Catálogo Alfred Hitchcock

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polícia com algemas penduradas de um braço, depara-se imediatamente com uma banda do Exército da Salvação, corre por uma viela e entra numa sala. Graças a Deus que o senhor veio, Sr. Fulano , dizem-lhe, e o colocam sobre uma plataforma. Aparece uma moça com dois homens, colocam-no num carro e o levam para uma delegacia, mas que na verdade não é uma delegacia eles são espiões. A rapidez das mudanças, isso é o fundamental. Se eu fizesse Os 39 degraus de novo, manteria aquela fórmula, mas na verdade, para funcionar, ela exige muito trabalho. É preciso empregar uma ideia atrás da outra, e com muita rapidez. Como você fez em Intriga internacional. Sim, uma espécie de Os 39 degraus americano. Sabotador [Saboteur, 1942] foi também um bom exercício nessa direção. Sim. Mas me lembro da abertura de Os 39 degraus: a crítica principal do Observer de Londres creio que era Caroline [C. A.] Lejeune estava sentada ao lado do crítico do Daily Express. Eles estão assistindo à cena do hotel, em que Madeleine Carroll consegue, por fim, retirar uma das algemas de Robert Donat. Eles estão deitados juntos na cama, ela se levanta, olha-o e então estende um cobertor sobre ele, de modo bastante sentimental. Nesse ponto, o crítico do Express se voltou para a mulher do Observer e disse “Ah, Deus, lá vamos nós outra vez o sonho do amor jovem! . E, aí, Madeleine Carroll se deita no sofá e, após um minuto, treme de frio, estende o braço, descobre Donat e se cobre com o cobertor. A sua famosa teoria de McGuffin se originou nesse filme? Creio que isso remonta às primeiras histórias de espionagem certamente em Os 39 degraus e O homem que sabia demais porque um espião está sempre atrás de algo. Mas do que ele está atrás? Lembro-me de que naquele filme a perseguição levava à Escócia, e iríamos instalar aeródromos subterrâneos nas faces de montanhas, e tudo terminava com Mr. Memory dizendo uma porção de coisas complexas e sem sentido, que pretendiam ser alguma espécie de fórmula para alguma coisa. Um McGuffin é algo com que as personagens se preocupam, mas o público não. Numa história de espionagem é preciso ter isso, mas na verdade não importa. Em Intriga internacional, eu como que reduzi isso ao mínimo. Cary Grant diz: O que esse sujeito quer? . E Leo G. Carroll responde: Bem, digamos que ele seja importador e exportador . Do quê? De segredos do governo. Isso foi o suficiente. Mas muita gente pensa que o McGuffin é a coisa mais vital de um filme na verdade, é a menos importante. De onde o McGuffin tirou o seu nome? Não me lembro quem cunhou a expressão creio que foi um editor de roteiros chamado Angus MacPhail, ainda no tempo da Gaumont-British. A ideia saiu de uma anedota: dois homens estão sentados num trem que se dirige à Escócia, e um pergunta ao outro: Desculpe-me, senhor, mas o que há nesse pacote esquisito que o senhor pôs no bagageiro? . Ah ,


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