite realizou-se no rio Piracicabl!, em frente ao Largo dos Pescadores, a "Festa Veneziana". Inúmeras embarcações decoradas com alegorias d~filaram pelo rio. Houve prêmios (taças) oferecidos pela prefeitura, para aquelas que se destacaram pelo gosto artístico e originalidade. O primeiro lug!ll' foi conquistado pelo senhor Lara Campos, cuja lancha iluminada com luz elétrica, representava um cruzador . Na margem direita do. rio, às vinte horas foram queimados fogos de artifícios da Casa Barooi e Irmaos.

m I!SWll!lRI.:5

No desfile realizado às 14 horas tomaram parte mil e quinhentos escoteiros da VI região (várias cidades). Percorso do desfile: Saída do Grupo Escolar "Moraes Barros" em direção à Rua '13 de Maio, seguindo pela Rua Santo Antonio até a frente do Teatro Saoto Estevam. onde encontravam-se as autoridades do Estado e do Município, depois passarampelas Ruas SãoJosé, do Comércio (hoje,

=

= JORNAL DE PIRACICABA TERÇA-FEIRA," DE JUIJiO DE 1m

=

&tações SIoPauIo J••diol!,ySPR

CampilIao _Od....

--

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Hor;uio dcs lrer!lI no ramal de Piracicaba

PIO I _ l -I -

1'13

8,14 9,14 9,56

Recanto Caiuby Tupy

10,27 10,41 10,54

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11,12

Pi_OP

11,30

7ps ll,21

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10,07 10,10 10,29 10,43 10,56 11,14

11,00 18,09

llI,II! 19.0.; _ ]~.U 19,46 19,56 19,51) 20,10 2D,19 20;J3 20,31 20,40 20,44 21,04 21.0.; 21,20

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l3,2S 13,41 13,56 14118 14;J3 14,46 15,37 16,38 18,06

13,411 13,56 14110 14,26 14,43 15,(l3 1S,47 16113

(Observações) - Correspondencia com as elas. estranha

Trem P I 2 e P 2 - Em Nova Odessa, recebe as passageiros do Ramal de Piracicaba. ConduzpassageirosparaJuquery, Tafpase São Paulo. Corresponde em São Paulo com S 10 que conduzpassageirosparaBIYJZ, S. Bemardo edemais estações aJé Santos excento Campo Grande. - 13 ­

Não transporta ellcommendas do trafego próprio, com exclusão das procedentes das estações das linhas de 1m-OO, de Arar(IqUaTa, São Carllos, Rio Claro, Campinas e do Ramal de Piracicaba.

CorreemcmacterexperimentaldêAraraquara a São Carlo.Y.


Desc~ega

P /10 e P 10 - JI.stiío em correspondenci4 com os ramaaes daDoudense S. Rita, S. Veridiana, De:;­ calvado e BPiracicaba. . &tão em communicação, em Baldeação e Campinos com a Cio. Mogyana. Conduz passageiros para Campo Limpo, Ju­ query, Cayeiros, Pirituba e São Paulo, Secção Bragantina e RomaI de Piracaia.

encommendas procedentes das

estações dos ranItleS de lJe$calvado, S. Veridiana, S.

Rita, Descalvaden.se e Piracicaba e da Cia. Mogyww - vi4 Faldeação. Os trens P 2, P 10 e P 13 têm carro de lww de Nova Odessa a S. Paulo. . Tem carro rmaurant, P 3 e P 10 entrf! S. Paulo e Cordeiro. P 13 entrf! S. Paulo e Rio Claro. P 2 entrf! São Paulo e Campinos.

Os passageiros parfl Lapa, Agua Bronca e Barra Funda passarão em Pirituba para S U 22. Corresponde em Slú! Paulo com S 18 que con­ duz passageiros para Braz, S. Bernardo, Ribeirão

Pires, Alto da Se"a, Piassaguera e Santos.

(T_to COIlfunno o original)

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CONTRIBUIÇAO TIROLESA AO MUNICIPIO

Ao historiador piracicabano não será !fcito esquecerde registrar nas páginas da formação desta comunidade, a existência dos bairros cuja população tem raízes fincadas na imigração tren­ tina, exatàmente de familias originárias da região do TifO!, do qual o adjetivo pátrio a eles pespegado de "tiroleses". A maior contribuição histórica nesse sentido devemo-la ao Professor.Guilherme Vitti, cujos es­ tudos na busca daquelas origens têm ensejado um conhecimento quase perfeito dos núcleos habitacionais, aspectos fJsicos e psíquicos dos bair­ rosde Santana, Santa Olímpia e Négri. Este escriba também. através de num,erosas crônicas publicadas na seção "Prato do Dia", do Jornal de Piracicaba, teve oportunidade de focalizar em estilo literário, mais do que histórico e informativo, a terra, a gente, a vida, os costumes dos tiroleses piracicabanos, pensando dessa forma haver contribuído com um pouco de seus conhecimentOS,·na divulgação dessas prÓllperas comunidades sediadas em território municipal de Piracicaba.

como é, aberto. Assim. você, o tirolesinho pronun­ ciavavocé. Hoje, o dialeto é apenas de uso dos mais velhos dos bairros, já que as gerações sucessivas foram assimilando mais.e mais ÓportugÚês, passando a ser atua1mentede uso corrente. Para que isso entrétan­ to ocorresse, foi necessária uma assimilação' lingufstica de mais de cem anos, sucedendo-se, no mínimo, cinco ou seis gerações. Nesse aspecto, fico a pensar como deve ter sido dificil às mestras e mestres do Grupo Escolar "Dr. Samuel de Castro Neves", meter na cabeça da criançada que falava 20 horas o dialeto e apenas 4 o portllgliês. A lAVOURA

Os trentin~ dos bairros .de Santana, Santa Olímpia e Fazenda Négri começaram sua lavoura tratando, plantando e colhendo cafezais.. O café estava no auge da econoi:óia brasileira e as terras ainda cobertas de florestas se prestavalI! ao trato -daquela plantação. A rubiácea se estendia em imensos talhões, ocupando toda a mão de obra dos o DIALETO tiroleses todo o dia e durÍlnte o imo todo. P1antava~ se, carpia.:sc, fol'llllMl~se, colhia-se, peneirava-se, Até mna dezena ou pouco mais de anos atrás, ensacava-se, carregava-se, vendia-se café. O os trentínos dos mencionados bairros viviam como casarão, onde viveram escravos e senhores, tinha ao que isolados, distaIUes da vida da urbe, parecendo lado· uma enOrme construção, onde labutava estar envolvidos num casulo estranho. Apesar de diuturuameme um beneficio de café. Cheguei a haverem eles sido aquinhoados com um grupo es- : conhecer algumas das máquinas daquelas colar, hoje denominado "Dr. Sanmel de Castro indÓlltrias. O edificio posto a baixo só está na Neves", os tiroleses persistiam em falar o dialeto lembrança dos mais antigos. É que a fudústria e a nas conversas entre si e nas famllias, criando-se lavoura cafeeiras, tiveram seu declfnio, o que interessante dualidade de lfnguas: uma, para uso. obrigou os·tiroleses piracicabanos a outros meios doméstico; outra, para uso na sala de aula com os ôe ganhar a vida e sustentar a família Depois do professores e pessoas visitantes, isto é, no café, foi tentada a lavoura variada. Milho, arroz, relacinnarnento com quem falava o português. feijão, batatinha, algodão. Foram os cereais os mais Nesse dialogar ou conversar podia-se facilmente cultivados. Cada fam1Iia tinha a sua vaca leiteira, perceber o profundo sotaque do dialeto tírolés, ou sua horta e o chiqueiro onde vivia sempre um trentino, mormente nas sfiabas anasaladas ou capado no ponto de faca. Criavam-se galinhas, no ê com circunflexo, quase sempre proferido perus e alguus patos.

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As terras, entretanto, foram emagrecendo.. O húmus abso.rvido. pelas sucessivas safras, já -denun· ciava esgo.tamento.. As Iavo.uras não. vicejavam com a mesma imponência de anos atrás. Deu-se então. e com a idade pretérita de 10 anos mais 0.11 menos, a procura de o.utro tipo de lavo.ura: a cana-de­ açúcar.

A CULTURA TlROLESA

Graças ao.s trabalho.s do.S mais antigo.s moradores junto. aos políticos da cidade (o nome bem mo.stra que fo.i assim: "Grupo Or. Samuel de Castro. Neves"), os unido.S bairros puderam ver-se presenteados com a sua,primeira Escola Reunida, lá pelos idos de 1923, a {amma Jo.rge Vítti, da qual, o ClCW CANAVlElRO meu saudoso pai fo.i o. filho. mais velho e o. primeiro servente da escola, doou o terreno. e arrebanho.u É sabido. que a cana-de-açúcar não. é muito. mão de obra e material para a construçãO. do.prédio., exigente em matéria de uberdade de solo.. Mesmo. um excelente edifício. com 4 amplas salas de aula, com Po.ucas chuvas e terras magras, a conhecida do.is escritório.S para a diretoria, um grande páteo. gramínea completa seu ciclo. vegetativo. e chega a render álgum lucro. ao. plantado.r. Com o. es­ para os recreios. Osfilhos dos tiroleses começaram a ter contato. go.tamento das terras, ocorrido. em virtude do.S sucessivo.S anos de aproveitamento, os Iavrado.res com a cultura. Eu, Guilherme Vitti, Mario. Vitti, dos bairros tiroleses de Piracicaba se entregaram a Valter Vitti, Rubens Vitti, Dom Moacyr, bispo. de cuidar da cana. Ajudou-os nesse desiderato., a Curitiba, Pe. Artur Vitti, e incontáveis descen­ pro.jeção que esse tipo de cultura teve no. pais, com dentes, netos dos primeiros imigrantes que vieram especial destaque, no- Estado. de S. Paulo.. A de Trento, do ÍooL Fo.i na generosa escola que pro.liferação. de usinas de açúcar atestam esse cres­ aprendemo.s as primeiras letras. Fo.i lá que tiveram início. os meus sonbps. Fo.i lá que. lá que tiveram cimento.. A indústria usineira, que em Piracicaba é evi­ início. as carreiras de muitos que ho.je militam em dente, enco.rajo.u o.S sitian~es ao. plantio. de Piracicaba, contribuindo com a sua cultura, seu gramfnea. De tal sorte que ho.je SOmos vistos como. trabalho, seus conhecimentós para bumani'DIr a . um dos-maiores produto.res de açúcar e áléo.ol. Em vida da cidade. estas no.tas, aprendeu no.boje Este que escreve referida indústria e lavoura se insere grande parte da cultura do. Município.. Santana, Santa Olfmpia e Grupo Escolar "Dr. Samuel de Castro Neves", que Négrí não fugiram à regra geraI e ao que parece, o. inicio.y sua atividade com o nome de "Esco.las ciclo. canavieirose expandiu comrara felicidade por Reumdas de Santana". Quem diria que um dia, o. to.das as terras municipais, trazendo. ao. homem qUê filho do. servente José Vitti, ocuparia o. cargo. de cuida da cana, no.vas e alentadas esperanças, maio.r Direto.r Geral da Secretaria da Câmara de Piracicaba; escreveria em Jornal da cidade; tranquilidade de trabalho. e de vida. pro.duziria 3livros de poesias?1 Quem co.gitaria que A mecanização agrícola é fator preponderante o!primeiro. aluno matriculado. na Escola Reunida no enriquecimento do. ho.mem do. campo. piracicabano., hoje acompanhando. de perto. a arran-. de Santana, Guilherme Vitti, viria a ser o. professor cada do progresso e dos confortos materiais. Tem­ de Latim, o. historiado.r do Municfpio. e da'Cidade, se a impressão que O. ciclo. da cana se deu muito bem o. Secretário. de Administração da Prefeitura de nos terreno.s dos referidos bairros rurais, inclusive Piracicaba, o.-vereado.r de Piracicaba, o. escrito.r e tem pro.piciado. um crescimento. excelente de jo.rualista de Piracicaba, uma rara inteligência a mo.radias, de .novas residências, de refo.rmas subs­ serviço da cultura piracicabana e nacional? Quem tanciais nas antigas, enfim, há como. que um so.pro. diria que o. mano. Valter Vitti que ajudou a gente do de felicidade pelo.s lado.s daqueles munícípes, que sítio. a apanhar café, algo.dão., capinar milho. e arran­ têm recebido., inclusive, to.das as atenções do.S car baratinha, iria ser o gerente das Casas Peruam~ Po.deres pl1blicos piracicabanos, cercaodo-os das bucaoas, depois o. pro.fesso.r, e aposentar-se como. Direto.r de Grupo Escolar? Quem diria que Rubens obras necessárias à facilidade de vida. - 16 ­


Vitti, que foi quase Padre, chegaria aocupar o cargo de Diretor Geral da Secretaria da Câmara de Piracicaba, onde se aposentou? Quem diria que o meilino Moacyr Vitti, brilharia na carreira sacerdo­ tal e um dia clIegaria a bispo de uma das capitais brasileiras, Olritiba? Quem diria que o mano Artur Vim, o mais moço dos irmiIos que frequentaram o seminário de padres, viria a ser vigário de uma Paróquia - Santa Edvirges - do Rio de Janeiro? Quem diria que Jair Vitti, humilde filho de pedreiro, hoje brilharia como estrela de primeira grandeza no manejo musical, onde é perito no saxofone e que está agora procurando transmitir aos meninos a sua c:ultura music:al e artística? Quem diria que centenas de jovens santanenses, banquistas e negrínos, estariam espalhados por ai, lecionando, trabalhando como técnicos industriais, dando aulas em estabelecimentos de ensino, desen­ volvendo mil e uma atividades 'culturais, industPais, técnicas, religiosas, poUticas, sociais e hUÍ11llllllS? Tudo. fruto da modesta esoolínha plantada por Samuel Neves ao lado de meu pai. É c:1aro que no relato suc:ínto que aí fica, há muita coÍsaainda a acrescentar, do que pedimos escusas porque o espaço não comporta, e'o éhwado número de des­ cendentes não mo permite.

objeto deste estudo, um contato mais efetivo com a cidade, as obras p6blic:as municipais entretanto não se fizeram esperar. Assim é que hoje eles contam com rede de ágoa e esgoto, assistência tecnológica rural, modernos templos religiosos e melhoramen­ tos de suas estradas. Ultimamente tem-se cogitado o asfaltamento das estradas vic:ínais que ligam os bairros a rodovias estaduais já asfaltadas. e a prefeitura, como um de seus últimos empreen­ dimentos, tem levado à vila de Santana, o que deverá se esten(Ier a Santa Ollmpia e Négri, o beneficio das guias e saIjetas. É a presença do Munidpio, é a c:arac:tetização da importáncla que se dá àquelas comunidades progressistas par­ ticipantes da vida, da história, da cultura, do engrandecimento de Piracicaba. E graças ao trabalho do ProL Guilherme Vitti, hoje está estabelecido um intereâmbio histórico­ c:ultural entre os moradores de Santana, Santa Olfmpia e Négri e os tiroleses de Trento, na Itália. Numerosos munidpes daquelas comunidades já viajaram para as plagas trentinas em visita a paren­ tes. O próprio professor Vim foi premiado com uma viagem ao Tirol, mais precisamente, a Olr­ tezano, onde vivem desCéndentes e parentes dos antepassados, o que vai enriquecerainda,mais a sua pesquisa e os seus conhecimentos sobre as SANTANA E 'O MUNlctPlO tradições, fatos e pessoas trentinos, dando-lhe oportunidade para acresc:entar muito neste relato, Se demorou muito aos moradores dos bairros, que por deficências do autor, deixa de ser completo:

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DAVID ANTUNES E PIRACICABA

Piracicaba, preocupada em perpetuar a história dos seus eméritos cidadãos, quer o sejam por nascimento ou adoção, tem-se valido de depoimentos como este, publicados em datas históricas, que são documentos preciosos para a vida de uma população a qual norteia, nesses bons exemplos, seu rumo de yida. . David Antunes nasceu em Santa Branca - SP, em 1891. Casou-se com a piracicabana, Profll. Ida de Moraes Barros ('Iitinha), em 1918. Foi Gerente do Banco do Brasil, nesta cidade, época em que, sendo amigo do meu pai, tornou-se meu padrinho de batismo (1932). Fez brilhante carreira bancária e, ao se aposentar, em 1947, veio residir em Piracicaba, tendo morado aqui até 1958, quando faleceu sua esposa. Desgostoso, mudou-se para Campinas, pois, sem filhos, foi residir com um casal de sobri­ nhos: Marta-Renê Emiliano Carneiro e sobri­ nhas-netas: Teima, Tania, Eliana,':ritinhae depois Martinha que tanto 'amava. Conhecer esse homem, para todos, era uma Satisfl!ção, a ponto de seu amigo Flávio Toledo Piza escrever em ·Saudades de David (1)", que o privilégio do seu convívio, considerava uma das bênçãos mais gostosas que ele chegou a desfrutar..­ Eu fui mais favorecido ainda, pois o conheci desde menino, através de cartas ou por ter feito de sua casa, por um significativo período, minha residência. Como literato, destacou-se mnito mais do que como excelente bancário, embora financeira­ mente o Banco tenha "'lhe garantido uma vida tranqüila, bem como a de dois outros irmãos: Américo e Elvira, solteiros, que ele manteve até falecerem. Em 1922, publicou seu primeiro trabalho literário, uma novela, segnindo-se mnitos outros entre romances e contos, todos de ficção, mas com fundos de verdade e históricos, em estilo peculiar. Assim, na novela histórica .~acicaba·, editada

pelo Departamento Municipal de Cultura de Piracicaba, relatou fatos de nossa cidade, ocor· ridos no fim do século passado e no início deste. A artística capa, a bico de pena, é de Angelino Stella, representando a nubente piracicabana (sua noiva Titinha), bordando o enxoval, tendo ao fundo a Casa do Povoador e o então lindo rio Piracicaba. Foi louvado por muitos artistas contemporâneos, sendo que Zédosreis Gomes Maia, na revista "Moeda e Finanças', ao descrever destacadas pessoas do Banco do Brasil, con· siderava David como o Machado de Assis do século tanto pela pureza de estilo, quanto pela correção de sua linguagem. Quero coutar alguma coisa que sei de sua vida, aqui ellJ Pirllcicaba (1947-1958), fruto de nossa íntima convivência. Ele não gostava de falar mal de ninguém, em nenhuma hipótese, pois, sua bondade ultrapassava as raiaS do franciscanismo e todos que o conheciam, direta ou indiretamente, eram privilegiados, quer pelo seu diálogo; quer pela sua prontidão no servir, principalmente através das mensagens otimistas que transmitia. Privavam de sua amizade, todos os tipos de pessoas de bons e maus costumes, o que tão bem revelou em seu livro "Briguela". Aqni fez muitos amigos e,dosfreqüentadores de sua casa, lembro-me: Eugênia da Silva, João Chiaririi, Sebastião Ferraz, Losso Neto, Flávio ToledoPiza, Dr. Lula, AngelinoSteIla, Newton de Mello, Archimedes Dutra, Acary de Oliveira Mendes, Manoel Rodriges Lourenço, Izidoro PoIacow, Afranio Garboggini, Ben-Hur de Car­ valbaes Paiva, A1temira e Olívia Gil, Benedita Pinto Cesar, Deca Salles, Prof. João de Souza Ferraz, de limeira, além de outros de quem não me lembro o nome. Havia ainda um crioulo, cantador de cururu, apelidado de Santão, que ligava David aos demais curureiros como: Nhõ Serra, Pedro Chiquito,

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Lazioho Marqu~s, Parafuso e outros e, principal­ mente, aos moradores da Rua do Porto, os quais o escritor gostava de ouvir e' deles registrar depoimentos verdadeiros. Recebia a todos, gente daqui e de fora, famosos ou humildes, com a mesma fidalguia e estima. O casal era notável: David e sua esposa Titioha viviam emperfeitaharmonÍa. tanto em seu próprio mundo quanto no extemo, ele com sua literatura e ela com a direçao da casa, suas peças de tricô, crochê, seu cachorrinho Dunga, seu canarinho do reino, muitas planfal; decorativas, sua coleção de xícaras e muitas IIIIli;ades. Senti a estima que. eles tiohmq pelos seres vivos, quando (1942) fui levado a passar as férias escolares em São Paulo, no seu apartamento da Rua MartimFrancisco. Meu padriohonão deixava de se despedirda Corota, pássaro preto (Vira) que o esperava para que, entre os arames da gaiola, coçasse-lhe a cabeça. Após o que, o pássaro can­ tava trechos do Hino Nacional que havia apren­ .dido ouvindo diseo. David e Titioha gostavam de música, prin­ cipalmente óperas e sua coleção de diseos era selecionada. ,Aqui em Piracicaba. dentro de caSa tinham o Dunga, um vira-latas tamanho médio, peludo, preto, com uns pelos brancos na cabeça, meio estrábico, que entendia 'tão bem os dois e que s6 falatava falar. Minha madrinha 'tinha uma coleção"de tiohorões (CaIadiuns). Na época de verão, a fo-, lhagem era uma beleza e, se não me engano, havia setenta e seis variedades, em vasos dispostos na forma de degraus, enfeitando a casa da Rua Governador pertencente a Justo Moretti, hoje Sede da Associação Comercial. De lá, eles se mudaram para um apartamento da Rua Boa Morte, 1466, pois a esposa doente, com diabetes, começava a sofrer as primeiras dificuldades de visão, tomando-se-lhe diflcil conduzir a casa grande de que tanto gostava. Depois, mudaram-se na mesma Rua Boa Morte, para a casa número 1332, vizinho ao Dr. Lula, que prestava cuidados médicos àD. Titioha, além da generosa amizade de sua esposa, D. Lili.

l.embro-me de muiÍIIS passagens que julgo interessantes e peço licença para citar algumas, antecipadamente, pedindo desculpas se magoar alguém, pois, não é essa a minha imenção, já que pretendo relatar simplesmente fatos acqntecidós. David ficou muito amigo de João Orlarini e pouco demorou para que, nas edículas do casarão da Rua Governador, tivessem ensaios folclóricos, com modas de viola, com permissão do David e com sua contemplação.. Acontece que, certo dia, David foi demm­ dado por fazer reuniões do Partido Comunista em sua casa, o que ele por completo ignorava. O escritor, como um h'beral que era, achava um ab­ surdo a proibição ditatorial em oficializar o Par­ tido Comunista, embora não concordasse com as idéias defendidas por esse partido. No entanto, foi obrigado a tomar providências, si.Jspendendo as reuniões do João Chiarini em sua casa, qualquer que fosse o pretexto, pois o João era militante do PC da época, partido que se reunia na clandes­ I tinidade. Certa vez, descíamos a Rua Alferes e, no cruzamento da Rua Ipiranga, num bar, en­ contramos o Prof. NeWt'"on de Mello sentado na soleira da porta. David me disse: - Jairo, vamos levar o Newton para casa? Ao aproximarmo-nos dele, Newton disse: - David, deixe-me aqui, considere a vergo­ nha que eu estou passando perante a sua presença. David riu e fomos embora. Muitas outras veze.s. o NewUln de MeI19-e (). Aogelino Stella, a convite do-Dávid, .iam bebericar em sua casa, sendo que a batida de coco (especialidade dele) era:chamada "leite de camelo". Na festa do Divino, em um passeio de barco. este virou. David e mais três, que não sabiam nadar. foram ao fundo; felizmente, ninguém mor­ reu. Titinha, esposa de David, que mal tioha per­ cebidoo acidente da margem do rio, quase morreu de susto. enquanto ele ~ uma crise de riso que o abalou por algumas semanas. , Ele costumava prever, com muita benevolência, o futuro dos outros e, não raras vezes. o fato era confirmado. Conhecia bem a

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quiromancia e el'lrgrande admil'ador do pensador indiano Krishna Murti, o que o fru.::ia manter dele um grande retrato 110 seu escritório: Muitas pessoas o procuravam para saber o futuro e ele, apesar de saber que o futuro é incerto, transmitia aos interessados, informes sobre um futuro promissor. Assisti, certa vez, a uma defi­ ciente receber dele a informação de que iria se casar bem, pois isso é o que ela mais desejava. Não demorou muito para que ela trouxesse o lIOivo para David conhecer, então, a sós, ele me disse filosoficamente: - O querer ajudado, vinga melhor! Certa vez ele me contou que um seu amigo fazia previsões sobre o sexo do bebê, 'antes do nascimento. Quase sempre acertava, porém tinha um registro em livro, sempre ao COIÍtrário do que afirmara. Após o nascimento, se a pessoa reclamasse do erro da previsão ele mostrava o registro que nunca dava errado. - "previsões", dizia ele, "são assim mesmo, certeza só depois que as coisas acontecem". David acreditava no mundo da ficção e per­ manentemente conversava comsens personagens, familiarizando-se com os bons ~ maus. Quando o mau .crescia demais, precisava ser elirtrinado, mas antes ele lhe dava um castigo como doenças, por e)!:emplo, para ver se o personagem que ele criara se recuperava. Não dando certo, ele o sacrificava e isto lhe custava uma verdadeira tor­ menta mental. ' Gostava muito das artes, de um modo geral, porém, me parece que 'grande talento, só' tinha para a literatura. Era, porém, um excelente con­ tabilista. Tentava esculpir, certa vez, e ao vê-lo retratar um nordestino, sentindo sua dificuldade, disse-lhe: - Isso é fácil, mas tem que ter prática. Ele me respondeu: - Se você é capaz, eu posarei quando você quiser. ' No dia seguinte, oom o barro retirado do ltapeva, comecei a modelar sua cabeça em tama­ nho próximo ao natural. Ao reiniciar o trabalho que estava semi-concluído, resolvi. desmanchá-lo. Lamentando, ele me disse:

- Ontem, quando você se fo~ o Stella esteve aqui e disse que e.~tava bom. Por que você o des­ manchou? Eu ri e falei que seria capaz de fazê-lo mais parecido. Isso foi realmente conseguido por mim e o trabalho foi exposto no Salão de Belas Artes de nossa cidade (1956). David foi retratado por Archirnedes Dutra, a crayon, e por Angelino Stella, em óleo de respeitável valor. O quadro do Stella já tinha sido pendurado para seçar, quando uma criança que estava na casa, olhando-o, disse: - Como o "Seu" David está vermelho! Angelino Stella então pediu: - Desçam o quadro, pois vou corrigi-lo. Nunca tive uma critica tão sincera quanto esta. E corrigiu, lá mesmo, o quadro. Numa das viagens ao rancho do Or. Lula, no Bairro ltaperu, Archimedes Dutra pintou uma paisagem e doou-a ao David, obra esta que or­ namentou sua sala até os últimos. dias de sua vid"" pois, representava-lhes a estimada lembrança de Piracicaba e de seus amigos. David protegia os jovens e, não raras vezes, enCaminhava aqueles que ti.pham pendor para a literatura. Entre eles, Waldemar Iglésias Fernan­ des, que foi seu orientando. Tmba pena daqueles que desejavam ser escritores ou redatores e não percebiam a sua fàlta de talento, referindo-se a eles como osde "fÔlego curto". Tambémcensurava os que se valiam da redação para, exclusivamente, tentarem se promover pessoalmente ou fazerem criticas destrutivas. Minha vida foi por ele influenciada; o casal me ajudou minlo:Chamavam-me de "Fac totum", Pois erà o coDSertador das coisas quebradas ou fazia alguns melhoramentos em sua casa. Certa vez ele me deu um envelope lechado com um cartão dentro, dizendo-me: - Aqui tem uma previsão do seu futuro. Eu tinha dezessete anos e ele me disse; - Daqui a alguns anos você vai abrir e confirmar. Depois de uns dois anos eu o abri e estava escritO no verso de um antigo cartão seu: "Iairo de Mattos - Iuiz de Direito de Piracicaba".

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Voltei a ele e lhe disse: - Pedrinho, não vou ser Advogado, pois nunca havia pensado em estudai Direito. - S6 o futuro pode desmentir isso! Em 1955, nas festividades comemorativas do aniversário de Piracicaba, David foi o presidente dO,li Salão de BelasArtes, realizado no externato São José, reunindo mostras de pinturas, fotografias e filatelia. Fui por ele escolhido para ajudar Archimedes Dutra e Manoel Rodrigues Lourenço a montar o Salão. Na abertura, fez um pronuru:lamento histórico, homenageando Frei Paulo Maria de Soíocaba, recém-falecido. Por mérito, ele é nóme de rua em Piracicaba e Campinas. Em 4 de dezembro de i991 deu-se o centenário de seu nascimento.

Ao falecer em 19 de novembro de 1969, na cidade de Campinas, diversos piracicabanos que compareceram ao funeral, solicitaram através do Prof. Acary de Oliveira Mendes, que seus restos mortais fossem trazidos a Piracicaba, para ficar junto à sua esposa Titinha, no Cemitério da Saudade, mas, infelizmente isso não aconteceu, somente os restos mortais de sua esposa é que ficaram em Piracicaba, pois, seus sobrinhos ex­ pressaram o desejo de tê-lo mais perto, em Cam­ pinas. David Antunes foi um cidadão modelo, literato de escola, servidor permanente das boas causas, merecendo. portanto, ser reverenciado, já que sua vida e seus livros levaram-no à imor­ talidade.

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ASPECTOS DA EXPANSÃO URBANA DE PIRACICABA NOS

PRIMEIROS ANOS DO SÉCULO XX

Mf1Titt C. To Mentk.r TOmIS

A partir de 1900, Piracicaba contava com dois bons jornais a GAZETA, o mais antigo, e o Jornal de Piracicaba, inaugurado naquele ano. Pela leitura diária do seu noticiário pode-se avaliar corno se processou a expansão urbana e fazer urna idéia do que foi a nossa cidade em determinados moment~. A expansão urbana de Piracicaba não se fez de maneira uniforme, num mesmo ritmo mas na dependência de fatores diversos. Em fins do sécolo XIX, alguns bairros man­ tinham um certo aspecto rural, diferente do centro-urbano que se desenvolvera em tomo da Igreja. Enormes terrenos cercados de pau a pique, às vezes, meio desmantelados, ruas enlameadas em tempo de chuvas ou envolvidas em nuvens de poeira na época de seca. À direita do córrego do ltapeva, urna rua de maior trânsito, a rua Direítá;, >como parte da Estrada Geral, ligando o Centro à parte 'alta da Cidade, ao Bairro Alto - no Iinguajarpiracicabano, conhecido como Bairro Arto, - com suas chácaras com "valos e alvoredos de espinho", na pitoresca linguagem dos documentos, ou "cercas que mal se mantém em pé". Tais terrenos, localizados "acima do Itapeva" podiam ser diyididos em dois setores distintos: um primeiro setor tinha como baliza, do lado do Centro, o córrego do ltapeva, e à direita deste, o Largo de Santa Cruz. Colina acima, até o Cemitério, um outro setor subdividido em duas áreas distintas, urna, da, rua Santa Cruz ao Largo da antiga Estação da Ituana, outra, até o Cemitério. O desenvolviinento não era uniforme. Pren­ dia-se a certos fatores que, sendo preponderantes em determinados momentos, alguns anos depois perderiam seu poder de atração. O advento da ferrovia, em fins do século XIX, e a abertura de ruas entre esta e o Cemitério,

contribuíram para a urbanização do Bairro Alto mas, ao se iniciar o sécnio xx, as chácaras ainda seriam seu traço característico. Corno muitas dessas propriedades se man­ tiveram nas mãos dos mesmos proprietários, das mesmas farnilias, não sendo, portanto, vendidas em sua totalidade - alguns lotes passaram para outras por troca, venda ou herança; nem sempre todas constam dos livros de notas por nós consul­ tados. Ainda nos primeiros anos do sécnio XX o Bairro Alto não passará de um subúrbio, embora seu afastamento do rio Piracicaba, cujas enchentes eram normais, pudesse ser um elemento favorável a urna urbanização mais rápida. Do lado da atuiU avenida CarlOS Botelho, que não era mais do que um "caminho" para os lados da Fazenda São João da Montanha,-alinhavam-se enormes lotes, frentes de ébácaras ou simples­ mente terrenos semi-abandonados. Com o desenvolvimento do Engenlio do Monte Alegre e a fundação da Escola Prática de Agricnitura nas terras doadas ao Governo do Es­ tado por Luiz Vicente de Souza Queiroz, a Cidade expandiu-se no sentido do Bairro Alto, para os chamados "Bairros dos Alemães e do Piracicamirim". Em 1901,'Vicente Montera comprava de Comado Hebling uma chácara de trinta e três alqueires limitada P;6la estrada do Monte Alegre e terras pertencentes à Municipalidade. Lentamente a grande propriedade ia se desin­ tegrando, vendidos grandes lotes ao longo desse caminho. Para a expansão urbana nesse sentido foi fator decisivo a fundação da Escola Prática de Agricni­ tura "Luiz de Queiroz" que, desde fins do século XIX, 'já tinha seus campos de experiência ini~ ciados, ainda, quando Luiz de Queiroz se mudara para a Fazenda com sua dedicada esposa, D. Her­

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melinda Ottoni de Queiroz, levando traba­ lhadores e ferramentas. Inaugurada festivamente, eIÍ11907, a sede da Escola Agrícola, o vasto prédio atraía visitantes extasiados Pela beleza da arquitetura, pelo traçado do Parque e pelo viço dos arvoredos. Assim, o antigo caminho, continuação da rua Santa Cruz passou a ser a avenida Carlos Botelho. numa muito justa homenagem a quem muito fizera para se chegar àquele dia glorioso. Algemas ruas mudaram de nome. A antiga rua Nova tornou-se Saldanha Marinho, desde o Itapeva até a rua Santa Cruz. A avenida Carlos Botelho recebeu cascalho e piçarra, l! partir da rua Nova numa extensão de mil e duzentos metros, até o portão principal do Parque da Escola Agrícola, em novembro de 1905. Para se conseguir uma linha reta, José Silveira Mello cOOeu, gratuita­ mente, o terreno que é atualmente a praça em frente ao portão. A medida que a urbaniZação se estendia para os lados da Escola Agrícola, do Monte Alegre'e da Fazenda São João da Montanha, as grandes propriedades iam se dividindo em lotes, exigindo, naturalmente, novos cuidádos da Intendência, assim como, aos poucos, a rede de esgoto e a1guos postes de i1uminação. Em continuação à rua do Sabão, atual Luizde Queiroz, foi aberta uma estrada a partir da amai rua Rangel Pestana "até'encontrar, no ponto con.­ veniente, a estrada para Botucalú (1906)". Deu-se, tami1ém,' atençãO ,ao Cemitério Municipal, "com valas abertas e ossadas espar­ ramadas", nos dizeres dos dO<:\lIIlentos. As águas foram canalizadas por condutos subterrâneos e construídos tanques para irrigação. Cuidou-se também da arborízação. Em 1901, quando o tenente corouel Aquilino Pacheco era intendente, ficou resolvido a formação de um Parque em um terreno de dois alqueires situado abaixoao Cemitério -local onde se encontra atualmente o Estádio Municipal. Ao Cemitério já se tinha anexado o Cemitério dos Protestantes, mas, de um modo geral faltava o verde, essencial, não só como fator paisagístico,

mas muito importante para uma cidade de clima relativamente quente. Para tais obras a Prefeitura autorizou a per­ muta de um terreno junto ao Cemitério, por um quarteirão pertencente à chácara de Zeferíno Bacchi, entre as ruas XV de Novembro e Moraes Barros. Para a execução do projeto do Parque, Aquilino Pacheco recebeu mudas do Jardim Botánico, através do Dr..Paulo de Moraes Barros. Conseguiu, também, por intermédio do Dr. Cândido Rodrigues, Secretário da Agricultura, um lote de mudas, do Instituto Agronômico de Campinas. O Parque desapareceu com o tempo. interes­ se mais forte contribuiu para sua substituição por um amontoado de cimento armado denominado Estádio, para alegria dos amanteS do futebol e tristeza dos "saudosistas" que conheceram as belas árvores que ali medraram e se encheram de flores, s6 ficando a magnífica "Sapucaia", protegida I ' pela lei. Somente em 1905 se cogitou de um portão para o Cemitério, isto é, um portão artístico, con­ forme planta de Zanottâ e Corso. Segundo Gui­ lherme Vitti que escreveu uma excelente série sobre os Cemitérios no Jornal de Piracicaba, foi construído o portal com figuras angelicais descritas como querublos e serafins. Em 1890, João José da Silva era proprietário de uma boa partll do quarteirão formado pelas ruas Rangel Pestana, São João, XV de Novembro e Santa Cruz., Essa ár.ea,.aos poucos foi sendo subdividida;'ficando Antonio Ribecco com uma boa parte, com frente para a rua Santa Cruz. Ali foi coostruldo um sobrado com um vasto jardim, com grade de ferro e plantada uma linda palmeira imperial de cada lado do portão na rua Santa Cruz. Nesse sobrado, nos anos vinte, um médico italiano, Dr. Orestes Pentagua estabeleceu uma clfnica beneficente denominada "PRÓ-INFAN. TIA" que prestou incalculáveis serviçosa centenas de crianças carentes, contando com a colaboração da sociedade piraclcabana que a todo momento organizava festivais no Teatro Santo Estavão,

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rifas, leITões, etc. ()s fundos desse terreno quase atingiam a rua São João onde seria construído o novo prédio da Escola Normal, atual"SUD MEN­ NUCCI". Um grupo de alunos da Escola Normal, mais ou menos, em 1926, obteve autorização do dr. Pentagna para se reunir em uma das salas da frente para sessões de uma pretensiosa Academia de Letras com apoio total de dois queridos profes­ sores: dr. Antonio Pinto, professor de Literatura e Latim e dr: Acacio de Paula Ferreira, professor de Português. Mamãe forneceu uma mesa e o patrono convidado foi Martins Fontes que, na­ quela época esteve em Piracicaba fazendo belas conferências e nos visitou, dizendo, com sua bela voZ, lindas poesias. A medida que se sobe, no Bairro Alto, as chácaras vilo aumentando de tamanho, principal­ mente nas proximidades do Piracicamirim. São lotes de antigas fazendas conhecidas pelos nomes dos proprietários. Acima da antiga Bstação da Ituana (Sorocabana), conhecida como Estação Velha depois que se construiu a nova Estação nas proximidades do Itapeva, hoje "terrenos ocupados pelos onibos urbanos, as terras eram conhecidas pelos nomes de antigos donos, os Viana, os Fer­ reira, ps Queirozes, os Ferraz de Barros, etc. . Os lotes que formaram o Bairro dos Alemães são mais conhecidos por nomes de origem germânica. Algumas fanúlias enraizaram-se "acima do Itapeva", isto é, na parte 'alta, à direita do c6rrego, e seus descendentes ainda vivem nessa parte da Cldade. " Algumas ruas têm nomes em homenagens a pessoas que prestaram serviços à Cldade, ou num sentido mais amplo, ao Estado ou ao Pais. A ma Direita tomou-se ma Moraes Barros, um dos convencionais de Itú. A rua dos Pes­ cadores tornou-sé Prudente de Moraes, primeiro presidente civil da República. A rua da Miseric6rdia que tinha esse nome porque nela se situava a Santa Casa, recebeu o nome dofondador, José Pinto de Almeida. A rua do Hospital tomou­ se Manuel Ferraz de Campos, o grande benfeitor

dos leprosos. Os Kuller, os FlSCher, os HebIing e outros de origem sulça ou alemã povoaram os terrenos entre a Escola Agrícola, o Bairro dos Alemães e o Cemitério. Deve-se lembrar ainda que, em tomo da Estação Velha havia além das chácaras, olarias e oficinas. Um ângulo muito poderoso não pode ser deixado de lado - a ação da Igreja Católica, colaboraodo de maneira decisiva para o progresso do Bairro. Desligaodo-se da Paróquia de Santo Antonio, criada a paróquia do BomJesus, cada vez mais firme em seus alicerces com um bom programa religioso e cultural. As festas religiosas e profanas exerceram benéfica ação sobre o Bair­ ro. Um belo exemplo dessas festas eram as comemorações em homenagem a Santa Cecilia, padroeira da Música, em que tomavam parte jovens instrumentistas ao lado das melhores vozes da Cldade, nem sempre residentes ao lado da Igreja, mas, como se dizia, "no Centro ou do outro lado"; Uma parte do Bairro foi, durtante muito tempo, conhecida como "chácara dos fraoceses". Luiz Bion, por exemplo, é sempre um ponto de referência nas escrituras desde fins do século XIX. No inicio do século xx, quando ainda não tinha sido criada a paróquia do Bom Jesus, eram mnito populares as festas da capela de Santa Cruz, tanto profanas como religios~ relizadas duraote " o mês de agosto. A inauguração da Escola Prática de Agricul­ tura concorreu para uma série de melhoramentos urbanos. O estabelecimento de um Escola do porte da "LUIZ DE QUEIROZ", longe do centro da cidade, iria representar um polo de atraÇão, con­ correndo para uma decisiva expansão urbana, in­ cluindo uma verdadeira revolução no sistema de transporte. A Comissão de Obras Públicas, nas sessões da Câmara Municipal, deu parecer favorável à indicação do Dr. Paulo de Moraes Barros sobre a abertnra das ruas da Miseric6rdia e Nova até a divisa da Fazenda São João da Montanha, "autorizando a construção de uma linha de bondes

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que, partindo do ponto conveniente, vá terminar na . ESCOLA AGRíCOLA LUIZ DE QUEIROZ·.

Aprovado em primeira discussão, dispensado de interistfcio, a requerimento de Pedro Alexandrino de Almeida, o parecer foi aprovado. Ennquanto a Escola Agrícola, desde cedo, esteve sob o patrocínio de altas autoridades, ob­ tendo condições para se instalar em moderno prédio destinado a fins pré-determinados, com . espaço suficiente para futuras instalações, a Es­ cola Normal peI'Il!llIleCÍa na Rua do Rosário, no antigo prédio da Sociedade Propagadora da Instrução, sem condições de se adaptar às moder­ nas exigências da Pedagogia. . A Câmara Municipal tinha autorizado a Prefeitura a adquirir os terrenos da Chácara Laport, no Bairro Alto, para construção de um novo prédio para a Escola Normal e seu Grupo Modelo, pois o parecer Ifil14 de 1912, analisando uma indicação dQ Or. Paulo de Moraes Barros, embora concordando com as vantagens da aquisição da chácara para nela ser instalado um Parque, lembra que a Municipalidade, tendo já o~re~doterrenos {'8faa COIiStmçãode umprédio par~a Escola Normal eGmp<i Modeloi"SÓ poderá tomar efetiva a doação se fizer a aquisição projetada. Por sua localização e continnidade da adade são o que melhor se apresenta para a função". . A indicação foi aprovada pela Comissão- de Obras públicas a 6 de abril de 1912. Sendo norma do Governo do Estado só ins­ talar Escolas onde a Municipalidade, doasse o ter­ reno, a Prefeitura preferiu deixar o terreno para o Parque para uma outra oportunidade e oferecer os terrenos da Chácara taport para a construção do prédio para a Escola Normal, tão precaria­ mente instalada. Adquirida a Chácara, a escolha dos lotes necessários à Escola Normal recaiu no quarteirão formado pelas mas Rangel Pestana, SãoJoão, XV de Novembro e Bom Jesus. Aprovadas as plantas, logo se iniciaram as obrar que eulminaramcqm a inauguração do novo edifício da Escola Normal, considerado, como

outros edifícios construídos na mesma época, pelns críticos, como um dos palácios que o Estado de São Paulo pôde construir, graças ao extraordinário surto da lavoura cafeeira. A verdade é que havia, na adade. muitas áreas de total desconforto, sem água encanada, desprovidas de esgoto, problemas aventados em todos os momentos pela impresa da oposição política que insistia na crítica à administração municipal, clam;mdo por um maior interesse pelo conforto da população. No Bairro Alto, acima da Alfredo Guedes, não havia tais melhoramentos e um dos característicos do baÍI'ro era a total falta de segurança. Estes aspectos dos· problemas, amplamente debatidos, foram postos de lado quando, em abril de 1913, o Jornal de Piracicaba animciou a aber­ turadarua SãoJoão "que estava dando bons resul­ tados." Muito bem situada, logo se abria ao transito. 'Terrenos nas proximidades estão sendo divididos emlotjlSe vendidos a,prestações", segun­ do o anúncio. Uma nota do Jornal de Piracicaba de 18 de abril de 1913 termina idinnando que "sabemos que a Secreturia da Agricultura facilitará o es­ tabelecimento de bondes que resolvam á questão de traosporte para a Escola Agrícola". Paralela à ma Santa Cruz, cuja continuação no sentido da Escola Agrícola seria a avenida Carlos Botelho, a, rua São João estava situada na área da ehácara Laport. , As obras da EscolaNormalforam autorizadas no perfodopresideneial do Conselheiro Rodrigues Alves, sendo Secretário do Interior de. A1tino Arantes, e Secretário da Agricultura de. PauIo de Moraes Barros. ' Em Piracicaba, o prefeito municipal era Fer­ nando Febeliano da Costa, sendo presidente da Câmara Municipal Manuel da Silveira Correia. O Dirctor de Obras Públicas era o engenheiro pela Escola Politécnica, de. Eduardo Kiehl. Trabalhan­ do ao mesmo tempo, em obras da EsoolaAgrícola e 'da Escola Normal, Dr. Kiehl montou seu escritório em ponto estratégico, da rua São João, entre os dois locais. '

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Inaugurado o lJ.ovo prédio da Esoola Normal, em 1916, alterava-se o aspecto do bairro, com um novo surto de povoamento, com maior movimen­ to comercial, pois as duas Esoolas serão dois polos de atração e as duas ruas -sao João e Santa Cruz logo se urbanizarão, com novos sítemas de transportes, como bondes e automóveis. Não se pensa, todavia, que tais meios de transportes tivessem realmente substituído os troles, çarroças e carroções, pois muitos carros de bois nelas passavam com seu ruído peculiar. transportando madeira para as marcenarias, como, por exemplo: só para lembrar uma das que demoraram a desaparecer. a dos Guerrini, na rua Santa Cruz. . TQmava-se imprescindível uma via de contor­ no, O que seriá uma novidade numa cidade em que .as ruas se cruzavam em ângulo reto. Pensou­ se, naturalmente, numa linha de bondes... Preferível uma larga Avenida a cortar ter­ renos não arroteados ou não loteados, cuja desapropriação seria mais rápida e não muito dis­

pendiosa. Não era uma utopiil, pois as linhas do bonde que existiam poderiam ser ampliadas posteriormente à medida das necessidades e p0s­ sibilidades financeiras. Planejada pois, uma grande avenida, a futura Avenida da Independência, inaugurada como parte dos festejos comemorativos do centenário da Independência do Brasil, ligando a entrada da Cidade pelo Piracicamirim, passando ao lado do Cemitério da Saudade, junto ao Parque Serra Negra, onde atualmente se situa o Estádio Municipal, descendo para o Centro da Cidade, depois de passar em frente à Santa Casa e obras da Igreja dos Frades, e outras obras importantes. As obras da Avenida Independência tiveram apoio de autoridades e do povo, pois sna utilidade era índiscutível, não apenas no sentido de ação social, mas de çaráter religioso e educadonal,·ser­ vindo a importantes instituições ao longo de um caminho que iria contribuir para o desenvol­ vimento também de "bairro da Paulista", cuja Estação se localizavil no alto da ma da Boa Morte.

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LARGO DE SANTA CRUZ

Umdl>s mais antigos largos citadinos, fazendo face com a Rua Morais Barros, primeira via pública da cidade, por ser o antigo caminho para Mato Grosso, aparece com seu nome citado pela primeira vez, na ata de 2 de maio de 1836. A existência de uma cruz, cbantada no local, seria em memória de algum cidadão ali falecido? Os vereadores, respondendo a uma indagação do Prefeito, assim se manifestaram na ata retro citada: . "".e que, quanto às rezas da Santa Cruz, a Câmara não acha analogia nem a aplicação no artigo onze das Posturas, porque não considera o culto externo dos fiéis como compreendido em as vozerias e tumultos do mesmo artigo, sendo certo que, sem se restringir a reza, pode tolher-se os abusos de imoralidades e os tumultos, por meio de uma exata observância do artigo dez e onze das mesmas pnsturas..." ' Quando a Câmara, em,:l843, estabeleceu os limites do perímetro urbano para a cobrança do imposto predial, ela citou o local com o nome de -Largo de Santa Cruz, provando isso já ter projeção na paisagem urbana. O assunto só reaparece nas atas em 1869. Antes daquela data, porém, bá um docu:mento interessante no arquivo, em o qual o cidadão piracicabano, Francisco Assis Pinto de Castro apresenta um desenho da igreja de Santa Cruz, declarando que ela está voltada para o sul Os traços são tnscos. A construção é simples, com uma porta única na frente e sem janelas. Ao lado bá um puxado aberto onde estão pendurados dois sinos. Atrás, uma casinhola com porta e janela. Uma informação esquisita apresenta a ata de 23 de maio de' 1869, que diz: "Foi lido um requerimento de José Custódio Gomes, pedindo para aforamento gratuito ou não, vinte braças de frente com vinte de fundo de ter­ reno à rua do Monte Alegre, para nele edificar uma casa para guardar uma cruz que, naquele

lugar, os fiéis fiXaram. A Câmara, ouvindo informações do arruador Bento Barreto, membro da comissão de obras públfcas, concedeu o aforamento, que será gratuito, se o terreno servir para o citado fin), devendo o suplicante, dentro do prazo de três meses, dar princípio à edificação da casa, mas que o suplicarite pagará 200 réis por braça do dito terreno, se não realizar a edificação referida." Uma informação esquisita, foi dito lá atrás, pois se já bavia a igreja própria, por que uma casa para guardar a cruz? Estaria a mesma ameaçada na sua integridade por devotos mteressados em levar uma lasca da madeira santa? Oútra longa ausência de notícias. Lê-se na ata de 2 de agosto de 1885: ·0 sr. vereador, Dr. Mano~l de Morãis Barros mandou à Mesa a seguinte indicação: Alguém tem-se arrojado o direite de, tódos os anos, por ocasião da festa da Santa Cruz, nesta cidade, alugar o largo da igreja aos muitos que ali es­ tabeleceram botequins, cobrando um tanto por ,palmo de terreno quadrado ou linear, e impondo também uma taxa às muitas bancas de jogOS; ditas de canequinhas, que funcionam ao relento; e, além disso, trata de estender o mesmo abuso ao largo da igreja da ~ ~orte, cuja festa está próXima, ..convidando, por um anúncio no "Piracicabano", a entenderem-se com ele todns os que ali quiserem estabelecer botequins. E tendo esta Câmara o dever de coibir semelbante especulação, por serem aqueles largos terrenos muuicipais e por ser ela - Câmara - o único, além da ColetOria Geral e Provincial, que tenba, o direito de cobrar impostos neste Muuicfpio, in­ dico que sejam tomadas as seguintes providências, ou outras que pareçam mais eficazes: ' 1Q - Tornar público que é livre o es­ tabelecimento de botequins provisórios naqueles largos, sem outra obrigação mais, que a de pagar

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os impostos municipais, provinciais ou gerais, es­ tabelecidos nas respectivas leis.

2Q - Que todos os anos o Fil;(:a] da Câmara

demarque e distribua os terrenos desses dois lar­

gos aos que quiserem abrir botequins, cobrando o

Procorador os impostos que forem devidos à

Câmara por suas posturas.

Discutida a indicação supra, o sr. Dr. Presi­

dente informou que os botequinsforam edificados

em terrenos particulares, e não no largo, como se

refere a indicação. À vista do que'a Câmara

deliberou que seú Presidente nomeasse uma

comissão para exaniinar a inforruação. Foram

nomeados, para este fim, os srs. Drs. Canuto

Saraiva e Morais Barros"

Na ata do dia segninte: "O sr. Dr. Manoel de Morais Barros, na

qualidade de relator da comissão lnCUinbida de

verificar se o terreno em aberto, em frente ao

-Colégio da Assunção é público ou particular, diz que a mesma comissão verificou que esse terreno é particular e propriedade do Major Fernando Ferraz de Arruda e do Vigário Francisco Galvão Paes de Barros, que compraram dos berdeiros de Miguel Arcanjo BenicioDutr,por escritura de 22 de fevereiro de 1882, nas notas do Tabelião França.." . O estranho é que a comissão nada disse sobre o terreno da Santa Cruz, objeto deste estudo. Assim fica-se sem saber se o largo era praça pública ou pertencia a particular. O assunto ficou parado até o dia 3 demaio

e 1886:

"O sr. vereador, Dr. Manoel de Morais Barros pediu as inforruações que devem ser prestadas pelo Fiscal e pelo Procurador da Câmara sobre os seguintes pontos: Quem demarcou o Largo de Santa Cruz para o estabelecimento de botequins ali? Quantos são os botequins existentes naquele lugar? Quantos pagaram impostoí; e de quanto? Discutida é aprovada.· E na ata do illCSlI!O mês, no dia 23: "O Fiscal da cidade, João Teodoro Monteiro, ratificou a inforruação que prestou relativamente aos ter­ renos do Largo de Santa Cruz, comunicando que,

melllor informado, soube que Albano Leite do Canto,já falecido, comprou acerca de 6ou 7 anos, de Henrique SchemilJjng, todo o terreno, com exceção da rua que fica no meio do largo e fe:/: deste doação à igreja do mesmo nome, sob a condição de se continuar fazer ali a festa de sua Invocação. Não se passou, porém, escritura, nem de compra a Henrique, nem de doação àquela igreja. Adiada a distussão.· As medidas tomadas pela Câmara acerca do uso do Largode Santa Cruz Dáosurtirainos efeitos desejados, pois o local continuava pretendido peI?S donos das barraqulnbas e mesas de jogos vários. Tránscreve-se aqui o forte ofício encami­ nhado pelo Presidente da Câmara ao chefe de Polícia locaI. Dr. José Cardoso de Almeida: ·Com o fim de evitar prováveis conflitos com a polica local, levo ao vosso conhecimento o seguintefato: os jogadores desta cidade e diversos pontos do Estado, hâ alguns meses que assoalbam o boato de que, este ano, haverá nesta cidade a festa de Santa Cruz, com todo o seu cortejo de jogatina e devassidão desenfreadas. Com confirmação desse boato, desde on~ . nota-se desusado mo~ento nas imediaçõeS da Capela de Santa Cruz,.estando-se dividindo diver­ sos terrenos particulares em lotes para a construção de barraquinhas, segundo claramente afirmam. Ora, há mais de de:/: anos que, vencendo extraordinários óbices, as autoridades municipais e policiais têm consegnid.,impedil:essa perniciosa festa, de modo. a podermos afirruar que, toda a 1l0va legião de adolescentes, que essas 1600 crianças que frequentam as escolas da nossa cidade, Dáo conhecem os jogos proibidos, nunca viram as cenas da devassidão campeando im­ punes. A Câmara Municipal, em cumprimento .de suas posturas, não pode, pois, consentir em tal festa, aliás altamente desmoralizadora, e tratará de impedir, a todo o transe, a sua reallmção. C::omo meio, porém, de evitar atritos in­ covenientes entre as autoridades locais, como meio de prevenir prováveis conflitos, solicito-vos

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providências, d~ modo a i.,mpedir que a autoridade policial dê licença para essa festa. Confiando em vosso patriotismo é que vos solícito essas providências, em nome da moralidade administrativa deste município, em proveito da geração nova, ainda pura e inocente. Saúde e fraternidade. (assinado) Dr. Paulo de Morais Barros ­ Presidente". No ano de 1902, conseguiram as antoridades harmonizadas impedir a desvirtuada celebração religiosa. No ano seguinte, porém... mas vamos aos fatos: Tudo começou com o que constà da ata de 23 de abril de 1903, assim redigida: "Declarou o Presidente haver convocado a presente sessão, a fim de dar conhecimento à Câmara de ocorrências lamentáveis relativas a falta de comprimento de posturas municipais, acoroçoado pela polícia local. Ontem. tendo-se ausentado da cidade em serviço o sr. Intendente Municipal, foi o presi­ dente informado pelo fiscal do Norte que, no Largo de Santa Cruz e em' terrenos particolares, vizinhos, tinha-se dado começo aos trabalhos preliminares para a construção de barracas para a anunciada jogatina. , Acompanhado pelo Fiscal dirigiu-se ao local ­ e intimou aos operários que se ocupavam na construção de um rancho, que deixassem o serviço que ficava embargado desde esse momento, no que foi obedecido; em frente à capela acbava-se um conhecido desordeiro que declarou estar fazendo a capinação do largo por ordem de ter­ ceiro; foi intimado a deixar o serviço, sendo apreendidas e recolhidas ao depósito as suas fer­ ramentas. Pouco depois compareceu o delegado de polícia que, em altas vozes, declarou à turba de desocupados que o acompanhavam que podiam fazer a festa como entendessem. Depois de trocas de palavras, em que o presi­ dente fez ver ao delegado, que estava aconselhan­ do o desrespeito a leis municipais e fedrais, ambos se retiraram. Foi informado que, logo depois, compareceu ao local uma força de polícia de 15

praças para garantir o serviço dos Jogadores, e, então, julgou oportuno comunicar por telegrama o fato aos drs. Chefe de Polícia e Secretário do Interior e convocar a presente sessão, a fim de a Câmara resolver coletivaruente qual a atitude a tomar, diante da posição sediciosa da polícia. Depois de todos os srs. Vereadores se manifestarem no sentido de serem cumpridas às leis municipais que proíbemosjogos de azar, ficou deliberado por ,unanimidade de votos que o sr. Intendente Municipal ficasse autoriado a lançar mão de todos os recursos legais, para tomar efetiva a execuçãoda lei respectiva, que deverá ser publicada pela imprensa. . Ficou mais deliberado reunir-se a Câmara amanhã, em sessão extraordinária, com o fim de resolver novas providênciasrequeridas pelo caso.· O telegrama acima aludido está assim redigido: "DePanlo de Morais aDro Anténio de Morais Barros Rua Direitlj. 10 C. São Paulo Joaquim Moreira, Manoel Pedreira, João Pedreira voltaram S. Paulo dispostos fazer festa­ jogatina Santa Cruz, afumando pedirem apoio Chefe PoIfcia. Festa religiosa proibida. Consta amanhã tentarão construir barraquinhas~ Procure interferir Chefe Polícia, Secretário Interior, co­ munique fato, peça providências, CIImara Municipal disposta impedir jogatina todo transe. Telegrafei Chefe Polícia. Responda. Piracicaba, 17 de abril de 1903. Assinado - Dr. Paulo de Morais Barros," -­ O telegrama foi repetido no dia seguinte. Assim está redigido o telegrama ao Chefe de Polícia: "A Dr. Chefe de Polícia - São Paulo Grupo vagabundos jogadores pretende cons­ truir Largo Santa Cruz e em terrenos particolares barraquinhas para jogos proibidos, contra disposição expressa leis municipais, contando apoio policia. Não há motivo nem pretexto para construção tais barraquinhas, porque não será realizada festa alguma religiosa. Câmara Municipal fará respeitar suas posturas custe o que custar. Peço

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providências urgel\UlS a fim de evitar conflitos. Jogadores fazem constar terem obtido Iieença vossa Exeelência para jogos proibidós. Piiacicaba, 17 de abril de 1903. Assinado - Dr. Paulo de Morais Barros ­ Presidente da Câmara." Com data de 24 de abril. foi encaminhado o oficio seguinte: "Cidadão Dr. Firmiano de Morais Pinto, M.D. Secretário do Interior e Justiça A Câmara Municipal desta cidade, em sessão de hoje, resolveu representar-vos as seguintes graves ocorrências, acoroçoadas pela autoridade policial, e que importam em desréspeito e violação flagrante de uma lei municipal e de leis gerais. Há muitos dias corria na cidade insistente boato de que iam ser construídas barraquinhas no Largo de Santa Cruz e adjacências, para nelas funcionarem bancas de jogos proibidos. Ontem as construções foram iniciadas e, tendo sido embargadas por funcionário municipal, de acordo com a lei, compareeeu o delegado de polícia, rodeado de jogadores e·ooocupados, e diante do presidente da Câmara, em exercfcio do cargo de Intendente, em altas vozes declarou que podial.ll continuar o serviço e fazer a festa. Pouco depois chegava ao mesmo largo um contiogente de quinze praças, a fim de garantir a construção das barraquinhas, que, sob esta escandalosa proteção, continuou a ser feita. Os foros de adiantamento e moralidade, de que goza este municfpio, clamam contra o ato sedicioso da polícia local. Desde 1892 que, à custa de muita tenacidade e esforços, foi este municfpio completamente ex­ purgado dos jogos proibidos; desde 1892, não mais se realizou a perniciosa festa de Santa Cruz que, abusando do nome da religião católica, apenas servia de pretexto para a jogatina, a mais desenfreada e para a mais torpe devassidão de costumes. São estes perniciosos vícios, desconhecidos da atual geração de moços deste municfpio, que se pretende fazer reviver, contra disposições expres­

sas de leis municipaís e federais, e reviver sob o imediato patrocfnio da polícia local Nem os atos religiosos podem, este ano, ser invocados, como pretexto, porquanto foram proibidos pela autoridade eclesiáStica. E a polícia local, incumbida de velar pela fiel execoção das leis e da moralidade pública, tomou-se a protetora dos jogadores e desrespeitadores da lei, aconse­ lhou publicamente a sua violação, tornou-se fran­ camente sediciosa. , O povo deste município, acostumado a respeitar e a ver respeitados os atos da sua repre­ sentação municipal, está assistindo o espetáculo pouco edificante de vê-la ensovalhada pela autoridade policial. Em nome da moralidade administrativa, em nome do regime republicano, 'confiantes em vossa ação, solicitamos vossas providências,'no sentido de eessar este degradante estado de coisas que, com eer!eza, não é o mais próprio para justificá-lo. Saúde e fraternidade." Apesar dos drljllláticos apelos da Câmara, as medidas corretivas tardavam. As autoridades policiais da cidade tergiversavam. É o que revela a ata de 4 de maio, pela fala do Presidente: "Relativamente aos jogos ilícitos em Santa Cruz, o presidente comunicou que, continuando a correr o boato de que nas imediações do Largo de Santa Cruz iam se realizar ostensivamente jogos ilícitos e, tendo verificado que jog,adores da profissão para lá conduziram. à vista do público, os respectivos objetos, e bem assim que o delegado de polícia local aconselhava aberta­ mente, na pràça pública, o desrespeito às leis penais municipais, prometendo garantir as ban­ cas de jogos ilícitos com as praças do destacamen­ to local, levou estes fatos ao conhecimento do Dr. José Roberto Leite Penteado, 12 delegado auxiliar, no dia 30 de abril. fazendo-lhever que, se a Câmara havia suspenso as medidas para tomar efectivo o cumprimento das leis municipais, foi confiando na palavra das autoridades superiores do Estado que garantiram formalmente que seriam cumpridas as leis proibitivas dos jogos de azar, e que autoridades locais tinham ordens nesse sentido.

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e


o Dr.

12 delegado auxiliar prometeu-lhe categoricamente impedir os jogos ilícitos e apreender os seus objetos, no caSo de vê-los fun­ cionando. Entretanto, no dia 1~ de maio, à tarde, foi o presidente informado que os jogos ilícitos funcionavam desenfreadamente e mais, que o Dr. 10 delegado auxiliar dissera ter pressa de voltar a S. Paulo, mas que só iria depois que visse fun­ cionando a primeira roleta. Debalde procurou o delegado auxiliar desde 6 horas da tarde até a: meia noite desse dia; o de. delegado auxiliar escondera-se propositada­ mente, fazendo seu agente secreto acompanhar o presidente da Câmara, para verificar quando a porta do hotel ficaria desembaraçada da presença deste. Desejando verificar se teria fundamento o boato de que essa autoridade se retiraria para S. Paulo depois de garantir o funcionamento da primeira roleta, foi a estação de ltuana, no dia 2, e aí encontrou-se com o Or. 1° delegado auxiliar, que, tendocumpridoàrlsca asuapalavra, retirava­ se para a.capital, deixando assegurado o fun­ cionamento dos jogos ilícitos. O Or. 10 Delegado auxiliar era conivente com -li! prevaricação da autoridade local. Por telegrama comunicou esta ocorrência aos Drs. Secretário da Justiça e Chefe de Polícia, reélilmando o cmuprlmento de suas promessas formais, que nada mais eram do que ocumprimen­ to da lei. Com satisfação pode hoje trazer ao-oo­ nhecimento da Câmara que, em resposta recebeu do primeiro daqueles funcionários o telegrama que apresenta, transmitindo cópia de outro do Dr. Chefe de Polícia, ordenando ao Delegado local que reprimisse energicamente os jogos ilfcitos. No dia e ainda continuavam os jogos, cada vez mais às escâncaras e em maior número, apesar do telegrama ser do dia 2, O delegado de Polícia, procurado pelo Intendente Municipal e Juiz de Direito em exercício, declarou-lhes que mantinha a sua resolução de permitir e garantir os jogos ilfcitos e agora levaria a sua cruz ao Calvário, desobedecendo por essa forma às ordeos supe­ riores. À noite do mesmo dia, constara-lhe que havia

assumido o exercício do cargo de delegado de policia, o 1° suplente, que, logo depois, se dirigira às imediações do Largo de Santa Crua, tomando efetivo o cumprimento das ordens recebidas relativamente às roletas, sem encontrar o menor embaraço, sem o menor pretexto, ficando provado que, se não fora o apoio criminoso das autoridades - delegado de policia local e 12 delegado atJ<Ciliar, os jogadores não se abalançariam ao desrespeito ostensivo das leis. Assim, teDdo verificaddo que só a estas autoridades cabe a responsabilidade destas ocorrências deprimentes, e que tanto o Dr. Secretário da Justiça como o Dr. Chefe de Policia procederam com toda a correção, obrigando em definitivo aos seus subalternos a respeitarem e cumprirem as leis penais e as deste município, sendo certo que a essas duas autoridades devemos o regozijo da população da cidade, por vê-la res­ tituída à ca1ma e à ordem habituais, depois de três dias de jogatina desenfreada, indico que a Câmara oficie aos Drs. Secretário da Justiça e Chefe de Polfcia, agradecendo-lhes os valiosos serviços prestados a este município, com as providências eficazes e prontas, que púseram termo a tão anor­ mal estado de coisas. Esta indicação foi unanimemente aprovada." (Seguem-se as assinaturas dos vereadores) No mesmo dia 4 ae maio a Câmara'oficiou às referidas autoridades: flOdadão, Dr, Chefe de Pólfcia Graças a vossa enérgica e eficaz intervenção, está felizmente terminado, com honra para a administração pública do Estado, o lamentável incidente que veio perturbar profundamente a vida municipal de Piracicaba, alarmando seria­ mente o espírito de sua população ordeira. Foram, ontem, proibidos os jogos ilfcitos, inaugurados no dia 1il do corrente, uesta cidade, com o nome de festa de Santa Cruz, sob o patrocfnio imediato do delegado de policia local, com a conivênda provada do sr. Dr. 12 Delegado auxiliar. , Esta Câmara Municipal, jubilosa com este fato bem significativo da correção com que man­ tendes o prest(gio do vosso espinhoso cargo, vem

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manifêstar-vos os seus profundos agradecimentos pelo exemplo altamente moralizador que destes, fazendo respeitar a lei e as autoridades cons­ tituídas. Saúde e fraternidade. (Assinado pela Câmara)" "Cidadão, Dr. Secretário da Justiça É com grande regozijo que vos comunicamos a proibição feita ontem, graças à enérgica intervenção do sr. Dr. Chefe de Policia, dos jogos ilfcitos, inaugurados no dia primeiro do corrente mês, nesta cidade, sob o nome de festa de Santa . Cruz, e que tanto alarmaram a população. Foi com intensa mágoa que esta Câmara Municipal viu menosprezadas as leis penais e as deste municfpio pelo delegado de policia local que, não contente em consentir jogos i1Icitos, colocou-os sob o imediato patrocfnio de sua autoridade, garantindo-os com as praças do des­ tacamento policial. Foi com profunda tristeza que esta Câmara municipal viu associar-se a tão insólito, quanto inglório procedimento, o sr. Dr. 12 Delegado auxiliar, esquecido da alta missão de ordem e prestígio à lei, que lhe fora confiada. Hoje, restituída a calma' é·oQ confiança ao espírito de toda a população ordeira desta cidade, cumprimos o grato dever de apresentar-vos 05 sinceros agradecimentos desta Câmara Municipal, pelas providências acertadas e eficazes que puderam põr cobro a tão anormal estado de coisas, e cuja lembrança perdurará como um belo' exemplo de civismo com que exerceis o vosso elevado cargo. Saúde e fraternidade. (Assinado pela Câmara)" Com a proibição dos festejos, celebrados da forma que se viu, perdeu seus encantos a capela de Santa Cruz que entrou em fase de ruína. Dez anos depois desses acontecimentos, os vereadores trataram deste assunto na ata de 15 de janeiro de 1913. Diz ela:

"O projeto fala na demolição da capela situada no Largo de Santa Cruz, para ser cons­ truída uma casa de diversões. Ora. Além de aquela praça não fazer parte da chácara, seria esse serviço dispendioso para a municipalidade, trazendo não pequena cópia de dificuldades para a sua execução. Refere-se o projeto à construção de UlIil3 igreja Santa Cruz, no Largo Bom Jesus. Pelos mesmos motivos já.expostos, coisa alguma deve a Câmara resolver sobre esse assunto," A transcrição acima expõe matéria um tanto confusa. A nós parece que algum cidadão pediu à Câmara a cessão do terreno do Largo de Santa Cruz para nele constrnir uma casa de diversões à sua costa. Em troca, o interessado cederia terreno no Largo do Bom Jesus para a construção de uma igreja, levantada às costas da Edilidadê. A partir deste ponto, as notícias sobre o Largo de Santa Cruz vão rareando, prendendo-se ao trabalho corriqueiro de uma administração municipal, como. seja: limpeza do terreno, . colocação de gruas e sarjetas, pavimentação etc. Na década de 40, um Prefeito demoliu o cruzeiro primitivo que súbstituira a capela demolida, mandando constrnir um outro lIllÚs artístico. Esse a! não permaneceu por lorigo tempo, pois, outra autoridade municipal, removeu-o para aVila Progresso, colocando-o junto à igreja de Silo Dimas, onde ainda se acha.., por enquanto...

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"Capela de Sta. Cntt. na l"U8 do Bairrc;J Alto. com li frcnte pam o sul com um pcq UCDO pálio limpo." (Ilustraçlo do texto do Padrt Mestre F _ A&sis PInIo de Castro, da.- d. ll!S8) ,


PIRACICABA POÉTICA

CIDADÃ DE PIRACICABA

RUA BOM JESUS

Trouxeram-me de lá muito pequena,

Da terra amiga, a terra onde nasci.

Sei que é formosa e chama-se LORENA

Amo-a, porém jamais a conheci.

Oh! rua Bom Jesus, tu foste aquela

Que quando lá no alto te implantaste,

Abriste para nós uma janela

E para o nosso bem, nunca a fecbaste.

Nestas colinas de beleza amena

Junto a meus pais e irmãos, feliz, cresci.

Sem conhecer da mágoa a rude pen~. E um mundo novo se me abriu aqui.

De nossa igreja o nome tu levaste

Ela era então apenas a capela.

Hoje, da terra, qual palmeira, a haste·

Aponta o céu, serena. altiva e bela.

Hoje um ditoso orgulho infla minb'alma: Eis que recebo aurifulgente palma O mais brilbante e honroso galardão.

Os teus primórdios foram nossa aurora...

Quanta ternura nesse doce outrora!

Quanto bebemos da incipiente luzI

Posso me unir a ti, seguir teus trilhos, Terra de meu esposo e de meus filhos, PIRACICABA do meu coração.

Berço feliz de nossa mocidade,

Agora és pranto, és emoção, saudade,

Ob! tão quérida rua Bom lesus.

AO RIO PIRACICABA

OLHAI OS CÉUS

Oh! velho rio das manhãs de outrora NÓs te queremos ver em santa paz. Há de brilhar pra ti serena aurora . E uma existência plena ainda tt;rãs.

De madrugada, quando a lua desce

E há um leve tom violáceo além, distante,

É tão bonito o quadro, tão tocante,

Que o nosso ser em êxtase emudece.

Nada receies, nãol Isso de agora Não é teu fim, querido, )'olverás A ser aquele da primeira bora, O grande rio dos teus Payaguás.

Temo momento de S(!udade e prece

E o por.-do-so~ mais um sereno instante,

Quando da fé a luz inebriante

Dentro em noss'alma docemente cresce.

Escuta aqui, impávido guerreiro•. Esse teu salto - altivo seresteiro Será de novo o nosso trovador.

A natureza é uma gloriosa tela

9nde o Supremo Artista se revela

Ao riro, ao pobre, aos reis, aos tabaréus.

Pois nossa prece e a dor de nosso peito, Hão de aumentar as águas do teu leito, Há de aumentar tua força o nosso amor.

Mas, ohl pesar! há tanto indiferente

Que não contempla a madrugada e o poente

Nem acba tempo para olhar os céus.

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A VELHA PRAÇA (Ao queridIJ amiIP Co/Jrinha e aos soudosistás de nossaleml)

PIRACICABA ESSE RIO DE NOSSA VIDA

HELLYDE CAMPOS MELGES

NéIioFemndeAnuda

Vamos dar voltas na praça?

Vamos quadrar o jardim?

Era assim que se falava...

Vieram depois forasteiros

trazendo a palavra "footing"

mas o termo não pegou...

Juntos na mesma calçada e pelo meio da rua, os moços iam de um lado e as moças vinham do outro, duas, três horas quadrando, dando voltas pela praça.. Era a praça dos encontros e dos que tiravam linha enquanto, casamenteiro, a mexer os seus pauzinhos,

entre arvoredos ficava

Santo Antonio trabalhando...

Era a pra~ colorida pelos grupos:de estudantes: . , branco-azul das normalistas branco-amarelo do Pica, branco-marrun da Cristóvão e os blusões do "A" encarnado..• Era a praça das crianças dos que saiam das missas, dos casais de toda a idade, dos doutrores e operários, da Banda União Operária, a banda do Peterman•.• Velha praça consagrada aos ideias do civismo de onde a bandeira paulista altivamente saiu à frente dos pelotólls dos heróis de trinta e dois.•• Praça José Bonifácio, a praça do chafariz de mármore de carrara a gojetar suas águas - 34 ­

Meu riol Meu rio! Quem retalhou teu manto?

Quem te despiu e silenciou teu canto?

Quem denegriu o teu glorioso feito?

No teu andrajo, há um clamor de espanto!

Grito de dor, na lágrima de pranto

A te descer, no rosto do teu leito.

Quem te escondeu o nhanduti de espuma?

S!Usaparrilha, não se vê nenhuma!

Prá onde foi o teu famoso véu?

Já não te vejo, ó clnturáo de prata

À luz da lua, recortando a mata,

No teu espelho, refletindo o céul

E as histórias das Monções se calam?

E das Bandeiras, as lições não falam'

De lutas tantas que viveram em ti'!

Humildemente, sem nenbum queixume,

Não reclamaste, pelo teu volume,

O teu direito sobliC o Anbembi.,

A bruxa infame, onde a maldade medra,

O teu cardume transmudol} em pedra,

Aos olhos baços do teu ribeirinho!

Triste lembrança tu me dás, agOra,

Do esplendor que já tiveste, outrora,

Tão bem gravado por um Miguelzinbol

Mas isso bastai Que ninguém se calei

Que se levante toda a voz do Vale,

Na luta santa dos reclamos teus!

Não se rerhera um herói, na sorte!

Pois, esse rio, bem fez maior no porte,

Este Brasil, tão só menor que Deus!

como quem chora saudade

do bom tempo que se foi••.

Vamos, meus amigos, vamos vamos dar voltas na praça'! Vamos quadrar o jardim? E assim vou eu pela vida, sempre a dar voltas na praça que ficou dentro de mim!


o TEATRO EM NOSSA mSTÓRIA

É bastante um burg9 entrar na senda do C)'es­ cimento, para logo surgir, entre seus habitantes, a idéia de uma casa de divertimento público. Outrora era o teatro a entrar na linha da preferência. desejo que só com esfor.ço constante. passava à realidade. Hoje, a primeira escolha recai sobre uma sala de cinema, preferência que, aos poucos, está sofrendo sério desgaste, Piracicaba de outrora tambéllJ embalou a idéia de ter o seu tea1;ro, tentativa que só surge em 1852, como revela a ata de 29 de fevereiro desse ano.: "Foi lido um requerimento do Capitão Ricar­ do Leão Sabino, pedindo a proteção da camara para lhe conceder um terrenono Largo da Forca, para levantar um·teatro, Posto em discussão, foi adiado," Odadão de idéias um tanto avançadas para aquela época esse senhor ~ino. Foi o primeiro professor de latim da oirtão vilazinha da Constituição. Bxquisitão como era. não se deu bem com Seus morigerados moradores, além de ser impontual em seu oficio, mantendo-se o mais que podia na Vüa de São Carlos, hoje Campinas. Seu pedido foi atendido prontamente, como se infere da ata de 7 de março daquele ano; O projeto, contudo, ficou só no desejo e no papel. Asatasvoltaramaoassuntoem20dejulhode 1853, da forma qué segqe:' "Indicou mais o sr. Ferraz que, não havendo nesta Vila nenhum divertimento público que sirva de recreio aos seus habitantes e, sendo o teatro o único que aqui se pode ter, é porisso de parecer que esta câmara representa ao Exmo. Presidente da Província a este respeito, pedindo a suspensão interina do artigo de Posturas que condena com a pena de multa aos que dão espetáculos, ficando sujeitos s6 os estrangeiros que o quiseram dar, até que se reúna a Assembléia Provincial, única que pode revogar esse artigo. Posto em discussão, passou,"

Percebe o leitor a eterna dependência do município aos Poderes Superiores, quando se trata de reaJizar obras de maior fôlego, em razão de suas diminutas rendas. Não se encontra. no livro próprio, o olIcio em referência. O assunto tratado pelos vereadores jádeveria ter sido agitado na vila. naqueles dias, e com solução já engatilhadas, tanto é verdade ~e, na ata do dia seguinte, aparece um requenmento apresentado por uma Sociedade Fundadora de um Teatro, pedindo um terreno à Câmara... "Que faz frente à Rua dos Pescadores (lImal Prudente de Morais) e atrás da cadeia desta Vila. para ali fazer-se uma casa para teatro. Posto em discussão, a camara deliberou que informa o suplicante ou marque o terreno que precisa para edificar essa obra." Um dia após o secretário d!l Sociedade dava os informes exigidos pelos vereadores, sobre o lugar e o tamanho da árca,_. "cujo tamanho é de cento e cinquenta palmos de fundo, com setenta de largu:ra." a decisão foi adiada para outra sessão, e a ata desse dia 23 reza: "Quanto ao requerimento da Sociedade do teatro, que ontem ficou sobre a mesa. entrando em discussão, teve o' seguinte despacho: _deferido, debaixo das condiçõe~ Ji.e8l!Íntes: Ficando a Sodedad~..·do seu répresentante, sujeita ao pagamento dos emolumentos que forem devidos, como se pagam as datas, e estas sirvam de termo de proporção, e quando, por ventura,.se extinguir a Sociedade, o terreno ocupado pelo teatro ficará sempre pertencendo à Câmara. e a Sociedade só poderá dispor das benfeitorias, ficando igual­ mente li Sociedade sujeita ao artlI22 das Posturas dé 12 de março de 1844, ficando igualmente a cargo do armador e fiscal da câmara. demarcar o terreno pedido.. Resolvido o proolema do terreno, a Sociedade entrou em brios, e um prédio modesto,

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no formato de um easarão com duas águas, surgiu logo atrás do prédio da cadeia pública, prédio este sobradado, onde se abrigavam a Câniara, a escola e a cadeia. A porta principal do teatro fronteava com a Rua Prudente de Morais. Felizmente há um desenho do teatro, de autoria do Padre Francisco Assis Pinto de Castro, morador desta cidade em 1858, que ele remeteu a um seu amigo de São Paulo;seguido dos informes devidos: "casa do teatro, atrás da cadeia, com frente para o norte, na Rua dos Pescadores, com 3 ordens de camarotes; não é forrado e ~m as­ soalhado; os bancos são táboas toscas, sobrepostas em pedaços de vigas.' Descrição clara, ~ples e precisa do teatro de que nossos antepassados dis­ punham p.ara ~us divertimentos artísticos. Além da porta principal, a porta da frente apresentava cinco janelas bem altas;e uma pequena rosácea. Nas paredes laterias, quatro janelinhas. O citado padre, além de sua especlfica função de sacerdote, era professsor de latim e francês, conforme se lê nas atas de janeiro de 1856. No ano de 1856, há uma referência indireta sobre o teatro, porém, intere~te, pois a Câmara determinara que, encostadas: a uma de suas paredes, fossem levantadas easinhas provisórias, destinadas aos lavradores que quisessem vender seus produtos diretamente ao povo. Essa medida cessou em dezembro do ano seguinte, vis\o tér-se normalizado a oferta dos frutos da lavoura, voltan­ do, porém a ser reativada em 1862. (At. 8/10/1862)­ Como se vê, nada de novo sob o so~ referente à venda de produtos ao povo, com a finalidade de seu barateamento. Mal se tinham passádo 10 anos, e a obra, com paredes de taipas, já apresentava perigo para os seus freq\lentadores, merecendo por isso, o seu responsáve~ intimação da Edilidade para demoli­ la, no prazo de sessenta dias. Caso a ordem não fosse executada, fa-Io-ia a Câmara, ficando as despesas por conta do proprietário ou responsável. (At. 11/1/1865) Na sessão do dia 11; mandou a Câmara que os detritos provenientes da demolição fossem colocados numa cova, formadora de um pantanal, existente diante da casa de um tal Francisco Lobo.

Pela data'do dia 12, conheçe-se o responsãvel pelo teatro. Era Miguel Arcango da Assunção Dutra, famoso artista polimorfo, que Piracicaba honrosa­ mente hospedou, adotou e guardou, a quem foi dirigido o ofício da intimação. A ordem foi cumprida, ficando a Vila novamente sem casa de diversão pública. Como o divertimento está entranhado no ser humano, é claro que os piracicabanos procuravam outros meios e lugares para satisfazê-lo. Em razão disso, representações eram levadas a efeito em casas de particulares. Deduz-se o aludido do cons­ tante da ata de 2 de dezembro de 1865, que. jlOr ser interessante em seu aspecto social e cultural da época, vai trans<rita abaixo, em sua totalidade: "Indicação O sr. Vereador Pinto de Almeida fez a seguinte observação. ' Contra a expressa disposição do aftl/l09 do Código de Posturas desta Câmara, os dois irmãos Francos, músicos franceses, deram, nesta cidade, há poucos dias, duas noites de espetáculos, cobrando a entrada de cada pessoa 2$000 rs., não estando munidos da precisa, licença da Câmara. Por este fato foram justamente multados pelo Fis­ cal. No entanto, publicamente se diz que. estes artistas foram aliviados não só da multa, como também dispensados de tirar a licença. A ser isto verdade, eu protesto contra o procedimento do camarista ou empregado da Câmara que, ilegalmente, usou de uma atribuição que só competia à própria Câmara, o que levo ao conhecimento dos srs. Vereadores, a fim de obrarem o queentenderem de justiça. ! A Ólmara exigindo informações do sr. Fiscal, o qual se achava presente, a respeito do ocorrido, respondeu este o seguinte: Que entêndendo cumprir com seu dever, procurou pelos artistas . aludidos e, encontrando-os, sem a competente licença. os multou como infratores do artQ 109 do Código de Postura, ao que responderam que não pagavam a multa, alegando que o espetáculo não foi público e que era apenas um concerto par­ ticular entre famílias· para tal fim convidados, tanto assim que, na porta de entrada onde exe­ cutaram o concerto, não venderam bil!letes, mas

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que, apesar disso, iam consultar ao Dr. Prudente se estavam ou não obrigados a qualquer multa; então lhes respondeu o fiscal que ficava muito . satisfeito com o que resolvesse o Dr, Prudente. Dirigiram-se, então, os dois artistas a consul­ tar COm aquele doutor acerca do ocorrido e, vol­ tando, disseram que o sr. Dr. Prudente lhes tinha dito - que em nada estavam comprometidos e que a multa, neste caso, não era admissível. O fiscal, para mais bem se tirar da dúvida, foi também à casa daquele doutor, o qual lhe respondeu, dizen­ do que - aqueles artistas eram seus recomendados e que, por isso, se tornava suspeito, podendo o sr. Fiscal consultar a algum outroadvogado, mas que, apesar disso, entendia que os artistaS não deviam ser multados. O Fiscal que já tinha dito que ficava satisfeito com a decisão do dr. Prudente, retirou, então, qualquer pretensão que, antes tinha. O sr. Vereador Pinto de Almeida, obtendo a palavra, disse que considerava o espetáculo, público, porisso que, como já disse, os artistas cobravam 2$00 por pessoa, e que o fato de ter sido o espetáculo em casa partiçular, entendia ser por falta de outro público, comó"a de teatro, e que porisso, era de parecer que o Fiscal fizesse efetiva a multa, a fim de os nossos munfcipes não terem o direito de dizerem que a Câmara é para com eles, severa, ao passo que, para os estrangeiros é por demais indulgente. A Câmara mandoli que subsistisse a multa imposta pelo Fiscal aos dois artistas irmãos." (AL 211211866) . Somen~e em 1890 J'llaparecem notícias sobre o teatro, na ata do dia 10 de março, e desta forma: ''Foi lida uma representação assinada por grande número de cidadãos desta cidade, chaman­ do a atenção da Intendência Municipal para o Teatro Santo Estevão, cujo estado vergonhoso e ruinoso está pedindo a eJlecu~o do arl!2 22 do Código de Posturas. Na brilhante exposi~õ que fazemos distintos cidadãos que formaram essa representação, do estado daquele ediflcio em completo abandono, lembram, ao menos, a',execução do arl!2 29 do

mesmo Código de ....osturas, que aos signatáHos parece ter bem aplicação ao caso. À Comissão de Obras Públicas para dar parecer, A representação não consta da ata, mas feliz­ mente é um dos poucos papéis dos expedientes da Câmara desse ano, guardando na caixa ng 2 do arquivo camaráHo, Ei-la: "CidadãosDr. Presidente e mais Membros do Conselho de Intendência Municipal Os abaixo assinados, residentes e es­ tabelecidos nesta cidade, usadó do direito que assiste a todos de concorreram com o seu contin­ gente para o bem-estar de seus concidadãos, e para o adiantamento da-terra onde residem, vêm representar-vos sobre o seguinte, fundados no arl!2 22 do Código de Posturas em vigor: Há muitos anos que o edifléio. conhecido nesta cidade pel~ denomina~o de - TEATRO SANTO ESTBVAO - acha-se em estado de ruína, com as paredes fendidas e abaladas, ameaçando perigo, sem que os poderes competentes, anteriores, provídência alguma dessem, no sen­ tido de evitar o desastre iminente a que, por esse edifício em ruína, sé acham expostos os transeúntes, em lugar central como aquele, de grande concorrência pública. Improficuamente a imprensa local se tem cansado em demonstrar a necessidade, cada dia mais urgente, de arrasar esse casarão que nos ameaça com seu deSabamento e que tão mal nos recomenda aOs nossos visitantes, para, no terreno, levantar-se um teatrG digno deste nome, ou proceder-se à sua conclusão, o que, entretanto, já se tomou imposs{ve~ por sua emprestabilidade. , Os abaixo assinados, fundados na opinião de profissionais insuspeitos, podem asSegurar-vos que o ediflcio, em questão, ameaça ruína, dando­ se, portanto, o caso previsto pelo citado artigo 22 do Código de Posturas. Quanto, porém, assim não fosse, ar temos, na legislação nmnicipal, o arl!2 29 que, se fosse observado, outro seria o aspecto do denominado - teatro. Semembargodoserviçoque,aotempodesna constru~o, embora sob uma arquitetura sui respectivos generls, manifestaram-se

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proprietários, desejllC prestar ao desenvofvimento do gosto pelo palco em nossa terra e às demais artes constitutivas do belo, que num édificio desse gênero podem ter execução, os abaixo assinados, parte da sociedade piracicabana, acreditam gue vós, representantes legítimos dessa sociedade que se levanta cheia de vida, compreendendo o desejo de caminhllC sempre, a que tendem os povos e notadamente a moderna geração de nossa pátria, ordenareis ao funcionário competente que tome, sem demora, afetiva a disposição do art2 22 da lei municipal, em relação ao edificio de que se trata, seguindo-se os ulteriores termOÍ; do processo respectivo, até o final. Sabeis, cidadãos Intendentes, que <> teatro é um dos padrões por que se mede a civilização da localidade que o possui. Esse, porém, que Piracicaba ilÚelizmente ainda vê de pé, ofuscando a sua invejável beleza, não é, não pode, por forma alguma, ser padrão do adian~nto e civilização desta cidade que tão dignamente representais, como legisladores que sois, a prol de seu progredir. Fala-se que o mencionado prédio pertence a uma associação anônima, entretanto, por mais que o pri.!Il~ro dos abaixo assinados se esforçasse, não lhe foi possível descobrir a lei que devia existir como base dessa associação. Há, porém, pessoas que têm funcionado como proprietários ou usufrutuários desse edificio ruinoso, destacando-se o cidadão Oarin·' do José da Silva, que aufere os proventos do mesmo, cobrando o excessivo preço de 50$000 rs., por noite, às companhias ou grupos particulares que se sujeitam a ali exibir-se como artistas ou como simples amadores, mesmo sendo estas sempre em beneficio Ije instituições pias e de caridade. Os signatários al;1aixo, dirigindo-vos a presente, esperam de vosso amor a esta terra tão querida e tão merecedora, que fareis cumprir o art2 22 do vosso Código, em relação ao edificio apontado, com o que prestareis relevante serviço às artes e ao público, por promoverdes a resolução de problema que, até hoje, tem sido um obstáculo à prova completa de nossa civilização, isto é, a

construção de um oom teatro, em Piracicaba, podendo ser no mes,mo terreno, uma vez verificado pertencer este ao município. Suprimido o atual, que é uma aberração do gênero e que provoca as mais ridículas apreciações, não faltarão iniciativa e capitais para o levantamento, em prazo relativamente curto, de outro teatro digno ao nome de nossa terra e dos artistas que ilustram o palco brasileiro, Os abaixo assÍ,!"dos pedem"l'os que façais a costumada jostiça. . Piracicaba, 23 de fevereiro de 1890." Seguem-se 66 assinaturas. A ata do dia 18 de março desse ano traz o parecer da comissão encarregada de pronunciar­ se sobre a representação. Está assim lavrado: "A comissão encarregada de, estudar a matéria da representação emrefer,ência ao Teatro Santo Estevão deu seu parecer do modo seguinte: A comissão, desarmada de conhecimentos técnicos que a habilitassem a expender, só por si, juizo seguro sobrC) os fundameptos da repre­ sentação solicitou, para o desempenho da tarefa que lhe foi confiada, as luzes de profissionais. .Q parecer destas pode ser resúmido nos seguintes termos: Tão precárias são as condições de solidez do Teatro Santo Estevão que, a não se tratar de sua demolição completá, em prazo breve, urge que sejam adotadas providências no sentido de se substituir parte de suas paredes, Subscrevendo, sem reservas, este modo de pensar, entende a comissão da necessidade que, em primeiro lugar se averigue quais cidadãos que têm interesses 'ligados àquele edificio, e qual a natureza desses vínculos, para, munida desses elementos, a Intendência reSlllver sobre seu procedimento ulterior, . Piracicaba, 18 de março de 1890, Joaquim ,Fernandes de Sampaio Joaquim Moreira Machado de Oliveira Publiquem-se os editais lembrando os artigos 22 e 23 do Código de Posturas," Como era de se esperar, o dono do teatro apare'ceu e, nada mais nada menos que o Barão de Rezende que o mandara construir, tanto que o prédio levava o seu nome. Oentificou ao Presi·

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dente da Câmara que ia encetar imediatamente os reparos de que carecia. (Aí. 31/3/1890). . Apesar do exposto acima, a ata do dia 17 de junho traz; o seguinte: "Terminado o expediente, o cidadão Dr. Paulo Pinto, Presidente, tomando a palavra, dirigiu-se aos cidadãos Intendentes, mais ou menos nos seguintes termos: Ainda há poucos dias, deram-se os fatos, com os quais se relaciona uma resolução adotada pela Intendência, motivo pelo qual cumpro o dever de vir expô-lo a esta corporação. Tendo chegado ao meu conhecimento que a Companhia Silbon tencionava exibir-se ao público, no teatro Santo Estevão, tomei as providências atinentes a impedir que os espetáculos, visto como uma comissão de membros da Intendência, encarregada de dar parecer sobre as condições de solidez do teatro, e tinha declarado em estado de ruínas, parecer em respeito ao qualjá. anteriormente, me tinha opos­ to a que um concerto musical se efetuasse no teatro. Preveni ao funcioI)ário !I quem eu incumbira de tornar efetiva aquela proibiçãO, de que pedisse à aútoridade policial o apoio que, porventura, se tornasse necessário, para que não fosse des­ respeitada a intimação. A polícia asseverou que seria mautida a resolução tomada pelo Presidente da Intendência. Efetivamente, no dia designado para a primeira exibição da companhia, tendo os repre­ sentantes dela solicitado do cidadão dr. Delegado autorização para o espetáculo, foi-lhe esta negada, e o teatro não foi aberto ao público. Horas depois desta recusa, a autoridade poli­ ciai conferenciou sobre o fato com o Presidente da Intendência, a quem comunicou que a companhia estava disposta a requerer fosse feito novo exame no teatro, consultando ao mesmo tempo se con­ siderar-me-ia desautorado, sendo dada permissão para o espetáculo, caso o resultado desse exame fosse favorável à pretensão dos artistas. Respondi, imediatamente, que de modo a1gumsentir-me-ia desprestigiado o Pre~idente da - 39 ­

Intendgncia se, nas condiÇões expostas, fosse con­ cedida licença para o eSpetáculo. A comissão de peritos que, após este acordo, foi nomeada pela Policia, declarou que o teatro não apresentava perigo 'iminente, à vista do que, os espetáculos tiveram lugar. Entendi do meU dever comunicar-vos estas ocorrências porque, se as ignorásseis, poderieis supor que suscitou-se um conflito entre a autoridade poliçial e o Presidente da Intendência, tendo como resultado o sacrifício deste e, portan­ to, o desprestígio desta corporação. O cidadão Intendente, João Augusto de Brito, disse que, depois da exposição sucinta e clara que acabava de fazer o Presidente, tomava a palavra para estranhar que a autoridade policial tivesse tido, nessas ocorrências, outro proceder que não o de sustentar a resolução correta que havia tomado o Presidente da Intendência. O sr. Paulo Pinto insistiu em que, se a com­ panhia obteve licença para trabalhar, obteve-a depois de um açordo pela maneira exposta, entre o representante da polícia e o da administração municipal. O cidadão Brito'redárguiu que era em virtude desse mesmo acordo que ele limitava a estranhar ' o procedimento da polícia. O dr. Paulo Pinto respondendo disse que, uma vez que o procedimento da polícia teve P9r base esse acordo com o Presidente desta casa, a este e não àquela, cabe' a censura, se neste inci­ dente cabe censura a alguém, acreseentando que, se desprezando a resolução do Presidente da Intendência; o cidadão dr. Delegado houvesse facultado os espetáculos, seria o Presidente da Intendência o primeiro a convocar uma reunião de seus colegas, para propor-lhes a exoneração coletiva dos membros desta corporação," Retorna o assunto na ata do dia 13 de setembro desse ano: Usando ainda da palavra, o cidadão dr. Presi­ dente dirigiu-se aos cidadãos intendentes, nestes termos: Em sessáo da Intendência, efetuada há aproximadamente três meses, tratou-se do fato de ter sido aberto ao público o teatro Santo Estevão, depois de haver esta corporação adotada um


parecer, de<:larandO-o em ruínas. Pór essa ocasião julquei-me obrigado a vir expor aquela ocorrência e explicá-la, por achar-me convencido que o prestígio desta casa era parte interessada na questão, e declarei-vos que, se a autoridade poli­ cial, desprezando a nossa resolução. houvesse per­ mitido espetáculos no teatro por nós interdito, viria eu propor-vos o abandono coletivo destas cadeiras. Ultimamente, durante a estada, aqui, do pres­ tidigitador Kif, julgando verificada a nossa exautorização, e, procurando estudar melhor, para vê-Ios expor os fundamentos da atitode que parecia-me devermos assumir, foi que capacitei­ me da sem razão da doutrina em que, IÍté então, me inspirara. Na hip,ótese, a ação da políéia, sei-o agora, e o da autoridade municipal, giram em esferas com­ pletamente diferentes. "Aquela, e a ela só, com­ pete, sob sua responsabilidade exclusiva, dar, ou negar licença para os espetáculos públicos, e sé, usando dessa atribuição. abre ao público as portas de um edificio que a administração municipal en­ tende ruinosa, é que discorda da opinião desta, e nadam mais. Mas essa discordância, por mais pronunciada que possa ser, de modoalgumpoderá neutralizar os efeitos que esta corporação teve em vista, com o pare<:er que adotou e mantém. Folgo ter-se-me proporcionado ocasião para, assim, ratificar o que vai de errôneo nos conceitos por mim extemados, por ocasião em que aqui nos­ acupamos com o incidente suscitado pelos espetaculosdaCompanhlaSilboa" Posta em discussão, foi aprovada a ratificação feita pelo Or. Presidente. Um oficio da Câmara ao Poder Legislativo do Estado, com data de março de 1893, dando infor­ mes sobre os beus da Santa Casa, há este tópico: ­ "O teatro, único da cidade, por acabar, doação do Barão de Rezende, ainda não legalizada: O Dr. Morais Barros indicou, na sessão do dia 2 de abril de 1893, que os espetáculos, dados do Teatro Santo Estevâ!l, fi~m isentos de impos­ tos, a fim de que a Santa Casa de Misericórdia, a quem pertence, confira do mesmo todo o ren­ dimento que puder dar. Aprovada.

A ata do día l Q'lfe setemtiro dó ano anterior traz esta noticia sobre o teatro. Vereadores re­ quereram que a municipalidade concorresse com 1:000$000 para a reconstrução do mesmo, numa subscrição popular, lançada para isso. Aprovada para o próximo orçamento. Emjunho de 1893, há uma indicação propon­ do o acréscimo de mais 4 contos à verba de um conto que já coostava do orçamento, porém, com uma alteração prqfunda na destinação, pois a verba passava pua a Santa Casa, que era a proprietária do teatro. A proposição foi aprovada no dia 6 de julho. É também deste ano a autorização para a abertura de portas laterias. Em 1904, foi cogitada a construção de calçadas em volta do teatro, assim como a arborização de seu largo. Um bebCldouro foi instalado atrás do prédio em 1908; e em 19U aparece pedido para retirada do mitório existente ao lado do teatro, composto de quatro bacias. Eis o que ooosta da ata de 5 de maio'de 1913: "ConstandoQUll o edificio, 01"ll em construção, no Largo do Jardim, é destinado a ser um teatro, e, não estando nessas condições, de acordo COOl as Posturas Municipais e Código Sanitário do Es­ tado, indico que a Câmara tome disso co­ nhe<:imento, certificando-se do caso, para' fazer . oomprir a lei. Que prédio seria esse? é a nossa indagação. Lê-se,na atado dia 15 de janeiro de 1914,que o mitório ainda não fora removido, conforme resolução havida em 1911. , Informe Interessante traz a ata de 7 de fevereiro de i~16~ onde se lê que havia campai­ Bhas nós teatros, não podendo tocar mais de 3 vezes no espaço de cinco minutos. A Santa Casa de Misericórdia, proprietária do teatro, solicitou à Câmara área de terreno para ampliação dele (At. 18(1/1921) Sobre este pedido a comissão deu este parecer constante da ata de 12 de agosto de 1921: •A Santa Casa de Misericórdia desta cidade é proprietária do Teatro Santo Estevão, situado no Largd do Teatro. Essa casa de espetáculo, porém, não tem OOI1espoudido aos fins artísticos a que foi destinada, exclusivamente, por serem exíguas· as

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suas acomodações, quer parte referente ao .p6blico, quer no que se refere à caixa do teatro. Por esse motivo a proprietária'do teatro Santo Esfevão acredita que vem daí a insignificante renda que o mesmo lhe dá. Uma reforma do teatro, pensa a Santa Casa de Misericórdia, e pensa muito bem, que vise o aumento das suas acomodações, trará conseguentemente, não só vantagens para seus cofres, tão sobrecarregados de despesas, como também proporcionará à cidade de Piracicaba a posse de um teatro que esteja na altura do seu progresso e civilização. Para o aumento projetado faz-se neeessário uma faixa de terreno nos fundos do teatro com alargura total do edifício e cerca de dez metrOs no sentido do comprimento, em prolongamento do prédio. Esse terreno, que é de propriedade do Município, a Santa Casa vem de pedir à Câmara Municipal, nos termos do requerimento de 16 de julho do corrente, que lhe foi dirigido, e sobre o qual a comissão de Finanças vem dar seu parecer. A Câmara deve atender o pedido da Santa Casa de Misericórdia. Assim entende a Comissão. Caso a Câmara não queira dar ao mesmo ouvido sobre o assunto, deu a sua 'üúormação favorável, dec,larando que o aumento do teatro Santo Estevão,' projetado Pela Santa Casa de Misericórdia não prejudica o logradouro público, OIÍde está situada essa casa de espetáculos. A Comissão de Finanças, por isso, apresenta o seguinte projeto n2 22: ­ Art2 12 - A Câmara Municipal de Piracicaba cede, a título gratuito, à Santa Casa de Misericórdia desta cidade, proprietária do teatro Santo Estevão, situado no Largo do Teatro, mna faixa de terreno nos fundos do mesmo, cor­ respodendente às dimensões da frente do edifício, por dez metrOS de fundo, necessária à reforma dessa casa de espetáculos.. Artll 22 - A Santa Casa de Misericórdia entrará na posse do terreno, somente depois de aprovado o projeto de reformado teatro, e quando se iniciarem as respectivas obras. Art2 3 2 - Revogam-se as disposições em contrário. Sala das sessões, em 24 de julho de 1921."

Aprovado em primeira discussão a votação nesse dia, e, em segundo, no dia 3 de agosto. A Mesa Administrativa da Santa Casa agradeceu a doação, conforme consta da ata de 19 'de setembro. O entusiasmo da entidade, todavia, ficou no papel, pois, no ano seguinte, a ata de 20 de fevereiro, traz a notícia de que a Santa Casa estava publicando editais naimprensa local, para a venda do teatro. Não convindo à Prefeitura que o prédio caísse nas mãos-de particulares, entrou a mesma em contato com a Mesa Administrativa da en­ , tidade, para a sua aquisição. Revela a ata de 5 de junho de 1922, ter o Prefeito conversado com a direção do nosocómio sobre o assunto. Por oficio de 19 de abril, fez a Santa Casa a proposta abaixo: "12 - Vender o imóvel, coin todos seus acessórios e mobiliários, pelo preço e quantia de

80:000$00; 22 - O produto dessa venda será depositado ua própna CâD,lara, sob o nome de • Depósito Barão de Rezende - çomo justa memória ao benemérito doador do aludido imóvel à Santa Casa; 311 • A referida quantia, vencerá juro anual de 6%, pago trimestralmente. ' Relato assim o objeto em pauta, a Comissão de Finanças é da parecer que a Câmara adquira Q teatro São Estevão, nos termos da proposta feita. Essa aquisição, sobre ser feita em condições finan· ceiras mnito vantajosas para o Município, é, além disso, um gestj) feliz em prol da conservação da arte em Piracicaba, c,oncorrendo ao mesmo tempo, para conservação do patrimônio da Santa Casa, em moeda corrente, de giro e rendimentos mais prontos e eficientes. O Teatro Santo Estevão, nas suas condições atuais, não pode servir às exigências do teatro moderno. notadamente na parte referente à sua caixa, sem falar nas acomodações do p6blico, que são relativamente exíguas. Ao adquirí-lo, a Câmara Municipal deverá promover as suas urgentes reformas. a fim de que a cidade seja dotada de uma boa casa de espetácnlos. Adquirído, certo, fica de nenhum

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efeito a cessão que o Município fez a Santa Casa, de terreno no Largo do Teatro, necessário a seu preojetado aumento. AO'Prefeitoinci.u:nbirá resol­ ver sobre a melhor forma da ocupação dessa casa de espetáculos, por partiwlares ou empresas. mediante as cautelas recomendáveis a essa espécie de contrato. fazend()oQ por concorrência pública. De acordo com o presente parecer. a Comissão de' FinanÇas apresenta o seguinte projeto de lei cP 18: Art21Q - Fica o Prefeito Municipal autorizado a adquirir da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia desta cidade, pelo preço de 80:000$000, o teatro Santo Estevão, com todos os seus acessórios e mobiliários, incorporando-o ao patrimônio municipal. Art2 2Q - O preço da aquisição ficará em depósito permanente nos cofres municipais, escriturado sob o titulo • Depósito Barão de Rezende - vencendo juros anuais de 6%, pagáveis trimestralmente. ArtQ 32 - Para a execução desta lei, no presente exercício, a Prefeitura Municipal fará as necessárias operações de crédito, devendo, nos orçamentos vindouros, consignar verba especial para o pagamento dos juros estipulados no artigo anterior. Art 2 42 - O Prefeito fica igualmente autorizado a reformar o teatro Santo Estevão, mediante planta e orçamento de aprovação dá Câmara Municipal. ~2 52 - A ocupação do teatro, por par­ ticulares ou empresas teatrais, por aluguel diário ou mensal, fica a critério da Prefeitura, enquanto que o seu arrendamento anual será feito por concorrência pública. Em qualquer hipótese, o teatro será administrado de forma a render não só os juros a que o Município fica obrigado como, sendo poss(vel, os do capital empregado na sua reforma. Art2 62 - Fica de nenhum efei,to a cessão do terreno no Largo do Teatro, feita pela Câmara à Santa Casa de Misericórdia, o que se refere a Lei nQ 272, de 16 de agosto de 1921.

Art" 72 - Revogam·se as disposições em contrário. Sala das Sessões, 29 de maio de 1922,· Aprovado em primeira discussão nesse dia e em segunda, no dia 19 de junho, indo imediata­ mente à sanção e publicação, sob o nQ 299, com data desse mesmo dia. A planta para a reforma do teatro e proposta de arrendamento foram apresentadas pelo Exe­ cutivo somente em .fevereiro de 1923. Sobre essa matériamanifestou-se a Comissão de Finanças no mês de março, concluindo, preliminarmente, que o assunto fosse estudado por um técnico. Informa a ata de 16 de abril que uma Sociedade intentava construit um teatro moder­ no, porém pedia à Câmara que de:sígnasse alguns vereadores para a mesma entràr em contato com eles. Resolveu a Câmara que ela se éntende-se, antes de mais.nada, com o Prefeito. Pela ata desse mesmo diâ, saf)e-se que o bebedouro de animais que até pouco tempo estava no Largo da estação da Paulista, estivera, em outros tempos, no Largo do Teatro. A tal sociedade acima citada voltou à carga com os vereadores. O pedido, encaminhado às comissões competen~s, foi assim apreciado, como relata a ata de 6 de agosto. "As comissões d~ Finanças, PoHcia e Higiente, tomando conhecimento do que foi re­ querido pelos dr. João O. do Canto, Júlio César de Mattos, m. Eduardo C. Sampaio, José B. Ferraz. e Dr. Otávio Mendes, referentes à construção e exploração de um teatro moderno, nesta cidade, observarant que o fim principal do pedido é referente ao Teatro Santo Estevão, que é hoje, um próprio municipal. As comissões, antes de tudo, louvam o propósito dos particionários. Mas para poderem dar o seu parecer definitivo, têm de aguardar a solução do artendantento do referido teatro, cujas propostas recebidas em concorrência pública, estão dependendo de estudos da Prefeitura, como tal fol resolvido pela Câmara. , Até que isso se resolva e tome forma jurídica a sociedade anônima de que falam os

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particionários .em requerimento anterior, ai; comissões, oportunamente. dariío seu pa.~" Passou-se o tempo e somente na ata de 28 de dezembro de 1925 aparéce notícia sobre o teatro. à Prêfeltó aSsim se níanifestou: "Não tendo sido possível arrendar-se o nosso teatro aquemse propusesse reformá-lo, de acordo com os editais publicados e projeto apresentado pela Câmara, estando ele até hoje, fechado, tendo sido poucas vezes ocupado e ainda assim, quase sempre gratuitamente, a Prefeitura acha que a proposta de arrendamento apresentada pelos SIS. A. Campo & Cia., por ser vantajosa e equivalente aosjuros que a Câmara paga normalmente à Santa Casa, deve ser aceita, pelo prazo estipulado, até que a Câmara possa fazer, em ocasião oportuna, as reformas projetadas, pedindo, porisso,· à Câmara a aprovação do'seu ato, por ter assinado o referido contrato de arrendamento. Piracicaba, 21 de dezembro de 1925. Fernando Febeliano da Costa, Prefeito Municipal." Em razão, todavia, de profunda alteração na direção administrativa do Municfpio, por ter sido derrotado o partido situacionista, esse projeto parece ter morrido em seu 'lÍa!!cedouro. . Em 1930, setembro, a Câmara autorizou a construção de um posto de gasolina na pequena á~a atrás do teatro, sendo proprietário o sr. Es­ meraldo Müller. Relata~se ata de julho de 1932, que os vereadores autorizaram concorrência p1Ira aluguel dos altos do teatro. Apareceram duas propostas: uma do Sindicato de Operários do En­ genho Central, oferecendo a quantia de 120$000 mensais, com o fito de instalar no local. a sede da entidade; a outra do Sindicato de Fiação e Tecelagem, com a oferta de 130$000 por mês. Foi esta última a preferida: No expediente da sessão de 24 de outubro de 1935, uma proposta para a pintura do salão do teatro foi feita pelo Centro do Professorado. A Câmara negou. Suprimido o funcionamento das Câmaras pelo poder ditatorial, desapareceu o assunto ­ teatro - do arquivo camarário, retoroando s0­ mente em 1948, com a reabertura polftica. Em

dezembro'desse ano, criou a'Câmara uma taxa de aluguel do teatro, conforme a ata de 20 do mês. Projeto de importância surge em junho de 1951, propondo a doação, por concorrência pública, do prédio e terreno do teatro, em trota da construção nesse lugar, do edifício com mais de cinco andares. Depois de muitós dêbâteS foi a matéria aprovada. Tornou-se, todavia, inócua pela ausência de interessados. Em 1952, SIltembro, um vereador inventou a idéia da demolição do prédio, construindo-se outro teatro na parte ampliada da praça. Aprovada a sugestão que também ficou só no papel. Ein maio do ano seguinte, rehasce,despónta a idéia de um teatro municipal, conjugado, porém, com prédios para o paço da Prefeitura. No mês seguinte, requerimento de vereador solicita for­ malmente a demolição do teatro, assunto dis­ cutido em todas as reuniões do referido mês. A idéia vingou, sendo o prédio demolido, conforme se lê na ata de lO de agosto de 1953, após o mesmo ter sido vistoria90 por comissão adrede nomeada. A neeessidade de se construir prédio para espetácufos públiCo, torn.ou-se obsessão, Deu-se início,. então, a batalha para a sua l~o, ficando a solução indefinida por muito ~mpo.. Novidade traz a ata de 7 de setembro de 1953. Um vereador apresentou a vantagem de se com­ prar o Teatro São José~ propriedade particular. ~ lembrança não vingou em razão de forte oposição, ressurgindo, contudo, em 1957 e em 1959. .Comoo M:unicfpionãose decidisse, aCâmara tentou ajudá, recorrendo à Assembléia Estadual. Projeto do Executivo desse ano, desapropriando o Teatro São José, foi rejeitado pelos vereadores em dezembro desse ano. Aatade 17 de fevereiro de 1964,informaque o Municfpio firmara um acordo com a Comissão Estadual deTeatropara'a construção de urn teatro nesta cidade. Em setembro de 1965 tratou-se da aquisição do terreno apropriado, pertencente ao Lar das Men.inas, situado na confluência da Aveuida Ar­ mando de Salles Oliveira com a Avenida Inde­ pendência. projeto respectivo foi aprovado em

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outubro desse ano. O crédito para pagamento do terreno só foi aprovado em 1967. A construção do prédio é obra de várias administrações seguidas, caminhando lentamente em raziio das exíguas verbas municipais. Créditos para a sua cobertura foram aprovados em 1970.

Um convênio para a conclusão das obras, foi aprovado em 1975, com a Secr.etaria Estadual de Cultura de São Paulo. ' Finalmente a ata de 4 de dezembro de 1978, assinala que a Câmara autorizou o Município a receber do Estado, em doação, Um piano para o teatro municipal.

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MADRE CECÍLIA DO CORAÇÃO DE MARIA

Jair ToIedo

Nasceu, viveu e morreu em Piracicaba. Por isso fácil será acompanhar a sua trajetória ou per­ curso de vida no torrão Natal. Outro deveria ser o escolhido para eserever a biografia da piracicabana ilustre ANTONIA MARTINS DE MACEDO, nome secular da religiosa MADRE CEtíLIA DO CORAÇÃO DE MARIA, cuja vida é sempre reverenciada na cidade de Piracicaba. Aceito este trabalho como um ensaio biográfico, abrangerá la!pbém ampla referência ao estabelecimento da beneficência por ela fundado, constituindo também o presente relato como uma memória para perpetuar a pureza de sentimentos e escrúpulos religiosos de Madre Cecllia do Coração de Maria. Os subsídios aqui contidos, sobre a linhagem e sobre a personalidade da ilustre dama e invulgar serva de Deus, ensejarãO aos futuros biógrafos, compor a análise da sua obra, taoto na esfera social, como na esfera religiosa, af buscando a fonte inspiradora no relatlÍ 'contido nas linhas adiante. Para o fim colimado, recorreu-se ao precioso arquivo da Cúria Díosesana de Piracicaba, de igual entidade de Campinas, Arquivo Público de São Pauto, Cartórios Judiciais, Registro Civil de Pessnas Físicas, Registro de Imóveis, e seu anexo de Registro de ,Pessoa Jurídica, Cartórios de Notas, todos de Piracicaba, bem como o valioso arquivo da Câmara local e do Cemitério da Saudade. O livro de assentos. do batismo existente na CúríaDíocesana local dos anos de 1851 a 1854, fls. 2, traz a notícia seguinte: "ANTONIA. Aos sete de Novembro de mil oitocentos e clncoenta e dois, lmptizei e puz os santos oleos a ANTONIA, fllba le:gftima de Pedro L1berato de Macedo e de Rosa de Aguiar e Almeida, e padrinhos Joaquim An­ ~onío de Arma e sua mulher Dona Aona Thereza d'Araújo. O Coadjutor João José de Almeida" Ao lado desse assento existe mna anotação, escrita com tinta e letras diferentes do original,

veiga

denotaodo ter sido elaborada em data não muito remota a retificação do seguinte teor: "Segundo informação da Congregação das Irmãs Francis­ canas o.nome da mãe é Rosa Martins Bonillla" . Eín todos os atos e contratos, levados a efeito pela família, o nome da genítora de Madre Cecllia está grafado de várias maneiras, ou seja: Rosa Martins, Rosa Martins Bonilha, Roza Martins de Macedo, Rosa Martins de Almeida ou ainda Rosa Maria de Macedo este acima redigido no registro de óbito feito em 5 de Maio de 1894 (Livro 7 fls. 105 do Cartório do Registro Civil do Primeiro Subdistríto). Somente no assento do batismo de Antonia, o nome de Dona Rosa está grafado de forma diferente dos demais assentos, isto é, consta ROSA DE AGUIAR ALMEIDA. Certamen~ as Irmãs da Congregação Fran-, ciscana não promoveram as buscas necessárias ao convencimento de um possível erro do Padre Coadjutor batizante. Recorrendo à valiosa Obra Genealogia Paulistana, de autoria de Luiz Gonzaga da Silva' Leme, no título Alvarengas (Vol. 52 pág. 249) consta a identificação seguinte: "6-12: Rosa Mar7 rins, filha do Capitão Salvador Martins n2 5-5 e 41 mulher, ainda vivia em Piracicaba em 1.895 casada com Pedro Liberato de Macedo. Essa 51 mulher chamava-se Delfina Bueno,:filha deArnaro Bueno da Silva,' descendente de Amado~ Bueno da Ribeira, o aclamado Rei de São faulo por poderoso partido, constituído de influentes e ricos castelhanos. ­ Na mesma obra genealógica figura ainda o nome do pai de Dona Rosa, o já cilado Ajudante Salvador Martins Bonilha, consignado ser filho de Antonio de Aguiar e Silva e da segunda mulher Branca Luiza Flores. Verifica-se, de consequência,o propósito dos avós de Madre Cêcilia, preferindo em atribuir à Dona Rosa o sobrenome AGUIAR DE ALMEIDA, este último apelido usádo por remoto avoengo •AI­

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meida", ou seja Paulo Anhaya de Almeida (V. 5Q pág. 219 3:1) no titulo "Alvarengas" e o "Aguiar" originário do avô paterno de dona Rosa: Antonio de Aguiar da Silva, este, irmão de Anna de Lara da Silva, casada com o Capitão Antonio Correa Barbosa, o Povoador de Piracicaba (d. genealogia Paulistana 5Q/249) resultando, pois, a adoção citada ou seja "Rosa de Aguiar Almeida". É a túlica explicação sobre o assunto, pois nenhum outro parente teria condições de prestar novo esclarecimento. Por conseguinte el;ltronca-se a progênie de Salvador Martins Boni1ha, falecido em 1820, na linbagem de Bartbolorneu Moraes DIU;ltas, des­ cendente dos antigos Reis Visigodos, mais deta­ lhadamente indicados no étimo da estirpe, Integrante do presente trabalho. Retomando o fio iniciai. acrejlCenta-se que Pedro Liberato de Macedo, nasceI! do segundo matrimônio de dona Francisca Ignez de Paula Matos, falecida em Piracicaba em 1.859, casada 85 anos, natural de Vila Riça, Estado de Minas Gerais, com Luciano Ribeiro Passos, natural da freguesia de Santo Amaro, filho de Jeronimo Dias Ribeiro e Ursula Maria de JesUS; neto paterno de Estevão Ribeiro Machado e de Maria Ribeiro. A cerimÔnia religiosa foi I1<alizada em 24-5-1805, na cidade; de Campinas, então chamada São Carlos, pelo Cônego Provedo~ interino Joaquim José Mariano, sendo padrinhos dos nubentes o Padre Coadjutor Luiz Antônio Lubo de Saldanha e 0­ Padre Diago Antônio Feijó, então subdiácono (dignidade esta referente a Oérigo que recebe a primeira ordem sacra, a imediatamente Inferior à de diácono). Luciano Ribeiro Passos faleceu em 29 de Janeiro de 1.834 e Dona Francisca Ignes de Paula Mattos faleceu nó mês de Maio de 1859, ambos em Piracicaba. Oesse consórcio nasceram quatro filhos: Luciano, Maria, Luciana e Pedro (Liberato de Macedo) existindo testamento de Luciano arquivado no '}jl Oficio Ovellocal (Maço 162). Consta mais desse testamento que Luciano e Maria são falecidos e Maria deixou uma filha de nome Joana, também falecida, enquanto que Pedro é solteiro, e Lucianacasou-secomCustódio Leite Ribeiro, que foi marido de Maria e portanto

três são os herdeiros: Pedro, Luciana e seu marido Custódio, que representa a neta do testador, referida Joana. Pedro Liberato nasceu em Cam­ pinas em 28 de Maio de 1808, e foi batiZado pelo Coadjutor Padre Manoel José Pinto e Padrin­ haram-no o Capitão Antonio de Cerqueira Cesar e sua mulher Ana Jaeinta do Amaral. - Pedro Liberato, testamenteiro de seu pai e a sua mãe, venderam a Francisco José Machado (escritura no '}jl Tab. La 3 fls. 2(3) em 14 de Dez!! de 1834 por 400$000 a chácal'll de sua propriedade nos subúrbios de Piracicaba, na beira do Ribeirão Itapeva, toda fachada de espinho mancá, com 3 casas de telbas, cafeeiros, grande bananal, man­ diocai, na qual sempre lavraram desde antes da ereção da Vila Nova da Constitnição, ocorrida esta em 21-8-1822, e onde sempre residiram. É oportuna a ocasião de, esclarecer que dona Francisca Ignez de Paula Mattos, era natural de Vila Rica, Estado de Minas Gerais, filha de Alexandre Viveiros e de Antonia Gomes de Matos, foi casada <Im primeira nlípcias em 1792 com o Tenente José Pedro da Cunha Caldeira, natural de Baependy. O Tte.losé pédrO da Cunha Caldeira, em 29 de Outubro de 1797 teve seu nome inclufcio na lista dos homens bons, tomando parte nos atOs posteriores da instalação daVila de S. Carlos, norneAntigo de Campinas. Foim~rador no bairro de Capivari, tinbíl.,nessa época 38 anos e sua mulber Francisca Ignez 2!! anos. Possuía doze escravos e a {amflia éra coilstitufda de mais dois filhos Caetano com 3 anos' João com 1 ano. (d. História de Campinas, vol. '42 75 - de Jolumá Brito). O inventário do Tenente José Pedro está arquivado no Cartório de órfãos de Campinas, esclarecendo que aqueles dois filhos e mais três casaram-se em. Piracicaba, no ano de 1817. Fechado esse parêntese referente aos pais qe Pedro Liberato de Macedo, fixa-se o relato sobr>!l este cidadão Pedro Liherato de Macedo, pai de dona Antonia Martins de Macedo, para informar que ele residia com os pais ouma chácara lavradia,\ já noticiada, acima, inclusive a venda feita a Fran­ cisco José Machado.

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Pedro lib~rato de Macedo, já homem feito, assumira o cargo de Serv:entuário do 1~ Tabelionato de Piracicaba, no quaI permaneceu por quase 5 anos, até 14 de Maio de 1835, casan­ do-se dois anos depois com dona Rosa Martins de Almeida, visto que o casal, a 7 de Julho de 1837, outorgaria em sua própria residência uma procuração com poderes gerais, ao Capitão Sal­ vador Martins Bonilha e outros. Nota-se nessa procuração, tomada no mesmo cartório, já sob a chefia de outro serventuário, as caligrafias de Pedro liberato e de dona Rosa Martins de Al­ meida, fazendo conhecer, as letras firmes e bem cuidadas de ambos, denotando cada um conhecer os preceitos da arte caligráfica, Pela maneira bonita e correta de traçar os caracteres da escrita. O ex-tabelião Pedro l1berato experimentava uma felicidade sem conta, ao lado da amorosa e virtuosa esposa, cercado dos seus irmãos uterinos nascidos estes do primeiro matrimônio de sua mãe, pessoas de elevada classe social, desfrutando todos. de elevado conceito, e que são Capitão Caetano José da Cunha Caldeira, João Carlos da Cunha Abreu, Antônio da Cunha Caldeira, Antônio Clara Gomes dé:Macedo e Cândida Brandina de Macedo, casada esta com Ignácio de ­ Vasconcelos da Cunha Caldeira, além de uma irmã germana, Luciana Macedo ou Luciana Ribeiro de Cerqueira Cesar casada com Custódio Leite Ribeiro Naquela ocasião, Pedro liberato de Macedo, decidiu dedicar-se à lavoura canavieira, tanto que adquiriu de seu irmão, o compadre Caetano José da Cunha Caldeira, "um sítio no distrito desta Vila, no Bairro Ilha das Flechas, com o ENGENHO DO BOM SUCESSO, Rio Piracicaba abaixo,­ pagando 800$000 pelas terras e 1:700$000 por todos os bens móveis e mais benfeitoria", con­ forme escritura de 3 de Novembro de 1839 (livro n. 4 fls. 106 do 12 Cartório de Notas local). O sítio referido possuia engenho com extensa plantação de cana de açúcar, onde mourejavam 21 escravos, cujo rendimento anual do engenho era de 200 arrobas de açúcar branco, 150 arrobas de açúcar preto e 50 arrobas de mascavo, cujas terras roxas produziam: milho (500 alqs.), feijão (40 alqs.),

arroz (20 alqs.) e contava 40 cabeças de gado vacum e cem cabeças de porcos e benfeitorias diversas. No princípio do mês de janeiro de 1838, teve o seu nome arrolado para compor o corpo de jurados, por ser pessoa apta, entre 64 outros cidadãos, ocasião em que viu nascer a sua primngênitaFrancisca, batizada aos 17de Maio de 1838. Esses fatOS', aliadas' aos seus conhecimentos de preceitos' relativos à preparação de medicamentos, cuja prática aprendeu com o próprio pai, versado em homeopatia, incen­ tivaram Pedro liberato a colaborar mais frequen­ temente com a coletividade local, nos diversos empreendimentos de interesse do povoado, tomando parte em todos os eventos sociais, jamais escusando-se de servir de paraninfo em batizados dos filhos de seus amigos, parentes e, certamente, nas solenidades matrimoniais da parentela. Tianscorrianorrnalfuénte a vida do venturoso casal, encantado e agradecido pela benesse do Deus bondoso; com o nascimento da primngênita, seguindo-se uma corren(e de ternura com o nas­ cimento de mais nove rebentos (um dos quais de nome Antonio, faleciqo no primeiro ano' de vida). São os seguintes: 1) Francisca, já mencionada; 2) Maria, b. 25-9-839; 3) Anna, b. 18-6-841; 4) Gertrndes; 5) Sebastiana, b. 30-9-850; 6) Antoiúà (Madre Cecília), l}. 7-11-852; 7) Antonio, b. 14-9­ 854; 8)JOOo, b.11-9-856; 9) Claro, b. 4-12-858; 10) Leopoldina, sendo todos casados, com exceção da primogênitae:da filba Anna, certamente falecida. Em referido capitulo, Pedro Liberato de Macedo adquiriu em 1847, três datas de terras de 8- braças de frente por 20 de fundos, na Rua Travessa em cima da que recebera Joaquim Pereira de Camargo, isto é, urna em seu próprio nome, outra no nome de sua mulher e urna ter­ ceira no nome da filha Francisquinha. CertaIÍlente unidas essas datas, resultariam urna chácara de um alqueire, aproximadamente, onde Pedro liberato teria residido, antes de mudar-se para a Rua Direita, embora ainda estivesse a famfiia de seu pai residindo na morada de casas na Vila, sita na

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Rua de Santo Antonio, depois chamada Rua do Comércio. O casal estava residindo em casa própria, ad­ quirida em 4-5-1868, por escritura no 12 Tabelionato local por 800$00, situada na Rua Direita número 220, hoje Rua Moraes Barros, esquina da Rua da Palma, atual Rua Tiradentes, contendo quatro frestas para esta rua, e na frente daquela via pública, uma porta, divisando com casa e terreno de Joana de tal e no fundo com terreno do Capitão Emygdio Justino de Almeida Úl(a, todo fechado de guarantã o terreno. Pedro L11>erato de Macedo e sua mulher fizeram doação dessa casa para os filhos, em número de nove, depois de 1888, em cujo prédio Madre CecIlia passou a sua infância e mocidade. Em 10 de janeiro de 1896, por escritura do Tabelião José da Silva, todos os filhos venderam as suas quotas partes para o irmão Antonio Uberato de Macedo, pela importâitcia de três contos de réis, nomeados a seguir: 1) Francisco Toledo e Silva e sIm Sebastiana Martins de Macedo; 2) Antorua Martins de Macedo (Madre cecflia); 3) Francisca Martins de~cedo;4) José da Cunha Caldeira e sIm Maria Martins de Macedo: 5) Manoel Gonçalves de lima e sim Leopoldina de Macedo Uma; 6) João Überato de MaCedo e sim Maria da Silva Barros; 7) Claro Uberato de Macedo e sim Júlia Amalia Arruda Macedo; 8) Antonio Perreira de Almeida e sI~. Maria Gertrudes de Macedo. Essa casa fOI alienada pelo casal Antonio Uberato de Macedo e sim Angelica da Silva Barros, .então domiciliados em Itu, por volta de princf~io de 1917 para D. Sebastiana Amélia de .Sena por três contos e oitocentos mil réis, a qual por sua vez a vendeu a Atilio CiIissino. Este, demolindo-a, construiu no terreno 5 casas. Pedro Uberato de Macedo era homem in­ teligente, compreensivo em todos os sentid~ afeiçoado à cinegética e ao esporte da pescana, chegava a passar dias à beira do Rio Piracicaba, levando a sua filha Antoninha, sua preferida, para acomparihá-Io, juntaniente com as filhas dos demais componentes do grupo, a fim de

prepararem as refeições e cuidados dos apetrechos usados na pescaria. Esse prazer íntimo e suave, entretanto, não o impedia de continuar a dar continuidade ao aten­ dimento às pessoas interessadas em obter proveito dos conhecimentos terapêuticos advin­ dos do seu pai Luciano Ribeiro Passos, visto que este transmitiu ao filho tudo que sabia das propriedades e virtudes medicinais. Nos autos do inventário de Luciano, entre os bens arrolados podia-se constatar a existência de um almofariz de pedra, no qual certamente se trituravam e homogenizavam-se substâncias, certa também a descrição de duas vasilhas de cobre (chocolateira), denunciando a existência de um arremedo de laboratório, onde se prOcessavam os cozinIentos de ervas, raízes, e outros elementos usados na homeopatia, notando-se na descrição de bens ao inventário de Luciano, de "uma porção de vários remédios com vidros e folhas, avaliados por Rs 24$540. Pedro Uberato praticava dessa forma o curandeirismo, no (bom sentido,.na maioria das vezes por filantropia, atenuando com o remédio dado, o mal ou a dor, atenuando. ou minorando o sofrimento daquela gente sem recursos que o procurava. Atendia também as pessoas de fora da cidade, e isso certamente resultava num lucro seguro, pois, a povoação não contava ainda com farmácia junto a ela estabelecida. Simultaneamente desempenhava o cargo de secretário da Câmara Municipal local, com evi­ dente vantagempara o público, dada a sua capacidade como um dom natural; tanto que a 17 de Julho de 1866, foi encm:regado pelo presidente da edilidade, para tomar as medidas precisas para legalizar o 1Q casamento civil de pessoas acatólicas, conforme o regulamento n. 3069 de 17-4-1863, instituindo o registro dos atos referen­ tes ao casamento leigo dos acatólicos, no caso os IUleranos Henrique Bertholdo Granes e Anna Maria Meier, casados pelo Pastor Evangélico de UmeiraJorge Herbert. Exerceu depois o cargo de serventuário do Cartório de Partidor de Juizo Municipal, tendo sido também solicitador de causas, advogado provisionado em 1866. Era também pessoa que amava a pátria e procurava

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servf-ra de todas as maneiras, pois, procurado pela comissão municipal encarregada de promover os festejos em razão do términó da Guerra do Parasuai, em 28 de Março de 1870, prontificou-se a contribuir, subscrevendo a lista de compromisso, àqual j4 haviam aderido mais de quarenta e tantas pessoas.

O saudoso Leandro Guerrini, no seu ex­ celente trabalho "História de Piracicaba em Quad­ rinhos", registra no 2R Volume, pág. 37, a ocorrência do primeiro brado republicano ocor­ rido em Piracicaba, a 3 de Dezembro de 1870, e consigna que Pedro Liberato de Macedo solidarizou-se com o novo partido republicano. Embora nas pesquisas levados' a efeito por uma equipe da Congregação das Irmils Francis­ canas, ficasse anotado que Pedro Liberato de Macedo 000 levava tanto a sério a vidae asrespon­ sabilidades familiares, as demais investigações em documentos e papéis ainda em condições de con­ sultas, sobre a sua personalidade, provam por meio de raciocfnio concludente o contr4rio da­ quelas afirmações, pois, além de ser escolhido para a alta função de juiz de fato (jurado no Tribunal da Comarca), d<$empenhou também com alto espírito de Justiça, o cargo de Juiz MuDicipal-suplente, no quatriênio de 1884-1888, função esta exercida com sabedoria e equillbrio nós dissídios sujeitos à sua apreciação, mesmo porque os anais da magistratura imperial, não for­ necem informes para desmentir esse raciocínio., O almanaque de Piracicaba, para 1900, editado por Manoel de Arruda Camargo, registra fatos das famflias de maior expressão na cidade, consignando a data do falecimento da mãe de Dona AntoDinha, bem como as segnintes palavras sobre Pedro Liberato: 13 de Março de 1893, falece Pedro Liberato de Macedo, legend4rio caçador de 88 anos. Ora, um cidadão com tais predicados, não merece ser taxado de boêmio e sem respon­ sabilidade, como tal registrado no opúsculo "Fatos Históricos da Congregação das Irmils Francis­ canas do Coração de Maria," colecionados pela equipe de Irmãs especia1mente treinadas. É im­ portante coosignar aqui e agora o fato da reunião de 8 de Janeiro de 1~81 d~ cidadãos eleitos

vereadores para o quatriênio 1881-1884, des­ tinadaà ~ dos escolhidospelaedilidade, quan­ do Pedro Liberato de Macedo declarou a Câmara, verbalmente, optar pelo Cargo de suplente de Juiz Municipal, de que está e~o e presente­ mente no exercício do aludfdo cargo. AIi.ás, no palmilhar de sua vida, através das referências contidas nos anais dos arqilivos citadinos, verifica-se deslizada toda ela nos meigos horizontes da famflia, onde fora chefe modelar, percárrendo uma estrada suave, sem sobressaltos, pois seus passos teriam sido constan­ temente dirigidos pelos clarões de uma consciência lfmpida e amparados pelos braços robustos de uma virtude , incontestável Por isso mesmo seu lar foi um santu4rio, onde jamais se extinguiu a chama do amor, assim como a honra, a caridade e a justiça, altÍlres indestrutfveis. Amou a verdade e desconheceu o vício. P trabalho foi sua preocupação e a honra o seu lema. Seu amor à famma, sua religião a Católica Romana, tendo vivido na Lei de Jesus Cristo, como lhe ensinara o velho pai, Lu~iano Ribeiro. O substAntivo caridade, transmitiu à famflia,. cujo moto nada mais foi do que amor',ao próximo, bondade, benevolência, compllÍlIíão, ofertas às casas de caridade. Essas qualidades todas, tanto disposição moral, como religiosa, abrangentes das virtudes e dons inatns do ilibado varão Pedro Liberato, foram assimllados pelos descendentes. Percebe­ se o reconhecimento desses atributos, através de atos da edilidade local, a seguir indicados, e a dempnstração adiante, mencionada dos descen­ dentes. Veja-se o alto grau de elevação de seu caráter, pois tão solidário, isento da famigerada discriminação racial, permitindo ao Benedito, trazendo na pretura do rosto o estigma da humi­ lhante condiç!io de sua mãe escrava Sebastiana, pertencente a Pedro Liberato, adotasse o seu hon­ rado sobrenome Liber.ato de Macedo an casar-se com Guilhermina Maria Francisca, em 22 de Junbo de 1885. Em reconhecimento e gratidão o jovem casal deu o nome de seu benfeitor an primogênito, nascido a 3-2-1887, padrinhando essa criança o ilustre varão e sua filha Gertrudes

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Martins de Macello (Livro de Batizados n. 21, p. 64 da Curia local). Benedito Liberat!! de Macedo, enviuvaodo-se a 19 de Janeiro de 1898, contrafra segundas núpcias com Amélia Arruda de Macedo deste matrimônio, além de e foi pai de cinco outros do primeiro consórcio. Benedicto faleceu paraplégico em 29 de Junho de 1917, prestigiado durante a sua moléstia e nos funerias pelos des­ cendentes de Pedro Liberato de Macedo, notada­ mente por João da Cunha Caldeira, exlinlo guarda-livros, sobrinho neto de Madre Cedlia, pois era filho da irmã desta, Maria Martins de Macedo. casada em 27-7-1859 com José da Cunha Caldeira, antes residentes em Tatui, se~o certo que do mesmo casal descendê Pedro da Cunha Caldeira, casàdo com dona Eudóxia Silva Cal­ deira, pais do senhor FranciscoCaldeira, bri1háDte jornalista conterrâneo, aqui residente. Embora Pedro Liberato de Macedo não tenha deixado no fim da vida, patrimônio substan­ cial ou um cabedal consistente de fundo de di­ nheiro, isto é, um capital razoável para a fanúlia, fez aquisição de bens intelectuais, tornando-se cada um deles gente honrada e por isso respeitada, sendo oportuno registrar pudessem ou possam os atuais bisnetos ou tataranetos desse và.rão de Plutarco se incumbissem de aumentar a sua exten­ sa álV9res genealógica. Oportuno também, um trabalho escatológico sobre o comportamento de Pedro Liberato de Macedo, para sentir o leitor o valor do gran de­ educaçao dado ou conseguido pelos seus descen­ dentes até a 4& ou 51 geraçao, conhecendo-se assim a atuaçao de cada um no meio social, como afirma o conhecido provérbio: "Quem puxa aos seus não degenera". Dessa forma, encerra-se este relato antece­ dente à essência profunda do presente estudo, destinado a apreciar-se a transmissão do caráter de Pedro Liberato de Macedo nas pessoas de seus descendentes através do fator de continuidade biológica. Virá agora uma.l'á.gina.!andatória à Irmã Cedlia do COraçao de Maria, principal e fun­ damental objetivo deste trabalho, tolerado pelo leitor o necessário alongamento desse estudo, de&­

rums

tioado também à notícia bíográfica, demonstran­ <lo palidamente a firmeza de vontade e o feitio moral dessa dama, engaStando a mulher forte de que fala a Carta Magna do Cristianismo, adquirin­ do por isso e pelos méritos próprios, o galardão das virtudes teologais, em decorrência das quais pôde prestar elevados serviços à infancia des­ valida de Piracicaba e adjacências, assim também à juventude com condiçõeS de estudos, através do Asilo de Órfãos CQraçao de MarIa, fundado por ela, e prestes a comomorar um século, agora como o inspirado e iluminado LAR ESCOLA CORAÇÁO DE MARIA NOSSA MÃE. Na verdade, na adolescência de Dona An­ toninha, a única escola pública de primeiras letras em Piracicaba, seria regida pela professora de meninas Da. Hermelind.a Rosa de Toledo, muito eficiente em seu trabalho (Cf. História de Piracicaba em Quadrinhos do saudoso Leandro Guerrini '}jI Volume - página 5) Sem dúvida teria sido nessa eficiência d~ dona Herme.lt!!.da ~·obtenção do rendimento es. colar de Dona Antoninha, mesmo porque a legislação da época exigia dos- mestres de primeiras letras, ensinassem á ler, escrever e pelo menos as quatro espécies de aritmética simples, a gramática da lfngua nacional e os princípiOs da moral cristã. Está visto que como apro1(eitamento desseensino de ÍDStrllçao preliminar e seu esforço, lomou-se dona Antoninha apreciável autodidata, como se tivesse feito o curso de humauidade e em conseqüência, tornar-se a religiosa notável, visan­ do a infancia e a adolescênçia, para alcançar a felicidade destas; É lícita a supoSição de que Madre Cecília teria se instrufdoporsi, sem anxfiio de professores, em face das máximas, pensamen­ tos, orações escritas e ensinadas, decorrendo da{ os seus atributos de amor aos semelhantes, como atestam as Irmãs Franciscanas, suas contemporânea na respeitável Ordem lU, de origem piracicabana. Certa manhã, antes do final do ano de 1.887, o carinhoso Pedro Libetato de Macedo, deliéada e afe.tuosamente, acercara-se de sua tão con­ siderada filha Antoninha, com enternecidas pala­ vras. Procurava demonstrar-lhe a oportunidade e

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necessidade de maridar-se, dando-Ibe as jus­ tificativas próprias e inúmeros oatros argumentos, notadamente a circunstãnciás de ele estar avançado em anos, pois já tinha ultrapassado a oitenta, sentindo comprometimento dos movimentos dos músculos e netvOs, e o que era pior: salientou a escassez de rendimento seria o motivo de aperturas financeiras, tão logo fosse ele chamado à Corte Celeste. Argumentara, ainda, ser o vizinho Francisco José Borges Ferreira, um lusitano bem apessoado, com boa aparência, mestre e artífice em trabaibos de marcenaria, contando aproximadamente a mesma faixa etária de dona Antoninha, o qual serviria certamente como arrimo da fanúlia a se constituir. Dona Antoninha, como era chamada na in­ tinúdade, condescendente, pediu um tempo para dar a resposta, porque certamente gostaria de con­ tinuar o seu trabalho espontâneo em favor das crianças e juvenis desamparados e carentes, e além disso, teria obtemperado o desejo de levar a efeito o seu auxHio cotidiano nos trabalhos domésticos afetos à bondoslf. progenitora, bem assim a própria colaboração financeira, resultante do rendimento das suas costuras, destinadas à manutenção da famf1ia do pai querido, mesmo porque a receita colhida no seu atelier de costuras para esse propósito, pois seria essa ~ das razões pelas quais àquela data, aos trinta e seis anos, conservara-se Úlupta. Afihal dona Antoninha, no recôndito silen­ cioso da simplicidade do seu dormitório, pediria à Santa de sua devoção que lhe desse uma indicação da decisão a tomar. Pela manhã certamente sentiu o desejo de atender ao pedido do velho pai, visto que nas oblações, indicava-se seguro atendimento às suas piedosas súplicas, confirmatório do bem estar e sabedoria demonstradas pela experiência paterna. Pela manhã, depois de preparar e servir a velha mãe o café-com-mistura, percebera da aproximação de Pedro liberato, a quem, depois de obtida reverentemente a sna bênção, par­ ticipou sorridente, a sua decisão de aceitar a

realização do matrimônio dela, tão desejada pelo pai querido. Com efeito, no sábado, dia 11 de Fevereiro de 1888, na Matriz de S(2 Antônio, ·na presença do Padre Francisco Galvão. Paes de Barros e das testemunhas concidadãos do nubente. Antonio Teixeira Mendes e José Antonio B§fieiros, receberam-se em matrimÔnio, Antonia Martins de Macedo e Francisco José Borges Ferreira, natural de Portqgal, filho de João Manuel Borges e Maria Albinac Ferreira, recebendo as bênçãos nupciais". A Madre Clara Maria da Santa Face, falecida a 20 de Agosto de 1970, em Piracicaba, na sua juventude, conduzida pela Vereranda Madre Cecflia, revestiu-se do hábito Franciscano. Afir­ mara-se ter sentido da mesma no dia de suas bodas, após vestir-se convenientemente para comparecer à Igreja de Santo Antonio, a impressão de ver passar,à sua frente um gracioso infante, denotando contar de sete a oito, o qual delicadamente qlhou para ela e sorriu, pondo-se a correr. Após esse rápido episódio, deixou Madre Cecília as circunstantes, caminhou apressada­ mente ao seu encalço e percebeu que o mesmo escondera-se detrás duma porta e, chegando-se a esta, abriu a parte móvel, nada encOntrando. Desaparecera. EncaJistrada, retomou junto aos seus tendo. imaginado tratar-se do Meigo Nazareno, na sna doce e suave infância. O fato relatado pela inefável religiosa, nada mais poderia ser do que uma situação de ecto-plasmia, isto é, um fenÔmeno dependente totalmente da própria Madre Cecflia, tal como aconteceu no caso típico citado na Sagrada Escritura, no Livro de Daniel Cap. 5, Versfcu10s um a cinco, ressaltando que o rei Baltazar dava um grande banquefe a mil dos seus grandes, e bebeu vinho na presença dos mil. Na mesma hora apareceram uns dedos de homem os quais escreveram defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real, e o rei, via a parte da mão que estava escrevendo. - O Padre Osear Gonzales Quevedo SJ., afirma e explica que o fenômeno tal como relatado não é do Além e sim dependente da própria pessoa (a. a 3' edição do livro·O que € parapsicologia" pág. 61).

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Além disso, salvo melhor e mais autorizado juízo, Jesus Cristo no aspecto'mencionad\? na faixa da idade indicada, em tempo nenhum apareceu às . pessoas. Sabe-seque 40 dias depois do nascimento do Salvador foi levado ao templo onde Simeão o reconhece (Lucas 2:29-30) e quando Jesus com· pletou doze anos, na festa da páscoa, deram pela lIIa falta, e, ao procurarem-no, o enaIDtraram no Templo no meio dos doutores. (Lucas 2:42) Talvez o estado emocional decorrente da preparação para a solelÚdade matrimonial tenha contribufdo para esse aspecto psicológico da Madre Cecllia. Com efeito, " IIll11do emocional experimen­ IIIdo no acontecimento relatado no parágrafo anterior. permaneceu pouco mais intenso em face da mlldança do estadodvil de dona Antoninba, ou lOJa o natural desencontro emocional romo só acontece nas pessoas recém-casadas, todavia, tão logo superado o impacto, retomado fora o ritmo da cooscíente consorte e, sem solução de ron­ tinuidade, dona Antoninha prosseguiria nas ocupações nom.Ws. permanecendo a sua presença nas atividades costumeiras. A vida no lar tomou todó o·tempo de dona Antoninha, reiniciando esta rom mais intensidade os seus trabalhos de agulha, aliás uma fonte de renda.de real importancia para o casal, sem inter­ ferir nas suas atividades religiosas, dado que em pouco tempo ambos conseguiram amealhar economias que propiciaram oportunidade em ad-­ quirir a casa própria, situada na Rua do Comércio (depois chamada Rua Governador Pedro de Toledo), constituída de casa.demorada sob J1l110, construção antiga e respectivo terreno, medindo onze metros de frente, com uma porta de frente e duas janelas de cada lado. Continuou a conscienciosa senhora, sem solução de continuidade, com as suas atividades religiosas, rom certas restrições. porém em face do nascimento da ·primelra filha Rosa, cujo nome fora escolhido rom certeza para homenagear a avó (mãe de dona Antoninha). A criança, no entanto, nascera com imperfeição fIsica, isto é, privada da visão, e, além disso, mentalmente retardada, exi­ gindo maiores cuidados. - 52­

É bom ficar ronsignado um fato tendente a dar outra explicação à anormalidade apresentada pela menina Rosa, isto é, a afirmação de outras pessoas de que a cegueira revelou-se depois de uma doença de olhos, sendo certo porém não ter havido nanhuma referência pesoal de dona An­ toninha rom relação à segunda hipótese. N40 é certo também que a menina aprendia tudo com facilidade, inclusive motetes sacros, apesar da debilidade mental PfOfunda, fatorea tsse& que Im. pedem, desta vênia"a aceitaçAo da lnformaçOea. Linhas adiante ver-se-á a palavra de Madre Cecllia, ao Magistrado, quando da informação prestada aeste pela mesma. A figura do menino que dona Antoninha viu passar àsua frente no diade seu casamento, segun. do a descrição feita por ela, coincide e assemelha. se com o aspecto ffsiro da filha primogênita Ql10 viria anascer dentro em pouro, roDfinnando, polI!, a esperança rontida no seu inrooscíente, encor. tando o desejo repJimido pelo censor psfquiCQ, divisando a fiIura ,do Nazareno, cuja beleza i menina trazia ilentro do seu aspecto agradável • vista. . O lar fora enriquecido oom o nascimento de mais dois varõesJoAo Macedo Ferreira, nascido a 111 de maio de 1891, batizado a 24 de agostO da-/ quele ano, sendo padrinhos José da Cunha Cal­ deira e sim Maria Martins de Macedo, e Antonio Macedô Ferreira, nascido em 10 de Malo de 1893, batizado a 18 de Junho de 1893, por Francisco Toledo Silva e Sebastiana Martins de Macedo. Fatores estranhos }iassariam a integrar a viljg conjugal, pois u marido, vez por outra, para sua própria infelicidad,e, costumava abusar de libações alcoólicas, e, inebriado, irritava-se rom o romportamento natural das crianças, cujá reação violenta do varAo muito desgostava dQna Antoni­ nha, aumentando o seu sofrimento, aliás, supor­ tado rom resignação. Certa vez, informa uma das Irmãs Francis­ canas, em pesquisa feita (Cf. Fontes Históricas da Congregação), dona Antoninha encontrou o maridb, também afeiçoado a integrar conjunto de músicos, rom seu instrumento de sopro, a acionar o trombone no ouvido da menina Rosa, compor­


tamento esse à evidência, contribuiria para agravar a evolução da doença da.pobre-criança. 1893 foi um ano agourento para dona An­ toninha. No dia 13 de inllrço desse ano, veio a falecer o seu venerando pai, Pedro Liberato de Macedo, aos 85 anos de idade.vitimado por incômoda paralisia, causando-lhe aflição, an­ siedade e angústia. Não só a cidade, mas a enorme parentela derramou lágrimas sentidas. O seu genro Manoel Gonçalves Uma. então exercendo expressiva dignidade de Cônsul de Por­ tugal. sua terra de origelI.1. num aplaudido gesto de amizade e gratidllo ao Varão ilustre. requereu e obteve da Municipa1idade a conces!\llo de sepul­ tura perpétua para o querido extinto, sendo-Ihe concedido a 4 de Julho de 1893, o dominio, cujo jazigo corresponde ao na 3351 do Cemitério Municipal. hoje denominado Cemitério da Saudade. Pouco mais de sete lustros da data de sua morte, a Câmara Municipal homeuageou a sua memória, juntamente com outros piracicabaoos ilustres. Por unanimidade de votos dos vereadores, decretou-se a resolução nO 4'1:7 de3 de Fevereiro de 1930, daodo à,denominação a uma Rua, Pedro Liberato, cuja placa consigna apenas Liberato de Macedo,localizada na Vilil Progresso, conhecida atualmente como Bairro São Dimas. Via pública essa com infcio ua Rua Paulo Pinto e final ua Avenida Centenário, limitando-se com a Rua Padre Lopes e com a Avenida Torquato-da Silva Leitão. No dia 7 de dezembro do mesmo ano, ocorria a morte do marido de dona Antoninha, Francisco José Borges Ferreira, a quem ela cuidou e tratou com desvelo, vítima de uma tuberculose galopante. No arquivo forense do 2fl. Oficio de Justiça, encontra-se' o inventário dos bens deixados por ele. no qual. descreveu-se: casa de morada nO 78 da Rua do Comércio, desta cidade, com 5 frestaS e respectivo quintal, avaliada em dezesseis contos de réis, bem como os móveis e utensílios e todas as ferramentas e madeiramento em estoque na oficinade marceneiro, atingindo tudo 1:285$, cujo monte mór, abatidas as dividas com o médico Dr.

Joviano Reginafdo Alvim, despesaS de funerais a "

Benedito Laudino, bem como à Farmácia Neves;· foi partilhado li viúva e aos três filhos: . . Dona Antoninha residiu nessa casa,adquirida em 25 de fevereiro de 1890, de seu irmão João Liberato de Macedo, por três contos de réis, e dela mudou-se, passando a alugá-Ia, consegnindo com o produto da locação adquirida diversas açOes da Cia. Paulista. até quando o filho João Macedo Ferreira, autorbado por ela a exercer o romércio, conforme escritura: no 10 Tabelionato local a 6 de Março de 1911 (Livro nO 185, fls. 33) teve condiçOes de adquirir as demais quotas-partes, havidas no inventário, bem como aquelas doadas aos três, por dona Antouinha. João Macedo Ferreira, já em boa situação financeira, tomou-se o único dono do imóvel, promovendo a demolição da casa já em mau es­ tado de conservação, agora sob os nOs 126 e 128 da . RuaJoão Pessoa, antes do Comércio nO 110. atual­ mente Governador Pedro de Toledo, transfor­ mai1do o terreTlo de l1x28 metros, num imóvel com duas residências e ua frente acomodaçOes para negócio. A parte de,Rosa, em virtude de ser incapaz foi adquirida em hasta pública pelo mesmo~,como consta dO'citado inventári,o. No mencionado processo de inventário, pela primeira vez aparece o nome da fi1ba Rosa, como "Rosa.do Coração de Maria", percebend~-se a maneira inteligente da Madre Cecflia em deixar registrada: nos anais for~nses "ad perpetuam . memori8IÍI", a sua comovente devoção, con­ sagrando o,seu profundo sentimento religioso ao Coração dif Maria. ~ndo consignar na iden­ tidaoe ou'individualidade de sua filha Rosa Macedo Ferreira, o símbolo abstrato de sua convicçii!l íntima, inserindo várias veus em atos religiosos a grafia Rosa Coração de Maria. visto que. sendo impossível figurar como componente do quadro de obreiros de qualquer entidade religiosa, em face dasua insanidade, nada impedia que ttóuxesse no nome complemento do símbolo da convicção religiosa de sua própria progenitora, que poderia proclamar se possuísse afacuidade de compreender. de pensar e de conhecer. Revelam esses IIIItos de inventário, que doua

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AntQninha, ao. toJI!llI" uma das providências em favQr da curatelada, relatQu a~ Magistrado respondendo pela ÚDÍca;Vara de Justiça local, que sua filha Rosa Coração de Jesus, é cega, surda, muda e IQucade nascença, confissão. essa que vem em completo conflito. de infQrmaçãQ registrada no. fascículo. FQntes Históricas da Congregação. das Irmas Franciscanas. 6 estado. mental de Rpsa, roi constatado. por perícia judicial, pelo. que o. Dr. Euclydes de Cam­ pos, M. Juiz de Direito, concluiu por sentença a incapacidade mental da mesma, decretando. a interdição dela, quando. Madre Cecllia declarou que a filha vivia no. Lar .escola Coração. de Maria, conquanto sendo. uma instituição. puramente para crianças desamparadas, a sua filha vivia alf em homenagem a ela, Madre Cecllia, fundadQra do. Asilo.. NQanQseguinte, 5 de Maio. de 1894, mais uma situação. penosa para dQna Antoninba Seria a vez de sua virtuosa mãe, companheira de todas as ~ões, entregar a parte espiritual e imortal dos escOlhidos de Deus, pois, na madrugada fria da­ quele dia, uma lesão. cardíaca contribuiu para fazer soar a hQra além da qual à pêndula da vida não. mais devia balançar. decretando. assim o. momento. de dQna Rosa MartIns de MacedQex8iar o. último. suspiro. Desaparecida desta fQrma, aos setenta e cinco anos de idade, a virtuosa CODSOrte de Pedro. LiberatQ de Macedo, depois de com­ pletar e CIImprir galhardamente a missão. cristã e social reservada a ela pela Providência Divina, que levQU a extraQrdináriasenhora a estimular sempre, a filha querida, Madre ,Cecília, para dar cumprimento. ao. desejo. tão. ansiQsamente separado. de dedicação. tQtal ao. trabalho., missiQnário, pregando. a fé cristã e acompanhado. tão.nQbre ato., a busca efetiva do. bemaos carentes, especialmente das crianças desvaiídas, as crianças órfãs.

Na véspera do sétimo. dia do desenlace da ilustre senhQra, os seus descendentes fizeram cir­ cular o. pungente convite no. seguinte teor: •An­ tQniQ LiberatQ de Macedo. e seus irmãQs e CIInhados agradecem às pessoas que acompa­ nharam à última mQrada da sua sempre chQrada

llWl e sogra D. Rosa Martins de Almeida. E de novo. coovidam os seus parentes e pessoas de sua, amizade para assistirem à missa do "{Q dia que por alma da mesma mandam celebrar segunda feira. 12 de Março, às oito bQras da manhã na Igreja Matriz. PQr este ado de religião. antecipam agradeclmentus"• Dona Antoninha, com a dQr dasseparaÇikll na alma, sentia Deus perto de si e, ggraQeddll por isso, não cessou de çontimm 11 vi!iitll~ wmo dII ,há muito. fazia, ans encarceradQs, aQS f'NlItl prQcurava amenizar QS efeitos danQsQs da reclusão, falando-lhes do amor de Deus, entregan­ do. a cada um o. prQdutQ da arrecadação. de dQnativos de materiais de higiene, vestuários, além de saborosas e deJiaidas iguarias. Durante a semana escolhia um dia especial a bondosa se­ nhQra a fim de visitar os leprosos internados no. leprosário. existente na cidade, assim como. àqueles atacadns do mesmo. mal, "andantes" acampadns nns arredores da cidade, levando­ lhes sadia e 8aOOrpsa aiímentação, falando. do. Evangelho a eada um. ' Dama consciente que sempre foi, Dona AlI­ toninha, dando expansão. ao. &sejQ de entregar-se mais efetivamente, de maneira real, à sua tendência ao trabalho. de evangelização, no. Dia de Reis de 1896, apoiada pelo. Frei Luiz Maria de São TiagQ, sacerdQte da Ordem MQnástica dns Fran­ ciscanos, MenQres, Qrig!nário de uma aldeia dos Alpes Trentinns (San GiaronQ) teve a inspfração de fundar uma Ordem ReligiQsa destinada a leigos, escolhendo a denQminação de Frater­ nidade da Ordein 31, agregada ao Convento local dos Capuchinhos, plasmada nns ensinamentus e nns exemplos de São Francisco de Assis, fundador da Ordem, natural deAIIsis-Umbria (1.182-1226), o. qual teria feito o. VQto de pobreza aos 24 anos, e . pregaria o. Evangelho. na EurQpa e no. Oriente. Frei Luiz Maria de São. TiagQ colaboroú de fQrma Qbjetiva, na fundação. do Asilo. de Órfãs, velho. sonho. de dQna Antoninha. A nQtícia da fundação. dessa Fraternidade fQi recebida com expressiva ovação. dos seus adeptos, aClldindQ ao. apelo. de cooperação, inúmeras pes­ soassempre interessadas DO. programado. trabalho.

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propriamente dito, teve a sua pedra fundamental

missionário dos Capuchinhos. transformando-se , lan<.;ada ein 21 de Fevereiro de 1897, cuja

logo depois com a denominação da Ordem Ter­ ceira Franciscana, recebendo li novel entidade inauguração ocorrera um ano depois, ou seja a 2

simultaneamente as irmãs Antonia Martins de de Fevereiro de 1898. As nomeadas cooperadoras de Madre Macedo, sob o nome reij.gioso de Irmã Cecflia do Cora<.;ão de Maria, como 11 Ministra, Rosa Cecflia, supervisionadas pelo Frei Luiz Maria, passaram a trabalhar na Oficina de Costura, de Cândida Martins, recebendo o nome de Irmã N azaria, (estas mais tarde envolveram-se na Madre Cecília, no início de cuja atividade dedicariam um período especial para fundação da Congregação Religiosa adiante men­ cionada),LuízaJosephinadeMattos,comonome agradecimentl?s ao Deus Onipotente pelas de IrmãFraneisca (estas não cbegaram a professar bênçãos recebidas diariamente. Entrementes, sur­ na Congregação das Irmãs Franciseanas). giriam várias hipóteses. de amplia<.;ão das Convém mencionar-se nesta altura, as atividades da Ordem Terceira, segredando Irmã origens dessas três colaboradoras de Madre , Nazária à Irmã Cecflia de que em data anterior Cecília: 1) Rosa Cândida de Jesus ou Rosa tivera um sonho inspirando as quatro a fundar um Cândida Martins, filha de José Alves Martins e de recolhimento destinado a abrigar órfãs e crianc.;as Cândida Francisca da Silva, nascida em semrecnrsoa1gum, obtemperando Madre Cecilia, haver sentido idêntico desejo ao'entremeio de Piracicaba, em 1862. Recebeu na OrdemTerceira suas meditações, isto é, uma idéia, objetivando a Franciscana, O nome de Irmã Nazária de São RaphaeL Faleceu no dia 20 de Novembro de 1932, locação ou aquisição <ie um local para residêJ;tcia das innãs e finalidade de agasalhar uma casa de no Asilo de órfãs Coração de Maria, às 22:00 caridade, destinada horas, vitimada por uma inCÔmoda fimatose pul­ , a socorrer' meninas órfãs e monar, aos 70 anos. 2) Luiza Josephina de Mattos, crianc.;as pobres e carentes mas, ponderava Madre Cecflia, a fortuna dispoDfveI constava, apenas de filha de Manoel Delfino de Mattos e Francisca CarolinaPinto de Mattos, ~daem Ituem 1868, q\J:8tro moedas de valor de um vintém cada uma, recebendo o nome de Irmã Albina na.ordem m não chegando pois a cem réis, tomando-se Franciscana. Versada em música, dedicava-se ao impraticável movimentação de qualquer maneira ' a respeito do desejado.' piano e harmônio. Faleceu no dia 22de Agosto de 1938, às 12:30 horas, em domicílio, à Rua 13 de O intento vingou com o apOio do Frei Luiz Maio nO 67, em Piracicaba. vítima de cân<:er na Maria que muito incentivou as religiosas. O ' bexiga, com 70 anos de itlade. 3) Maria das Dores Vigário Francisco,Galvão Paes de Bm:ros, adotan­ Morato, filha de Antonio Morato de Carvalho e do sem restrição o projeto, autorizou em carta' de de Ambrosina de' Alm.eida Lara, nascida em seu próprio pu,nho de,8 de Julho de 1896, uma Piracicaba, em 1862, recebendo o nome de Irmã comissão especiál para angariar donativos a um Francisca na Ordem m FrWlciscana. Faleceu no fundo de construção. As quatro moedas da arca de Madre Cecllia, dia 26 de Junho de 1918, às 5 horas, no Asilo de come<.;avam' a crescer. realizava-se- o milagre ÓrfãS, à Rua Boa Morte, vitimada por sabrose noticiado no Livro Sagrado, beneficiando a viúva cardíaca, contando 56 anos de idade. Dona Mariqninba, como era tratada Maria deSarepta. das Dores Morato na intimidade, foi doadora de Com efeito, a 21 de Fevereiro de 1897, foi grande parte do terreno onde foi construido o lan(j8daa pedra fundamental do ediffcio destinado prédio do Àsilo de Órfãs Coração de Maria Nossa a abrigar o Asilo de Órfãs Coração de Maria e os Mãe, escriturado aos 6 de Janeiro de 1898 e outra estatutos, aprovados umano depois foramlevados a registro no Cartório de Registro Geral de doação escrituradaa 6 de Novembro de 1906,com frente para a Rua Boa Morte, esquina da Rua dos Piracicaba. A Assembléia Geral realizou-se a 8 de Capuchinhos, certo quI)' o edifício do asilo, ' Setembro de 1897, com a presen(j8 das segnintes '

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senboras: Antonia Martins de Macedo, Maria das Dores Morato, Lulza Josephina de Mattos, Rosa Cândida Martins, Maria Rosa Lopes Pinto, Agueda Sebastiana Pinto de Toledo, Escolastica Morato de Almeida, ldalina AugúSta d'Almeida Morato, Anna Ferreira Alves, Rita D'Elboux Rocha, Ambrosina Josephina de Almeida Morato, Francisca Carolina Pinto de Mattos, An­ gelina Conceição da Silva Leitâo. Na Assembléia supra mencionada, deu-se a denominação de Mestras às Diretoras, sendo eleitas Diretora e Vice-Diretora, as fundadoras Antonia Martins de Macedo e Rosa Cândida Martins. Ao adentrar no vigésimo ano de exiStência da notável entidade, foi coroado de pleno êxito o trabalho da Madre Cecília, pois, pela Assembléia Geral no- final de 1913, ficou transformada a en­ tidade para Congregação das Irmãs Franciscanas de Piracicaba, passando posteriormente a chamar­ se Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria. O desejo de Madre Cecflia, mobilizando todas as suas forças ffsicas e morais para atingir o fim glorioso, foi compensador. Alivisitas feitas aos piracicabanos, tanto na cidade. como aos rnrlcola, atendiam da melhor formas possível os pedidos de Madre Cecflia, doando gêneros, e outras valiosas contribuições de toda espécie para a obra beneficente. Existiam muitos benfeitores, podendo-se' citar a abastada famflia de José Extanislau do Afiaral e de dona Tereza de Jesus Agoirra, estes assumindo a educação dos filhos varões de Madre Cecília, solvendo as despesas do Colégio no qual foram matriculados em São Paulo. Um ano antes da mudança da denominação já referida, surgiu um inusitado entrevero, envol­ vendo a figura da Mestra de Noviças (Maria Mag­ dalena da Silveira - irmã Isabel do Sagrado Coração), a mesma que Madre Cecília havia en­ contrado na estrada, com apenas quatro ou cinco anos de idade, egressa de um circo de cavalinhos, de onde fugira, à qual dera guarida. Essa irmã Isabel acompanbou Madre Cecilia, quando da transferência desta para superintender o Hospital

São Vicente,em Jundíaí, onde aquela estava ser­ vindo, entre 1912 e o ano de 1917 quando então ocorreu a sua morte. Decorreu citado entrevero de um1amentável episódio: a Mestra de Noviças citada, teria infor­ mado o Bispo de Campinas,D.João Baptista Cor­ rea Nel)' (1863-1920) da existência de uma s6plica à Sagrada Congregação das Religiosas ou.à própria Santa Sé, pleiteando ficasse a Congregação ligada. aos capuchinhos, ao invés de o ser à Diocese. O propósito dessa nmdança era obter desde logo maior segurança e gozar de ime­ diata aprovação Pontiffcia. A própria Madre CecIlia levou o pedido para as irmãs assinarem, discretamente. Todavia a autoridade diooesana presentiu o movimento, arrecadando o escrito. Talvez outras irmãs revelassem ao Bispo D. Nel)' tal procedimento, do qual resultou o niotivo con­ dutor para o prelado determinar não fosse reeleita Madre Cecilia, no Capitulo Gerai, ocorrido em 1912 Não foi apenas. esse desfecho a causa deter­ minante de o Dignitário separar Madre Cecília da Comunidade Piracicaballll:! onde também se achava a Rosa, a filha insana da religiosa, tendo o comportamento da moça se afigurado cada vez mais diffci~ pois, dia e noite os gritos agudos emitidos por ela pertorbavam as demais irmãs e asiladas ali residentes. - Acrescia também a exces­ sivaliberdade sempre ampliada pelos jovens filhos de Madre CecIlia. Talvez houvesse prévia manifestação a respeito pelo Bispo Diocesano, comnoicando a decisão da transferência de Madre CecIlia para o chalet existente na mesma área de terreno do ~o, I,lOrém com.fi:ente.Para a Rua S. Francisco, local onde podfám ser recebidos e tratados os filhos da Religiosa. O eminente prelado, aliás, Conde Romano, em 1915, por Bento XV, teveimpeto de decretar a extinção da Congregação, cuja providência não levou a efeito porque não conseguiu assinar a ordem, saltando-lhe a caneta das mãos, circwistância que lhe pareceu mna intervenção divina, por não estar nos planos divinos a extinção. Madre CecIlia fez o registro em seu diário de

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tais fatos, conclufudo-o com a seguinte expressão:

"a tempestade é grande..." (Cf. fontes Históricas) Exautorada da autoridade légftima e que lhe era'peculiar, recebeu a extraordinária dama, como prenúncio da própria predestinação, isto é, para que ela pudesse realizar e preconizar maiores obras para o Reino de Deus. Na véspera do Natal de 1916, Madre CecOia passou a residir no sobradinho da Rua São Fran­ cisco, com sua filha Rosa e a boa irmã Maria do Carmo, registrada nesses termos a mudança no diário de Madre Cecfiia. Permaneceu Madre Cecilia segregada, isto é, passou a viver em clausura de 1912 a 19 de maio de 1921, mas a sua voz não deixou de ser ouvida nos transes inefáveis ocorridos nos liames do Asllio com as meninas internas. Qualquer fato ocorrido em desacordo com a tradição reinante na casa de caridade, chegava ao conhecimento da Madre Cecilia, de forma sigilosa, sem condições de ser apurada a origem da informação e nem a respectiva autoria, acrescido do pedido de providências a respeito, a fim de ser corrigida a severidade excessiva. Na maioria das vezes, nessa intervenção oCulta vinha a reparação esperada (este conceito foi revelado por uma an­ tiga jovem asilada, vivendo todo o espaço infanto­ juvenil nessa instituição pfa) sendo certo que essa jovem desejando conhecer a sua origem, invadiu o arquivo da escola, procurando no fichário respec­ tivo a referência à própria pessoa. Conseguiu,·mas ao se retirar do local teria sido observado o com­ portamento indevido, pela Mestra da disciplina. Consequentemente sofr.eu a jovenzinha infratora, humilhante castigo (hiperalgia) perante todas as internas, com advertência a estas pela Mestra de Disciplina, de que igual comportamento, todas passariam por idêntico vexame (a jovem vítima hoje senhora casada e de provecta idade, moradora fora de Piracicaba, preferiu não se iden­ tificar). O desfecho do affaire com a intervenção de

Madre Cecilia ocasionou a remoção da causadora das sevícias, para outra casa da Congregação. Não tem outra finalidade o presente tópico senão demonstrar o respeito à pessoa de Madre

Cecfiia,que mesmo exautorada, conseguiu resol­ ver harmoniosamente casos diffceis. A referência em absoluto não turva de JIllI!Ieira alguma a seriedade do Lar Escola, modelo de instituição. Madre CecOia suportou com absoluta rigidez moral, debaixo de suas orações e constante meditação, aceitando sem qualquer imprecação, a decisão oriunda da esfera eclesial, objetivando a transferência dela e da filha para o chalet, pois estava ciente e consciente· da alteração causada pelo comportaJÍlento insano de sua pobre filha. Sem dúvida Madre Cecfiia· dava um exemplo de humildade. Nos meados do ano de 1924, irrompia em São Paulo, Capital do Estado, um movimento revolucionário chefiado pelo General lsidoro Dias Lopes, insuflado por outros militares, des­ contentes com o chefe do Govêmo Central. Nessa revolta Antonio Macedo Ferreira, terceiro filho de Madre Cecflia, teria se envolvido, e, após o armistfcio, acompanhara o dito General na sua retirada para a Argentina. ~essa fuga teria o corajoso moço, 'sofrido um lamentável acidente, recebendo graves queimaduras por substâncias orgânicas (álcool), cujas lesões foram a causa de sua morte, contando apenas trinta e um anos de idade. Deixou viúva Sebastiana Ferraz dê Macedo e três filhos Oóvis' Ferraz de Macedo, Aracy de Lourdes Ferraz de Macedo e y,gia Ferraz de Macedo. A transferênçia desse filho querido para a vida celestial, em tais condições, teria causado no colJlSáo de dona Antoninha, grande impacto, mas superado eooscientemente pelas devoções obtidaS através do seu inseparável rosário, acalmando a sua, alma dorida, embora derramando lágrimas, lágrimas de saudade~ ­ Pouco depois do falecimento do filho Antônio, Madre Cecfiia, então contando oitenta e seis anos de idade, teve a alegria de assistir a ereção canÔnica da sua Congregação (8-3-1928) por Decreto do Bispo de Campinas, tomando parte nos oficios religiosos levados a efeito, em ações de graça. Contudo;dois anos depoiS, a devotada e cons­ ciente religiosa assistia à remoção da séde prin­

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cipal de sua Congregaçãír de PIracicaba para' Campinas, convencida de que na cid,ade de Cam­ pinas, contaria com melhores condições para ampliar a sua expansão. Naturalmente a providência da remoção afetou a sensibilidade da emotiva religiosa, pois sentiu profundamente separar-se de sua alma, aquele pedaço de seu coração, porém, consciente da imposibilidade de acompanhar a sábia decisão do Altíssimo, era seu dever aceitá-lo, para melhor progresso da sagrada obra que ajudou fundar. Debaixo da comoção causada pelos atos acima experimentados, gratos momentos de con­ forto eram sentidos através das amorosas cartas de seu filho querido João Ferreira de Macedo, man­ dadas amiúde, contendo expressões de en­ corajljjllento à querida autora de seus dias, as quais foranÍ rareando, porque encontrava-se o filho amoroso internado numa casa de saúde, na Capi­ taI, há longos anos,desde 1936. onde veio a falecer a 21 de Agosto de 1940, vitimado pela traiçoeira tuberculose, sem deixar descendência da ligação mantida com urnajnvem por nome Laura. Não de conseguiu obter-se o sobrenome desta. A prematura separação 'do- filho querido, provocara na, meiga religiosa, momentos de angústia, mas o tempo incumbiu-se de recompor a tranquilidade de seu coração, através de peniten­ tes orações, recebendo o conforto da presença de Deus, reanimando-a indelevelmente. O seguimento dos fatos descritos,desde a­ decisão de Dona Antoninha em atender o desejo paterno para convolar núpcias, ditou a maneira de sua vida, isto. é os tropeços. ocorridos no exfguo espaço de tempo de duração conjugal. Gerou urna invejável estrutura moral, resultado pela sua persistência e coragem, urna vitória sobre todas as condições contrárias, próprias da época. O efeito proveitoso, pronto e contagiante dos beneficios espirituais espargidos à mão cheia em proteção da infância desamparada e os da orfan­ dade, pela consciente religiosa, acabaram por atrair inúmeras pessoas imbuídas do mesmo propósito, e habituarem-se com essas pessoas. Demais parentes vieram a buscar-lhe os en­ sinamentos.

Ninguém, todavia, se aperCl:lbiá que dona AR­ toninha cOIll os seus ,gestos caridosos, estava despertando na alma do próximo o amor à tradição, assim como o encargo pela traosmissão dos valores espirituais herdados por ela do avÔ paterno às coisas sagradas e ao poderoso recurso de oração, bastando para isso a comparação dos dizeres a respeito nos respectivos testamentos de Luciano Ribeiro Passos e o testamento levado a efeito pela Madre Cecília, adiante copiado. Realmente dODa Antoninha tinha sobre si, sem dúvida. o "sinal do poderio" que as mulheres devem ter, segundo a doutrina de Paulo (I Epfstola aos Coríntios 11:10), e efetivamente exerceu esse poder com amor e sabedoria porque tinha nas mãos e no coração o tes,temunho: a espiritualidade, isto é, a exegese e a interpretação dos textos contidos nas orações cotidianas. Como atrás já ficou consiguado, fundou dona Antoninha, com o Frei Luiz Maria de São TJago, a Fraternidade da Ordem lU, agregada aos Capuchinhos, da qual foi a Primeira Mestra, e nessaqualidade e desempenho, procurava conser­ var unidas aS criaturas sob os santos princípios cristãos do amor, perdão e paz., e sob essa tríplice base desenvolveu a sua prnverbiàl carida!ie na, distribuição de socorros materiais, gêneros alimentícios recolhidos nos sítios e fazendas do município, repartidos através do Asilo Coração de Maria, acompanhados dos sábios conselhos e orientação, e ainda implantando urna esperança em cada coração. Descobria nas me\lÍllas recolhidas na sua Casa de Carida!le, vocações, orientando-as para a Vida unitíva - vida de ,união permanente com o Sempiterno e bondQSo Deus. Dona Antonillha, até então - embora-vivendo com os poucos recursos de costureira, desdobrou­ se em esforços, e conseguiu atingir o seu alvo, dotando o Asilo de Órfãs com a estrutura, necessária, sempre atualizada, prestes a come­ morar o primeiro centenário de sua benéfica existência. No dia consagrado aos mortos (Finados de 1940), aliás um dos mais tristes para dona An­ toninha, pois registrava o decurso de um trimestre

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e uma semana da data do passamento dO querido filho João, ooorrído prematuramente a vinte e um de Agosto, depois de sua mei:litação diária nas horas canônicas, decidiu tratar de compor e des­ tinar o seu modesto patrimônio, agora acrescido dos bens vindos por adiudicacão no imeentário dos bens de Seu estimado filho João de Macedo Ferreira, çUjo acervo hereditário atingiu o valor de Cr$ 121.617,60. Em consequência do que está exposto, Madre Cecília pediu a presença do 12 Tabelião de Notas, senhor José P!ffer, na sede do Asilo Coração de Maria e lá, perante cinco testemunhas especial­ mente convocadas para o ato, ditou solenemente o seu testamento, assim textualmente declarado no dia 2 de Novembro de 1940 "Sou católica, apostólica romana e nesta religião em que sempre vivi, protesto viver e morrer e sou religiosa da Ordem Franciscana. Sou filha de Pedro liberato de Macedo e Dona Rosa Martins de Macedo, já falecidos. Sou natural desta cidade e tenho atual­ mente oitenta e oito anos de idade. Fui casada em única núpcias com Francisco José Ferreira, de quem sou viúva e de meu casamento houve três filhos: João, Antonio e Rosll;de Macedo Ferreira. Os meus filhos João e Antonio já são falecidos e minha filha Rosa. que também é conhecida por Rosa do Coração de Maria, é interdita em razão de'insanidade. Deixo a metade disponível de meus bens ao Asilo de Órfãs Coração de Maria Nossa Mãe, instituição beneficente com sede nesta cidade, com o encargo para esta de dar abrigo e cuidar de minhafilha Rosa. zelando pela sua saúde e bem estar; da outra metade dos meus bens serão constituídos as legitimas de minha referida filha Rosa e de meus três netos Clovis, Araci e ligia Macedo, filhos do meu filho Antonio, estes por direito de representação, Os bens que tocarem aos meus netos serão gravados temporariamente com as cláusulas de inalienabilidade extensivos aos respectivos rendimentos, até que atinjam eles a idade de vinte e um anos, cessando, aí, esse gravame, Determino também que os bens que couberam à minha filha Rosa, após a sua morte, passem para o patrimônio do referido Asilo Coração de Maria Nossa Mãe. Indico "data venia"

para (:llfadora de minha fiIlía interdita a Irmã Gertrudes Maria, diretora atual do aludido Asilo, residente nesta cidade, e na falta desta, a Irmã Inês Maria, oonselbcira da Ordem Franciscana, resi­ dente em Campinas, às quais, na hipótese de prevalecer em juízo a indicação que ora faço dc:l seus nomes, rogo aceitem esse encargo, pois <;on­ fioemsuagrande bondade e navigilânciaqu6,sem dúvida, empr~ará qm;tlquer delas, no exercício da curatela. para minorar os sofrimentos de minha infortunada filhaRosa. É l1Illidas mais veementes de minhas últimas vontades que minha filha Rosa continue, enquanto viver, sob o teto carinhoso, benfazejoe protetor do Asilo de Órfãs Coração de Maria Nossa Mãe e daí não seja afastada sob qualquer pretexto. Quanto ao sufrágio de minha alma deixo aos cuidados de minhas piedosas irmãs de religião, às quais voto urna eterna gratidão por tudo quanto fizerem e possam desejar fazer por minha filha e por mim. Nomeio meus testamen­ teiros aos Doutores Coriolano Ferraz do Amaral e Luiz Gonzaga de Campos Toledo, médicos, brasileiros, casados, capazes, domiciliados e resi­ dentes nesta cidade, para servirem na ordem em que estão nomeados, um'na falta do outro, e dou­ os por abonados para o desempenho da t~tamen­ taría. Finalmente, nada mais tendo a declarar ou dispor dou por terminado este meu testamento, relato fiel de minha última vontade, e rogo à, justiça que o cumpra e faça =prir na sua Últ~·.

Decorridos quatro anos e alguns meses, Madre Cecília resolveu'destinar o valor total dos seus beus,'advindos da herança de seu filho João, consistentes em terreno em ltanhaen, chácara na Vila Campestre, em Santo Amaro, UJDlI fazenda em Santo Anastácio, cinco casas na N.ua George Smitb, em terreno nessa via pública, mais cinco casas na Rua Cezário Ramalho, ações da Cia. Paulista de Estrada de Ferro, 36 ações da Cia. Paulista de Seguros, 40 ações da Cia. Iniciadora Predial, depósitos na Caixa EconÔmica do Estado e Caixa Econômica Federal, créditos cambiários dm!s cautelas de cauções de luz e gás, tudo con­ vertido em dinheiro, atingindo Cr$ 121.617,60, assim partilhando: metade para o Asilo Coração

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de Maria Nossa Mãe, 25% para Rosa e 25% com igualdade para o 3 netos, obedecido integralmente ao testamento acima transcrito. . Oportuna a necessária a interrupção na con­ tinuidade desta descrição destinada para comen­ tar a coincidência dos princípios da moral cristã e em especial a fixação ardente da crença num Ente Supremo, com fé a convicção, manifestada por Luciano Ribeiro Passos, no seu testamento, o idêntico comportamento de sua neta Madre Cecflia, registrado no seu hológrafo, ambos demonstrando ou melhor, confirmando a irre­ versível carga genética daquele para esta, en­ contrada nas leis de transmissão dos caracteres . ffsicos ou morãis nos indivíduos. Destaque: O testamento cerrado feito pelo avÔ de Madre Cecflia,no longínquo 19 de Dezembro de 1833, o testador declara: "acha-se gravemente enfermo e querendo desembaraçar a sua alma, para que desembaraçada do corpo vá gozar da eterna Bemaventorança, faço este meu testamento: O meu nome é Luciano Ribeiro Pas­ sos, sou católico romano, tenho vivido na Lei de Jesus Christo e nela pretendo morrer com ajuda da divina grassa (sic) Sou natoral ode Freguezia de Santo Amaro (hoje VilIa) Sou filho legítimo de Jeronimo Dias Ribeiro e de Ursula Maria de Jesus. O meu pai ainda é vivo. Sou casado com Dona· Francisca 19nez de Paula Mattos, de cujo matrimônio tenho quatro filhos que são: Luciano, Maria, Luciana, Pedro, a saber: Luciano e Maria· são falecidos e Maria deixou urna filha de nome Joana - que também já morreu. Meu filho Pedro é solteiro e Luciana é casad&.;:om Q]stódio Leite, marido que foi de Maria e portanto eu tenho tres herdeiros que são, Luciana e seu marido Custódio que representa minha neta Joana. Nomeio para meu testamenteiro: 12 meu filho Pedro e em ZJ2 meu compadre Caetano da Q]nha Caldeira e em 32 minha mulher Dona Francisca. Declaro que o meu cadáver seja·envolto em pano branco, con­ duzido por dois pobres em rede e sepultado no Cemitério e aos pobres se dará a cada um duas patacas. Por minha alma se dirão dez missas com a brevidade possível. Deixo a Santo Antonio padroeiro desta Vila vinte mil réis. O remanes­

cente deixo à minha enteada Antonia Clara, a qual vive em minha companhia e é muito digna desta esmola". (Observação - Esta enteada sofria desar­ ranjo mental, e fora abandonada pelo marido, notícia obtida em outro processo judicial). Destaque: No testamento de Madre Cecllia, atrás transcrito, as declarações de fé coincide em iguais termos com aquela manifestada pelo seu avôLuciano, como segue: "Soucatólica, apostólica romana e nesta religião em que sempre vivi, protesto viver e morrer e sou religiosa da Ordem Franciscana" - Prossegue Madre Cecllia: "Quanto ao sufrágio de minha alma deixo ao cuidado de minhas piedosas írmãs de religião, às quais voto uma eterna gratidão por tudo que fizeram e pos­ sam desejar fazer por minha filha e por mim. Pode-se, pois, comparar as disposições de ambos, num espaço d~quase um §écu!o (Luciano teria nascido em 1762 e sua neta Madre Cecllia, nasceu em 1852) ambos tinham certeza da salvação eterna; ambos preocupavam-se com a encomendção de SIJa almas, e pediram sufrágios; indicaram os parentes escolhidos para gozarem proteção do que deixaram J!lI terra e finalmente ambos eram nas épocas, dedicados obreiros da Vinha do Senhor, isto é, irreversíveis na prá~ca da . religião. Além disso Madre Cecilia descendia de Santo Hermenegildo, um rei mártir, e por afinidade, parenta de Santa aotilde, sogra do 112 Rei Visigodo, Alarico (ver nl! 5 do estema no encerramento deste trabalho) . Essa coincidência de comportamento de pes­ soas ligadas por parentesco, avocando as mesmas tendências, oom denuncia o atavismo gerado e, por conseguência, defino com exatidão o fenômeno da continuidade biológica: comentada pelo neuropsiquiatra austríaco Signtunà Freud (1856-1939), cuja influência deste, no campo da psicanálise se encontra enunciado por presságio do Apóstolo Paulo, contido em uma das sua epístolas no Novo Testamento, comentário esse demonstraodo sem dúvida o motivo condutor do comportamento desses piracicabanos que em tempôs idns souberam exprimir e proclamar os seus sentimentos religiosos. O coração matemo de Madre Cecllia estava

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tranqüilo, fazendo-lhe bem à alma, pois, sua única filha, que era uma vida de sua vida, estava am­ parada pelas irmãs da sua confraria, nomeadas em testamento. Entretanto, sua infortunada filha, (comodisse no seu testamento) por ser incapaz não teve condições, pelo estado mental, de tomar parte nem mesmo na Ordem Religiosa destinada aos leigos, agregada à Comunidade Seráfica. Todavia, Madre Cecflia pode suprir tao nobre desejo fazendo consignar, em vários atos civis referentes aos seus filhos, a grafia do nome dafilha como ROSA DO CORAÇÃO DE MARIA, demonstrando assim a sua vivência q>ntempIativa à Sagrada famflia: Na mesma oportunidade, teria vindo à memória da inolvidável Madre Cecflia, conforme registros divulgados pelo opúsculo "Fontes Históricas" da Congregação Franciscana, diversos sucessos da Ordem III e, depois, de modelar Congregação já mencionada, cuja Messe Evan,gélica, J1,roveniente de catequese ou recondução dos decaídos da fé, com medidas ade­ quadas levadas a efeito p<!l!l dedicada religiosa, conseguiu esta, paralelamente; reunir moças e se­ nhoras ,conterrâneas, decididamente vocacionadas, resultando a perecível plêiade das primeiras religiosas, iniciando a douta Congregaçii!> das Irmãs Franciscanas, nascida em Piracicaba, cuja suavidade divina e enternecida graça concederam-lbe exuberante fonte de luz, diante da brilhança coostante em todasas~ da influência dessa plausível Instituição pra. Madre Cecília, durante a sua gestão, demonstrou a fé em ação permanente não só do amor ao próximo, como a integração moral, a sobriedade, a tolerância, a lucidez espiritUal. A cidade. berço de seu nascimento, reco­ nheceu o autêntico apostolado na sua existência, a, fidelidade a Deus, e em sua vida sempre dominou a fé. na piedáde, - a caridade e a esperança ­ suplicadas reverentemente ao Deus Onipotente, para ouvir a sua devoção, na qual sempre abran­ 'gente estava a esperança. Na provecta idade (94 anos) Madre Cecflia, segundo consta dos registros em Fontes Históricas

<Pág. 31) quando acordava pela manhã, tinha por costume visitar mentalmente as várias instituições canônicas existentes em Piracicaba, as sediadas na cidade, bem como as dos três sub-distritos. Encontrava-se a consagrada religiosa em proveitoso bem-estar, isto é. emperfeita condição física, submissa à vontade divina e consegnindo varar o dia numa felicidade sem conta e nesse estado gozando da graça celestial, sentia o desejo de fazer uma coJ;lclamação a toda população local para prestigiap a Diocese na construção da Catedral, conseguindo com esse gesto tao nobre um bom e substancial proveito. Assim permaneceu a devotada religiosa sempre agradecida à Providência Divina em conservá-Ia consciente, de modo a reconhecer nas pessoas a visitá-la diletas Irmãs da Confraternização fundada por ela. . Entretanto, as forças ffsicas da grande dama e excelente mãe de tantas eleitas para a' vida em congregação, estavam se exaurindo na sucessão dos d i a s . , . Todavia a assistência contrita de todas as dedicadas co-irmãs da Irmandade Franciscana, procurava diminuir a apresensão não só da Casa Generalícia como nos mei~ religiosos em Beral. O curso da vida Iíumana está previamente fixado, sendo a vontade ou a ioteligência do homem, impotente para aiteráclo. Madre Cecflia, depois de confortada pelos sacramentos da Igreja entregou santamente a sua aima ao Criador. .No Cartório de Registro Civil do In Sub­ distrito loéIlI; consta no livro C-61, fIs. 342, sob ri' de ordem 14.390, o assento de óbito: Em sete de setembro de mil novecentos e cinquenta, neste l Q Stibsdistrito de Piracicaba, Estado de -São Paulo, em cartório, comparceu Antonio de Pádua libório, de vinte e dois anos de idade, casado, comereiante, brasileiro, e exibindo atestado de óbito firmado pelo dr. Luiz Gonzaga de Campos Toledo, que deu como causa da morte e a doença artério esclerose cardiorenal, declarou que ontem, às 16:15 m. em domicilio e residência, neste subdistrito, à Rua Boa Morte, 1955 - Asilo de Órfãs - faleceu Antonia Martins de Macedo,

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cor branca, do sexo feminino, com 98 anos de idade, ilIItural desta cidade e dOIlÚciliada, filha ·Iegftima dos finados Pedro Liberato 'de Macedo e Dona Rosa Martins de Macedo, brasileiro, era Viúva de Francisco José Borges Ferreira, com quem se casou nesta cidade, tendo havido desse matrimônio três filhos: Rosa, João e Antonio, não deixou testamento, nem bens a inventariar. Vaiser sepultada no Cemitério local. Lido este termo e achado conforme, vai assinado pelo declarante da Empresa Funerária Libório, domiciliado e resi­ dente nesta cidade. Ec, Gentil Godoy, Oficial Maior, escrevi (assinado) Antonio de Pádua Libório. Sem vaidade, dentro da sua grandeza. Madre Cecfiia deixou em cada coração uma centelha de amor. Abençoada a sua memória, como abençoados foram os seus passos sobre a terra, mesmo porque a hiperdulia, jamais declinada, acompanhou-a até os derradeiros minutos devida. Foi verdadeiramente um exemplo de Mãe e .de mulher brasileira dedicada aos carentes e deserdados da sorte. Viveu em estado de graça,e certamente foi­ lhe permitido comungar sem comissão, como exi­ gia o sagramento da confissão, antes adotado pela Igreja. Serenamente, foi ao encontro de Deus com o rosário entre os dedos. Lonp foi sua vida, toda ela devotada ao próximo e às coisas de DEUS. Partiu com uma Aura Popular, é dizer - estima pública - e com uma auréola de esplendor moral. Madre Cecflia não mais existe entre os piracicabanos mas até hoje brotam messes de vida pura das mãossemeadoras de suas filhas, compon­ do o elenco da Congregação, das suas pegadas, flores a cada dia, da Palavra de Deus. O coretejo fúnebre saiu do Lar Escola até a Catedral de Santo Antonio, e depois das holiras post-mortem à querida religiosa, teve o acompa­ nhamento até o Cemitério da Saudade, onde se realizou o sepultamento no Jazigo existente na Capela da Congregação mandada edificar tempos atrás às expensas da falecida. Nesse Campo Sauto repousam os restos mor­

taiS da grande benfeitora do Asilo Coração de Maria Nossa Mãe e benemérita piracicabana, chamada à vida celestial dois anos e. dois meses antes de completar um século de existência, metade do qual de operante vida religiosa. No Céu, certamenteos anjos e arcanjos, nesse dia infausto para nós, entoavam canção plangente, melancólica, seguidos dos acordes sonoros aa Harpa eólica, cuja caixa sonora havia de estar habilmente manipulado pelo Salvador da Humanidade, previamente deixando tensas as várias cordas de dimensões graduadas e o vento as fazendo vibrar produzindo sons melodiosos, tão reais como as hosanas cantadas pelos escolhidos, em homemnagem à exceisa criatura, adentrando as páramos celestes, cujas portas abriam-se de par empar. A cidade tributou inúmeras homenagens à saudosa extinta Madre Cecflia, pseudômio na es­ fera da sua nobilitante qualidade mas que não cobre o seu nome da famflia e de batismo, Antom Martins de Ml!C6do. e a Municipalidade preferiu optar pelo seu nome religioso para figurar no elen­ co das vias públicas do Jardim Boa Vista da propriedade da Associação da Igreja Metodista e Jardim S. Miguel, iniciando-se a Rua ~adre Cecflia na Rua Capitão Boaventura e finaHzando­ se na Avenida Or. Paulo de Moraes, lirnítando-se com as Ruas do Rosário e Fernando Ferraz de Arruda Pinto. Poucos anos após o falecimento de Madre Cecflia, ocorreu o decesso de sua filha Rosa do Coração de Maria, tão amada-e querida especial­ mente, ocorrido no dia 19de Julho de 1955, saindo ó féretro do Lar Escola CÓraçãO de Marià Nossa Mãe, para a mesma Necrópole, feita a inumação no Jazigo da Capela onde jazia a sua estremosa mãe. Contudo, em Piracicaba, a Instituição Pia, quase centenária, continua repartindo com as crianças órfãs e crianças carentes, os seus reduzidos recursos e derramando a esperança a todos aqueles que côntin\ll!lll oontnbuindo para tão benemérito grêmio beneficente - obra perenal de Madre Cecflia- O Lar Escola Coração de Maria Nossa Mãe, ao mesmo tempo que a consequente

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e benemérita Congregação das funãs Francis­ canas do Coração de Maria, prossegue e prodigaliza-se visando a' remoção e o aperfeiçoamento da construção do Reino de Deus, fruto do reJaciol!llIIlento com a famOia, com os jovens e com os adolescentes Objetivando demonstrar de maneira prática, para compreensão do seguimento de uma ascendência, e no presente caso, abrangendo a pessoa de Salvador Martins Bonilba, avÔ de dona ANTONIA MARTINS DE MACEDO (Madre Cecilia do Coração de Maria), designando-se esse 'demonstrativo como estema sendo essa palavra registrada pelo excelente Dicionário Aurélio como substantivo masculino, equivalente a árvore genealógica; de linbagem ou de estirpe. Na Genealogia Paulistana de Silva Leme, pode-se ler no Volume 5/244 "Salvador Martins Bonilha, mais tarde Capitão, foi casado quatro vezes: a primeira em 178O,em Araritaguaba (hoje Porto Feliz) com Anna da Silva Toledo, de cujo consórcio resultou seis filhos, segunda vez, em 1796, na mesma Vila, com Ursula Alvares de Araújo, dela havendo três filhos: terceiravez, em 181o,;aindana mesma Vila, casou com Maria Joaquina de Almeida, sem descendência desta, pois faleceu vítima da primeira maternidade, sem sobrevivência de geração; quarta vez casou com Delfina Bueno, filha de Amaro Bueno da Silva e Maria Joaquim da Fonseca Andrews (SI 1/5()1) havendo desse casamento quatro filhos, José, Maria, ROSA e Amélia. O Capitão Salvador Martins Bonilha faleceu no ano de 1820.- na menciooada Vila do Porto - Feliz e foi o quinto filho de Antonio de Aguiar da Silva e segunda mulher Branca Luiza Flores. O Capitão Salvador Martins Bonilba era irmão de Dona Anna da Silva LIra. casada esta com Antonio éorrea Barbosa. O Capitão Antonio Correa Barbosa - Povoador de Piracicaba, em 1767 (Cf. Silva'Leme - 5!242 e 24geSI4/387). Essa obra de Silva Leme fornece os elementos necessários para apurar-se a sua descendência: Salvador Martins Bonilba entronca-se na farnflia Baltazar Moraes Santos, sogro de Francisco Mar­ tinsBonilba, aquele chegado ao Brasil, nos fins do

século XVI; portando uma carta de nobreza pas­ sada pelo Juizo dos Morgadlosem 11 de Setembro de 1579. Nesse ano foi escolhido para o elevado cargo de Juiz Ordinário de São Paulo, aí casando­ se com Brites Rodrigues Annes. A seguir registra-se a ascendência da Exma. Sra. ANTONIA MARTINS DE MACEDO (MADRE CEcíLIA DO CORAÇÃO DE MARIA), casada com Francisco José Borges Fer­ reira, a qual - pnviuvando-se - tomou parte na fundação da entidade leiga Ordem Terceira de São Francisco, e, ao depois, fundou o Asilo' de Órfãs Coração de Maria, e por última professou solenemente na Congregação das Irmãs Francis­ canas do Coração de Maria. 1. Baltazar de Moraes Dantas. Descendia do Rei VisigododaEspanha, Teodoreto, eleito no ano de 451, por ocasião da batalha de Toulouse, contra Atila - Rei dos Hunos - O Açoite de Deus. O Rei,Teodureto, pai . 2. Eurico - 7f> Rei Visigodo, casado com Sizeuan­ da, pais de , 3. Alarico - o moço - 811 Rei Visigodo, casado com Todogonda, pais de 4. Amalarico • llQ Ref Visigodo, c/c Clotilde, filha de Clóvis e Santa Clotilde, pais 5. Leovigildo - Rei Visigodo de Sevillia, c/c sua. prima Teodosia, pais de . . 6. Santo Hermenegildo, martirizado em 595, quando Rei de Sevilha, a mando de seu pai li madrasta Gosvinda, por ser católico, com imposição de abraçar a religião ariaoa. A festa desse rei Martir tealiza-se a 13 de Abril. Casou"8e c/ Ingunda, pais de 7. Atanagildo, casado com Flávia Juliana, pais de 8. Ardabasto - Conde • casado com a prima Favira ou Flavia Cidasunda, pais de 9. Flávio Ervigio - 312 Rei Visigodo da Espanha, c/c Bigotona, pais de 10. Pedro - Duque lie Cantábria em 700,_pais de 11. Afonso 12 - 3" Rei de Asturias, casado com Ernusenda, pais de 12. Vimário - Rei de Asturias, casado com Usen­ . da, pais de 13. Vermudo I - 811 Rei das Asrurias c/c a Infante Usenta Numinha de Navarra, pais de

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14. Ramiro IR • 1()1! Rei de Asturias c/c s/prima U rraca Paterna, pais de 15.0rdonho IR - llR Rei de Asturi3s c/c Munia Donna, pais de 16. Afonso 3R - O magno - IR Rei de Leão e 12ll de Astúria, pais de 17. Ordonho 2R - 3R Rei de Leão, falecido em 824 c/c Munia Elvira, pais de 18. Ramiro 2R - 6R Rei de Leão, F.950 c/c Urraca Thereza Flore,ntina, pais de 19.0rdonho 3R -'']R Rei de Leão, c/c Elv:ira, filha do Conde de Asturias, pais de 20. Bermudo - O Cotnso - 1()1! Rei de Leão. casou 21 vez c/ D. Elvira, filha de Garcia Fernandes, 1Q Conde de Castela, pais de . 21. Afomo 51> • Rei de Castela, F. no cerco de Viseu (1007) c/c Elvira Holandes, pais de 22. Dona Sancha - 131 Rainha de Leão, pela morte de Bermudo 31> - mãe de 23. Elvira de Toro - SrI de Toro N.1034 c/c o seu primo Garcia de Navarra, pais de 24. Afonso 6R - 141> Rei de Leão e 3Q de Castela, casado, pela Si vez com Isabel de França, filha de Felipe IR - Rei de França e Berta de Hol­ landa, pais de . ;" . 25. D. Mendo Afonso de Moraes Dantas, Senhor de Vimioso c/c Margarida de Vanconcelos, descendente de D. Froela, Rei de Leão, país de 26. Estevam Mendes de Moraes de Antas, Senhor de Vimioso c/c Maria Madureira, pais de 27. D. Vasco Rodrigues de Moraes de Antas, c/c M/chaela de Albuquerque Vímioso, pais de 28.D.-Leonor-Mendes de Moraes de Antas, c/c Balthazer Mendes, pais de 29. D. Ignez Navarro de Antas, c/c seu primo Pedro de Moraes, pais de 30. Balthazar Navarros de Antas cc em S. Paulo c/ Brites Rodrigues Annes, pais de 31.Pedro d e Moraes de Antas, c/c Leonor Pedroso, pais de

32. Magdalena Fernandes Feijó de Moraes, c/c Diogo de !.ara Moraes, pais de '·33. Anna de !.ara, casada com Francisco M~ Bonilha, pais de . 34. Francisco Martins Bonilha, c/c Maria Goçalves da Costa, pais de 35. Maria Gonçalves Martins Bonilha, c/c Manoel Cardoso Flores, pais de 36. Branca Luiza Flores, casada com Antonio Aguiar Silva, pais de 37. SALVADOR MARTINS BONIlHA, c/c Del­ fina Bueno, filha de Amaro Bueno da Silva e Maria Joaquina da Fomeca Andrews (SL 11507) pais de 38. ROSA MARTINS BONILHA, casada com PEDRO ~ERATO DE MACEDO, filho este de Luciano Ribeiro Passos e dona Fran­ cisca Ignez de Paula Mattos. - Rosa Maria Bonilba casada com Pedro Líberato de macedo, pais de 39.DONA ANTONIA MARTINS DE MACEDO (M~re Cecilia do Coração de Maria) ADENDO As Irmãs Franciscanas do Coração de Maria DÍlIDifes· taram ao autor Jair Toledo Veiga sua gratidão, eoçaminban­ do-Ihe um excelente trabalho artesanal da Irmã Maria Lavútia, ClD talagllrça, trazendo afigura do.....,1so Francisco de Assis, em cujo rodapé do elegante qnadro escreverBlÍl 05

versfculos: O Senhor te abençóe e te guarde,

O Senhor faça brilhar sobre

Ti 'SUa face e se resplandeça diii.

O Senhor Vóiie Para Ti o seu rosI!! e te de a Paz!

(Num. 6:22-26)

ASeeretária Geral da Congregação, em nome da Supe­

riara Geral, Irmã Armanda Franco GomeI de ~ dirisiu ao autor expressivo oficio de agradecimento, _ centando que o trabalho 'Biogralia de Madre CeQIia do

. Coração de M8iia, fundadora da Coogregação', é de graode

valor para a Congregação, devendo ser e»camiobadQ ao

processo de Beatificação da veoeraoda fundadora.

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MONSENBOR MANOEL FRANCISCO ROSA

INTRODuçÃO

Esta despretensiosa biografia de Mons. Rosa nada mais é que uma compilação de dados e informações referentes a uma das personalidades que mais se destacaram e marcaram a História da Comunidade Piracicabana na primeira metade do século xx, quer pela sua longa vida a serviço de seus irmãos, quer pela coerência de s!la existência consumida em quase cem anos de dedicação ao próximo e a serviço a Deus. seu Senliol'. Nessa giganl86ca caminhada produziram-se efeitos que podem. até hoje. quase neste final de século de tantas tribulações e muitas luzes. acender as esperanças e confirmar na fé a muitos cidadãos piracicabanos. Pessoas que. com dig­ nidade, desempenham importantes funções no desenvolvimento da comunidade. A pesquisa biográfica de Monsenhor Rosa foi extremamente simples de se:'obter oom clareza e veracidad.e. mercê de biógrafos que o co­ nheceram, conviveram com ele e também havidas c0!l10 pessoas de grande porte e credibilidade. Entre tais pessoas, ·Monsenhor José NÍIrdim, historiador nato, que com ele conviveu, comim­ gando a sua intimidade exterior e interior, numa transcedênCÍa tão bem compreensível entre aqueles que professam 'a fé Católica Rumana e MensenOOr Mendes, sendo que o primeiro foi confessor e penitente de Monsenhor Rosa. O Joma! de Piracicaba é outro depositãrio fiel, documentando a História de Piraciéaba no século XX e, necessariamente, dando ênfase espe­ cial à figura de Monsenhor Rosa. Inseridos nesse registro da cidadania piracicabanà, escritores ilustres, alguns seguidores de outrasoonfissões e credos religiosos e até mesmo confessos ateus reverenciaram para a posteridade, oom o vigor lIe suas penas. o porte desse Homem de Deus. Entre eles. professor e jornalista l..eandro Guerrinl, Professor Elias de

Mellõ Ayres (católico praticante), Or. Salvador de Toledo Pizza, Joao Chiarini, Or. Losso Neto e Prol Radamés Accorsi. Ouandohomens dignos que professam outros credos.!el!&iosos reivindicam oara MODSenhor Rosa, a denominação de 'USimto CoraD~Ara·. Piracicaba, é de exigência que o núcleo da Igreja Católica de Piracicaba tome providências no sen­ tido, começando pelo mfnimo,·a iniciação do processo de beatificação do instrumento de DIU&, jumo a Piracicaba, que foi Monsenhor Manoel Francisco Rosa pois seria justo o clamor de toda Piracicaba . Procurei ouvir e anotar depoimentos de pes­ soas que conviveram com Monsenhor Rosa: afeiçoados simpatizantes, pessoas simples; de grande dltlrenc)ação cultural. e científica; quase todos humanistas, representantes das ooDfissões religiosas existentes em Piracicaba à épOca de sua invejável existência; maÇons, políticos, positivis­ tas. ateus e indiferentes à dogmática católica Procurei insistentemente, pessoas que pudes­ sem Caier restrições ou levantar senões dos atos e vivência de Mans. Rosa e não consegui um únioo depoimento que justificasse incluir, nessà' biografia, algo de suspeiçã\). Submetendo esta pesquisa .ao Instituto Histórico e G~ tie-Piracicaba, apelu, em nome da verdade, que seja contestado eventual deslize que possa ter praticado para a devida correção. Para a minha vaidade, OOnfe5SÕ ter ficado edificado com os depoimentos que obtive a respeito. desse excepcional patrono; da transparência de virtudes e da fidelidade pastoral do servo de Deus na dignidade de Sacerdote. V~ sujas. puidas. desinteresse total por dinheiro e bens materiais, sermões repetitivos, ndtória dificuldade de oratória nas homJlias no final de sua vida edificante e plena capacidade de perdoar, principalmente quando era tlle próprio a

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vítima; distribuição de bens pessoais, QlflIcterlsticas da caridade, eis o que lhe apon­ tavam como defeitos . Uma única vez de que se tém notícia, foi agredido fisicamente por um demente e perdoou­ o, d,e imediato, caosando espanto aos seus paro­ quianos.. Desinteresse pela política e pelos polftlcos, simplicidade extremada nas suas atitudes. Seria isso defeito? Ou virtude!? Procurei, na investigaÇllo, infórmaçôes com os vizinhos mais próximos da casa paroquial. Incluí depoimentos de Dona Chiquita Ar­ ruda, dos Pachecos que lhe cederam a casa paro­ quial, do Dr. João José Correa, médiéo que o conheceu quando menino e vizinho e acompa­ nhou sua longa trajeMira, afirmando que Moas. Rosa nunca foi doente e que morreu por senescência e não por senilidade, faltando-Ihe a visãopela catarata. Eo depoimento de Dona ValentínaNogueira de Campos Toledo, a E>ona Lili, esposa do Dr. Lula, que, inúmeras vezes o ajudou, com outras senhoras da comunidade, desde as sotainas e calçados, roupas íntimas, arranjOs. cama, cober­ tores e sobretudo agasalhos. Com relaçãcr a isso, disse Moas. Rosa: ''Deus é bom e previdente ­ desde que ganhei o casaco, não mais passei frio: Colhi informações dentre as Missionárias de Jesus Crucificado, filhas espirituais de Dom Bar­ reto, bispo de Campinas e, que de Campinas­ povoaram o Brasil com .suas obras missionárias e entre elas o depoimentb sincero de Irmã Maria Bstella·de· Mello Ayr-es que-o exaltou pelo total apoio que deu às Irmãs e suas obras na difusão da fé em Nossa Senhora e no socorro aos pobres. Há os depoimentos de seus superiores. Dom Ernesto de Paula, 12 bispo de Piracicaba que me acolheu em sua modesta residência em São Paulo, afirmou-me que sem a dedicaçao de Moas. Rosa, a catedral de Piracicaba não teria sido erguida tão rapidamente. "Quando se viu Moas. Rosa erguer a primeira telha houve profunda emoÇlio no pcrvo religioso que ali se aglomerava para evento". De Dom Aniger Francisco de Maria MeüIIo, 22 bispo de Piracicaba que dedicou a Mons. Rosa,

o

em sua I' carta pastoral, a homenagem e preito a todos os sacerdotes da Diocese' de· Piracicaba na figura desse insigne Past.or na condiç(io de pároco auxiliar, quando para aqui veio como jovem sacer­ dote. Dom Aniger, figura impar do episcopado brasileiro, por virtudes próprias, exemplo de san­ tidade e humildade, pastor e servo, filho do casal protótipo católico: Regina e Vicente Melillo, teve um privilégio: o d!, ordenar, éomo Bispo, seu próprio pai, viúvo, sacerdote, aos 83 anos; isso por especial deferência do <;ardeal Agnelo Rossi que intercedeu junto ao Papa Paulo VI e conseguiu esse evento. Pessoalmente me disse D. Aniger ter por Mons. RoSa, uma reverência especial por ter sido seu coadjutor, confessor e penitente, pai e irmão.

E mais ainda,·muito recente!llenté, o Cardeal Decano presidente do "senado" da Igreja, o EminentlssimoDomAgnelo Rossi, por ocasião da vinda privilegiada que fez a Piracicaba, tinha.bem viva em sua lembrapça, a figura de Mons. Rosa e tendo também a avaliação de Dom Eduardo Koaik, Bispo de Piracicaba, refeunciou as Vir­ tudes do sacerdote, por cônhecimentO próprio quando era membro do clere:> campineiro. Reforçou a idéia de iniciação do procesSo de Beatificação de Mans. Rosa. Aliás, essa tese contou com o apoio de Dom Mauro Morelll, Bispo na baixada flmníneuse e do clero daquela dioc:esc:. O Catolicismo Brasileiro conta,· é verdade, com o"Qeato José de Anchieta, de origem por­ tuguesa mas·eonsumido existencialmente no Brasil e que é um dos processos de santificação ainda não concluídas. De um português, não de um brasileiro. . Neste imenso país, onde o catolicismo tem .uma de suas grandes bases, é necessário apontar para a inicial beatificação, exemplos de vida, exemplos que venham orientar no sentido de revelar santificação. Nesse caso, não' se pode ex­ cluir o nome de Mans. Manoel Francisco Rosa. Os beatos são exemplos edificantes de vida que mostram para os fiéis o modelo' cristão a ser seguido nesta vivência terrestre.

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Nãõ por bajrrismo.mas por reconhecimento aos méritos confirmados pell\ graça de Deus, Mons. Rosa é um candidato naiural; candidato perfeito; candidato ideal à beatificação.

"Existem homens, que por uma configuração especialmente favorável de seus traços de caráter, pelo brilho da inteligência e pela posse de co­ nhecimentos, são capazes de captar o espírito do seu tempo e desenvolver, de maneira proveitosa, a sua existência;

Existem outros homens que, por um privilégio especial, independentemente da realidade existencial são capazes de captar, com rara sensibilidade, a essência da própria existência e da vivência dos. humens com quem convivem. BldStem,ainda, alguns poucos homens que possuem o dom especial de captar o espírito do seu tempo; e indo além percebem o que é essen­ cial na natureza humana, em qualquer época. Pas­ sam a possuir o mundo sensorial rmma dimensão tão mais simples que e1'trl\P,Ola as suas próprias limi~.·

TOIlIaI)l-se carismáticos e apresentam, quase sempre, um perfil comum. Acumulam, dentro de si, .sabedoria e humildade; disciplina interior e desapego; firmeza nas resoluções; caridade; pureza de sentimentos e entrega total de si, numa singeleza de sábio e de santo. Assim era Mons. Rosa, um homem extrema­ mente simples no exterior e extremamente profundo nas bases da fé-:-Coofiante nos homens e no Deus dos homens porque se sentia um servo de Dens e, para o servo, a simplicidade é o fluxo que emana do próprio Deus.. . Ele procurava a graça de Deus e vivia nesse estado de alma. . Agraça pressupõe a natureza Mous. Rosa em sua longa existência, <;onfirmou a integridade dessa natureza. Noventa e um anos de vida dos quais cinquenta e cinco consumidos em sua querida Piracicaba. Numa doação espontânea e integrada em Sacerdócio e homem. Nascido em São Roque, no distante 26 de Abril de 1874, festa

litúrgica de Nossa senhora do Bom Conselho; coincidência ou nãO, passOu pela vida buscando entender a palavra revelada pelo Filho. Procuran­ do se aplicar nela e apliçá-Ia a cada situação par­ ticular dos que lhe vinham pedir conselhos, orientação e awdlio. Singelamente explícito, mas profundamente fiel. Para esse pastoreio preparava-se através da meditação, da oração e da penitência, expressan­ do os resultados,pelas atitudes sempre tranquilas. Seus pais oram Antonio Claudino Rosa e . lzabel Fraucisca de Morais Rosa. Viviam na fazenda Boa Vista, no município de São Roque, S.P., Brasil. Muito cedo foi alfabetizado (fato raro na época) e ainda quando cursava o primário, recebeu, pela primeira vez, a comunhão, na manhã de 08 de dezembro de 1881, com 13 anos de idade; dia da festa' litúrgica da Imaculada Q:Jnceição de quem se tornou profundO devoto. Veio a vocaçãoparaosarerdócio. Seuingres­ 50 ao seminário Iléu-se doisanosdepo~ Tudo leva a crer que o despertar da vocação religiosa tenha ocorrido no princípio de sua adolescência. No infciode 1890, entrou pará o seminário Diocesano. de São Paulo, no Bairro da Luz, com 15 anos" incumpletos. . Fez, naquelé seminário, os cw:sos: Básico,' Fdosofia e Teologia. Segundo seu biógrafo. MOns.'José Nirdim "a simplicidade de' Mons. Rosa era congênita. Revelou-a desde os tempos.de. seminário. Era tal virtude, PJ\'r~onificada nele. Estuâioso, de memória prodigiosa, foi conhecedor de várias lfnguas: o francês, o espanhol, o italiano. mas se aprOfundou de tal forma no latim, qU8 era essen­ cial naquela época, devido a liturgia toda ser ex­ pressa em tal idioma a ponto de poder traduzir corretamente qualquer obra para o português, in­ clusive os clássicos. Era conhecedor da História Universal e História do Brasil Por opção religiosa foi estudioso da Teologia e da Sagrada Escritura. Sep português era castiço.· Os seminários, naquefa época, eram escolásticos, exigentes nos currículos e na dis­

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ciplina de vida. O. Padre era o formador, pela palavra e pelo exemplo. Até a possibilidade de ordenaçao que levava,. de estudos, em média 10 anos, o candidato ao sacerdócio, era testado, investigado e provado além de receber uma sólida formação religiosa e humanística. "Vitti, Generi et Morbus" é um "dossiên sobr~ a evolução e desenvolvimento do seminarista até a sua ordenação. O de Mous. Rosa encontra-se no arquivo da Cúria da Arquidiocese de São Paulo. Sua formação teológica foi centrada em São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, o que nos faz entender a segurança de suas convicções religiosas e conhecimento da natureza humana.

Nesse período de sua formação incorporou as bases da vida religiosa: Pobreza, Castidade e Obediência,. virtudes essas, só exigidas em regras conventuais. . A pobreza é um elemento essencial à vida religiosa. Seus fundamentos são evangelfsticos e toDÚStiCOS. Na suma teológica n -n AC. Q66 - Art.. 2. Os bens são destinados à Comunidade: "Quanto ao uso, o homemilào deve possuir os . bens exteriores como se lhe fossem próprios, mas como sendo de todos. no sentido de que se deve estar disposto a partilha'r com os necessitados." ­ E maiS ainda São Tomás aerescenta: "Peca-se coa­ tra todos não fazendo com que aproveitem dos bens que se tem." Segundo Santo Ambrósio:- "Que uinguém chame de seu bem próprio aqullo que é comum." e chega-se ao .conceito dOS-llpl'Opliados e do seu gozo. - "Tudo aqullo que ultrapassa o necessário é adquirido por violência." Q. 66. 3rt. 2. Ad. 2 São Tomás diz, "deve" - Não apela para a generosidade - dita-lhe um dever e conclui ­ •Aquele que foge a esse dever é um culpado." A pobreza é apresentada como um valor .no Evangelho - "Bem aventurados os pobres." A pobreza aparece, antes de tudo, como uma libertação. Os bens da terra aprisionam o homem aos desejos da terra e fazem com que o homem volte para si.

É pois necessário a eles renunciar para seguir o Salvador, ainda mais como Sacerdote. M~ns. Rosa, através da ""da cultivou a pobreza emsi., tão despojado quanto possível, dominado pelo desejo da perfeição "nada ter para só ter Deus". A pobreza absorveu toda sua vida numa característica quase alaJ'mante. Todos os que conheceram Mous. Rosa são unllnimes em afirmar o desapego desse Homem de Deus. "Mal r~bia um presente ou dinherro, doava-o para os pobres, certo de que em sua pobreza era rico em dar: Seus paroquianos e amigos que eram muitos, tentavam. em vão, suprir sua modesta casa; ·quan­ tas vezes encontravam, em seu quarto, o colchão desnudo; no frio, sem cobertor pois havia dado aos pobres porque quem batia' em sua porta não sala • de ntão vazias. Só não dava sua surrada batina, porque na realidade ninguém a queria, e era uma ' veste Sl;lcerdotaL Depois de sua morte, um sobri­ nho apareceu para receber os bens pessoais de Mons. Rosa: uma ~ patente, poucas roupas pessoais, um breviário.e um genuflexório - foi essa sua herança material. 'Depois de 91 anos de exis~nciaquebeHssimali~,mostrandoquedo

mundo só se leva o mérito dos bens que se faz, A mfstica da pobrezá vivida por Mous.'Rosa até as últimas consequências se fundamentou em São Tóntãs, pois adquiriu vibração intensa por obradohwmMeSantode~

Era terceiro Franciscano, e nessa condição vivia aregra Franciscana de 1221::Aregraéavida dos.frades e consiste em VÍYeF-elll obediência, em castidade, sem propriedades, na 'mais pura ;obreza, segundo a doutrioa e os passos de N. S. Jesus Cristo, observaodo o Santo Evangelho: A humildade reclama o desprendimento, o abandono e traz como exigênciaúniea, o desejo de . ser pObre, totalmente sem posse material. "Não vos preocupeis com a vossa vida." "Procurai, em primeiro' lugar, o Reino de Deus e asua Santidade, e o resto vos será dado por acréscimo." Mons. Rosa viveu desligadq das riquezas .e durante toda sua vida procurou se desfazer de todos os símbolos que lembrassem essa vã

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ambição. Acredjtava, com uma convicção francis­ cana, que a posse de bens exige armas para defendê-Ios e para tal se violam oAmor de Deus e do Próximo. Coosequentemente, sua porta sempre permanecia aberta para quem quisesse entrar em sua casa, se abrigar do pouco que en­ contrasse. Por identificação com São Francisco de Assis procurava viver o "privilégio da pobreza.' "Queos irmãos de nada se apropriem, nem de casa, nem de lugar, nem de objeto algum. E eis a excelência da superior pobreza. Seja ela a nossa herança." - São Francisco de Assis. Eis aí a chave para interpretar o ato de sua ren6ncia ao Curato, não aceito por criação da. Diocese de Piracicaba, quando tinha 73 anos, tão bem descrito pelo Mons. Nardim. Voltando às bases da vida religiosa, dissemos anteriormente que eram três: a pobreza, a cas- . tidade e a obediência. A castidade está ligada a uma concepção, segundo a qual o religioso, por voto, em vista de se santificar, renuncia fundar um lar e fazuma entrega de toda sua vida ao seu Deus. Imola, como sinal e estímulo à caridade pastoral, osdesejos tão comuns a todc»os homens e adquire uma fonte especial de fecundidade espiritual. Não é exigida pela natureza do sacerdócio, mas se ajus­ ta de mil modos a ela. . Pressupõe uma educação peculiar. E uma constância a: toda prova. Durante a sua formação sacerdotal, Mons. Rosa se ajustou de tal maneira ao exercfcio da castidade que dele se pode falar que Deus o poupou da concupiscência. No trajeto de sua longa vida sacerdotal não houve, uma única vez, um únicocOmentárlo malidÍ$Céntecomo respeito a tal virtude. Era um homem comedido, respeitador e educado ao ritual de que não bastava ser, mas era preciso, também, demonstrar, por atitudes acima de qualquer suspeita, a que vinha e porque agia de um modo irrepreens(veL E de Mons. Rosa, nunca, ninguém pode, nos clnquenta e quatro anos.que viveu em Piracicaba, insinuar, mesmo que de leve, o mínimo resvalo de conduta.

Era um pontu de honra em sua existência e que jamais foi questionado.

Sabia manter a uma respeitosa distância uma interlocutora mais espontânea e ao confessionário se atinha à orientação da alma penitente. Niio se deixava envolver por lllIIizades pessoais. Visitavaseus paroquianos. era respeitado por eles e se fazia respeitar:· Tinha amigos. Nao intimidades. A consagração a Deus na vida sacerdotal ex­ pressa-se pela submiss1lo às regras a que se impôs e aos superiores eclesiásticos. A obediência, interpretãda como meio de santificação, não diminui a dignidade da pessoa humana e necessariamente leva a uma liberdade mais madura, .pois ela se submete a uma comunhão -CÇ\Ill hierarquia. Sendo ativa, voluntária-,e responsável torna-se uma virtude peculiar do ministro do ensinamento de Cristo, estimula a coope~o torna-se uma expressão da caridade pastoral, vinculada, que fica aos demais sacerdotes, ao Bispo e ao Papa. Sua expressão maior é sentiirse Igréja. Essa unidade dá o sentido decatolicidade, istoé, universalidade. Através dessa concepção católica é que Mons. Rosa, pároco de Sto. AntOnio, na então pequena cidade de Piracicaba, entrava em l<OlD1llibão com a Igreja Universal,.de seu mundo e de seu tempo. Na manhã de 22 de dezembro de 1900 foi ordenado 'sacerdote em São Paulo, "os pres!Jfteros, pelaordenaçii.Q e miss1Io,ue rece~m do Bispo são promovidos para o semÇQ do Cristo Mestre, Sacerdote e Re~ cujo ministério passam a participar, com poder p~óprio." Passama exercer publicamente o õfício sacer­ dotal em favor dos homens e em nome de Cristo. Através de um sacramento - o da Ordem - são assiniilados, com caráter especial, co~ados com Cristo Sacerdote e participam do múnus dos apóstolos. A finalidade primeira desse ministério é arlunciar a palavra de Deus e não a sua própria sabedoria. Deve santificar-se, sobretudo pela Eucaristia e pelo OfIcio Divino e governar o Povo

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de Deus; seu pude( é dado para edificação, para servir e educar para a maturidade cristã. Suas relações com os bomens devem ser de i.rmão entre irmãos. Através desse ministério é que a Igreja ter­ rena não cessa de edificar-se num povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Nesse sentido se amoldou, com profundo ajuste, a pessoa de Mons. Rosa. Vamos observar, na longa trajetória sacerdo­ tal de Moru;. Rosa, sempre a fidelidade total a seus comp'romissos assumidos no dia de sua ordenação. E importante ressaltar os testemunhos dos Bispos a quem serviu, dos presbíteros 9Ue con­ viveram com ele e dos leigos que tiveram o privilégio de servirem, com esse autêntico servo de Deus, à causa de Cristo. Na carta de saudação do 2g Bispo de Piracicaba, Dom Aníger Francisco de Maria Melillo encontramos o seguinte texto:- 'Saudando o nosso clero, é-nos gratíssimo sublinbar a figura venerada de Mons. Rosa, expressão IIdima das alturas a que chega, no coração do povo, o sacer­ dote dedicado ao ministério sagrado. Nos seus cinquenta anos de paroquiato, O:seu ex-coadjutor, osculando-lbe. as mãos sagradas, homenageia o clero piracicabano." Ou ainda o testemunbo pessoal de Dom Ernesto de Paula, IV Bispo Piracícabano: "Quase diariamente reCebia a visita de Mons. Rosa e essa visita era como um traço luminoso de amizade,' que despertava também os outros para o mesmo carinho para com o Bispo." hA Piracicaba de Mons, ·Rosa sempre foi pródiga para suprir as necessidades da Diocese, ou ainda tudo de bom que se pode falar sobre esse admirável sacerdote é extremamente pouco;Foi exemplar sempr~." Com ele ordenou-se Francisco de Campos Barreto que mais tarde tornnu-se seu Bispo. A simplicidade era uma característica do sacerdote. Com extrema simplicidade Viveu. Com extrema simplicidade morreu. Dom Barreto, Bispo de CamYÍnaS, dividiu a sua Diocese em quatro vigarias Forâneas, sendo Piracicaba sede, sob o patrocínio de Santo Cura

D'Ars e o cônego Rosa, seu primeiro vigário Forâneo. Fez..se a escolba de Santo Cura D'Ars.como patrono desse território onde coube ao então cônego Rosa o pastoreio dos fiéis. Compreendia as paróquias dos ramais da Sorocabana e Paulista vindos de Campinas. Provavelmente tenba sido providencial tão acertado título: Cura D'Ars. , Se algum dia bouvera indícação de um Sto. Cura Brasileiro, Mous. Rosa poderá servir como paradigma com mérito e justiça. . Em 1901, logo apóS'sua ordenação, foi coad­ jutor da Paróquia de Santa O:cflia em São Paulo. De 1902 a 1910 foi pároco de Nosso Senbor do Belém de Desca1vado e em 20 de Fevereiro de 1910 foi nomeado por Dom Nery, bispo de Cam­ pinas, pároco de Sto. Antônio de Piracicaba. E aqui ficou até sna morte. . O párocõ se entregll" à cura das almas em determinada parte de uma diocese. Este pastore\o significa ensinar, santificar e rezar de tal modo que os fiéis e as comunidades se sintam realmente membros da diocese e da Igreja Universal. A cura de almas deve ser animada pelo .espírito missionário e se estende a todos os moradores da paróquia.' No desempenho do magistério é dever dos párocos pregar a palavrà de Deus a todos os fiéis, a fim de que, fundamentados na fé, esperança e caridade cresçam os Cristãos e' a comunidade, tes­ temunhando o Senhor. Ptilà catequese é deveidO-párOcp levar os fiéis \10 pleno conhecimento do mistério da salvação. Através da celebração do Sacrifício Eucarístico, centro de toda vida cristã- deve o pároco estimular os fiéis,à prática de recepção dos sacramentos e à participação consciente da litur­ . giaedosacramentodapenitênciacomumabumil­ dade apropriada à da. vida cristã. Visitar as casa, escolas, obras de caridade, instituições e desenvolver, em particular, a caridade com os pobres, enfermos e necessitados. Essas foram as balizas do desempenho sacer­ dotal de Mons. Rosa em mais de meio sécuio na

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condiÇão de pároco e depois eura da Catedral de Santo AntOnio de Piracicaba. Os depoimentos que obtive' foram redigidos por paroquianos de Mons. Rosa, que o .cõn­ heceram profundamente. Os outros depoimentos orais foram feitos por rapazes (hoje senhores) da Associação Mariana que congregava muitosjovens na época. Frequen­ tavam a casa paroquial com a liberdade de moradores junto ao Mons. Rosa. Ainda outrás informações foram prestadas por seminaristas na época, hoje sacerdotes. Por ex-Filhas de Maria. associação feminina fundada por Mons. Rosa e pupila de'seus olhos. Por missionárias de lesus Crucificado, aqui instaladas sob sua aprovação e proteção. Yoi" membros de fam1lias de amigos que eram visitados por MoDS. Rosa. . Por freiras que aqui exerciam suas atividades na ocasião. . OutraS informações foram selecionadas de pessoas credenciadas entre as quais, sem desprestígio das demais ~demos citar: Dom Ernesto de Panla, 12 B~'de Piracicaba, resi­ dente em São Paulo; Dom Aníger Frimcisoo de Maria Melillo, 2lI Bispo de Piracicaba, falecido; DomAngelico SAndaloBernardiun, bispo auxiliar de S. Paulo e primeiro piracicabano sagrado Bispo; Doní Mauro Moreli, bispo de Duque de Caxias na Baíxada Fluminense; Dom Agnelo Rossi, cardeal Decano da Igreja Católica Apostólica Romana; Mons. losé Nardim, p4roco em- Piracieaba: Mons.-Mendes, residente em Piracicaba, seminarista e sacerdote na época bis­ toriada; I~ã Maria Estela Ayres, missionária de lesus Crucificado; Dona Uli Nogueira, esposa do Dr. Luis de Campos Toledo (Dr. Lula), médico e amigo pessoal de Mons. Rosa; Dona Chiquita Ar­ ruda, vizinha e uma das provedoras da casa paro­ quial; Dr. loão losé Correa, vizinho e amigo; Tércio Mendes de Campos, ex-mariano que cuidava voluntariamente do asseio pessoal de Mons. Rosa e o acompanhava quando ele era solicitado para visitas aos doentes e morimbun­ dos; Cacilda Silveira de Moraes, ex-filha de Maria,

integrante!faação católica e participante ativa dos movimentos religiosos no tempo de Mons. Rosa. Todos os depoirnelltos foram analisados, comparados para comprovar à veracidade. Ninguém pode negar que Mons. Rosa era um Santo Sacerdote. Mons. Rosa mantinha uma relação muito evangélica com a políticà. Reivindicava o que "era de Deus a Uéus e a César o que era·de César." lfespeitava a autoridade constituída ou delegada e se fazia respeitar por ela. Não se envol­ via em contendas pártidárias e se portava como um sacerdote. Sua casa era de todos e no confessionário, segundo testemunhas de sua época, ouvindo pessOas com envolvimento partidário, se atinha às coisas de Deus. Levava bem presentes os ensinamentos de Pio X. de 1910, na enáclica "Sobre os Erros de Sillon" - "A autoridade, é certo, emana de Deus, mas reside pr:inPpalmente no povo e da{ deriva, por via de eleição, ou melhor ainda, de seleção, sem, por isso, deíxar o' povo' e se torna inde­ pendente dele: ela será exterior, somente na aparência; na realidade, elaserá interior, pOrque será uma autoridade consentida. Se o poder emana do povo, aqueles que os exercem na sociedade, nAo o fazem com autoridade propria, mas como uma autoridade a eles delegada Pelo povo e,sob a condição dç poder ser revogada pela vontade do povo 'de quem eles a receberam."... ,·Os que presidem o:govemo da coisa pública podem bem, em certos casos, serem eleitos pela vontade do povo, mas essa escolha designa o governante, não lhe confere a autoridade de governar, não lhe delega o poder. Apénas designa a pessoa que dele será investido."... ·0 povo continua a Ser o detentor do poder..." Nessa condição de proeurador do poder do povo, o governante, a autoridade, era entendida por Mons. Rosa. PoucOs e ratoS são aqueles que assim entendem o poder do mandatário. , A Tese Paulina de submissão à autoridade para as coisas de César previa, necessariamente, todas as'etapas possíveis de sociedade humana. E

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ao seu tempo os eventos impeliam para a democracia e coDSÓlidação da República. Nascido ainda no final 'do regime monárquico, por estudos e testemunhos sabia como nascera a República. A influência dos iluministas e dos positivistas. O "Syllabus" de Pio IX - documento doutrinai contendo os principais erros que se espalhavam pelo mundo católico debaixo dos rótulos da ciência, da civilização e do progresso, era matéria constante nos currículos dos seminários. No Brasil, os porta-estandartes desses desvios eram perfeitamente identificados. Em Piracicaba, seus redutos eram o "Partido Republicano e a Loja Maçônica que praficamente se fundiam num só todo. O Positivismo de Augus­ to Comte era o traço de união entre essas forças políticas. Na primeira metade do século xx, a disputa do poder civil em Piracicaba girou, basicamente, em tomo desses agrupamentos e a ruptura desse ciclo determinante só vai ocorrer na segunda metade do século por uma inspiração de ordem social. O poder civil se transfere necessariamente da elite aristocrática nativa parÍ!'os senhores das terras; destes para os profissionais h'berais; chega às mãos dos empresários e comerciantes e desem­ boca nos trabalhadores. O poder civil escapa da dorniÍlllção maçônica-positivista, por um enfra­ quecimento dessas forças ocorridas coincidente­ mente na revolução de 64. O inchaço de Piracicaba, ocorrido nos anos 70, com o afluxo maciço de imigrantes do norte,do pais para o corte de cana e.a suprir pelo surto de desenvolvimento industrial com a implantação de seu distrito industrial, desequilibra o controle anterior polftico e seus cacifes eleitorais, des­ caracterizando o processo seletivo e restrito tão evidente na metade primeira do século. Mons. Rosa assumiu, em 1910 a Paróquia de Piracicaba; em 20 de Fevereiro, das mãos do Cônego Marçal Ribeiro. A cidade encontrava-se dividida em frações favoráveis ao anterior vigário, Mons. Soledade, e aos que exaltavam as virtudes dos frades capuchinhos. Dom Nery, bispo da Diocese de Campinas à

qual Piracicaba pertencia, providencia/ínente es­ colheu para vigário de Piracicaba um padre secular que era um terceiro francisc@o. Os frades càpuchinhos haviam se instalado ' em Piracicaba nos anos 90 do século XIX. Eram frades da região do Trento. Alta Itália, seguidores da regra de São Francisco, já comen­ tada no inicio desta biografia e que, por ordem papal, deveriam seguir a regra franciscana de amor à pobreza e divulgação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A essa devoção con­ sagraram a Igreja hoje chamada popularmente "dos Frades". No final do século passado, devido à imigração italiana que veio para substituir, na lavoura do café, o trabalho do negro escravo era grande o contingente peninsular em Piracicaba, e assim, por afiíúdade quer racial' coÍno'lingufstica, procurou-se a identificaÇão com os discípulos do "povaréllo". O maior contiDgente imigratório de além do mar provinha de regiões de Alta da Itália e na­ quela época a nacionalidade itallana ainda nlio tinha a consistência de hoje, pois a independência da Itália é bem posterior à independência do Brasil. ESsa afinidade com os frades da Alta Itália se fez repercutir em Piracicaba, nos imigrantes e descendentes provindos dessa regiãÓ. Alàstrou-se como rastilho aos meridio. embora minoria, mas ligados ao grito de 'independência de Garibaldi Para os, i!nigrantes italianoS, no inicio do século xx, a Itália como nação, não fazia muito Sentid9. mas tinham todos, raízes seculares nas regiões de que pI:Ovinham e os frades, .aléni de falarem a língua comum ainda eram discípulos de São Francisco. Mons. SOledade nlio poderia entender e avaliar essa du;ilidade em sua paróquia. Não era própria de cristãosl Porém, Mous. Rosa, aqui chegando, de imediato procurou os capuchinhos, tomou-se penitente deles e na condição de Fran­ ciscano 3°, incorporou.:os li sna paróquia, quer como padres roadjutores, quer como pregadores

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e a unidade católica restabeleceu-se pela sin­ geleza do bom senso. Durante os cinquenta anos 'de seu vicariato soube manter uma relação harmÔnica com a co­ munidade franciscana. Beueficou-se dela e por ela soube contribnir. Somou e não dividiu. O mesmo soube fazer com Mons. Martinho Salgot, originário da Espanha e condutor da paróquia do Bom Jesus, situada no bairro Alto, hoje cidade alta por estar no topo de uma colina. Seu lema era integrar e soube, até o fim. Integrar e aceitar para o bem da Igreja, paróquias, capelas e instalação do tiispadu. Possuía a virtude da conciliação. Foram longos anos 'de integração harmônica onde a postura simples mas altaneira de Mons. Rosa, conseguiu se impor, sem conflitos. Sabia a hora certa de renunciar por um ideal maior, de encolher para o Reino de Deus aumentar. Consciente de suas limitações como pregador da palavra convÍdava e acolhia, com imensa gratidão, os oradores que aceitavam seus convites, principalmen te nas màiores ,celebrações litúrgicas. Quando a idade avançou e devido à catarata bilateral, passou a ter dificoldade no esquematizar suas pregações. , "Oportet Illum Regnare" - tese paulina, esco­ lhida e inserida posteriormente no Brasão de um Bispo Campineiro de Joaqniru Egydio, presbítero da mesma igreja particular a que pertencia, bem poderia ter sido o seu lema.. Em 1937, a Igreja de Campinas.acolheu um presbítero que se ordeoava em Roma. Filho de um imigrante italiano, colega de colégio de muitos piracicabanos, no liceu dos Salesianos de Campinas, o jovem Pe. Agnelo Rossi tornou-se irmão de Mons. Rosa. Logó após a morte de Mons. Rosa, aquele sacerdote, então cardeal Arcebispo de São Paulo, por ocasião do bicentenário de Piracicaba aqui esteve e fez questão de visitar e orar no túmulo de Mons. Rosa, na cripta da Catedral de Santo Antônio de Piracicaba. Em sua visita a Piracicaba em 15 e 16 de julho de 1990, o Eminentíssimo Cardeal Dom Agnelo

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Rossi, hóje Decano do Colégio Cardinalício, ex Prefeito da Santa Sé, ex Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, ~ar direto e substituto 'eventnal de Sua Santidade o Papa João Paulo n, recordou com precisão a figura de Mous. Rosa. Com invicta percepçáQ Dom Aniger Francis­ co de Maria Melillo, ']!I bispo de Piracicaba, ex coadjutor de Mons. Rosa, quando da morte deste biografado, tão humilde quantó insigne, reservou­ lhe um local nj cripta da Catedral. Ali seriam postos seus despojos. Esse local, tadicionalmente reservado aos bispos da Igreja, acolheu, para a veneração dos fiéis o corpo do Cura D'Ars de Piracicaba. O Monsenhor , o amigo, o vigário. Medida providencial que o futuro irá valorizar. Esse mesmo futuro reservará a Dom Melillo - ex coadjutor de Mons. Rosa, o reconhecimento do desempenho excepcional na condução da diocese nos anos diffceise atribulados emque aqui exerceu o seu Munus Episcopal Homem predetermina~o geneticamente para ser santo: e que por mérito próprio se aperfeiçoou, a seU pai viúvo. ordenou sacerdote por especial deferência do Cardeal de São Paulo de então, Dom Agnelo Rossi. Esse aconteêlmeuto ímpar na história da igreja católica no Brasil, possui um significado especial e na genealogia eclesiástica, no seu devido tempo, fará sentido, pois todas as linhas ascendentes, ~entes e acessoriais falam alta­ mente a favor do biografado. ,.No final de sua vida,. enfermo pela idade, enescente,'tnaS não senil, segundo depoimento do Dr. João José Correa, ex colega de Dom Agnelo Rossi nolicen Campineiro. vizinho desde menino de Mons. Rosa, médico conceituado e respeitado por todos os seus colegas de profissão, de antiga estirpe piracicabana, ex diretor clinico da Santa Casa de Misericórdia, por anos, irmão da misericórdia, tecoilhecido pelos piracicabanos por sua honestidade e integridade, chefe de família exemplar e cidadão de respeitabilidade incontestada, Mons. Rosa recolbe-se a Santa Casa aspirando adentrar na eternidade. Por insistência de seu amigo, Dr. Luiz Gon­


zaga de Campos Toledo! o estimado Dr. Lula dos piracicabanos, então diretor clínico da Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba e primeiro Presi­ dente' além de fundador da Regional da Associação Paulista de Medicina, Mons. Rosa optou pela residência final de sens dias na Santa Casa local. Essa mesma Santa Casa de Misericórdia que arrebatara das mãos de dirigentes maçons - segun­ .do Mons. Nardim, seu biógrafo maior, quando no começo do século aqui em Piracicaba chegou na condição de vigário de Santo Antônio, devolvendo ainstituição,hojesecular,àssuasorigensdehospi­ tal, prioritariamente dedicado à pobreza e que hoje está. novamente a exigir o retomo às suas origens:- Instituição pertencente à comunidade piracicabana destinada prioritariamente à pobreza e secundariamente a quem possa pagar. Mons. Rosa, mn dos patronns dessa entidade assistencilll de elevado PadrOO. seria capaz de sair da cripta da Catedral para reconduzir essa en­ tidade católica aos sens fundamentos caso não encontre piracicabanos atuantes e vivos em condições de·atender ao clamor da população e de todos os cristãos que contribuitlj):ll. nesses últimos cem anos, para erigir a entidade que de fato e de direito pertence a toda Piracicaba. Em 7 de Junho de 1965, Mons. Rosa expirou na Santa Casa de Piracicaba. Assitiam-no, no ato da entrega de sua alma à Deus, Dom Aniger, seu ex-coadjutor e Bispo, que .• com ele permaneceu confortando-o e dando-lhe a Unção dos Enfermos; uma religiosa fransicana residente no hospital e Dona Lili, esposa. do Or. Lula, Dona Valentina Nogueira de Toledo. Segundo depoimento pessoal dessa dama piracicabana, rezaram, horas a fio, os mistérios do terço, invocando Santa Maria do Bom Conselho e da Boa Morte. A morte, por- excelência, cristã, necessaria­ mente configura o prenúncio da vida eteroa de Mons. Manoel Francisco Rosa. . O proprioBispo de Piracicaba, invocando a ladaÚlha de todos os Santos, fechou-lhe os olhos que já não mais enxergavam p;tra a vida terrestre

e se abriam' para a eternidade. Eram 16 líoras doma tarde fria de Piracicaba. Nascido no dia da festa Iitúrgi<;a de Nossa Senhora do Bom Conselho, expirou com a invocação de Nossa Senhora do Bom Conselho após ter vividó 91 anos entre os homens. No mesmo dia, o ato nl! 403 do prefeito de Piracicaba Sr. Luciano Guidotti "Ad Instar PIII"­ ticipatum" - protonotário Apostólico, Mons. Manoel Francisco Rosa, declara ponto facultativo nas repartiçôes públicas o dia 8, hasteando-seban­ deira em funeral nas repartições.e luto oficial de três dias pela perda do seu mais velho e estimado sacerdote, residente em Piracicaba, desde 1910 e dedicando-se com todo amor para o bem de seus semelhantes. No mesmo dia, em sessão extraordinária, o legislativo municipal externa o pezar da cidade pelo falecimento de Mons. Rosa e em regime de urgência, associando-se .às homenagens póstornas do virtuoso sacerdote aprova, com dispensa de redação, projeto de lei concedendo autorização para o sepultament'o de Mons. Rósa, a pedido do Bispo Diocesano, na Cripta da Catedral. No dia seguinte, o jomál de Piracicaba abre toda sna 1ft página para noticiar o falecimentQ de Mons. Rosa, relata as decisões da prefeifura e câmara de vereadores, estampa a biografia do falecido e publica mn artigo de fundo sobre. a relíquia que representa Mous. Rosa ao povo' piracicabano, da lavra de João Chiarini, iniciando sua argumentação com as seguintes palavras: "Essas. gerações últimas .não. perceberam que houve mn padreinacatável",'e finalizava com a frase: "uma relíquia piraclcabana. • O: corpo de Mons. Rosa permaneceu em camara ardente na Catedral à visitação piíblica até o oficio religioso concelebrado pelo Sr. Bispo e . todos os padJ;es da Diocese, às 18 horas do dia 8 de Junho de 1965, além de sacerdotes de toda a província religiosa e vizinbas, religiosas e leigos, quando então foi sepultado na Cripta da Catedral de Santo Antônio de Piracicaba. A cidade de Piracicaba, em peso, desfilou durante todo o dia, prestando-lhe a última homenagem e registrou-se a presença de todos os

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LI(feres religíoSO,S da cidade pertencentes as outras seitas num ritual ecumêniro sem precedentes na história dessa comunidade. ­ Por ocasião do cemeúrio do nascimento de Mous. Manoel Francisco Rosa, o Mous.José Nar­ dim dedicou-lhe a biografia que segue anexa, devido a sua importância histórica e pesquisa beneditina no livro de Tombo (desaparecido) da Catedral de Santo Antônio de Piracicaba e larga convivência com o biografado.

n Quando do centenário do nascimento de Mous. Rosa, dei busca no Livro Tombo da Paróquia de Santo Antônio e obtive outras informações pessoais e outras de que tinha conhe­ cimento pelo mesmo ~ons. Rosa, em conversa com ele. Nascido em S. Roque, 26 de Abril de 1~74. Seus Pais: Antonio Claudino Rosa e d. Izabel Francisca Rosa. Foi Batizado em S. Roque.... Entrou para o Seminário Diocesano de S. Paulo, no'Balrro da Luz, em 1890. Ai fez os Cursos: Básico, Filosofia, e TeolOgia. Sua ordenação sacerdota1~ deu no dia 22 de I?ezembro de 1900; seus colegas de ordenação: Dom Francisco de Campos Barreto, Bispo de Campinas e Mous. João Batista Ladeira,'. que foi Presidente do Cabido Metropolitano de S. Paulo e Vigário Capitular de S. Paulo. Em 1901 foi coadjutorda Santa Cecilia, em S. Paulo. De 1902 a 1910 foi Pároco de N. Sra. do Belém de Descalvado. Ai restaurou e reformou .ao Igreja Matriz. Com a Madre Canuta, Franciscana de Piracicaba, fundou o Asilo para meninas órfãs. No dia 20de Fevereiro de 1910, é nomeado Pároco da Paróquia de Santo Antonio de Piracicaba. A situação religiosa da cidade estava um tanto complicada, os fiéis divididos entre as facções favoráveis ao Vigário, Mous. Soledade, e as facções favoráveis aos Frades Capuchinhos, criando sérios problemas partorais. Dom NeI}' o mandou precisamente para estabelecer a paz. Foi-lhe fácil resolver o problema. Assim que tomou posse. como era Ter­ ceiro Franciscano, foi visitar o Convento, con­

vidlmdo os FreíS para celebrar na Matm a Missa Paroqnial e serem seus coadjutores. Desse modo pode pensar em assistir a Paróquia de modo mais eficiente, atendendo os Bairros da Odade: Jm­ aculada, Bom Jesus, Santa Cruz, Rua do Porto e cuidar da catequese domiciliar, nas éasa das pes­ soas que pertenciam às Irmandades que ele foi fundando, para desenvolver a vida cristã e chamar O povo para a Igreja Matriz. Quando v~io para Piracicaba ele já era Cônego Fundador do Cabido Diocesano de Cam­ pinas, criado por Pio X aos 22 de Julho de 1909 e iostalado no dia 3 de Novembro de 1909. É interessante ler o seu relato no Livro do Tmnbo sobre as suas três primeiras visitas: ao Convento, ao Colégio Assunção e ao Asilo de Órfãos e suas perspedÍVas, ainda nos primeiros dias. Além da catequese, sua l- Irmandade foi a Pia-União das Filhas de Maria, a que se desvelou toda sua vida e que fez ser um autêntico vergel de vocações religi95as e casais ,exemplares. Anos seguidos organizou as várias Associações e alimentou com zelo as existentes, basta ler o Livro do Tombo. A Santa Casa da Misericórdia estava sob a administração de um gnipo de Maçons' e isso o inquietou e era preciso cuidar religiosamente dos doentes e mais, que para funcionar como Capela para o santíssimo, era'o vão debaixo de uma es-' cada. Pessoalmen~e, conseguiu ser Irmão e con­ vidar novos Irmáos eI!l número capaz de vencer ~eleição e renovar a sua diretória, o que con­ seguiu e assim-o Salão Nobre foi feito Capela e as Irmãs Dominicanas vieram e cederam depois seu lugar para as Fran<;iscanas até o dia de hoje, e foi possível constrnir um novo pavilhão. Tudo isso ao tempo da Santa Casa na rua Or. Antônio Pinto, Dom, Francisco de Campos Barreto divide a Diocese em quatro Vigarias Farâneas, sendo Piracicaba sede sob o Patrocfnio do Santo Cura D'Ars e o Cônego Rosa seu Primeiro Vigário Farâneo, compreendendo as Paróquias ,dos Rámais da SorOcabaÍla e dá Paulista, vindos de Campinas.

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Em 1922 adquiriu o órgão de tubos vindo da


França; em 1924 um incêndio destruiu o Altar Mór que era de madeira, estilo barr9CO e bonito. Foi feito um novo altar de mármore todo de car­ rara que foi desmanchado quando da construção da nova Catedral. Em 1935, jubileu de! prata do seu paroquiato, foi eleito Monsenhor Camareiro Sed"eto do Santo Padre Pio XI. Em 1936 adquiriu a Casa Paroquial, rua XV de Novembro, 122. Era herança do Coronel Aquilino Pacheco. F oi adquirida do seu herdeiro Marcolino de Campos Pacheco, que só vendeu porque era pedido de Mons. Rosa e por quarenta contos de reis, para pagar em prestações.mensais, durante o ano, sem juros e como pudesse. A ir­ mandade do SSmo. ajudou Mons. Rosa no pagamento. CRIAÇÃO DO' BISPADO DE PIRACICABA- UMA NOVA FASE NA "IDADE TdONSENHOR ROSA. Sentiu-se incapaz 4e realizar a preparação para a instalação do Bispado, adatação da Igreja, residência episcopal e <P,lanto fosse preciso. Uma Comissão sob a direção de Dom Paulo de Tarso Campos e sacerdotes por ele escolhida e alguns leigos, tudo prepararam sob as'@l"ientaçôes do Sr. Bispo de Campinas. 8 de Setembro de 1945, Posse de Dom Emes­ todefaulo. A simplicidade de Mons. Rosa era congênita à sua vida desde os tempos de Seminário; era a virtude personificada nele; estudioso, de memória­ prodigiosa; conhecedor de várias lfnguas de que era formada a sua biblioteca; o português era castiço, o frmeês, o espanhol, o italiano e' o latim que traduzia corretamente, inclusive os clássicos; conhecedor da história universal e do Brasil, assíduo estudioso da teologia e da Sagrada Escritura. De uma fé impoluta, num tempo de lutas religiosas, não admitia outras religiões e nem outro exerdcio da caridade, que não fosse de fonte cristã. Por isso lutou pela preservação da fé frente ao protestantismo, ao espiritismo e à maçonaria de modo especial, quando o maçom de fato não aceitava a Igreja. Assim é curioso saber que tão rica era a sua simplicidade, que jamais sua luta feria qualquer

pessoa, ainda quando estígmatizasse com veemência. Sua palavra era acatada por todos, quando de qualquer celeuma, a sua presença era certeza da paz e da reconciliação entre as partes e seu argumento era Jesus Cristo. Sua dedicação a ,salvação das aImas, é testemunho eloquente o tempo que estava na Igreja, no confessionário e ai estão dezenas e dezenas de sacerdotes e religiosas que levou à consagração e a Deus. Era um autêntico Homem de Deus. Cada ano e vezes por ano, as famllias, as Irmandades e os amigos iam à sua casa para ver se precisava de alguma coisa, pois mal recebia um presente ou dinheiro, levava para os pobres, certos de que a sua pobreza era rica em dar. Um caso singular que revela a sua genuína simplicidade e ao mesmo tempo o amor às vocações sacerdotais; quem dissesse que queria ser padre, tinha toda a sua atenção. A boa Mãe pobre, humilde e piedosa procurou o Cônego.Rosa para dizer-lhe que seu filho queria ser pa<Jre e ela não tinha meios para atender o seu filho. Logo disse: o Sr. Bispo, Dom Nery vem para a visita pastoral, veuha com o seu filho à hora do almoço para falar com' o Sr. Bispo. Assim aconteceu e o Cônego Rosa pediu ao Sr. Bispo que deixasse a mesa e fosse atender aqjU:la milee o menino. Os homens de Deus se entendem. Dom Nery ao fim da Visita Pastoral levou o menino para ser padre. Na palavra de Dom José Gaspar de Monseca e Silva, Arcebispo de S. Paulo, esse sacerdote era um dos mais sábios entre os mais.eminentes sacerdote&-do ·Brasil. E como testemunho de-gratidão, acrescentou ao seu nome Nery; é o saudoso Mons. José de Castro Nery, que morreu no serviço da Igreja Universal, como um dos eminentes juristas na reforma'do Código do Direito Canônico. Simplicidade é virtude, é sabedoria das coisas de Deus; não é ignorância, nem acomodação; até mesmo na ordem da natureza é ser sábio, os grandes cientistas, mestres abalisados, silo pessoas simples desde o seu lin­ guajar até a suas atitudes; parecem simples despfeocupados, mas têm sensibilidade para saber estar no seu lugar. Uma reunião convocada pelo Sr. Bispo Dom

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Ernesto de Paulo coma presença dos Parooos, dos Religiosos e Religiosas, Diretorias das Irman­ dades e Ação Católica e Membros das Comissões para o Bispado, foi um momento angustioso para a sua aIrna. Agora ele tem setenta anos, não é mais jovem e nem sua miSsão lcompGtircomos jovens. Sentiu necessidade de renunciar a Paróquia de Santo Antôuio, o Curatoda Catedral e seria a mais emotiva de soas decisões. Seria isso orgulho? Seria um ato de bumildade válido? Sentia o bafejo das amizades e o peso de novas responsabilidades. Procurou um sacerdote para seu conselheiro, homem experiente e temente de Deus, lá em Campinas. Expôs o drama de sua co~ência, es­ tava disposto até deixar Piracicaba, se essa fosse a melhor solução, a Cidade que ele amava e onde viveu solidamente a sua vida sacerdotal e cons­ truiu de fato, o Reino de Deus nas almas e na sociedade com sua vida ilibada. A resposta foi esta: Não é hora nem de deixar o Curato da Catedral nem de deixar Piracicaba.

Dê o seu apoio ao Sr. Bispo. O seu apoio a que tem

para dar é o suficiente; uma palavra sua é mais

preciosa que tudo que pensa sem a sua presença.

Voltou para0 seu holoeausto; continuou o seu ministériç aqui como quem abre caminhos e aplaina o chão para que outros caminhem e assim foi a~~ª sua morte. . Em 1950, 22 de Dezembro, Dom Ernesto quis a Catedral em condições de lá celebrar' o anreo jubileu sacerdotal de Mons. Rosa. ,. Santa Sé lhe conferiu o Título de Monse­ nhor Patronotário Apostólico, que tem como insfguias a OuzPeitoral e a Mitra, nas celebrações solenes, a pedido de Dom Ernesto de Paulo. Para conseguir tudo a bandeira era esta: Con­ tribuir para as Obras da Catedral, para os paramentos, pratarias, alfaias e adornos necessários para a solenidade de um grande Pon­ tificai, em homenagem ao áureo jubileu sacerdo­ tal de Mons. Rosa. E tudo foi conseguido em pouco tempo e era de ver na sua singeleza, procurar o Sr. Bispo quase todos os dias, para saber se não lhe estava faltando alguma coisa. Sua só visita era como um traço luminoso de amizade, que despertava também os

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outros para o mesmo cariilbo ao Sr. Bispo; Um dia o Sr. Bispo confiou-me: Quando decidi construir a nova Catedral, fiquei receoso, dadas. as eireunstáncias,. e .movimentei alguos amigos da Capital para algum auxilio se precisasse; mas até o fim nunca precisei desse awdllo, Piracicaba de Mons. Rosa foi pródiga. No ano de 1950, o"Prefeito Luiz Dias ,Gon­ zaga pela lei 155 de 9 de xn de 1950 dá a uma rua o nome de Mons. Rosa. Em 1952, !i.de vn, o Prefeito Dr. Samuel de Castro Neves aprovava o projeto do Dr. João Batista Vizioli e lhe dá o Titulo de Cidadão Piracicabano. Em 1960 celebra cincoenta anos de Pároco da Paróquia de Santo AntÔnio, agora já encanecido, solicito dos seus paroquianos, resta-lhe os seus passos vacilantes até a Catedral para celebrar, para atender confissões. Por fim, seus Iiltimos anos, o Dr, Meirelles, seu amigo e dedicado Provedor da Saota Casa, lhe reserva um apar­ tamento para que. pudesse, ser tratado pelos médicos seus IÚnigos, Pelas Irmãs Franciscanas, que tantas ele formou, por todos de. lá que o veneravam; era continuar ~ora, em seu leito, os últimos exercícios de sua vida pastoral, com Cris­ to, em Crisí9, e por Cristo; salvar màis almas, edificando a todos e pr~parando-se para o definitivo gesto de um adeus a~ a eternidade. O Sr. Bispo, Dom Auiger Francisco Marià Melillo, diguou-se num ato de profundo amor, r~servar para Mons. Ro~a, de quem fora colaborador em 193T,"'o:scu.sepuItamento na Crip­ ta da Catedral, oom singelo e expressivo epitáfio, que quis significasse os seus mais recônditos sen­ timentos de veneração por Mons. Rosa.

Notas:: ~Ob:l$ m'eremcs a esr.a ohm e citados pelo autor, Iais""""" ! . Outa do BIspo DioceiaJ>o: Dom Ilduaroo Koalk; 2· Carta doBlspolitular do 0."""""",,, Dom _ d e Paulo; 3· Carta de Dom AIIgoIIlco SAndalo_ t .. • Pub1icaçlo do jornal de Pitaclcaba, matando o falcdm4nto e

~ofieIaIs;

_de

5· PublicoçO<c Uma Rellq..... .J_CIIiarlni;_ que a eidadc patdoo - de uDadro Guemni e demais noIídas estio ~ ooprontuáriodoao.,.. no LH.G. de_lia.


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CENSO UE 1822 E AS RELAÇÕES DE PODER EM VILA NOVA DA CONSTITUIÇÃO (CGlltrlbulção à Hl!t6r1a de Plradc:aba)

Os Maços de População arranjados no Depto.

de Arquivo do Estado de São Paulo guardam uma Memória importantíssima para as análises estatlsticas e a historiografia regional. A lata nl' 154 contém, entre outras preciosidades, a lista Geral dos Habitantes qUe integram o Corpo das 3 Cias. de Ordenanças de Vila Nova da Constituição (Piracicaba), revelandó detalhes interessantes, bastante minuciosos, sobre os fogos (lares) declarados. Este documento constitui-se de três cadernos em papel manuscrito (frente e verso) dotados de razoável caligrafia, mediante a qnal são registrados os fogos e especifidades relativas à li Cia. de Ordenanças (exclusivamente Piracicaba), à 2" Cia. de Ordenanças (relativos à Piracicaba e à Freguesia de Santa Bárbara) e a 31 Oa. de Ordenança (excI'usivamll}lte Freguesia de Araraquara). Respectivamente; '306, 342. e 146 personalidades declarantes às autoridades responsáveis pelo censo de 1822, ou sejam 794 fogos.. . Para efeito-dos nossos objetivos imediatos(l), analisaremos os conteúdos pertinentes as duas primeiras listagens pois, Araraquara, apesar de pertencer ao Distrito da Vila da Constituição loca1izava-se numa Freguesia bastante afastadá e, logo, tãmDéni roi erigida vila. Prefer:iJnoli obser­ var de perto as personalidades recenseadas junto ao rossio e aos bairros rurais de Piracicaba, in­ cluindo Santa Bárbara, porque esta ainda não se individu~lizara no ,contexto, apesar de Freguesia 2 • Este documento faz,.se acompanhar de diver­ sas tabelas, onde os autores, às vezes, cometem erros de soma ou desencontros quanto às

informações procedentes da 11, 21 ou 31 Cilis. Demos pela ausência de conhecidíSsimas per­ sonalidades e pela 'repetição de outras nas duas primeiras listas. O Próprio Capitão-Mor João da Silva, oficiando a São Paulo, pede que os defeitos sejam relevados. Parti<:Ularmente, refizemos os cálculos e obtivemos dádos aproximados, porém jamaiS coincidenteS. Dadas as cfrcunstâncias da época, os valores expressos não poderiam beirar a exatidão; o valor deste documento baseia-se, jus­ tamente, na aproximação cOm a realidade e nos esclarecimentos de natureza sócio-econômica, apresentados num momento emque Piracicaba se transformava, graçaS ao seu progresso, e se erigia Vila Nova da Constituição. . A primeira lista foi preparada. pelo Capitão Domingos Soares de Barres, CQmandante das Ordenanças de Piracicaba, desde os tempos de Freguesia. É encabeçada pelo Capitão-mor, eleito no momento da instalação da Vila, o poderoso Senhor de Engenho, Capitão João José da Silva; contém 11 Esquadras e parece observar um critério geográfico antigo: do rossio, a partir da "Estrada de Itu ou Rua do Porto que vai para . Araraquaraft (antiga ;Rua do Picadão para Mato Gr0ss6ê, ~~nte, Rua"Moraes Barros) para a J?Criferia, abrangendo a zona rural Nesta se in­ cluem ps bairros do Rio Abaixo (os dois lados do rio), dá Estrada do Pau Queimado, POrt9 Feliz e Itu; e de Taquaral Não há grande preocupação em discriminar os bairros, apenas em numerar as 11 . Esquadras. . A segunda Lista foi preparada pelo Alferes Manoel Joaquim Pinto de Arruda, que a encabeça; contém 14 Esquadras e parece abranger

(1) Vide .. Jdaç6a em c:pfpofe (2) _

..mos 6481\>p1

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parte do rossio, a partir da Rua Moraes Barros em direção à zona rural, compreendendo os seguintes bairros: Rio Acima (os dois lados do rio), Boa Vista, Monte Alegre e Pinhal; Ribeirão da Geada e limoeiro, Corumbataf; Bairro da Freguesia de Santa Bárblfra; Bairro do Alambari e Estrada de São Carlós. Por razões já declinadas, omitimos o enorme territ6rio ocupado pelo antigo Bairro de AraraquaTa e IA Fazenda (Tombamento de 1818). Na segunda Lista o relat6rio é mais minucioso, constando as designações dos bairros, além das 14 Esquadras. Em ambas as listas observam-se os mesmos critérios. Numa sequência ordinária são apresen­ tados os nomes dos cabeças dos fogos (lares), seja homem ou mulher, seguidos da naturalidade, idade, estado civil (solteiro, viúvo ou casado), e cor (branco, pardo, cabloco ou negro). Na linha debaixo são declarados os números de filhos, agregados (geralmente parentes) e escravos. À margem direita constam informações ocupacionais sobre o declarado, tais como: "milicianos", ''vive dos seus negócios", "alfaiate", ''vive dos seus jornais", ou "de suas agências", "se­ nhor de engenho". Quando se trata de agricultor ou senhor de engenho, dec1aram-se os valores em mil réis ad­ quiridos no comércio da safra de açúcar nas três mOdalidades: branco, redondo e mascavo; quando se prod~ aguardente, a mesma é avaliada em canadas 3 . Seguem-se os dados referentes à prOdução de alimentos;.avaliada em alqueires(4), geralmente milho e feijão; às vezes, aparecem arroz e algoOdão, e, commais raridade, o fumo. O milho é o gênero mais produzido, uma vez que serve aos homens e aos animais. Indicadores de maior fartura são os prOdutos da pecuária, uns poucos capados, alguns temeiros (bezerros) e raros potros. Embora haja alguns potentados rurais, predominam os pequenos agricultores ou sitiantes (PP e Ps), aparecendo também aqueles que, não raro, sobrevivem em plena miséria. Às vezes, são

anotados os preços resultantes da venda dos capad8~ (2$5/\0, 3$000, 3$200, até 4$000), das ar­

robas de fumo (1$600, 1$920 até 2$000) ou dos alqueires de feijão e milho ($640). Raros são os exportadores de açúcar e grandes produtores de alimentos (Capitão-inor João da Silva, o Dignatário Vergueiro, o Brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão), pois muitos ainda estão desen­ volvendo as propriedades ou vendendo pequenos estoques aos receptadores. Apesar de rápida multiplicação dos engenhos, a produção ainda é discreta. Há vários partidores e gente plantando cana de sociedade. Vergueiro é o potentado em terras, número de propriedades, prOduÇão açucareira, alimentos, escravaria, havendo por enquadrar os seus bens (e da sua sociedade) nas duas Companhias de Ordenanças. Seguem-se outros poderosos: o Capitão-in.or João José da Silva, o Capitão Domingos Soares de Barros, o Tte. Cel. Theobal­ do da Fonseca e_Souza, o AJudante Albano Leite do Canto, o Alferes Manuel Morato do Canto (todos da IA da); o Alferes Manoel Joaq\,lÜn Pinto de Arruda, a sua mãe, D. Maria de Meira e Siqueira (também engeDheira), o Alferes José Caetano Rosa, o Capitão Manoel de Barros Fer­ raz, o Tte José Joaquim de Sampaio (todos na 21 Cia). Há diversos proprietários ausentes e onze en­ genhos permanentes com Administradores. Des­ tes, 4 pertencem ~ 11 Cia e 7 a 21 Cia. Ao todo, três são da sociedade de Verqueiro (11 e 21 Cia.), do~ .são de Bento Paes de Barros (21 Cia). O Padre Fiuza,o Capitão Manuel Rodrigues Jordão, o Brigadeiro Joaquim Mariano Galvão, e o Capitão Manoel da Cunha Barbosa, aparecem com um engenho respectivamente; dois são proprietários desconhecidos. Quanto ao sexo, há mulheres comandando as unidades produtoras, seja de alimentos e criat6rio, seja de cana e fábrica de açúcar. Não são tão raras como se pensa e, entre os 49 Engenhos, há seis senhoras engenheiras, duas delas em pleno rossio:

(3) Canada: medida de capacida~.2622litros !praximadameolc (4) Alquei~ neste cuo, medida de capacidade; 13,8 lilros aproximadamente . (5) Arroba: Medida de peso; 14,689 Kg. geralmente arm:Jondada para 15 Kg

- 79 ­


Da. Maria Arruda, proprietária do E'ngenho do Salto e Da. Marta de Meira e Siqueira, proprietária do Engenho do Bom Járdim (antiga sesmaria do Bom Jardim de cima do Salto). Das 369 unidades produtivasagricolas (11 e 2. Cias.) contabilizamos 366 proprietários onde se incluem os 61 empresários da cana. Inegavel­ mente, a maior concentração de escravos está ligada à produção dos açúcares e a grande produção de alimentos. Observamos ainda, que o maior número dos engenhos localiza-se na 11 Cia., sem dl1vida, ligados ao complexo da produtividade e da exportação, voltados para a estrada de ltú.• Concentrando parte exponel]cial da propriedade da terra, da produção e da escravarla, os Senhores de Engenho são figuras de grande destaque no cenário sócio-econÔmico e ainda peças chaves no jogo do poder. Por ocasião das eleições para a composição do. IR governo municipal e comando das Ordenanças, empe­ nharam-se em II.cirradíssima disputa, segundo as duas tendências ideológicas da época, hberais e absolutistas. Vergueiro, possuidor de diversas propriedades com engenhos, e Bento Paes de Bar­ ros (duas propriedades com e!lÍJenhos) exerceram fortíssimas influências liberais, enquanto que o 'f!I Cel. Theobaldo da Fonseca e Sousa, o 'f!I José Joaquim de Sampaio.e o Alferes Manuel Joaquim Pinto de Arruda lideraram os absolutistas(6'. Toda a vez que o elemento recenseado in­ tegra o militariado da cia., aparecem registradas á· sua patente ou o seu posto: "Sargento e miliciano", "Soldado e miliciano·, ou simplesmente "Caoo", "Aliem". Como toda·Companbia era subdividida interoamente em Esquadras (critério baseado no número de assentamentos e na distribu~ção geográfica dos bairrns) cada Cabo encabeça a relação do seu próprio enquadramento. Com relação às mulheres, cometeram-se fre­ quentes omissões de·'naturalidade. idade e ocupação. Quituteiras e padeiras, quitandeiras, paneleiras e ceramistas, costureiras, lavadeiras,

costumam aparecer sob a designação genérica de "vive das suas agências ou indústrias". Muitas mu­ lheres vil1vas ou solteiras, com filhns por. criar incluem-se neste tipo de economia informal: Raríssimas são as casadas que encabeçam os fogos, geralmente por ausência ou por separação do CÔnjuge; mas há casos curiosos como o deJoana Ribeiro (2 1 Cia.), casada, parda e livre, encabeçando o registro porque o seu marido era cativo. Igualmente,.as declarações das esmoleres: quase todas viúvas.. Há muita curiosidade quanto a distnbuição da força de trabalho escêavo. Constatamos que os 61 produtores de açúcar e canadas conservam em seu ~atrimônio cerca de 1367 escravos, aproxunadamente 77.188% do total, enquanto as 305 unidades produtivas rurais detém apenas 261 escravos, aproximadamente 14,737% do total. Observando-se de perto os coeficlentes da 11 e da 21 Cia., os resultados são mais interessantes, ainda. Na 11 Cia. as porcentagens são as seguintes: para um total de 164 unidades de pro,dução agrícola, inserem-se 32 agricUltores que detém 70,502% da es~a; já na 21 Cia.' a ~cenllação é maior, poIS para um geral de 20S unidades de produção inserem-se 30 agricultores que detém 85,030% da escravaria. Ficam definitivamente constatadas as altas concentrações de escravos em mãos dos en­ genheiros e grandes proprietários rurais. Verificamos ainda, nas duas Companhias somadas, a existência.de pouco mais de uma cen­ tena de escravos (143 escnwos) em poder dos ~utros.setores OC!lpacioanis (8,074%). Os jor­ naleiros e os esmoleres não têm escravos. Entre negociantes,·os escravos também são raros. Não obstante, um deles.· o Sargento e Vereador XiSto de Qnadros Aranha (21 Cia.), ele próprio, é negociante e explorador de escravos. Um oficial de carpinteiro, Joaquim Leme, declara possuir um escravo com·a idade de 100 anos! Outrooficial de carpinteiro, ManoelDías Ribeiro, declara possuir 7 escravos (negros e caboclos), bem como, mais 4 escravos discípulos (um deles,

(6) ""...... MarlyThenozínlla 0cmIa1I0. 0 . _ x-.... eoctime de ·....p;;,.,.ml'úadcaba, lvai<lemode_dilRístilriádillmp""""

Piiacícob•• 1ÍIIpte.... 0 _ do Muold'pio­

- 80­


Tomás, é caboçlo). As proporções são sempre baixas entre as demais oalpações, tanto em elementos predominantementé urbanos como rurais. Assim lembramos, porque Piracicaba, como tantas Vilas da época, não fazia exceção ao tipo de comunidade urbano-rural. A grande massa escrava permanece no anonimato, salvo Manuel pertencente a uma das propriedades de Vergueiro (21 Oa.), o qual na ausência do seu proprietário responde pelas declarações do censo. O mesmo aparece como sendo de cor parda, 35 anos e casado, administran­ do ou feítorando a unidade de produção que com­ porta uma escravaria constante de 36 indivíduos. Raras vezes surgem especificações, Salvo quando se trata de identificar o patrimônio, por exemplo: José (cabinda) casado com Manuela de 19 anos; ou, se o escraVo é de origem africana ou cabocla. Com esta última expressão disfarçava-se, frequen­ temente, a escravidão indígena que ainda se man­ tinha em vigor, dadas as diferenças de preço no mercado. A liberdade do indfgena 'no Brasil sempre foi uma ficção jurídica. Em, todo o Vale Médio do Tietê multiplicavam-se as ofertas de caiapós, parecis, bororos e p.ti~, tanto adultos como crianças, até meados do século XIX. O censo de 1822 declara numerosos escravos caboclos e chama atenção o fato de muitos serem crianças de tenra idade, provavelmente preadas junto com as mães. O Tte. Ce!. Theobaldo da Fonseca e Souza possula dez cabodns escravns num rol de 35 (IA Cia.). Os escravns nmlatos eram numerosos. Salvador Barbosa (11 Oa.) declara possuir oito escravos, todos eles mulatos. Já o Alferes Manuel Morato do Canto possui vinte e seis escravos, incluindo negros, caboclos e mulatos. O Vigário da Paroquia, o Reverendo Manuel Joaquim do Amaral Gurgel possui um casal de escravos com um filhinho, um negro, uma mulata e uma criança impropriamente chamada de cabocla (11 Oa.). Entre ns homens livres predominam os bran-

sendo raros os proprietários ou sitiantes par­ dos ou caboclos. Os pardos são bem mais numerosos do que os negros e, caboclos, dis­ tribulndo-se em diversas atividades ocupacionais. A população livre corresponde a 62,809% do total que apuramos nas du!lS Cias. de Ordenanças (4.762 habitantes). Já, apopulaçãoconsiderada de cor branca correspondente a 44,708% do mesmo total apurado. Caboclos, pardos e negros livres correspondem a 16,043% do mesmo total apurado. A população escrava corresponde a 37,190% do mesmo total apurado. Os brancos, por sua vez, correspondem a 73,591% da população livre. Quanto a procedência da população es­ tabelecidaem Piracicaba, parecem predominar os ituanos, seja entre senhores de engenho e proprietários em geral, comO' nas demais profissões, salvo "jornaleiros" e aqueles que "vivem das suas agências". A enorme influência cultural da sede da Cotgarca se fazia notar sobre todas as comunidades do Cen~te paulista e em todo o Vale-Médio 40 Tietê, partiallarmente em Piracicaba para o qual também serviu de Matriz de povoamento (juntamente com a sua Freguesia de Porto-Fellz). Desde fins do século XVDI, Piracicaba se transformou em nova fron-, teira agrícola, superando a velha condição de boca de sertão, passando a integrar o "quadrilátero do, açúcar", mediante a implantação e desenvol-' vimento da agro:indútria açucareira. Também começou a desenvolver formas de pensar e sentir sem<llhantes a sua matriz, modelos arquitetônicos, "fórnmlas pelfticas", procedimentos ecunômicos, práticas sociais. Os tradicionais conflitos entre ab­ solutistas e liberais ali também se manifestaram, carregados de regionalismos, acen~~ndos ou ideologizando velhos problemas locais . As eleições de 10108/1822 consagraram-se os grandes proprietários rurais e engenheiros, em maioria de procedência ítuana, nos postos de co­ mandos das Companhias de Ordenanças, e nos

- 81 ­

COS,


cargos do governo !DunicipaL Foi feroz a disputa entre as duas facções, a dos progressistas (liberais) e a daqueles que desejavam a mànutenção do mesmissimo estado de coisas provenientes da fase rolonial ( absolutista). Sucederam-se violências e arbitrariedades, processos judiciários, assas­ sinatos e radicalização' das oposições entre os poderosos. As populações viveram intensasespec­ tativas, diversos segmentos acabaram envolvidos ou caminharam a reboqúe das parentelas, num estado de roisas.que começaria a se modificar após 1873 (Convenção Republicana de Itu). No documento original existem ainda tabelas contendo resumos gerais de população, do número de brancos, negros livres e càtivos, do número de pardos livres e cativos de arordo com as idades (entre O e 100 anos), de casamentos, mortes e nascimentos. Cham!Jlll a atenção os fndices de morte da população infantil, entre Oa 5 anos. As taxas de nascimento são ~ altas entre a população branca. Há grande desenrontro entre as cifras destas tabelas próprias do Censo eos gerais es­ tabelecidos nas listas. Não obstante., podemos observar que as maiores densidarles de população branca acham-se distribuídas entre os recém-nas­ cidos e a população jovem de até 20 anos de idade. As maiores densidades da população escrava' acham-se distribuídas entre as idades de 10 a 40

anos. Existem ainda observações quanto às­ discrepâncias verificadas entre o original e o nosso trabalho.

Foram encontrados 2.129 individuos brancos, havendo uma diferença de 134 indivíduos para menos em relação aos dados oficiais de 1.822

(2.263 individuos na população branca). Suben­ tende-se que muitos agregadç}s a caboclos.acham­ se qualificados como brancos (vide Tabela 1). Com relação a população geral "de cor" foram encontrados 2.535 individuos, havendo uma diferença para mais de 32 indivíduos em relação aos dados oficiais de 1.822 (2:503 individuos "de ror"). Infelizmente não é declarada a cor dos agregados (Tabela I e B). Quanto a popuJação geral escrava, foram en­ contradas 1771 individuos, havendo uma diferença para mais de 17 indivíduos em relação aos dados oficiais de 1.822 (1754 indivíduos escravos). Tabela fi. Quanto a população geral livre, foram en­ rontrados cerca de 2991 indivíduos havendo uma diferença de 21 em relação aos dados oficiais de 1.822 (3012 individuos livres) Tabela 1" e B. As somas das populações, livre e escrava, cor­ respodem a 4762 individuos, o que dá uma difer~nça de 04 indivíduos em relação aos totais oficiais de 1.822 (4~66 individuos). Na avaliação quantitativa. das ocupaçóes profissionais também foriqn encontrados pe­ qU,enas diferenças. Por exemplo: 30jornaleiros, 20 . artesãos e 163 agricultores (no Censo relativo a 1A ' Cia. constam 40 jornaleiros, 19 artistas e 161 agricultores); 70 jornaleiros, 18 artesãos, 203 agricultores e 13esmoleres (no Censo relativo a 21 Cia. constam 08 jornaleiros, 11 artistas, 202 agricultores e 08 esmoleres). ' A nossa experiência com os manuscritos do Censo de 1822 nos permitiu elaborar alguns or­ denamentos '<ta população recenseada que cólocamos nas 32 .Tabelas que vêm a Sl'lguir. Vejamos:

- 82­


CABdcLos

BRANCOS

98S

40

U44

05 45

2129

PARDOS 367 337 704

NEGROS 06

elA.

TOTAlSAPROX.

09

15

:1398

l'

1495 2893

').I

73,591% do total da pop~!Me é COJISIitufda SÓ de braI:Icos.

UVRES

e AGREGADOS

:1398

16

22

1495 98 2893 2991: 62,809% do total da

lÍoPuJação

m • Os em,...,....... Srs. de Engenho l' ela. 2' Cia, 17 ' 26 43 TOTAIS

Apr~

ESCRAVOS

TOTAIS A1Il,Ox.

956 815

2430 2332 4762

1m

aA: ,

l'

2'

37,190% do total

da

da cana (.........ros, parUilIsIIIIs e ........ que .eeebem <j,)

em li4II reg...

Sras.de l' ela.

').I Cia

PIIl'IidisIlIs

.

Ouesedimm l' ela.

').I Cia

l' ela. 2' Cia 02 05 07

02 30 19 06 49 Total prooáveI dos engenheiros: 29

Total prooáveI de e?8"lIhos::34

Total do!! da cana, feiros os descontos: 61

04

OBS~

l·Repetem-se Beato Paes de Barros (duasve:zes) e Dt. N"lCOIau (três ve:zes).

2· Na l' (la. Dão se ~ecem aqueles queTeCebem"%

·83·

RecebcIIi% l' (la.

. .

z-êia. 06 06

dé Campos Vergueíro


IV •

~

2" Cia. 07

TOTAIS 18

03

04

!l2 02

!l2 !l2

I" Cia.

; rru PORTUGAL SÁOPAULO PORTOFEUZ CUIABÁ PARATI DEsCONHECIDO M.GERAIS SÁOCARLOS SOROCABA PARNAíBA SÁOROQUE PARANAGUÁ PIRACiCABA NAZARÉ , ARAÇARIGUAMA GOIÁS

d.. Sra. (Sras.) empl'e8árlos da .......

11

03

·

07 04 04 03

01

·

01

04

04

08

01 01 01 01

01 03

!l2

04

01

!l2

·

01

·

01 ()1

01

01

01

01

33

-

01

01 01 28

- 84­

Bfmto Paes de BamJo; repete duas ""'"'" V.,.~ repete três ""'"'"

:

02 01

01

01

61

61 empresârio& da cana


CIA

QUANTO AoSBXo QÚANTO A COR H M B P C N

QUANTO AO NÚMERO DE AOlUCULTORES

PRESENÇA DE

BSCRAVOSEM

PODER DOS

J2U!SENÇADE

BSCRAVOS NAS

UNIDADES DE

(rRoDU~)

EMPRESÁRIos

l'

144

19

130

32

01

-

05 • res DA CANA 163 - Vergueiro 30 engen.: 653" 131~170 aparece duas vezes eaaavm ~ 02 part.: lt es<:ra'ios 32~({14

-

e6(7ávos

2'

195

08

172

30

01

-' 204 - Benro Paes de 19 cugeu.: 619 Barroo aparea> duas 05 part.: 15 escnMlS vezes Vergueiro apareee 06 recebem %: 59 eoaavos na l' e 2' das. 30 empresários 693

174 agricultores: 91 .....avos

.....

CIIlCI'8VOS

TOTAIS

,

m

Z1

302

62

61 cmpres. açácar

02 - 366 cf descon.Ioo

305 agricultores: 261

1367 escravas . (desc:ouIadas as repetiçlies de

(desc. Vergueiro)

escravos

Vergueiro e Paes

Barroo)

ClA l'

Pg 11

Pm

07

Pp 25

118

-

2'

16

13

46

118

04

Ps

Nada Colheu

ToIaÍs de Unidades de Produção

Outros

só_-2

2 nnid.1êm propri<tário d""""nhecido =3 164 2 unid.1êm o mesmo pr sófumo-1 .6_·8 Veogueiro aparea> na l' e na 2' das. 205

. .

2 unidades têm o mesmo proprietMo TOTAIS

Z1

20

71

236

11

04

369: para 366

oBS;: Estabelecemos siglas 1!1Cdiante a produção de alim....tos de cada nnidade-de&n\da.

Pg - acima de 500 alqueires Pro - eatte 300 e 500 alqueires Pp - eIIIré 100 e 300 alqueires Ps - abairo de 100 alqueires

- 85­


~

AçocareIra ...a1Iada em MO lIíIo e a de

~Ie ...a1Iada em Cauda.

AcompImIuIdas da mio de oIJra escra.. por cada III1Idade prodatora

VIr • A

NO de

EMPRESÁRIOS DA l' ClA

QUAUDADB DO AÇÚCAR ALVO REDONDO MASCAVO

(MIL RÉIS) TOTAIS

BMCANADAS (2.622li1ros)

Escra

'vos 44 Capo João José Silva

1700 1200 200

Z2 Cap. DomÍDgos S. Barros

400 600 04 Ali. Miguel A.,~

300 280

24 Vicente do A. Gurgel

500 600 ·

35 Tte. Cel. Theobaldo F. SOIItA

780 152 ·

18 D. Maria Soar...

2SO 600 13 João Damaceno

200 20 18 D. Maria de Arruda 170 04

99 28 Capo Antonio S. de Barros 500

600 2!1 TI•• João Leite 1000 500

23 B~o Dias Leite 600 200 23 SUvério Nunes Monteiro 600 300

04 João G~ da Silva 60 40

32 Migoel A. do Amaral 18

. 02 Manoel de Morais Leme ·

26 Manue! Duarte 800 800 ·

07 !gnacio Ribeiro 150 50 ·

12 João Carlos 100 200 ·

32 D. AntollÍa Almeida 300 300

100

1500 1000 51 Albano Leite do Canto 01 Venâncio Joaquim 100 50 ·

24 Francisco F. Rocha 200 300 ·

Ali. Manuel L. do Caoto 100

26

200 800 19 D. Ana Theodora 1000 400 ·

Elias Almeida Prado 07 não declara • sua produção

Z7 Felix A. Alves 200 200

800 07 Gabriel M; Dutra 120 80 ·

30 Or. Vergueiro (de administração de Damião S. Nogueira 1000 550 ·

48 Dr. Vergo.iro (de administração de Antonio Rodrigues 400 1000 ·

2!1 Desconhecido 1000 500 ·

52 Desconhecido 1000 500 ·

05 José Ferraz (partidor) 160 70 ·

16 Alf. Lourenço Leite de Cerqueira . (partidor) 1500 674 32 empresários 18<172$ 10059$ 604$

·

· ·

·

·

· ·

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AGUARDBNTB

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· ·

· · 08

m

· ·

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·

23

·

.

1.600

200

300

600

2.600

150

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1.100 1.400

18

·

· · ·

40

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'

.

·

1.200

200

·

1.550'

.41

·

1.400

·

1.500 1.500 230

50

60

600

29.135

· · Z75

,


N° de &era"'"

EMPRESARIÓS DA 2' CIA.

29

12 09

Alf. Manoel J. Pinto Amlda D. Maria M. e Siqueira Alf.José C. Rosa Caetano J. da Cunha Manoel B. Ferraz José Ferraz Campos JOsé Joaquim Silva Manuel T. Silva Pe. Joaquim R. Fiuza (admiDistração de ADtomo Fiuza: de Almeida) Estevão C. Negreiros Brig. Manuel R. Jordão (administraçãoADtonioJosédaSilva) Tle. José Joaquim'Sampnio Frutucoo J. CoeJho D. Margarida das Graças Muniz Brig. Joaquim M. Galvão (administração de José do Amaral Campos) Sgto. Manuel José Garcia Capo Luiz Manuel Cunha Brito (admiDistração José Barbosa) Dr. Vergueiro ~administração do escravo Manuel) Bento Paes Barros (admiDistração de Garcia Rodrigues Bueno) Idem (admiDistração de Pedro Vazde Campos) José Alvare:>: de Castro (partidor) Joaquim Rodrigues Cesar (partidor) José Rodrigues Leite (partidor) Francisco de Toledo (partidor) Francisco Leme (partidor) João Antonio da Silva (recebe %) JoaquimADlonio da Silva (recebe %) Felipe de Campos (recebe %) Francisco José de Goes (recebe %) Joaquim José de Sampaio (recebe %) Luiz Caetano de Sampaio (recebe %)

693

30 empresários

24 24

14 30 65 14 16· 32 21

64 61 09 28

65

. 25 36 35 27 02 03 02 04 04 08 09 08

13

TOTAIS GERAIS' l' CIA. E 2' CIA. 'N"de Empresários &eravos 1367 61 empresários escravos da cana ct tds descontos

QlÍÀLIDAÍJE DO AçúCAR . ALVO REDONDO MASCAVO

400

42,. 20

(MlLRÉIS)

TOTAIS

800 500 550 250

250 300

80

150

50

2003 450 600 600

300 30 250 250

· · 50

930 450

50

2.303 480 900 900

400

l50

50

250

50

o

nioda não oferece produção 2000 400 560 380 700 500 1000

500

.

o

· · · · ·

1.242

770

...

o

20 20

600 300

o

2.400

o

940

·

1.200

·

1.500

·

AGUARDEN'IE EMCANADAS

o

· o

20 25

·

.

80

ainda não oferece produção 75S

m

10

U167

·

1643

500

·

2.143

·

50 50

500 500 230 260

ainda não oferece produção nôo declara a sua produção não declara a sua produção não declara a sua produção não declara a sua produção não declara a sua produção 300 l50 300 l50 l50

80

200

(i(l

350

121 100

300

14.664$

· · o

o

o

o

o

.

471

.

400

o

5.370$

452$.

Alvo

. Redondo

Mascavo

.Rendimentos Gernis

Canadas

Ano

'33.136$

15.429$

L056$

49.621$

440

l822

·87·

.20.486$

165


l'ClA.

2'ClA.

TOTAIS .

ITU PORTUGAL PORTO FELIZ SÃOPAUW

36

25

61

04

05

04 05

02 02

09 06 fI'I

PlRACICABA MOGI DESCONHECIDO SOROCABA CUIABÁ PARNAÚlA PARATI

08

06

14

03

15 38

74

36 08

03

18 11 05

05

-

19 01

10

SÃO CARLOS (Camphw) )GUAPE

04

25

AREAS

01

JUQUER,I

02

OI

03

NAZARÉ

01 01 01 01

15

16 01 01

03

04

-

04 04

03

TI

30

01

COMARCA CAMPINA DA PRINCESA CURITIBA SÃO ROQUE BRAGANÇA MINAS GERAIS JUNDIAÍ SANTO AMARO PARANAGUÁ

COTIA ATIBAlA OURO FINO CAMANDUCAlA SANTA BÁRBARA ARAÇARlGUAMA GOIÁS CASA BRANCA TAUBATÉ FRANCA TOTAIS

29

-

01

-

01 01

-

29

04

01

04

08

05 12

03 01

03

06

-

03

-

03 02 02 02 01

-

01 03 03 02 02 02

01 01 · 01 · 01 · 01 . · 163-25,154% I 203=31,3T1% 366-56,481% 01

H

.

(sobre os toIaís

dos fogos decla­ rados no Censo de 1.822)

- 88 ­


UNIDADE PRODU- . TORA

ÁREA DE ATIVlDA1?E

AGRICULTOR

ESCRAVOS

64

Bmpresários ~ C8JIIl

61

305

Agri<:ultoreIl em guaI

305

Outros setores TOTAIS GERAIS

.

ffl4 170 112

366

956

369

ESCRAVOS TOTAIS PERCENTUAIS

2.'CIA. POP.ESCRAVA

l' ela.

6!)3

91 31 815

13ffl 261 143

77,188%

14,737%

8.014%

1.771

S3,529%c

46,470%

res

x . Esmoleres elA.

l'

2' TOTAIS

QTO AO SEXO

1H 1H :IH

QTOACOR

2M

IH

9M

6B 7B

11M

(:13)

em 648

nte

r...,

QTO AO N·

QTO A PROPRIEDADE DBESCRAVOS

QTO A PORCENTAGEM SOBRE OS TOTAIS DOS POGOS

03

· ·

0,980%

10 :13

·

ZP 4P 6P

XI • Os E.mol..... quanto à

2.923% 2,006%

~

NATURALIDADE

l'cZ'CIAS.

09

02

Desconhecida

rru BRAGANÇA

01

PORTO l'ELfZ

Oi

XII • NegodJmles (20) em 648 f0(1"" elA.

l' I

QTO AO SEXO

9M

Z'

8H

TOTAIS

17H

1M 2M

QTOACOR

9B

8B

lN

.

3M ·17B lN

B· Bruco, p. Pardo, N· Negro.

.

QTO AO N"

.

le 2P le 2P

W W 20

e· Caboclo

- 89·

QTOA PROPRIEDADE DE ESCRAVOS 33 eoo.poS 1Ieg.

09!lSC-p.2I1eg. 42 esc.p.7 aeg.

QTOAPORCENTAGEM SOBRE OS TOTAIS DOS POGOS

3;1fI1%

3,923% 3,1)86%

I


XIII •

I

o. Negodaa....

ATIVIDADE

~ercador d. fazenda seca' • • de fazenda seca'

• 'Vive dos seus negócios' : "Taveroeiro" I '<:Onoercianle'

.

quao'" ao ramo de oegóclos

I' ClA. 02 01 ffl

2'ClA.

TOTAIS

01 02

-

06 01

03 03 ffl 06 (2M) 01

-

-

ATIVIDADES fTU PORTUGAL I DESCONHECIDO I SÃO CARLOS ARAÇARIGUAMA PIRACICABA

l'e2'Cias. 04 03 03

02

01

01

01

01

01

01

01 01

JUNDW PORTOFEUZ

· RIO GRANDE DO SUL GOlAS' • PARNAfBA .MOGl

xv • Artesãos ClA

QTO AO SEXO

QTOACOR

l' 2' TOTAIS

20H 18H 38H

128 1C 5P Dl 7P 128 24B lC l2P

-

.

(38) em 648

rogos

QTO AO N'

QTO A PROPRIEDADE DE ESCRAVOS

20 18 38

25 esCop.s art. 3 esc.p. 3 art. 28 esc.p. 8 art.

QTO A POR­ CENTAGEMSOBRBOS TOTAIS DOS FOGOS 6,535% 5,263% 5,864%

B - Branco, C - Caboclo, p. Pardo, O - Desconhecido XVI • o. Artesãos ...aot& ao olIdo . ATIVIDADE CARPINTEIRO MADERBIRO OBREIRO FERRElRO SAPATEIRO ALFAIATE

TECELÃo TORNEIRO

1'ClA

2'ClA

ffl 01 ffl 02

09 01

01 01 01

- 90·

.

02 03 02 01

-

TOTAIS 16 02 ffl 04 03 03

02 01


I' ,,21 CIAS.

NATURiwDADE !TU

f1l

Dl!SCONHEODO SÃo PAULO lUNDIAÍ PlRAOCABA ATIBAlA SOROCABA PORTOPELIZ MiNAS GERAlS sÃO CARLOS LAJES BRANGANÇA ARACARlGUAMA ruo DE JANEIRO

OS OS 04 03 02 02 02 02 02

01 01 01

01

XVIII • Os "Sem OIIdo' dedaratIós (13) em 648 f _

OBS.: Na I' Cia.. f1l sáo moradores novos. Na 2' Cia.. 03 sáo moradores 1IOV<lS. elA

QTOACOR

QTO AO SEXO

QTO APROPRlEDADE DE ESCRAVOS

QTO AO N·

, I'

7H

1M

8B

.

2' TOTAIS

m

2M '

10H

3B 118

2P 2P

3M

26 ~p.S indiv. 03 esc.p.l indiv. 29 esc.p.6 indiv.

08 OS 13

XIX - Os "Sem 0!Id0' <ledarados quanto a p.--.Ituda

4-____

~____~NA~TURAUD~~~AD~E~____

Dl!SCONHEODO

l' e2'CiAS. 03

CUIABÁ !TU

02

JUNDIAÍ SOROCABA

SÃoLUfs

01 01 01

CUNHA,

01

02

01

BRAGANÇA ,NAZARÉ

01

·91­

QTOAPOR.

CENTAGEM SOBRE OS

TOTAIS DOS FOGOS

2,614%

1,461%

2,006%

i


CIA

QTOAOSEXOj QTOACóR

l' lOH O4H 2' TOTAIS 14H

-

9B

1M 1M

4B 13B

QTOAON'

IC lC 2C

QTO A PROPRlBDADB DBESCRAVOS 11 esc..,.10 indív. 12 esc.p. 2 indív. 23 esc.p.12 indív.

10 05 15

ATIVIDADE MlUClANO SACERDOTE ESCRIVÃO RÁBULA B DEMARCADOR. PlLOTO TROPEIRO MÚSICO EXPLORADORES DE ESCRAVOS

CURITIBA

-

01 01 01

04 04

02 01 01 01 01 01

~cla

01

ot 01 01

QTOACOR

14H (Adm. 6 - Feit. 8) 128 02P I' 09H (Adm. 6- Feit.3) 08B • OlN 2' TOTAIS 23H (Adm.12- Feit.IO) 20B 02P OlN

= Homem,

-

TOTAlS

I' e2'ClAS. 04 02 01 01 01 01

PARNAíBA i PIRACICABA : PORTO FElJZ ; PILAR I SÃO PAULO

H

-

Dl

NATURAliDADE lTU MINAS GER.AlS PORTUGAL RIO DE JANEIRO

QUANTO AOSÉXO

02

02 02 01

XXII • AlI "ProDsslIes DIvenu' quanto a

CIA

2' Cis.

I' Cia. 04

:

QTO A PORCENJ'AGBM SOBRE OS TOTAIS DOS FOGOS 3;1fJ7% 1,461% 2,314%

B = Branco, P - Pardo, N

QTO AON'

QTO A PROPRIBDADE DE ESCRAVOS

14 09 23

0gesc.p. 3Adm. e 02 esc.p.02 Feit. 03 esc..,. 01 Feit. NenbunÍ ilgesc.p. 3Adm. e 05 esc.p. 03Feit.

QUANTO A PORCENJ'AGBM SOBRE OS TOTAIS DOSPOGOS 4,575% 2,631% 3,549%

= Negro, AdIO. = Adnúnistmdor, Feit. = Feitor, esc. = Escravo. - 92­


FEITOR

ADMINISTRAIÍOR

!TU SÃOCARLOS

04 03

MINAS GERAIS PIRACICABA SOROCABA PORTUGAL ATIBAIA ; TOTAIS

01 01 01 01

03

03

PIRACICABA !TU DBSCONHBCIDO SÃOPAUl:.O MINAS GERAIS SÃo CARLOS

01

02

01

01

01

12

11

OBS.: Na I' ela. existe 001II0 Administrador um escravo de Vergueiro, que não é contabilizado.

xxv . 011 CIA

QTO AO SBXO

I'

19H

24M

2'

05H

11M

TOTAIS

24H

35M

H

= Home....

que "VIwm das sus Aghel....• (CiD) _

QTO A COR

268 lC 16P 11P 318 lC 'ETP

om .

648

QTOAONQ QTO A PROPRIlIDADE DE ESCRAVOS

QTO A PORCENTAGEM SOBRE OS TOTAIS DOS FOGOS

6 esc:.p. 5 ind. .

43 16

14052% 4,678% 9,104%

01 esc. (f1 esc:.p. 6 ind.

59

M = Mulher, B = Bram:o, C = Caboclo, P

= Pardo, .Esc. = Escnrvo, Ind. ;., ludMduo

NATURALIDADE PIRACICABA

O!I

JUNDW

(f1

!TU PAR.NAÍBA PORTUGAL SOROCABA PORTOPElJZ

04 03. 02 02

01 01 01 01 01

COTIA SÃo ROQUE MOGI JUQUERl CUIABÁ , DESCONHECIDO

01 Z1

- 93­


XX\11 •

elA

o. que "Vivem .dos

aro A cOR

QTOAOSEXO

QTOAO ~

_

Jornais' (1011) em 648

r.....

aro A PROPRIEDADE· aro APORCENTAGBM SOBRB os TOTAIS DOS .. D;BESCRAVOS FOGOS

l' 2'

38H 68H

TOTAIS 106H

01M 02M 03M

XXVIII •

16B2C2lP 26B • 42PlN 42B2C63PlN

o. que m..m dos

3!1

neÍ1hum """"ui eac:ravo

l2,145%

70 109

~DOSSui........vo

20,467%

16,820%

nenhum possutOl!CflM)

seu j<JmaIs quanto a

p'........da

(1' a 2' CIas.)

NATURALIDADE PIRAOCABA lTU D;BSCONHEaDO BRAGANÇA

NAZA.Rt SOROCABA MOGI ATlBAIA SÁOCARLOS PARNAÍBA SANTO AMARO

PORTOFEUZ SÁOROQUE JUNDIÁ1 CAMANDUCAIA CUIABÁ CURITIBA SÃO PAULO MINAS GERAIS

COTlA SANTA BÁRBARA

25

15 14

11 07 06 04

03 03 03 03 02 02 02 02. 02 01

01 01 . 01 01

I


XXIX • Usla Geral da I' PROCIIDêNCIA DOS DECI..ARANTES

N°"'" AGRlCUL' JOR· TORES NA!S

ITU PORTUGAL PORTOPEUZ SÁOPAULO PIRAClCABA MOGI

08

03 ',04

01

05 19 03 2ó 08 05

DESCONHECIDO SOROCABA CUlABA PARNMIIA PARATI SÁOCARLOS IGUAPE AREAS JUQUER! NAZARÊ COMARCA CAMPINA DA PRINCESA CURITIBA SÁOROQUB BRAGANÇA ,MINAS GERAlS JUNDW PARANAGUA COTIA ARAÇARI !GUAMA

36

19

01 04

01 01

-

03 04 OZ 04

-

·

·

04 OZ

OZ

01 01

01

04

· 04 OZ

01 OZ 03

·

· · ·

-

-

,OI

-

01

01 01 01 ·

-

01

-

,1)3

·

-

-

.

.

163

· · 39

-

-

OZ OZ

21

-

·

· 01

-

·

·

·

-

-

-

02

03

·

OZ

01

-

· ·

01

·

-

OZ

·

-

·

-

·

-

-

·

-

OZ

-

-

-

·

·

·

-

01 01

·

-

· -

·

08

01 -

-

· 01

·

01

-

·

-

· · ·

· · ,

-

-

66 08 09

10 40

03 60

15

10 1:1

01 08

01

01

03 01

-

-

-

OZ

01

·

01 01

OZ

-

-

.'

·

·

·

· ·

-

01

-

-

·

03

01 · ·

·

·

·

·

OZ

-

01 10

-

-

01

· ·

01

i

20

I

43

01

·

·

-

01

-

-

-

-

OZ

· -

-

01 01 01 01 01

04 OZ

-

-

'01

04 03 04 04

,CUNHA • i RIO DE JANEIRO i I 30 Procedências I

13

AG~·ARTE- NEGOCI· PROF. PROF. S/CF. ESMO- TO­ RU- DECI:..A LBR. TAlS CIAS SÃos ANTES DNERR.AlS RADOS MS

-

01

, sÃoWfs

-

"'

01

OZ

!

·

ela. (306 r....>

-

-

!

-

-

10

,

·

·

-

01 '

-

·

03 05 05

·

09 09

-

-

· · ·

01 01 ·

·

-

01 01

14,

08

03

310

OBS.: Ao todo, 163 AgricnItor... e 164 Unidades de Produção. Os 4 Administradores estão inclusos neste total (Vergueiro repete duas ~)

·95·

-

-

·

01

-

OZ


xxx - Llsla PROCEDêNCIA DOS DBCLARANTES

I

01

01

OS

-

·

02

OI

04

01

· ·

(fl

·

01 01

10

ITU

26 2S

OS 03

15 15

:n

.

AG8N- ARTE- NEGOCI· PROl". PROl". SIOl". ESTO­ ClAS SÃos ANfBS DlVBR· RU- D~ MOLE- TAIS SAS RAIS ltADOS RES

01 01

11

38 Zl

SANTA BÁRBARA SÃO PAULO PORTOFEUZ ARAÇARI GUAMA GOiÁS CASA BRANCA MINAS GERAIS IUQUER! TAUBATI! FRANCA SÃO ROQUE COTlA LAJES R. GRANDE SUL S. JOÃO DEL REI PILAR

r....l

NAde: AGRlClJL.. JORTORES NAIS

DESCONHECIDO BRAGANÇA SÃO CARLOS MOGI NAZARÉ PARNAÚIA IUNDlA1 PORTUGAL PIRACICABA SOROCABA CURlTIBA SANTO AMAROATIBAlA OURO FINO

Geral da l' ela. (34.Z

03

10

·

· ·

08 06 06

02

03

·

·

1)3

03

m 03 02

13 02

·

05 01

·

02 03

·

·

·

·

02 02 02

01

·

01 01

01

·

'01

01

·

·

· · 02

·

· · · · ·

· ·

· 04 01

· 01

·

·

·

· ·

·

01

· ·

·

·

·

·

01 01

01 01

·

·

·

· ·

·

01 01

·

·

01 01 01

·

·

· 01 ·

01 01 01 ·

· ·

01

· · ·

· 01

· ·

· ·

O~

·

·

·

· · · ·

·

·

205

70

·

·

· · ·

16

·

01

·

18

·

·

·

10

01

·

·

01

· · · · · · ·

· · ·

· · · · ·

· ·

· · ·

· · ·

02

·

02 02

02

-

·

·

08

·

08 03

01 · 01

·

01

·

01

·

·

·

·

· · ·

·

01

·

01

· ·

01

· ·

·

· · · ·

· · · ·

·

·

· · · ·

·

·

· ·

· · · · · ·

· · · ·

·

·

01

· ·

OS

09

05

·

·

OBS.: Ao todo 204 Agricultores C 205 UJIidades de Prodoção. Os 6 Administradores estão inclusos_1oIal. (Beato Paes de Barros repele d..... _ )

- 96·

· ·

66

39

42 32 21 23 11

08 01 01

· ·

·

16

26

05 09

·

02

·

03 08 OS

· ·

· · · · · ·

·

01 02

01 02

01 01 01

·

02 02

· · · ·

01 01 02 02

10

348

·


XXX} •

Os EIeIt«es (06) acolhi..... em 10111&'l1W ... 648

rru . Cap. João José da Siloa rru . Cap. Domingos Soares de Barros

rlJlláS

rru . Cap. Manoel de Barros Ferraz

PORTUGAL· Alferes Miguel Antonio

Go.nçaIves , SÃo CARLOS· Alferes MaDueI de Totedo i Siloa ! CUIABÁ· TI•• João Leite de Cerque!ra 105 eleilo""l! 1,633% dos fogos 01 eleitor: 0,292% dos fogos

XXXII • EIeIçio para Capllio-mor (01) _Iizada em ltflll&llB22 Ca ilão João José da Siloa (IIU • Sellhor B • 1" classificado

" de Ord • os Soares de Barros ... eDho)

Teoenle João. Leite de Cerqoeira Cuiabá· Sellhor

·97·


XXXIII • Compoofçilo ela CAiUra MlílllCljIIIII para o 'I'rIiDIo ll1D1ll1U de aeordo com a eIeIçiIo de peIoaros de I.OIOIII1w

Juizes Ordioário

l'

Câmara

I

I' elA. Cap.JoIo José ela Silva (Itu - Sr. Bogenho) Cap.DomiJlsosSoares de Barros (Jtu - Sr.Bn­ gellho)

2'elA.

A1feresMlguel AatonloGollçaMos (Por1:IIgal- Sgto. Xisto de Quadros AranIIa (Itu - Neg. de

escravo)

Garcia Rodrigues BuellO (Itu • Admbúotrador

de &010 P. Barros)

Pedro Leme de Olmlira Silva (Por1:IIgal- Sr. Procurador Bogenho) Manuel de Barros Ferraz (Jtu - Sr.

Jufzde Orfãos Juizes 0rdiDári0s Alferes Manuel de Toledo Silva (São Carlos - Sgto. do Número José Álvares de Castro (Itu •

Partidor)

Sr. Engenho) Vereadores

Sr. Bogenho)

Vereadores

AatollÍO Soares de Barros (Itu • Sr. Eosellho) Frutuoso José CÓCIho (Por1:IIgal- Sr. Bttge­ TIe. João Leite de Cerqueira (Cuiabá· Sr. nho), substituído por Xisto de Quadros Ara­ Engenho) lIha e 6n alm ente por José ÁMlres de Castro.

Procurador

Vicellle do Amaral Gurgcl (Itu· Sr. Engenho)

2'

Câmara

Jufz de Orfãos

Cap. Manoel de Barros Ferraz (Itu - Sr. Boge­ lIho)

Alferes Manoel Pilllo de Anuda (Itu - Sr. Bn­

Juizes Ordinários Manuel Duarte Novaes (Itu -Sr. Bngellho)

Bento Dias de Cerqueira Leite (Cuiabá - Sr. gcnho)

Alferes José Caetano da Rosa (Portl!gal- Sr.

Engenho)

Bogenho) (ambos substituem Belllo Dias de

Cerqueira Leite)

3'

Vereadores

Autllnío José da Conceição (não sesabeexata­ meIIIe a Cia.)

José da F6 do Amaral (Itu - Mercador)

Procurador

João Pedro ctmea (portl!gaI- Negociante)

Câmara

Alferes Joaquim de Almeida Lima (Itu -

Agritultof)

Cap. MamJeI de Barros FemIz (Jtu - Sr. Bttge-

Jufz de Orfãos

DhÕ) . os 09: 2,631% dos 342 fogos

os 22: 3,395% dos 648 fogos os 13: 4,248% dOs 306 fogos

- 98 ­


X,xXiV • Paleoles e l'estos na»

.

a ... de OnIeoaaças

(10'7) em 648 ,....

TOTAIS PROF. AORlCUL JORNAIS AGtNClAS Nf!ÓO. ARTESÃOS PROF. TORES DIVERSAS . GBRAIS RURAIS CIANTES ']} I' ']} I' 2'

I' 2' I' 2' I' 2' I' 2' I'

CAPITÃO

(14

06

, ALFER.I!.S

03

02

· ·

01 Tte.CeL . Oln•. 02 , SARGENTO 01 02 01 CABO 11 01 08 AJUDANTE 02 - · SOLDADO 15 19 · TENENTE

-

MEIRINHO

DOCAMPO TOTAIS 35 42 02 Correspondem a 11,882% dos totais d"" fogos

-

- -

· · ·

· · .

· · - ·

·

01 · · · 01

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· 01 01 02

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· - · · ·

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02 01

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06 03

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01

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01

10

OS (14.

OS 2S 02 55

OI 1r:rt

Correspondem a 16,512% :

dos 648.' fogos FONTES ~

Departamento de Alqijfyo do &tado dI\: SAo Paulo 1. Lista Gera1 da5 Habitant.a: da l- 0.. de OrdoW\ftÇU da Vila Nova da

O:.utstilufçlQ no aoode 1.822.

2. üst. Geral dos _lte.... da ll' Cia. de OolenanÇl>ll da Vila Nova da Conatitlliç4odosftOcIc 1.822­ 11 • AnjuM> da CImanI Municipal de P I _ 3. I' Uvro de Alas (11iIJI!II1W) 4. Uvro de Eleiçl. (1822/IlI24) I

- 99­


EUASSALUM

CONTRIBUIÇÃO CULTURAL DOS MEMBROS 00 IHGP . A contribuição dos membros do IHGP no aunpo cultural tem sido muito grande através de colaborações constantes a jornais e revistas e participação em seminários, promoções de es­ tudos debates e palestras em escolas, igrejas, clubes de serviço e outras entidades. Além disso, ora sob o patrocínio do Poder Público ou do Instituto, ora às próprias expensas, de vez em quando, para a nossa alegria, um novo livro vem a ser editado por um deles e, para satisfação maior ainda, com muita justiça, recebendo prêmios, Para avaliação do leltor, aqui vai a relação dos autores e respectivas obtas: ANTONIO CARLOS NÉDER: 1- Farmacoterapia para cirurgiões dentistas ­ . 9& Edição (Best- Sellers na Odontologia Brasileira) 2 - Anesteseologia Odontológica (em elaboração com JQsias Vaz de Arruda) 3 ~ Colaboração em livros: a) Sistematização do Ensino Público Total (de Said Dumit) b) Endodontia (de Carlos Roberto Berger) c) Direitos Profissionais de Odontologia (de Eduardo Daruge e Nelson Massini) ANTONIO HENRIQUE DE CARVACOCENZA . 1 - Deontologia e Legislação Farmacêutiea -1987 . 2-Antesqueeu me esqueça (crônicas)-1988 ANTONIO MESSIAS GAlDINO 1 - Constituição e outros temas - 1985 2 - Sugestões à Constituinte - 1987 3 - Brasil Negro (a publicar) - problema racial no Brasil DELPHlM DA ROCHANEITO i - História do XV de Novembro (de Piracieaba) - 2 volumes ., Observação: A úniea agremiação desportiva do Brasa e quem sabe do mundo, que tem a sua História completa em letras de forma e a mais farta ilustração.

um

1 - Memória dos 20 anos - homenagem ao IHGP nos 20 anos - 1987 ERASMO PRESTES DE SOUZA . 1 - Almenara (poesias) 2 - Edições de inúmeras revistas de Cultura Religiosa EURÍPEDES MALAVOLTA 1- Malavolta e H. J. Kliemann -1985 - Desor­ dens nutricionais no cerrado - Editora Potafós Piracieaba 2 - Malavolta E. - 1985 - Corretivos agrícolas - Fundação Cargill - Campinas 3 - Malavolta E. - 1986 - Micronutrientes na adubação - ed. Nutriplanti - Paulfnia 4 - Mãlavolta E: - 1987 - Manuelde Qilagens e adubação das principais culturas - Ed. Agronômiea Ceres - &lo Paulo 5 - Malavolta E., G.C. Vitti, S.A. Oliveira ­ 1989, Avaliàção do estado nutricional das plantas " Ed. Potafós - Piracieaba 6 - Malavolta ~ A Violante Netto, 1989 NutriçãO Mineral, Calagem. Gessagem ·e adubação de citios - Ed. Potafós - Piracieaba 7 - Malavolta E, - 1989, AB.C. da adubação ­ 5" edição - Ed. Agronômiea Ceres LIda. - São Paulo. FIÁVIO TOLEDO PIZA . 1 - Separata do trabalho de Folclore do Ar­ quivo Municipal - &lo P~o - 1965 2 - Estudos sobre o romance do Soldado Jogador (romance à moda éabocla - cantado) FREDERICO PIMENTEL GOMES 1 - Curso de Esta~tiea Experimental - 131 edição .. 2 - Adubação de cima-de-açúcar (co-autor Enio de M. Cardoso) 3 - Anãlise Matemátiea (co-autor Isaías R. Nogueira) . 4 - Iuiciação à Estatística 5 - A Estatística Moderna na Pesquisa Agro­ Pecuária 6 - Experimentos de Adubação: Planejamen­ to e Auálise Estatística (co-autor Armando Cona­ gin)

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7 - Outras obras em colaboraçãoDiretor da Revista de Agx:icultura (fundada pelo Dr. Nicolau Athanassof) , GERAlDOCLARETDEMEUOAYRES 1 - Inúmeros artigos e pesquisas publicadas em revistas nacionais e estrangeiras 2 - No Diário Oficial do :e.,tado de São Paulo - Vida e Obra de Prudente de Moraes GUIUIERME VTITI 1 - Gramática Latina Sintética 2 - Manual da HiStória Piracicabana (duas edições) 3 - História da cidade em desenhos (quadri­ nhos • duas edições) 4 - Versão para o latim, de duas obras de' literatura 5 - Biografiaromaeeada de seus bisavós e avós no dialeto trentino. (está sendo editada na Itália) 6· Vocabulário resumido das palavras mais usadas do dialeto trentiho, usado pelos tiroleses trentinos dos bairros dos tiroleses da cidade de Piracicaba, acompanhado de provérbios e frases típicas dialetais _ HAlDUMONT NOBRE FERRAZ 1- Paulista Graças a Deus· (em parcerlacom Hugo Pedro Carradore. Parte de Genealogia) HELLY DE CAMPOS MEI;.GES 1 • O Livro do U Carlito - (poesias infantis), 1960(obra recomendada para leitura suplementar nas escolas de 1g Grau pela Secretária da Educação do :e.,tado de São Paulo) 2 - Na Era Atômica - 1968 (poemas) 3 -Meu Soldado - 1969 (poema) 4 - Ensaio sobre a Poesia de Paulo Setubal ­ 1970 - Prêmio Paulo Setubal 5 • São Paulo - paisagens seriadas da História da Cidade (35 sonetos) - obra apresentada à Academia Paulista de Letras 6· O Sermão da Montanha· 1Q livro da série o Evangelbo em versos 1985 Obs.: Outras obras serão publicadas breve­ mente HUGO PEDRO CARRADORE 1- Negritude na América (Poesia). Edição Pref. Municipal de PiraOicaba, SP - 1967 2 • Cururu. uma Dança ao Pé do Altar

(Folclore). Discoteca Municipal deSão Paulo, SP - 19.69 ' 3 - Retrato das' Tradições Piracicabanas. ~çãodaPrei: Municipalde Piracicaba, SP- 1978 4 • DigressQes em Tomo do Folclore. Editora franciscana, Piracicaba, SP - 1978 5 - Folclore no Jogo do Bicho. Ed. Tribuna Piracicabana - 1979 6 - Festa do Divino (Folclore), Ed. Prei: Municipal de Piracicaba, SP • 1981 7 - 10 Xilogravurás de Jota Barros, Edição do autor· 1981 8 - Contos Mal Contados e Outros Tantos, Ed. PannarIZ, São Paulo, SP • 1982 9 • Etnografia e Folclore do Demonio, Ed. Pannartz, São Paulo, SP - 1984 10 • Paulista. Graças a Deus (novela histórica). Ed. Shekinah, Piracicaba, SP • 1986 (obra em parceria com Haldumont Nobre Ferraz) 11 '. Palmares, o Drama da Liberdade (Poesia), Laserpriat Editorial. São Paulo, SP ­ 1988 MONOGRAFIAS 12 - Cafuné. Ed. do Inst. Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, Ministério da Educação e Cul· tural, ng 71, Recife, PE • 1979 13 - Cururu, Folclore 1, Ed. Prel. Municipal de Piracicaba - 1980 . 14 • Festa do Divino de PiraciCába, Folclore lI, 311 edição, Ed. Prefeitura do Muncfpio de Piracicaba· 1982 ­ 15 • Festa de São João, Folclore m, Ed. Pret: do Município de Piracicaba· 1981 EM COLETÂNEA 16 - Encontro com o Folclore - Umbanda e Defumações, Ed. F. Vanconcellos, n9 15. Guanabara, Rio de Janeiro, 1972 17 - :É Tempo de Poesia - Ao Admirável Mundo Novo. Camaval, ~orizonte, Ed. Soma, São Paulo, Sp - 1980 18· Defesa da-Cultura Nacional- Realidade e Folclore - 1983 JAIRO RIBEIRO DE MAlTaS 1 - Estudo da preparação vegetativa do gradfolo (obra técnica) - 1984 2 • Aspectos da densidade do bananal no

- 101 ­


litoral do &t. S. Paulo (Tese Doutoramento) ­ 1969 " 3 - Folhetos referent~ a trabalhos de divulgação de agricultura a paisagens , JAYRA 80UCAULT ARRUDA 1 - Falando com Fernanda - 1978 2 - Há uma nova obra para 1m JOSÉ WIZ GUIDOTIl l-Aventuras na8aciado Rio daPrata-1991 JUUO SEABRA INGLEZ DE SOUZA 1 - 1948 - A História de São Roque vista por um agrônomo. In: 'Revista de Agricultura: XXIll: - 12 Piracicaba 2 - 1930 - Notas para a história de viticultura mineira. In: O Estado de S.Paulo: 12, 19 e 221janeiro: I, 11, DL São Paulo 3-1952· BrazÇubl!: ~~~oviticultor_ do Brasil. In: Chácaras e Quintais. 85(5): 559-561. São Paulo 4 - 1959. O Vale do São Francisco, uma fabulosa e inteiramente nova região brasileira de viticultura. In: Chácaras e Quintais 100(5): 755-756 5 - 1959. Origem do vinhedo paulista. Jundiaf, Prefeitura Municipal - 321 p. 6 - 1964 - Sete povos das Missões, berço da viticultura gaúcha. In: Chácaras e Quintais. 110(1) 152-162. São Paulo 7 - 1966. La viticultura en el Paraguay, As­ suncion, Unin. de Agric. V. Ganaderia 36 p. (mimeo)

8 - 1967 • Do mamoeiro e do mamão. São Paulo, Edit. Melhoramentos 30 p. 9 - 1970 - Jnodiaí: lavradores e lavouras' de antanho. Pref. Municipal de Jundiaf. 36 p. 10-1986-Poda das plantas frutfferas, 141 ed., São Paulo, Melhoramentos, 219 p. 11- 1969 - Uvas para o Brasil. São Paulo, Ed. Melhoramentos 12 - 1989 - São Nicolau, a primeira adega do Rio Grande do Sul. In: Informativo SBF. VDI(2): 9-10 Campinas 13 - Passifloráce;ls do Brasil. Piracicaba, BSALQ. 150 p. (mim.eo} UNOvrrn 1- "Abre-te Sésamo" - 1969 (poesias)

2 - AIma desnuda - 1989 {poesias) 3 - Sinfonia Poética (POesias) de parceria com Frei Timóteo de Porangaba - 1990 MARIA CBLESTINA T. MENDES TOR­ RES 1 - Aspectos da Evolução da Propriedade Rural em Piracicaba no Tempo do Império. Ed. Academia Piracicabana de Letras - 1975 2 - Um Lavrador·.Paulista do Tempo do Império - 12 prêmio do Concurso sobre História de São Paulo, 1966. Separata da Revista do Ar­ qnivo Municipal, n2 CLXX1I. Divisão do Arqnivo Histórico - Dep. de Cultura - Secretaria da Educação e Cultura, Pref. do Município de São Paulo 3 - O Jardim da Luz - l Q prêmio do Concurso Municipal de História dos Logradouros Públicos da Cidade de S. Paulo no Tempo do Império ­ 1967. Separata da Revista do Arquivo, n2 CLXXIV- Prof. do Município de 8. Paulo, Sec. de Educa~ão e Cultura; Divisão' do Arquivo Histórico 4 - Manuel Fernandes Ramos - Um Vereador Sertanista . Aspectos da Vida Municipal de S. Paulo no século XVI, 2'1 prêmio do ConcursO de Monografias sobre Vereadores da Câmara Municipal de S. Paulo no século XVI - 1965 (in Rev. do Arquivo Municipal CLXXIX, 1969) 5 - O Bairro do Brás - 12 ~mio do Concurso sobre, História dos Bairros de São Paulo, Pref. Mun.\cipal - Secretaria de Educação e Cultura, Departamento de Cultura - 1970 6 - O Bairro de Santana - 2'1 prêmio do Con­ curso sobre Bairro de São Paulo. Pref. Municipal. Secretaria de Educação e Cultura. departamento de Cultura - 1969 7 - Ibirapuera - 12 prêmio do Concurso (VDI) de Monografias sobre a Históriade Bairros de São Paulo. Divisão do Arquivo Histórico da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo - 1977 8 • Octávio Teixeira Mendes e sua Piracicaba -1982 MARLY THEREZINHA ,GERMANO PERECIN 1- Síntese Urbana .. Edição do'lliGP -1989

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(Prêmio Clio da Academia Paulistana de Históríil em 1991) 2 - Candeias em Espelho D'Água - Ed.l..oyol­ la -1989 3 - Artigos em Revistas Científicas e Jornais MOAaRN~NOMONmmO

1 - Saltinho - dados histórioos - 1982 2 - Retalhos da História de Rio das Pedras ­ 1980 3 - Aspecto da história de Capivarl no final do século XIX - 1987

MOACYR O. CAMPONEZ DO BRASIL SOBRINHO 1 - Nutrição e adubação de plantas cultivadas (co-autor e Malavolta) - obra em vários idiomas 2 - Manual de adubação (colaboração) duas edições . 3 - Cultura do mamoeiro (colaboração) MYRIA MACHADO BOlElliO 1- Prismas -1967 (contos) 2 - Aquarela - 1985 (contos) NÉUO FERRAZ DE ARRUDA 1 - Estudos Regionais Paulistas NOEDI MONmmO 1- O Centenário do Abasteclmento de Água de Piracicaba - 1887-1987 a) Manual do Município de Rio das Pedras . (Fev. 1991) b) Manual do Municfpio de Anhembi ­ Centenário (Abril 1991) c) Manual do Município de Águas de São Pedro (Janeiro 1992) TRABALHOSNA~NSA

3 - A História dos Fotógrafos de Piracicaba (Tribuna de Piracicaba). 4 - As Igrejas de Rio da Pedra (Tribuna de Piracicaba) 5 - Biografias do dr. André Ferreira dos Santos - "Or. Preto" 6 - Biografia dos Irmãos Rebouças 7 - Várias outras Biografias ORIGINAIS MANUSCRIrOS

8 - Cemitério da Saudade - antigo cemitério Protestante de Piracicaba 9 - Piracicaba da Luz a Querosene à Elétrica

10 - Do manuscrito, tipográfico ao off-set - a imprensa de Piracicaba 11 - Igrejas Evangélicas de Piracicaba OPÚSCULOS 12 - Piracicaba a cidade das eseolas - 1988 13 - Sftio dos Marques - 1989 14 - Piracicaba, cadê você? A publicar APUBUCAR 15 -Tratado das Águas, Higiene, Saneamento e Saúde Pública (a sair no início do próximo ano) OSWALDO CAMBIAGHI 1 - Medicina em Piracicaba - 1984 (contnbuição à sua Históríil) 2 - EstUdos Regionais Paulistas - 1989 ­ Presença dos Alemães PEDRO CAlDARI 1- Memória da Vila -111 e 1P Volume -1990­ 1991 (Refere-se á Vila Rezende - Piracicaba) WALTER RADAMES ACCORSI 1 - .Estudos da longevidade e do compor­ tamento fisiológico dos "Seelings" de Coffea ar­ bica L varo Mundo-novo, em função das reservas cotiledonares. W.R. Accorsi e Colaboradores 2 - Estudo das relações no peclodo da folha de Tabebuia alba. Walter R. Accorsi e Colaboradores 3 - Estudo das ~elações métricas n3s plantas. W.R. Accorsi e MA de Barros . 4 - Estudos sobre a nutrição mineral do feijoeiro(Phascolus vulgarlaL varo roxinho) W.R. Accorsi e CoIaboradores 5 - Morfologia do fruto e germiuação da se­ mente de Euterpe edulia. W.R. Accorsi e MA de Barros Nota: São muito vastas as publicações de pesquisa e estudos realizados pelo Walter R. Ac­ corsi,fato que levará esta revista a publicar um capítulo especial a eles referente. OBS.: Pelo período curto entre a iniciativa e a publicação da revista, por motivo exclusiva­ mente involuntário, o nome de algmn antor ou de algmna obra pode ter sido omitido. Solicitamos seja feita comunicação do fato à Diretoria do ins­ tituto e no próximo número as omissões não mais existirão.

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SÓCIOS DÓ UI.G.P.

01- Aline Coelho de Oliveira Mendes 02 - Antonietta R. da Cunha L. Pedroso 03 - Antonio Carlos de Mendes Thame 04 - Antonin Carlos Neder 05 - Antonio Henrique C:Coceuza 06 - Antonio Messias Galdino 07 - Antonio ROberto Diehl 08 - Aracy. de Moràes Terra 09 - Aristeu Mendes Peixoto . 10 - Bennur Galvão do Amaral 11- Branca Motta de Tóledo.Sacbs 12 - Branca Pelegrini de Moraes Barros 13 - Cacilda Azevedo Cavaggioni 14 - Caiúby de sOUZa Arruda 15 - Cloris AlessÍ 16 - Decio Azevedo 17 - Delphim da Rocha Netto 18 - Edmar José Kiehl 19 - Elias Salum 20 - Erasmo Prestes de Souza 21- Erasto da Fonseca 22 - Eugênio NardiIÍ 23 - Euripedes Malavolta 24 - Fernando Ferraz de Arruda 25 - Flávio M. Toledo Piza 26 - Francislidio Beduschi 27 - Frederico Pimentel Gomes 28 - Geraldo Bragion . 29 - Geraldo Claret de Mello Ayres 30 - Geraldo Nunes 31 - GlÍilh~rme Vitti 32 - Gustav.o Jaeques Dias Alvim 33 - Haldumont Nobre Ferraz. 34 - Helena Rovay Benetton 35 - Helly de Campos Melges 36 - Hugo Pedro Carradore 37 - Jabyra B. Arruda ' 38 -JairToledo Veiga 39 - Jairo Ribeiro de Mattos 40· João carlos Sajovic Forastiere 41 - José Luiz Guidotti 42 - José Rosário Losso Neto 43 - Jorge Luiz Mialhe ~-J~o~abrafu~ezdeSouza

45 - Lauro Natali 46 - Lino Vitti 47 - Ludovico Trevisan -'18 - Luiz Fernando Penteado de Castro 49 - Manoel Manho 50 - Maria Cedlia AG. Zagatto 51 - Maria Celestina T.M. Torres 52 -Maria Dulce Bandiera Bergamin 53 - MarIy Therezinha Germano Perecin 54 - Mario Dedini Ometto 55 - Mario DresseIt Dedini 56 - Moacir Nazareno Monteiro 57 - Moacyr O. Camponez do Brasil Sobrinho 58 - Myria Machado Botelho 5P - Nair Barbosa de A Leme 60 - Nélio Ferraz de Arruda 61 - Noedy Monteiro 62 - Noedi Kraenbuhl da Costa 63 - Noemi Silveira Wrege 64 - Olênio de Arruda Veiga 65 - Oswaldo Cambiagbi 66 - Otto Jesu Qocomo 67 - Paulo Nogueira de Camargo 68 - Pedro Caldari 69 - Pedro Chiarini Neto 70 - Ramiro Alves Catulé 71 - Sérgio Parizotto 72 - Umberto Caotoni 73 - Waldyr Martins Ferreira 74 - Walter Cài:melo ZócoIii 75 - Walter Radamés Accorsi 76 - Zahira Neder Petrini PRESTAÇÃO DE CONTAS An exercer o cargo de Presidente deste Ins­ tituto nestes últimos dois anos, sinto mnito não poder apresentar um ralatório como gostaria de fazê-lo. Todavia,. com a consciência tranquila por ter realizado o que esteve ao meu aleaoce, trago ao conhecimento dos prezados confrades as seguintes informações por ano de mandato. Ano de 1990

1 • Propiciamos condições Jl.lIl1I pesqUisas a alunos do Curso Superior de História da

UNIMEP. - 104 ­


2 - Participamos com outras organizações das solenidades realizadas em comemoração ao Centenário do NascimenÚ) do escritor piracicabano, Prof. Thales Castanho de Andrade. 3 - Participamos de estudos, palestras e debates em várias classes universitárias. 4 - Oassificamos e fic&amos a discoteca (350 discos doados ao I.H.G.P.). 5 - Organizamos 35 álbuns de fotografias em n6mero superior a 4.00Q, referentes a paisagens e vistas parciais de Piracicaba em, várias épocas, prédios, autoridades, cenas e realizações ad­ ministrativas de vários governos; visitantes ilustres e eventos sociais. 6 - Promovemos a solenidade de outorga de medalhas e diplomas do Mérito de Prudente de Morais aos agraciados: Dr. FlávioToledo Piza, Dr. Walter Radamés Accorsi e Profll Marly Therezi­ nha Germano Perecim. 7 - Admitimos também em sessão solene os seguintes sócios titulares: Rev. Erasmo Prestes de Souza; José Luiz Guidotti; Prof Moacyr Nazareno Monteiro e WalterCan:itelo Zócolli. 8 - Adquirimos livros, utensOios e outros bens, deixando saldo em caixa para 1991.

6- Admitimos como sócios correspondentes, o senhor cônsul, Dr. Francisco FalcM Machado e o Comendador Manoel Tavares de Almeida. 7 - Demos prosseguimento ao trabalbo de memória fotográfica 8 - Aumentamos o acervo do Instituto com várias peças e documentos históricos. 9- Participamos da entrega do Prêmio CllO conferido pela Academia Paulistana de História à confreira· Marly Therezinha Germano Perecim pelo seu livro: SINTESE URBANA, editado por este Instituto. 10- Estamos publicando esta Revista 12 - Estamos deixando saldo em caixa, supe­ rior a dois milbões de cruzeiros, garantindo a publicação do próximo número. Nota: Deixamos de publicar relação de novos sócios e de relacionar nomes dos agraciados com a outorga da Medalba do Mérito Prudente de Morais ·por estarem os .nomes dos propostos, sendo apreciados pelas respectivas comissões quando esta revista estava sendo impressa

AMIGOS QUE SE FORAM Ano de 1991

1 - Realizamos a solenidade precorsora da Comemoração do 902 aniversário de fundação da Sociedade Sírio-Libane..oa em Piracicaba 2 - Participamos com outras entidades das comemorações do Sesquicentenário do Nas­ cimento do Presidente Prudente de Moraes e do 1~ Centenário da li Constituição da República 3 - Promovell1-0s palestras em es­ tabelecimentos escolares e clube de serviço. 4 - Promovemos comemoração especial jun­ tamente com a Câmara Municipal em memçoria de Prudente de Moraes pelo motivo anterior. 5 - Promovemos li visita a Piracicaba e ao Instituto, do Cônsul Geral de Portugal com programação especial que durou o dia todo, ter­ minando com palestra proferida pelo Cônsul e apresentação de epnjunto folclórico portugués com danças típic:as.

Nestes doiS últimos anos, perdemos três gran­ des amigos e queridos confrades: Prof. Leandro Guerrini. Dr. Abner da Silva Perpétuo e Dr. Manoel Lopes Alarcou. Três pessoas cujas vidas foram cheias de exemplos de trabalho, de amor e de solidariedade, vidas impregnadas de ideal pelas boas causas. Vidas merecedoras de profundo respeito. Ao lado destas, lembramo-nos de outras pes­ soas que a esta Entidade deram também muito desf. A vista destas lembranças, cada um de referidos amigos terá pela ordem cronológica de sua partida, nos números futuros, um estudo biográfico a ser escrito por colega que o conheceu ou acompanhou sua vida, seus sonhos e suas lulaS. Esperamos assim, estar sempre, res­ tabelecendo a memória de cada um dos bons amigos.

- lOS ­


PUBLICAÇÕES DO INSTITUTO 1 • História de Piracicaba em Quadrinhos

(2 volumes)

Leandro GueniDi

2· História da Fundação de Piracicaba

MárioNeme

3 • Revista de EstudQS Piracicabanos Flállio de Toledo Piza! Alexandre G. dos SanlOll, .

Guilherme Vittí, NéIio Ferraz de Arruda, Paulo Nogueira Camargo, Marly Therezinha Germano Perecia, Noedy KrahenbuhI Costa e Joaquim do Marco

4 • Subsídios à Geografia de Pir"cicaba

GDido RaJIWli

5 • Lendas e Crendices de Piracicaba

Waldemar 19Iésias Fernandes

6 • Memória dos 20 Anos

(da criação do IHGP)

EliasSalum

. 7 • Estudos Regionais Paulistas AfolijodeAlmeida,Jah»raB.Arruda,JairToledo

Veiga e Oswaldo Cambiagbi

8· Síntese Urbana

,

MarIyTherezinha G. Perecin

9 - Piracicaba: Dois Estudos Guilherme Vitti e Júlio Soares Diebl


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