Universo Interdisciplinar 2018

Universo Interdisciplinar

Edição

02

Ano 2018

Universo Interdisciplinar Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo Câmpus Avançado Jundiaí REITOR Eduardo Antonio Modena

COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DO CURSO TÉCNICO EM LOGÍSTICA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO

DIRETOR DO CÂMPUS Lucivaldo Paz de Lira EDITORAÇÃO Andressa de Andrade Daniel Perez Tatiane de Paula Sudbrack PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Alex Benito Alves REVISORA Adriana Fernandes Machado de Oliveira

Após mais um ano de muito trabalho, sai do forno mais uma edição da Revista Universo Interdisciplinar! Ao longo de 2018, nossos alunos exploraram as temáticas “Medidas”, “Classificações” e “Saberes” como pano de fundo para a elaboração dos 16 artigos que apresentamos para vocês.

Nesta segunda edição da nossa Revista, trazemos o resultado do trabalho realizado com duas turmas de primeiro ano do curso Técnico em Logística Integrado ao Ensino Médio. A partir de diferentes subtemas ou de pontos de vistas particulares acerca de assuntos comuns é que foram construídos os textos de cada um dos oito grupos de alunos das turmas A e B. Assim, os artigos apresentam os resultados dos processos de pesquisa de dezesseis grupos distintos sob orientação de professores de diversos componentes curriculares.

A organização desse complexo trabalho que envolveu oitenta alunos e onze servidores orientadores no âmbito da disciplina Medidas, Classificações e Saberes (carinhosamente apelidada de MCS) foi re-

Alessandro Fonseca Esteves Coellho Andressa de Andrade Daniel Perez Leonardo Ferreira Guimarães Marcelo Rodrigo Silva Pinto Salatir Rodrigues Junior Tatiana de Oliveira Tatiane de Paula Sudbrack Vanessa Stollar Vivian Batista Gombi

alizada por três docentes de áreas de atuação diferentes: Biologia, Física e Pedagogia. Desde o planejamento até a conclusão das aulas, tudo foi feito coletivamente, com muito diálogo e (não podemos ignorar) alguns desencontros.

Ilusão seria imaginar o contrário: que a soma disso tudo aconteceria por meio de um harmônico processo completamente isento de percalços e resultaria em um rico conteúdo salvo de falhas. A bem da verdade é que a própria realização do Projeto Integrador, do qual faz parte a disciplina MCS, tem sido um desafio constante para nossa escola. E, talvez por isso, tem nos trazido também muitos proveitos.

Apesar das dificuldades e até mesmo das relações conflituosas que surgem na elaboração desse trabalho, sem dúvida é unânime por parte da equipe de professores os ganhos que a escrita desses artigos traz para todos os alunos do primeiro ano, uma vez que muitos novos conhecimentos têm que ser ativamente buscados e várias novas habilidades devem ser desenvolvidas por todos.

Dentre essas habilidades, podemos citar: pesquisa e levantamento bi-

bliográfico, aprimoramento da leitura, elaborações de resumos, discussões sobre ética científica, discussões sobre liderança e trabalho em grupo, análise de diversos textos em revistas de divulgação científica, utilização de citações e elaboração de referências bibliográficas, entre outros elementos inerentes à elaboração de uma produção com o objetivo de divulgar Ciência.

Todas as habilidades e conhecimentos desenvolvidos no Projeto Integrador vão para além da impressão deste projeto que entregamos em suas mãos, no formato desta revista. Acreditamos que essas aprendizagens permearão a experiência escolar de nossos alunos e servirão como artifícios para que eles tenham muito sucesso ao longo dos três anos escolares e, mais do que isso, para que, ao sair da nossa escola, eles levem essas experiências para o mundo do trabalho e para a vida.

Esperamos que vocês gostem desta nossa nova edição e que ela possa servir como base para a construção e o aprimoramento das próximas. Boa leitura!

Andressa, Daniel e Tatiane.

SUMÁRIO

O futuro vem de ônibus

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Gasligthing

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Ano2018

04 Gentrificação: Organização do espaço urbano

20 A desnaturalização do corpo

Como projetar um bebê e reinventar a sociedade

16 Acidentes químicos: precaver ou correr o risco?

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08 Identidade de gênero na adolescência

24 A internet na atualidade como ferramenta de manipulação

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Sorria!

Você está sendo manipulado

42 Ações da logística reversa e economia criativa

58

36 A insegurança alimentar no Brasil

50 Desigualdade de gênero

Perspectivas para o uso do carro elétrico no Brasil

46 Matriz emergente

62

38 Uma colher de ansiedade e uma xícara e meia de compulsão alimentar

54

12

Sexualidade na adolescência

04

O futuro vem de ônibus:

uma proposta de solução sustentável ou mais do mesmo?

Autores: Alexandre Marinho de Souza - Amábely Delegá Ferreira - Augusto Salomão Costa Oliveira Beatriz Gouveia Alves - Brendaly Sampaio de Matos - Isabel da Nóbrega Raimundo Orientador: Felipe Ferreira De Lara

O ônibus elétrico é um modelo de veículo dedicado ao transporte coletivo movido a energia elétrica. O modelo elétrico possui a vida útil maior do que um ônibus movido a diesel e polui menos o ambiente, pois não emite CO2 nem poluição sonora. O veículo se mostra como uma alternativa para ajudar a resolver a crise ambiental por diversos fatores, especialmente graças a sua bateria recarregável.

A partir desse contexto, os desafios

relacionados à mobilidade geram discussões entre todos os setores da sociedade e influenciam decisivamente o declínio da qualidade de vida das pessoas (LARA, 2018).

Entre 1994 e 2014, houve um crescimento de 192% na poluição no Brasil, devido ao uso de carros, ônibus, caminhões, fábricas, entre outros, todos movidos a combustíveis fósseis (ÉPOCA, 2016). Porém existe uma previsão para

Fonte: montagem feita com base em www.news.wjct.org

que essa taxa deixe de subir, ou até mesmo passe a decrescer a partir do uso da tecnologia elétrica nos transportes.

Atualmente, diversos países já adotam um sistema de ônibus elétrico, tais como China, Rússia, EUA, Brasil e Japão. Os locais que acataram esse novo modelo de transporte tiveram uma redução na taxa de poluição (DIÁRIO DO TRANSPORTE, 2018). A Chi-

O futuro vem de ônibus

O modelo elétrico possui vida útil maior, não emite CO2, nem poluição sonora na está crescendo rapidamente nesse mercado: cerca de 385 mil ônibus elétricos já estão em circulação, dando grande importância ao veículo, e o país possui uma das montadoras pioneiras no mercado, a BYD (ESTADÃO, 2018).

O veículo consome a energia que é acumulada em suas baterias, podendo ser recarregada quando necessário.

Isso reduz os custos, já que, quando a carga diminui, o sistema lhe fornece energia novamente.

Nesse sentido, estudar as potencialidades para o Brasil e como essa tecnologia pode colaborar para o meio ambiente e a economia se faz importante, embora já se saiba que ela pode ajudar a atualizar a infraestrutura ur-

bana, promovendo a inovação tecnológica sustentável nas cidades.

Funcionamento O ônibus elétrico funciona por meio da tração elétrica, sustentado por um conjunto de baterias. A tecnologia das baterias está em progresso constante e os modelos mais recentes utilizam chumbo-ácido, íons de lítio e ferro-fosfato com maiores medidas de carga (FRONIUS, 2018).

As características diferenciadas dos ônibus chineses, além das baterias de última geração, tipo ferro-fosfato, estão nos eixos de tração – que trazem os motores elétricos acoplados nas próprias rodas, ou seja, não existe mais o tradicional “eixo cardam” que conecta o motor elétrico ao antigo diferencial (FRONIUS,2018). Além disso, os motores elétricos, em cada lado do eixo trator, são do tipo “ímã permanente”, o que fornece mais potência ao motor.

Estas características fundamentais proporcionam um rendimento maior do motor e menor consumo de energia provinda das baterias. Se estes eixos fossem instalados nos trólebus atuais, por exemplo, a economia de energia também seria significativa. Aliás, este tipo de eixo trator, com motores nas próprias rodas, já é usado em trólebus modernos na Europa (FRONIUS, 2018).

O ônibus elétrico está cada vez mais

05 sendo distribuído pelo Brasil, e sua implementação tende a aumentar. O veículo se mostra como uma alternativa para ajudar a resolver a crise ambiental por diversos fatores, como sua bateria recarregável, seu conforto devido ao “fator silêncio”, pois o sistema elétrico é de fato silencioso, além de não emitir gás carbônico (CO2) – responsável pelo agravamento do efeito estufa e da acidificação do oceano.

Casos de sucesso no Brasil A chinesa BYD está no Brasil desde 2013, atuando principalmente com baterias recarregáveis, componentes elétricos, entre outros. É a empresa responsável pela fabricação do ônibus D9W – o primeiro modelo 100% elétrico no Brasil, que contempla todos os princípios para sua circulação em São Paulo, representando uma grande evolução para a mobilidade elétrica nacional (FRONIUS, 2018).

Em setembro, a BYD divulgou uma nota a respeito de um novo implemento de ônibus elétrico no município de Bauru, interior de São Paulo.

Ele estava programado para começar a rodar em 10 de setembro de 2018.

Bauru também conta com um segundo ônibus elétrico, cujas atividades estão previstas para começarem entre final de setembro e início de outubro de 2018.

Outro ônibus elétrico da BYD teve sua

06 estreia em Brasília, operando na linha que serve a Universidade Nacional de Brasília. 100% elétrico, ele não emite gases poluentes e ainda reduz ruídos desconfortáveis. Isso ajuda na geração de emprego, nos avanços tecnológicos do transporte e na diminuição de poluentes (DIARIODOTRANSPORTE, 2018).

Casos de sucesso no mundo A partir da experiência da cidade de Shenzhen, também na China, os 12 milhões de habitantes demonstraram que é possível ter 100% da frota com ônibus elétrico. Era uma meta que tinham para o final de 2018, porém, com a urgência em combater a poluição, terminaram o projeto no final do ano de 2017. O número de habitantes dessa cidade – e de pessoas que utilizam o transporte público – é similar ao de São Paulo, que, por sua vez, também tem a meta de trocar toda a frota por ônibus elétricos – porém, no edital oficial apresentado, essa meta está prevista apenas para daqui a 20 anos (DIARIODOTRANSPORTE, 2017).

Dos 120 mil ônibus elétricos vendidos no mundo em 2017, 95% circulam na

Os locais que adotaram esse novo modelo de transporte tiveram redução na taxa de poluição

China. Agora essas empresas querem expandir e colocam o continente europeu como uma de suas prioridades. Na China, a meta é chegar ao fim de 2018 com 4% da frota operando de forma elétrica. São 300 mil ônibus elétricos circulando hoje na China. Em Paris, os primeiros veículos com essa tecnologia devem chegar só em 2020. Atualmente, 17% do transporte público urbano da China é movido a eletricidade, em comparação a menos de 2% na Europa.

Na Europa, o transporte representa 27% das emissões de CO2 e a meta do Acordo de Paris é de que, até 2050, essas emissões sejam reduzidas em 90%. Mas a venda de carros elétricos ainda é pequena. Em 2017, por exemplo, apenas 250 mil unidades chegaram às ruas europeias, ante mais de 19 milhões de novos carros vendidos no mesmo ano.

No que se refere aos veículos privados, a meta europeia ainda é tímida, com o objetivo de chegar a 5% da frota do continente sendo elétrica ou híbrida até 2021 (ESTADÃO, 2018).

Ônibus elétrico e Sustentabilidade A frota de ônibus elétricos tem afetado a demanda mundial por petróleo. A cada mil veículos colocados nas ruas, a demanda diária por petróleo cai em 500 barris (segundo a agência Bloomberg).

Em 2018, o número de barris de petróleo excedente poderia aumentar em 37%, atingindo um total de 279 mil. Só com os ônibus chineses, esse total seria de 233 mil (ESTADÃO, 2018).

A nova licitação de ônibus urbanos ainda a ser aprovada estabelece que, num prazo de dez anos, a frota em circulação reduza as emissões atuais de CO2 em 50% e chegue a zero em 20 anos.

A frota atual, quase toda movida a diesel, é de 14,4 mil ônibus. O grupo chinês BYD tem uma fábrica em Campinas (SP) que produz ônibus elétricos e deve vender este ano cerca de 80 a 100 unidades. A capacidade atual da fábrica é de 300 unidades/ano (ESTADÃO, 2018).

Fonte: montagem feita com base em www.cdn.vox-cdn.com

Inovação tecnológica em ônibus elétrico: caso Tesla A empresa Tesla está com um projeto inovador de transporte, o ônibus elétrico subterrâneo. Isso mesmo – um ônibus subterrâneo, como um metrô. Esse modelo tem uma tecnologia magnética que faz com que o automóvel “plane” sobre um trilho que alcança até 200km/h (DIARIODO-

O futuro vem de ônibus

TRANSPORTE, 2018).

Elon Musk, fundador da Tesla, SpaceX e The Boring Company, diz que esse modelo poderá transitar horizontal e verticalmente através de pistas e elevadores, respectivamente. Musk explica que, em breve, o transporte de massa será realizado em trens magnéticos de alta velocidade dentro de um tubo subterrâneo (DIARIODOTRANSPORTE, 2018).

Mas o ônibus elétrico subterrâneo é mais do que promessa. Musk afirma que já há um responsável pelo desenvolvimento do novo meio de transporte, a The Boring Company. E se você acha que isso é uma promessa exagerada de futuro, ele promete mais: em breve viajaremos ao espaço como uma nona forma de turismo (DIARIODOTRANSPORTE, 2018).

“O sistema pode transportar automóveis, mas somente quando forem atendidas todas as necessidades de

07 transporte público. É uma questão de respeito e justiça. Em primeiro lugar, há de pensar nos que não podem ter carro“ (Elon Musk, 2018).

A partir das considerações acima realizadas, conclui-se que o ônibus elétrico é uma proposta de desenvolvimento sustentável, já que as diferenças entre ele e o ônibus convencional são drásticas, tanto com relação à forma de se obter energia para locomoção, quanto ao impacto que causam no ambiente.

Bibliografia ALEXANDRE PELEGI. BYD divulga fotos do novo ônibus 100% elétrico que começa a rodar em Bauru: Veículo deve se integrar à frota do transporte coletivo municipal na próxima segunda-feira, dia 10 de setembro. São Paulo: Diário do Transporte, 2018. Publicação: blogpontodeonibus. Disponível em: <https://diariodotransporte.com.br/2018/09/05/ byd-divulga-fotos-do-novo-onibus-100-eletrico-que-comeca-a-rodar-em-bauru/>. Acesso em: 5 set. 2018.

CONTEÚDO, Estadão. Revolução dos ônibus elétricos chega à Europa. São Paulo: época Negócios, 2018. Disponível em: <https:// epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/09/revolucao-dos-onibus-eletricos-chega-europa.html>. Acesso em: 27 set. 2018.

FRONIUS, A Equipe. Soluções de íon de Lítio da Fronius: como funciona a tecnologia de íon de lítio, suas vantagens com a tecnologia de íon de lítio, carregamento eficiente com baterias de íon de lítio da Fronius. São Bernardo do Campo: Fronius International Gmbh, 2017-2018. Disponível em: <https://www.fronius. com/pt-br/brasil/sobre-a-fronius/historia>. Acesso em: 1 jan.

2018.

LARA, Felipe Ferreira de. Posicionamento comparativo entre subsidiárias brasileiras e matrizes européias sobre tecnologias de eletromobilidade e compartilhamento de carros. Sciencedirect.

Jundiaí, p. 1-1. Ago. 2018. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/ S221053951830018X#! >. Acesso em: 28 ago. 2018.

PELEGI, Alexandre. Dono da Tesla anuncia projeto de ônibus elétrico subterrâneo. São Paulo: Diário do Transporte, 2018. Disponível em: <https://diariodotransporte.com.br/2018/03/10/ dono-da-tesla-anuncia-projeto-de-onibus-eletrico-subterraneo/>. Acesso em: 10 mar. 2018.

PORTAL LUBES. Caminhão e ônibus elétricos da BYD chegam ao Brasil. São Paulo: Frota&cia, 2018. Disponível em: <http:// portallubes.com.br/2018/03/byd-chega-ao-brasil/>. Acesso em: 26 mar. 2018.

SEGS. China tem a primeira cidade do mundo com uma frota de ônibus totalmente elétrica. Botafogo: FGV Energia, 2016. Disponível em: <https://fgvenergia. fgv.br/noticias/china-tem-primeira-cidade-do-mundo-com-uma-frota-de-onibus-totalmente-eletrica>. Acesso em: 1 jan. 2016.

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Como projetar um bebê e reinventar a sociedade Autores:

Agatha Ávila - Caroline Fernandes - André Fabris Andrielly Karolyni - Camilly Pereira Orientadoras: Vivian Gombi - Adriana Fernandes Machado de Oliveira

Por muito tempo, nossa reprodução esteve condicionada à natureza, sem possibilidade de intervenção ativa na questão genética – assim, os bebês nasciam como resultado da seleção natural, sem objeção humana. No entanto, tem sido desenvolvido um método com o qual as pessoas podem contrariar o destino, formando novas vidas de acordo com suas necessidades e desejos: humanos geneticamente projetados para serem diferentes, com determinadas características sendo preferidas e outras deixadas de lado, de acordo com o gosto do freguês.

Com isso, surgem grandes questões na esfera do indivíduo, mas que afetam a sociedade por inteiro - já que seria formado, assim, um novo mundo onde apenas os super-humanos viveriam dignamente.

Acha exagero? Pense na aplicação dessas tecnologias no seu dia a dia. E se anunciassem agora mesmo nos jornais que pessoas com suas características (as mais banais ou outras mais específicas, como: miopia, propensão a diabetes, imunidade baixa etc.) estão quase erradicadas do país? Parece assustador e surreal, mas é o que já vem acontecendo na Islândia, por exemplo, onde pessoas com síndrome de Down quase não existem mais.

Conhecendo melhor a CRISPR/Cas9 Atualmente, os cientistas já são capazes de modificar seres vivos por meio da cha-

mada edição gênica. Esta consiste em alterar uma parte desejada do DNA, por meio de diferentes técnicas, como: ZFNs, MEGANUCLESES, TALENs e a CRISPR/Cas9 – que é a mais acessível, por ser mais simples, eficiente e ter menor custo quando comparada às outras já citadas. Essa técnica foi criada a fim de modificar os genes, retirar doenças hereditárias e mudar as características de seres vivos, o que é feito através de modificações no DNA. A estrutura molecular do DNA está relacionada à sua habilidade em armazenar informação. Uma molécula de DNA é constituída por duas longas cadeias, denominadas fitas, expostas em uma dupla-hélice. Cada cadeia é formada por quatro tipos de componentes químicos, denominados nucleotídeos, abreviados como: A (adenina), T (timina), C (citosina) e G (guanina). Nesta dupla-hélice, existem os genes – que são a unidade de herança transferida dos pais para os filhos. Eles codificam a informação necessária para formar todas as moléculas sintetizadas dentro de uma célula e, assim, estabelecem a identidade e a função celular.

Para modificar esta estrutura de DNA, pode ser utilizado o sistema de edição CRISPR/ Cas9, descoberto ao se estudar o processo que ocorre quando um vírus ataca uma bactéria e insere uma réplica de seu DNA nela.

Quando essa bactéria sobrevive ao ataque do vírus, ela guarda a réplica do DNA viral em sua própria sequência de DNA, em um local chamado Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interes-

paçadas – ou CRISPR, na sigla em inglês.

Assim que ocorre outro ataque desse vírus, a bactéria percebe, e entra em jogo sua defensora – a enzima Cas9. É ela que vai até a sequência CRISPR, faz uma cópia de RNA do vírus antigo, que havia ficado armazenado depois do primeiro ataque, e procura achar um par compatível ao longo do DNA da bactéria. Quando encontra, corta esse par (uma das características principais da Cas9 é cortar fitas de DNA); enquanto isso, o vírus antigo “vegeta” no DNA da bactéria, não causando impacto.

Outra função positiva da Cas9 é que ela é programável, podendo dar um direcionamento para o DNA alvo. Ela pode ser programada por meio de um RNA sintético, que fornece um objetivo específico para ela – encontrar a determinada sequência de DNA compatível e cortar.

Por essa técnica ser capaz de modificar as características genéticas do ser humano, torna-se possível criar seres ditos “superiores” biologicamente e, em larga escala, criar uma raça biologica-

Como projetar um bebê e reinventar a sociedade

mente melhorada. Em vista disso, surge uma questão relacionada à bioética: até que ponto o homem deveria interferir artificialmente na natureza humana?

A Bioética e os limites da ciência A bioética e a ética estabelecem uma relação de complementaridade entre si.

Enquanto a reflexão ética busca estabelecer princípios universais para regular de modo geral as condutas humanas, a bioética se preocupa principalmente com o campo da medicina e da tecnologia relacionada aos seres vivos, discutindo temas como: vida, integridade física e psíquica, integridade do patrimônio genético, intimidade genética, igualdade e não discriminação. Ou seja, a bioética discute valores éticos fundamentais, contudo em um campo mais específico.

A Bioética traz regulamentos contra ações prejudiciais que interferem na dignidade do ser humano. Interessado em estabelecer parâmetros éticos, este campo do conhecimento aborda a responsabilidade moral dos médicos e biólogos nas aplicações práticas de pesquisas, ou seja, nas condutas dos profissionais que lidam com a vida e a saúde.

As regulamentações da Bioética se fundamentam nas resoluções dos direitos humanos – centrados na noção de dignidade do homem, que se vincula com a preocupação em garantir sua humanização. Através da bioética, a ciência pode reconhecer direitos essenciais à proteção desta dignidade e se adaptar. No contexto do avanço da ciência, enfrentam-se riscos à preservação destes direitos básicos, na medida em que são criadas novas descobertas científicas com grande potencial de interferir na vida dos homens.

Uma abordagem interessante sobre estes riscos é realizada por Aldous Huxley

Fonte: montagem feita com base em www.publico.pt

em sua obra Admirável Mundo Novo. Este livro conta a história de uma sociedade que se passa em um futuro hipotético, em que os avanços tecnológicos e científicos estão muito em alta. Por conta disso, a sociedade é constituída por manipulação, ou seja, os indivíduos não nascem mais de seus pais: são fabricados em laboratórios onde são geradas dezenas de seres humanos, boa parte deles parecidos (gêmeos).

Nesta distopia, os indivíduos são divididos em castas: temos os Alfas, os Betas, os Gamas, os Deltas e os Ípsilons, cada um criado

Por essa técnica, seria possível criar seres biologicamente “superiores” com funções diferentes e específicas dentro da sociedade. Desde crianças, são criados de forma a serem induzidos a gostar de algo ou não, a ter mais habilidade em uma coisa e menos em outra. Ninguém tem a possibilidade de questionar nada, já que são induzidos a tudo. Por exemplo, na casta dos épsilons, os médicos alteram tanto a genética deles que acabam retardados: durante o processo em laboratório, eles ficam sem oxigênio no organismo e assim perdem o raciocínio, e, por conta disso, acabam aceitando essa vida e aprendem a amá-la.

No admirável mundo novo, a tecnologia e a ciência estão tão avançadas que as pessoas não en-

09 velhecem, não são feias, não têm a pele enrugada e não têm doenças, e acabam repudiando tudo o que era feio. O governo ainda distribui uma espécie de droga chamada Soma para as pessoas, que faz com que fiquem felizes – sendo obrigadas a tomá-la toda vez que estiverem tristes, pois é proibido ser infeliz nessa sociedade. Tal ficção nos apresenta, em todo seu processo, as consequências de um mundo destituído de quaisquer questionamentos éticos, em que a tecnologia está a serviço do Estado para o controle e padronização humanos.

Em 2004, foi aprovada pela UNESCO a Declaração Internacional Sobre os Dados Genéticos Humanos, documento que fornece orientações práticas para o tratamento de questões éticas, como: o respeito da dignidade humana, a proteção dos direitos humanos e das liberdades essenciais em matéria de recolhimento, tratamento, utilização e conservação dos dados genéticos humanos. Estes princípios buscam orientar os Estados na formação de suas legislações e das políticas sobre tais matérias.

A relevância dessa Declaração está em sua abordagem sobre os dados genéticos humanos em seu âmbito comercial e econômico, como os tratamentos diferenciados, a segurança e a liberdade de investigação de seres humanos. Importante considerar que a produção científica não está separada de interesses políticos e econômicos, ou seja, as empresas criam produtos a partir de experiências genéticas para tratar de doenças, tipos sanguíneos, tipos

10 de pele, compatibilidade sanguínea etc.

Também há interesse em desenvolver produtos que tratam de estética e beleza humana, usando a genética para tais fins.

O governo brasileiro gasta muitos recursos financeiros com o tratamento de doenças como câncer, AIDS, diabetes, entre outros. Dessa forma, poderiam ser usadas tais empresas para se desenvolver produtos e remédios através de experiências genéticas, sendo testados e aprovados pela ANVISA e outros órgãos. O governo compraria a patente dos produtos ou adquiriria a licença para usar os produtos ou remédios produzidos, sendo os custos de produção das empresas, na maioria das vezes, abatidos no imposto de renda e repassados para o Ministério da Saúde e distribuídos pelo SUS. Por conta disso, é fundamental o estabelecimento de regulamentações para as atividades desenvolvidas no campo da genética.

Neste sentido, vale retomar os princípios básicos da bioética: a autonomia, a beneficência, a não maleficência e a justiça.

Tais princípios funcionam em conjunto com os princípios definidores profissionais que tratam da vida humana.

Eugenia: ciência ou ideologia?

A eugenia, em seus primórdios, tinha como objetivo a seleção dos seres humanos com base nas características hereditárias, com o intuito de melhorar as futuras gerações. Ela defendia o estudo dos indivíduos sob o controle social visando a melhorar ou a empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações, seja física ou mentalmente.

Essa ideia começou inicialmente com Francis Galton – que, ao ler “A origem das espécies”, obra escrita por seu primo Charles Darwin, procurou transpor o conceito de “evolução” entendido em termos biológicos para uma interpretação da sua realidade cultural. Em meados de 1880, começou a enviar questionários a homens e mulheres, com perguntas como altura, peso, inteligência, cor dos olhos e habilidades artísticas, e também dos seus pais e avós. As respostas que ele encontrou eram mais ou menos intuitivas, mas os dados mostravam uma tendência, as características humanas distribuíam-se em curvas continuas. Diante disso, Galton considerou que cada característica humana seria gerada por um padrão de herança social.

Diferentemente de Galton, o biólogo William Bateson pensava a hereditariedade por outro foco: as instruções hereditárias eram transmitidas não por herança social, mas por unidades individuais de informação. Outro renomado biólogo, Arthur Darbishire, realizou experimentos buscando provar que Galton estava certo, mas seus resultados só conseguiam ser explicados mediante a concepção de hereditariedade mendeliana.

Depois disso, Galton apresentou seu argumento sobre a eugenia em uma conferência pública, defendendo-a como uma nova “religião”, uma ideologia. Seus princípios fundamentais eram emprestados da teoria de Darwin, mas enxertavam a lógica da seleção natural nas sociedades, ou seja, no plano

Evolução da Eugenia Desde Galton até os dias de hoje

Fonte: montagem feita com base no conteúdo dos autores

cultural.

O propósito da eugenia era acelerar a seleção natural através da distinção dos seres mais adaptados dos menos adaptados.

A separação era feita por características estritamente biológicas, e os que possuíam alguma “desvantagem” neste quesito eram chamados de ‘menos adaptados’.

Para isso, Galton propôs a reprodução seletiva dos fortes – em sua concepção, o casamento serviria para que homens e mulheres que tivessem as “melhores” características biológicas se casassem para criar melhores descendentes.

Bateson argumentou que o verdadeiro poder da eugenia estaria na manipulação de genes, e não na seleção de características. Contudo, para Galton, a reprodução de mulheres e homens simplórios ainda representava uma grave ameaça genética à nação. Neste sentido, Galton fundou uma revista especializada, “Eugenics Review”, que defendia não só a reprodução seletiva como também a esterilização seletiva.

Apesar de a eugenia ter um caráter pretensamente científico, nunca conseguiu ser comprovada. No entanto, repercutiu nas ações dos homens, como nas consequências históricas da eugenia nazista, que surgiu principalmente por causa da ideologia de “pureza racial” criada a partir da ideia de Galton.

O lado oculto da edição gênica Em nossa atualidade, graças ao estudo constante dos genes – conhecidos popularmente como o “código da vida” – so-

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Como projetar um bebê e reinventar a sociedade

fremos mudanças em certos conceitos, como o de “corpo”. Este não é mais visto sob a perspectiva iluminista, que o define como um auxiliar do cérebro e da razão, mas como uma máquina de sobrevivência, sendo o portador da máquina mais apta: o ser humano mais desenvolvido.

Assim, chegamos ao novo modo de apresentação da Eugenia, a Neoeugenia. Esta tem por definição substituir o foco racial pelo genético, de tal forma que os geneticamente mais aptos são ditos superiores.

Também são substituídos os responsáveis pela modificação: ao invés da escala social (estado), temos a escala pessoal (reprodutor).

Tais aspectos da neoeugenia trazem questionamentos morais, como a liberdade do ser, sua dignidade e seu lugar na sociedade. Afinal, graças à tecnologia genética, tem sido possível praticamente erradicar certas condições humanas, como na Islândia, onde um procedimento genético quase chegou a extinguir a síndrome de Down.

Pode-se ver como a edição gênica conseguiria interferir na vida do cidadão comum na obra cinematográfica Gattaca: as pessoas nascidas sem modificação genética são marginalizadas, sendo destinadas a cargos de baixa remuneração, os menos procurados, já que, para cargos disputados, é preciso ser submetido a testes que mostram a estrutura dos genes do candidato.

O filme mostra a vida de um menino nascido por reprodução sexuada, como nós.

Vincent, apesar da capacidade intelectual, não consegue emprego na área que procura, só como faxineiro. Por causa disso, toma o nome e as amostras de DNA de um homem geneticamente modificado.

Essa solução mostra uma alternativa difícil para a maioria da população no mundo real.

Afinal, quem teria acesso a uma tecnologia capaz de decidir o futuro das pessoas? A minoria, que detém a maioria dos recursos, e só continuaria crescendo em poder, em todos os sentidos.

Uma grande representação deste novo modo classificatório é a chamada sociobiologia, que, por ser um ramo da ciência, procura explicar a existência de ligações diretas entre a estrutura genética de um indivíduo e seus comportamentos. Ligar o comportamento a uma condição biológica natural seria como dizer que a vida de alguém está escrita em seu material genético.

Esse tipo de ramo da ciência se vale de recursos como a divulgação de trabalhos que defendem esse pensamento para atingir um público que não tem especialização no assunto, tornando assim populares tais ideias.

Essas hipóteses não possuem comprovação da comunidade científica, mas se advogam como tal. São novas pseudociências, refutadas por meio de experimentação.

As pseudociências já se apresentaram em discursos como a ideologia nazista, afirmando uma suposta superioridade social da

raça ariana. Isso pode se repetir de forma velada, retirando aos poucos direitos de determinados grupos e aumentando a desigualdade social.

Dessa forma, para que haja um bom uso da edição gênica – que respeite a dignidade humana e não se torne uma porta para discriminações e desigualdade –, é preciso que haja uma regulamentação por meio da bioética, evitando assim a repressão das condições genéticas de determinadas partes da sociedade.

Bibliografia CARDOSO, Maria Helena Cabral de Almeida; CASTIEL, Luis David.

Saúde coletiva, nova genética e a eugenia de mercado. 2003, Disponível em <http//www.scielo. br/pdf/csp/v19n2/15431.pdf>.

Acesso em: 26 set.2018.

GEDBIOÉTICA (São Paulo). A edição genética hoje e sua importância para a bioética. 2017. Disponível em: https://gedbioetica. com.br/edicao-genica-hoje-e-sua-importancia-para-bioetica/. Acesso em: 04 maio 2017.

MAGALHÃES, Lana.

Eugenia.

2017. Disponível em: https:// www.todamateria.com.br/eugenia/. Acesso em: 24 dez.2017.

MUKHERJEE, Siddhartha. O GENE: Uma História Intima, São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

680p.

REECE, Jane B. et al. Tema: os processos da vida envolvem a expressão e a transmissão de informação genética. IN: BIOLOGIA DE CAMPBELL.p.5

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Gentrificação:

Organização do espaço urbano Autores: Júlia dos Santos Garcias - Erick Roger Araújo Santos - Kaylany Drieli Pereira dos Santos Giovanna Gondin Pereira Orientador: Tiago Machado de Jesus

O espaço urbano, modernização e exclusão social O espaço urbano é um tipo de espaço dotado de construções como ruas, avenidas e edificações, com elevado fluxo de pessoas, mercadorias e ideias. Este ambiente é formado igualmente por um processo demográfico de aumento populacional. No caso brasileiro, nota-se o início de tal fenômeno a partir do final do século XIX, com os primeiros passos da industrialização, avançando de forma vertiginosa ao longo do século XX. Esse foi um período de transformações complexas, pois o aumento das indústrias interferiu nas relações de trabalho, conectado ao êxodo rural – isto é, ao início da migração de um grande contigente de pessoas, antes ligadas às atividades agrícolas desenvolvidas nas áreas rurais, por exemplo. Trata-se, enfim, do que chamamos de urbanização: o que transforma a cidade, ao final do século XX e início do século XXI, pela primeira vez na história humana, na morada da maioria da população mundial.

A gentrificação, por sua vez, é um processo mais recente. A palavra vem do inglês “gentrification”, inventada pela socióloga Ruth Glass nos anos 1960. A palavra “gentry”, usada para designar “bem-nascidos”, foi aplicada com o intuito de se referir ao “aburguesamento” do centro da capital inglesa – como consequência da ocupação, pela classe média e alta londrina, dos bairros que normalmente eram habitados pelos operários. Desde então, a palavra vem sendo usada para se referir ao processo de mudança no perfil social dos habitantes, que se configura na chegada de pessoas com alto poder aquisitivo e na mudança material observada através do surgimento de novas construções, seja do tipo habitacional (condomínios de

luxo, torres residenciais e comerciais de alto padrão, shopping-centers) ou infra-estrutural (vias mais arborizadas, ruas largas, iluminação etc.). Muitas vezes, inclusive, utiliza-se a palavra “revitalização” para se referir à gentrificação, como se, pela somatória de investimentos públicos e interesses privados, espaços da cidade antes tidos como “mortos” retornassem à “vida”.

Nesse sentido, inicialmente, a gentrificação foi considerada como algo positivo e até mesmo desejável pelo poder público. Contudo, já na década de 1980, passou a ser vista por grande número de urbanistas por seus aspectos socialmente negativos. Segundo Martins (2014), essa mudança de visão acon-

Construção da Arena Corinthians- São Paulo, Itaquera. Inaugurada em 10 de Maio, 2014 Fonte: montagem feita com base em www.wikipedia.org

Gentrificação: organização do espaço urbano

teceu pois, em um primeiro momento, viam-se apenas as melhorias aparentes, mas ninguém até então havia prestado atenção em um problema evidente. Ou seja, os analistas passaram a notar que a gentrificação estava associada a um padrão de urbanização excludente. Afinal, para onde foram as pessoas que viviam naquela determinada região da cidade que foi “milagrosamente” revitalizada?

A partir dessa mudança na perspectiva dos estudos urbanísticos, percebeu-se que, além de um embelezamento e valorização de uma área antes degradada de determinada cidade, a gentrificação é, na verdade, uma consequência da organização do espaço urbano em favor de uma revitalização com fins lucrativos, que excluí aqueles que não podem pagar para usar esse espaço. Não é apenas um processo de mudanças imobiliárias de um bairro, região ou cidade por si só; trata-se de um fenômeno gerado por pressões do mercado imobiliário, interessado em valorizar os terrenos e imóveis em determinada região.

Assim, entre os resultados da gentrificação, observam-se de forma combinada a reorganização da geografia urbana e uma mudança gradual no perfil socioeconômico. Isso ocorre pois as áreas antes desvalorizadas passam a ter um custo muito alto, ao passo em que a população residente nesse local é gradativamente substituída por indivíduos de perfil mais comercial ou grupos sociais mais abastados. A paisagem modifica-se, e as zonas – que antes eram só guetos, barracos e pobreza – transformam-se em condomínios, prédios e casas de médio e alto padrão.

No caso do Brasil, quando falamos de gentrificação, observamos ainda o peso de uma divisão perversa: aquela entre as moradias “legais” e as “ilegais”. As primeiras têm todos os requisitos para

uma moradia digna, contudo são cada vez mais caras e inacessíveis para a maioria da população urbana. As segundas geralmente se encontram em zonas de risco, sem infraestrutura, e seus moradores não têm posse legal sobre a habitação, pois são em larga medida

As melhorias privilegiaram quem? fruto de ocupações. Elas são habitadas por pessoas de baixa renda, que sofrem com uma dupla exclusão: ao mesmo tempo em que o Estado não é capaz de garantir o direito à moradia, essas pessoas tornam-se culpadas por habitarem algo irregular, fruto de ocupação, cometendo assim um crime.

Convém observar também que, durante o processo anterior à gentrificação, podem ocorrer episódios de violência e até possíveis crimes contra a população local, como foi o caso em muitas favelas de São Paulo, incendiadas em 2012. Todas estavam situadas em regiões em processo de valorização (na época, chegaram a abrir algumas investigações devido à coincidência, mas foram encerradas sem nenhum depoimento ou conclusão).

Seu bairro lucrativo: os dois lados da moeda Os argumentos favoráveis à gentrificação defendem que a criação de bairros sustentáveis, a reconstrução de locais abandonados e a introdução de novos moradores pressionam para uma melhoria de

13 serviços, favorecendo a todos os moradores da cidade. Um estudo feito pelo Furman Center, da Universidade de Nova York (NYU), aponta que os moradores de habitações sociais em bairros nobres, nascidos da gentrificação, têm rendas maiores e convivem com menos violência, geralmente em espaços urbanos mais bem organizados.

No entanto, o geográfo e professor Christopher Gaffney nos lembra que: “ao mesmo tempo que o espaço é produto e meio da ação social, é também instrumental e um mecanismo de poder que simultaneamente produz uma hierarquia de lugares. Portanto, o espaço é fundamental para o processo de acumulação e de reacomodação de poder e deve ser colocado como prioridade nos estudos sobre gentrificação”.

Se seguirmos essa ideia – de que o espaço urbano é também um espaço que estabelece hierarquias a partir de um acúmulo de poder –, poderíamos nos perguntar se a supervalorização do lugar onde residimos pode, no final das contas, expulsar-nos de lá. Pois a lógica da gentrificação estabelece que, depois da chegada dos benefícios, todos os custos se modificam, inclusive reajustando o preço do aluguel ou substituindo a vendinha da esquina por um mini-mercado descolado, mas com produtos encarecidos. Assim, caso não consigamos arcar com os novos e elevados custos de vida, rapidamente nos perguntamos, as melhorias privilegiaram quem? Por essas razões, há quem conclua que esse processo se assemelha a um filtro social movido pelas leis de mercado.

Outra questão frequentemente abordada é a homogeneização do espaço urbano onde ocorre a gentrificação. Muitas vezes os projetos de paisagens e de fachadas dos imóveis, comércios e residências baseiam-se em exemplos semelhantes e acabam tornando o espaço bastante igual mundo afora – como nos exemplos clássicos dos subúrbios

14 norte-americanos ou dos condomínios de alto padrão no Brasil. Isso acontece porque, em uma economia de mercado, o modelo de projeto paisagístico ou urbanístico que atinge o sucesso tende a ser repetido, inclusive com efeitos publicitários para atrair os novos habitantes. Na maioria dos casos, o local acaba se tornando vítima do sucesso dos modelos adotados pelas construtoras. E as empresas imobiliárias tendem a usar isto a seu favor em seus discursos publicitários.

No entanto, o poder público – e, portanto, o interesse público – deveria ter um papel fundamental nesses processos de construção e reorganização das cidades, uma vez que a gestão dos espaços e a criação de regras para o desenvolvimento surgem de políticas públicas de planejamento urbano. Mas não é isso o que parece ocorrer. Segundo a urbanista Andreia Martins, a gentrificação é um fenômeno que geralmente acontece como consequência de planos de revitalização de áreas e também de políticas habitacionais do Estado combinadas com a iniciativa privada.

Ação do Estado e os mega eventos esportivos Um bom exemplo dessa combinação foi o ciclo de obras iniciado a partir do anúncio de que o Brasil seria o país-sede dos dois maiores eventos esportivos do planeta: A Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as Olimpíadas em 2016.

A Arena Corinthians, construída na zona leste da cidade de São Paulo, foi uma dessas obras projetadas para abrigar os jogos da Copa e, ao mesmo tempo, se relacionar com sua região.

A construção se deu como uma das mais polemicas da época, por causa dos incentivos fiscais garantidos pela prefeitura da cidade. Para facilitar a realização da empreitada, o governo municipal argumentou que a presença do estádio acarretaria um desenvolvimento econômico e social para a região, beneficiando todos os moradores. Mas, segundo os comerciantes e moradores, eles não tinham ciência dos projetos e nem opinaram nas decisões que os afetariam. Além disso, a construção do estádio intensificou uma das principais causas da gentrificação, pois, a partir da confirmação da construção do estádio, as habitações tiveram seus valores elevados, o que impactou diretamente o preço dos aluguéis da região, atraindo o interesse de grandes empresas imobiliárias e dificultando a permanência dos antigos moradores. Foi mais ou menos nesse sentido que, em 2014, a revista norte-americana The New Yorker caracterizou a Arena Corinthians como “monumento à gentrificação”, alegando que o estádio aumentara o abismo de desigualdade já existente em todo o

país.

Quanto às Olimpíadas realizadas na cidade do Rio de Janeiro em 2016, há o caso da Vila Autódromo, negociada com empresas que construiriam prédios de classe média no local onde moravam pessoas de classe baixa. Após décadas de ameaças de desapropriação, com a proximidade dos Jogos Olímpicos e

A supervalorização do lugar onde você reside pode te expulsar dali tendo em vista a alegada necessidade de criar a Vila dos Atletas para a Olimpíada, o prefeito da época, Eduardo Paes, decretou que a Vila Autódromo seria de utilidade pública para fins de desapropriação.

Dessa vez, a desapropriação foi finalmente realizada pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Contudo, mais uma vez os moradores não se sentiram contemplados com as negociações. Como resultado, a maioria das famílias deixou o local insatisfeita com o valor das indenizações, mas pressionada por decretos e pelo início das construções na região.

Hoje restam pouquíssimas famílias originais, em um ambiente cercado por torres de mega empreendimentos imobiliários.

(EL PAÍS, 2016) Isso levou o professor Christopher Gaffney, do Departamento de Geografia da Universidade de Zurique, a concluir que: “A grande obra de transformação do Rio tem um custo social para a parcela mais pobre da população. O prefeito do Rio fala abertamente em gentrificação como um processo desejável, mas ela não passa de uma substituição social que sempre beneficia as pessoas com maior poder aquisitivo.”

A ação do Estado e a especulação imobiliária

Há também os casos no quais o poder público procura “revitalizar” uma parte da cidade que já foi considerada uma “área nobre”, buscando aproveitar os aparelhos públicos de regiões centrais da cidade, tais como a boa infra-estrutura de transporte e serviços. Tal foi o caso do centro da cidade de São Paulo – alvo, nas últimas duas décadas, de ações públicas voltadas para a valorização de áreas consideradas hoje degradadas.

No final do século XIX, o centro era o local de preferência das elites. Porém, com a agitação e a movimentação crescentes,

esse favoritismo foi diminuindo ao longo do século XX. Os ricos começaram a escolher a calmaria das zonas um pouco mais afastadas na época, como a Avenida Paulista ou os Jardins Paulistanos. Esse movimento desvalorizou os imóveis do centro, deixando inúmeras construções para trás. Esse abandono criou localizações ermas, que conhecemos do modo pejorativo, como a famosa Cracolândia, local tristemente famoso pelo abandono dos usuários de drogas. Como consequência, observou-se nessas regiões o aumento de seus níveis de degradação, abandono e violência. Mesmo assim, o centro – pela história de seu desenvolvimento – conta com uma grande infraestrutura urbana, possível de ser aproveitada pela população. No entanto, o impacto de ações públicas voltadas para a lógica da gentrificação surtiu pouco ou mesmo nenhum efeito prático. Ao contrário, ao observarmos os noticiários recentes, verificamos que o espaço urbano dessa região é constantemente cenário de catástrofes.

Recentemente, o caso mais impactante foi o incêndio do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandú, centro de São Paulo. O prédio desabou decorrente de um incêndio na madrugada de 1° de maio de 2018. Inaugurado em 1966, foi posteriormente abandonado, em 2001.

Logo depois, foi alienado à Prefeitura de São Paulo em 2017. Ali seria a sede da Secretaria de Educação e Cultura. Todavia, acabou sendo, até seus últimos momentos, ocupado por integrantes de um movimento que defendia o direito à moradia, o LMD. Outro exemplo bastante conhecido em São Paulo foi a tentativa de gentrificação da Cracolândia (região da Luz e Campos Elísios). Em 2005, Serra e Kassab, em ação conjunta do governo do Estado e da Prefeitura, criaram um projeto de revitalização da região. Contudo, uma das primeiras medidas do plano foi a remoção dos cidadãos em situação de rua. Kassab usou, inclusive, de violência policial para tentar resolver a situação, algo que resultou em completo fracasso – além de desgastar a imagem da prefeitura. Essa situação se repetiu em 2017, quando o então prefeito João Doria, por meio de atentados violentos e claras violações aos direitos humanos, tentou novamente a retirada dos moradores. Na ocasião, foi relatada uma série de situações absurdas, tais como a tentativa de demolição de casas em situação irregular com os moradores ainda em seu interior. A tentativa mais uma vez fracassou. Entretanto os moradores continuam sendo ameaçados, seja pela ação direta do poder público ou, mais indiretamente, pelo fracasso das políticas de reorganização do espaço urbano.

Gentrificação: organização do espaço urbano

Gentrificação; precisamos dela ou a utilizamos como pretexto para a exclusão?

Para a professora aposentada da USP, Ermínia Maricato, “a questão econômica é base do preconceito”. Como podemos ver, isso se concretiza ao observarmos que as melhorias, quando ocorrem por meio da gentrificação, acabam na maioria das vezes beneficiando os mais ricos, expulsando os mais pobres, e aumentando a exclusão social. Tendo isso em vista, podemos afirmar que a gentrificação não é a melhor saída para reorganizar o espaço urbano. Especialistas afirmam que o ideal seria que as diferentes classes sociais pudessem conviver orientadas a partir de políticas públicas conjuntas para a cidade como um todo. Nesse caso, em que os serviços urbanos seriam entendidos como serviços públicos para toda a população, haveria a diminuição da violência, a diminuição dos preços dos imóveis e uma menor desigualdade social. Ou seja, poderíamos pensar em um espaço urbano que contribui para a inclusão social.

No entanto, como Nakamo diz: “Existe uma intolerância com relação à convivência entre diferentes grupos em territórios próximos. Você tem uma tendência de ‘evitação’ social muito forte no Brasil, de grupos que se negam a conviver com outros que têm outro padrão cultural e socioeconômico, e isso se transforma em processo de fragmentação da cidade”. Além disso, em nosso país, a diferença socioeconômica é gigantesca – o que intensifica a divisão do país entre, de um lado, os ricos, e do outro, os pobres, sem condições de melhorias e sem oportunidades de emprego por não terem escolarização necessária e por serem esquecidos pelo Estado.

A exclusão é somente a ponta de um iceberg cheio de problemas ocasionados por preconceitos e ignorância. Cabe a nós sermos mais compreensíveis para entendermos que a gentrificação, num país subdesenvolvido como o Brasil, seria favorável apenas a uma parcela dos envolvidos. Como sociedade democrática e ativa, podemos contribuir para mudanças vantajosas a todos, impondo um posicionamento a nossos representantes políticos para que apresentem soluções mais racionais para o problema da cidade, como uma possível verba destinada a moradias para as pessoas com baixa renda, e uma educação igualitária a todos, ricos ou pobres.

A nós, restaria nos posicionarmos sobre a gentrificação: seria ela uma ação que tem como propósito a construção de uma justa partilha do espaço urbano, ou, seria apenas o ápice de uma fragmentação social?

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2018.

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Identidade de gênero na adolescência Autores: Ana Beatriz - Ana Luísa - Graziele Batista - Iury Michelin Orientador: Daniel Costa A identidade de gênero na adolescência é uma área muito vasta em conteúdos e, por resultado, possui uma diversidade de significados. Os temas que abordaremos aqui são: identidade de gênero, sexualidade, gênero e a identidade do próprio indivíduo.

Tentaremos esclarecer algumas dúvidas que surgem sobre as questões relacionadas, buscando fazer com

que os adolescentes se sintam seguros ao passar por estas etapas, além de expandir o conhecimento do leitor.

Para que ocorra o desenvolvimento da identidade de gênero, o indivíduo precisa primeiro desenvolver sua própria identidade – estando ligada com o conceito do self, teoria citada por Erikson que se relaciona com as metas, valores e crenças que envolvem o cotidiano do

Fonte: montagem feita com base no conteúdo dos autores

indivíduo e são enfatizadas neste período. Este assunto não é totalmente resolvido na fase da adolescência, resultando em uma crise de identidade. Além disso, o psicólogo James E. Marcia propõe como complemento os estados da identidade – que demonstram as crises e compromissos desenvolvidos.

Identidade de gênero na adolescência

Esses estados de identidade não são definitivos, e mudam conforme ocorre o desenvolvimento. Segundo Marcia, grande parte dos adolescentes se encontra na fase de moratória ou de execução, e procuram sua identidade com o tempo.

No entanto, esta questão não é totalmente resolvida durante a adolescência – ou seja, está presente também na fase adulta. A identidade é composta por três dimensões: a escolha de uma ocupação; a adoção de princípios, valores e crenças; e o desenvolvimento de uma sexualidade satisfatória.

Para que o adolescente defina sua identidade de gênero, é necessário que antes conheça sua própria identidade – relacionada aos estados que Marcia propõe (a realização de identidade, execução, moratória e difusão da identidade). Estes estão ligados à crise e ao compromisso que surgem, sendo que podem ou não ser resolvidos na adolescência.

A sexualidade está presente em qual-

quer indivíduo, desde o início até o fim de sua vida. Fazendo parte da personalidade do ser humano, além de ser um aspecto importante para a vida, ela influencia os pensamentos, ações, sentimentos, interações, saúde mental e física. Está ligada ao reconhecimento de sua própria orientação sexual, ao surgimento das primeiras manifestações da sexualidade e às uniões afetivas ou sexuais. Também está interligada à intimidade, ao contato, à atração, à forma de sentir e de se expressar.

Ela não tem apenas uma definição: é um assunto amplo que aborda uma imensidade de aspectos. Ela é formada pela orientação afetiva (atração por determinado indivíduo), pela cultura que se vivencia, pelas influências, pela faixa etária, pelos relacionamentos e comportamentos. Alguns pontos importantes dessa fase de aceitação envolvem a preocupação do indivíduo com a forma de se expressar, levando em conta a sociedade e o preconceito – que muitas vezes é exercido por pessoas próxi-

Fonte: montagem feita com base no conteúdo dos autores

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Podemos classificar o ser humano analisando e comparando o sexo com a definição de gênero mas, provocando confusões.

Com base em estudos, Judith Butler – filósofa estadunidense com importante papel nos estudos de gênero e no desenvolvimento da teoria – quer enriquecer essa visão sobre o gênero.

Ela esteve no Brasil em 2017 para um evento internacional sobre o populismo, mas alegaram falsamente que ela apresentaria uma palestra relacionada à “ideologia de gênero”.

Em 2003, houve o lançamento no país de seu livro “Problemas de gênero”, que trazia uma descrição do caráter performativo do gênero: é definido pela sociedade ao nascermos, não sendo analisadas as possíveis modificações do ser humano em seu processo de desenvolvimento. Com isso, são impostas diversas atribuições que prejudicam as pessoas que não se identificam com os padrões.

Jovens e adultos podem construir suas atribuições de gênero de acordo com ou contra as normas sociais impostas. As instituições deveriam apoiar as pessoas que estão em busca de sua identidade de gênero, para assegurar-lhes a liberdade, um direito fundamental.

Assim que identificamos novos gêneros, surge a necessidade de criarmos novos grupos. Podemos classificar o ser humano analisando e comparando o sexo com a definição de gênero. A expressão de gênero é um fator que tem a inclusão da classificação das características físicas e psicológicas.

Existe uma grande diversidade de orientações sexuais. Nosso levantamento mostra que atualmente há 50 definições diferentes. A sociedade tenta ter um controle sobre a sexualidade, privando o ser humano de sua liberdade de expressão sexual, entre outras, deprimindo este. Estamos em um momento em que as normas sexuais estão em constante mudança, traduzindo a complexidade de for-

18 mas com que os indivíduos podem ou deveriam viver sua sexualidade.

Considerar a orientação sexual como escolha pessoal é um fator que pode levar a sociedade a criticar e perseguir indivíduos sem conhecê-los e sem saber o que já foi estudado e produzido acerca desse tema.

O movimento LGBTQ, a liberdade de gênero e a aceitação A sexualidade humana é diversificada e não podemos definir a orientação sexual a partir do gênero do indivíduo, pois há uma variedade na combinação entre eles. As famílias devem apoiar a opção de gênero de cada indivíduo e ter afeto. Para que a liberdade de gênero seja aceita, é necessário que a sociedade corte a raiz do preconceito e que a violência verbal e a física sejam eliminadas.

As pessoas que não se encaixam nos padrões relacionados ao gênero são assediadas, sofrem ofensas e ataques físicos que podem levar à morte. As mães correm o risco de perder seus filhos se eles “saírem do armário”, e eles ainda podem perder o emprego, relações com os familiares e amigos ou serem isolados da sociedade. Isso ocorre devido à expectativa social em relação às ações, atitudes e expressões de mulheres e homens, um arranjo de gênero que exerce uma força sobre a maneira de viver.

No Brasil, uma mulher é assassinada a cada duas horas: nosso país tem a fama de ser mais conhecido pelos assassinatos de pessoas LGBTQ. O objetivo dessa teoria é gerar mais liberdade e aceitação para a ampla gama de identificações de gênero e para os desejos que constituem nossa complexidade como seres humanos.

Entrevista 1 (18 anos) Com qual gênero você se identifica e qual sua orientação sexual?

Entrevistada: Gênero feminino e me identifico como lésbica.

Como e quando foi a descoberta da sua sexualidade?

Entrevistada: Foi beijando outra garota, e foi em 2015, uns 3 anos atrás, que eu consegui entender e assumir para mim mesma porque eu mesma tinha preconceito comigo por gostar de mulher.

Quem apoiou você quando estava no período de descoberta?

Entrevistada: Amigos, e para minha família ainda não me assumi.

Como foi a aceitação de família, amigos, religião e a si próprio?

Entrevistada: Não sei como vai ser a aceitação da família, mas vai ser difícil, porque minha família é toda católica e bem conservadora. Com os amigos é bem tranquilo, tem gente que tem preconceito, mas não demonstra... fiquei de boa com isso. Religião, não consigo falar muito sobre, porque sou católica, mas não frequento a igreja - de certa forma, não aceitam. E comigo mesma, foi bem.

Em algum momento, você sofreu com a aceitação, com conflitos, confusões, dificuldade de expressão? Houve consequências?

Entrevistada: Bom... eu fui a um show uma vez e fiquei com uma garota, e, em uma parte mais alta da arquibancada, uns caras ficavam falando “deixa eu participar”, entre outras coisas.

Mas, em relação à violência, nunca.

Teve alguma influência ou você acha que foi um padrão imposto?

Entrevistada: Não, porque sempre fui assim desde pequena. Parando para pensar, desde pequena eu me sentia atraída por mulheres.

Quais as dificuldades para encontrar pessoas para se relacionar?

Entrevistada: Então, a dificuldade não é encontrar, né. A dificuldade é chegar até a pessoa, por que ela mora longe, na maioria das vezes. Então também não fico procurando, não, sou mais procurada, gente – mentira (risos). Bom, é isso, não tenho dificuldade em encontrar.

Sofreu ou sofre algum tipo de preconceito? Como?

Entrevistada: Sofri uma vez (preferiu não comentar a respeito).

O que você considera certo no quesito gênero?

Entrevistada: Bom, na parte da identificação como pessoa, na sociedade, não acho que a palavra gênero influencia no que eu sou, porque não me acho diferente das outras pessoas só por ser quem sou, só por ser lésbica. Eu me identifico como uma pessoa igual a todo mundo, mas diferente em relação ao que quero para mim, ao que gosto e tudo mais. Eu quero me ver como diferente das outras pessoas, mas igual com relação aos direitos.

Entrevistas Realizamos algumas entrevistas com o intuito de conhecer experiências vividas no período da adolescência.

Elas retratam duas jovens, de 16 e 18 anos, de escola pública, que estiveram dispostas a compartilhar suas vivências no processo de descoberta e aceitação de sua sexualidade. De modo que não fossem reveladas suas informações pessoais, as entrevistas são anônimas. As entrevistas foram realizadas no mês de novembro de 2018.

Fonte: montagem feita com base em www.regnumchristi.com.br

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Identidade de gênero na adolescência

Entrevista 2 (16 anos) Com qual gênero você se identifica e qual sua orientação sexual?

Entrevistada: O meu gênero é feminino e a minha orientação sexual, não sei. Acho muito difícil definir a sexualidade assim, é um ramo muito amplo e envolve muita coisa. Mas me relaciono, na maioria das vezes, com meninas, mulheres. Não sei, nada definido.

Como e quando foi a descoberta da sua identidade?

Entrevistada: Nunca tive dúvida com identidade de gênero, soube desde sempre.

Quem apoiou você quando estava no período de descoberta?

Entrevistada: Ninguém.

Como foi a aceitação da família, amigos, religião, si próprio?

Entrevistada: Não tenho religião, minha família também não tem religião.

A aceitação dos meus amigos foi mais tranquila. Alguns estranharam de início, não sei [explicar] como, mas estranharam. Da minha família, foi bem difícil. De início, não aceitaram, não. Mas, agora, aceitam.

Em algum momento, você sofreu com a aceitação, com conflitos, confusões, dificuldade de expressão?

Houve consequências?

Entrevistada: Sofri. Antes era meio homofóbica, quando percebi, não quis. Fiquei fingindo ser hétero, depois não. Só que foi difícil.

Teve alguma influência ou você acha que foi um padrão imposto?

Entrevistada: Não tive influência. Apareceu uma menina, e eu: “nossa”. Foi isso.

Quais as dificuldades em encontrar pessoas para se relacionar?

Entrevistada: Não tenho dificuldades.

Só, de início, saber se a pessoa é hétero ou não.

Sofreu ou sofre algum tipo de preconceito? Como?

Entrevistada: Hoje, não muito. Só, por exemplo, quando eu namorava. Não me sentia muito confortável para andar de mãos dadas na rua, porque o povo fica olhando, como se fosse falar alguma coisa. Eu sentia medo.

Você sofre algum preconceito com relação às pessoas te aceitarem?

Entrevistada: Antes era um preconceito mais nítido, agora é mais velado.

O que você considera certo no quesito gênero?

Entrevistada: Não tem um gênero certo, o que a pessoa se identifica é o certo.

O artigo nos ofereceu a possibilidade de adquirir maior conhecimento sobre o tema abordado, sendo que ele é tratado superficialmente na sociedade. No início das pesquisas, tínhamos a concepção de que seria um assunto delicado, devido à existência do tabu.

Ao final do trabalho, conversamos e percebemos que foi importante para a nossa formação, devido a ser um quesito que vivenciamos atualmente. Tivemos um desenvolvimento psicológico aprimorado, além de fazer com que o grupo lidasse com o tema de forma madura.

Ao nascer, cada pessoa é rotulada com a definição do sexo, mas não são analisadas as possíveis modificações do ser humano no processo de desenvolvimento Bibliografia BUTLER, Judith. Judith Butler escreve sobre sua teoria de gênero e o ataque sofrido no Brasil.

São Paulo, 19 nov. 2017. Disponível em: <https://www1.folha.uol. com.br/ilustrissima/2017/11/ 1936103-judith-butler-escreve-sobre-o-fantasma-do-genero-e-o-ataque-sofrido-no-brasil.shtml>.

Acesso em: 29 nov. 2018.

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PAPALIA, Diane E. et al. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre: Amgh, 2013. 793 p.

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Gaslighting:

A violência contra a mulher influenciada pela mídia Autores:

Aghata Christine - Cailane Ferreira - Felipe Augusto Gabriel Oliveira - Gabriela Bonfim Orientadora: Vanessa Stollar A partir da indignação causada pela permanência do quadro de violência contra as mulheres no Brasil e no mundo, pela constatação de faltas de políticas efetivas pela eliminação dessa situação, e pela ânsia em investigar mais a fundo fatores envolvidos na violência de gênero, pretendemos analisar aqui o processo de auxilio midiático na desigualdade de gêneros. Isso, consequentemente, resulta em vários tipos de violência, uma delas denominada Gaslighting.

A violência contra a mulher é fundamentada no paradigma patriarcal – uma construção social baseada na visão dualista: oprimido e opressor. A ideologia de tal dicotomia se perpetua sobre as sociedades e suas evoluções. As ideias dessa corrente de pensamento foram se naturalizando nas camadas sociais e perdendo a identidade original.

Neste contexto, apontaremos a mídia como ferramenta que enfatiza as ideias patriarcais, além de auxiliar na reprodução de atos da violência – utilizando desigualdade de gênero, objetificação do corpo feminino, naturalização da violência psicológica nas dramaturgias, entre outros aspectos.

Em 1948, é exibida a obra cinematográfica Gaslight, que demonstra a submissão feminina perante a figura masculina. Posteriormente, o filme

deu origem ao termo utilizado para conceituar uma violência psicológica caracterizada pela distorção de informações a favor do agressor.

Iniciaremos aqui com as causas histórico-sociais que influenciaram a violência contra a mulher, trataremos da par-

ticipação da mídia neste processo, analisaremos a produção cinematográfica Gaslight, e a usaremos como base para demonstrar que as formas de violência são construções sociais influenciadas por uma ferramenta, a mídia.

Fonte: montagem feita com base em dados dos autores

Gaslighthing: A violência contra a mulher influenciada pela mídia

Patriarcado como gênese da do como base o embate entre Heráclito e Parmênides – Heráclito definindo violência contra a mulher Segundo Plastino (2018), os paradigmas são afirmações que a sociedade naturaliza/determina com o tempo, e se baseiam em ideias inflexíveis que não estão abertas ao questionamento. Um paradigma serve para organizar – porém também para limitar – o conhecimento.

Na sociedade atual, são frequentemente praticados atos de violência contra o sexo feminino. Considera-se o patriarcado o princípio de tal fenômeno. O paradigma patriarcal fundamenta-se em uma ideia dualística, que pressupõe um dominador sobre um dominado. A identidade feminina foi submetida à classificação de dominada, enquanto a figura masculina foi direcionada ao poder de dominação. Tais fatores contribuíram para a distribuição de papéis na sociedade e a diferenciação entre os gêneros.

O patriarcado é caracterizado como uma construção social que modificou a sociedade como um todo, tanto nas questões políticas, como nas sociais e culturais. O local de uma das origens desse paradigma é a Grécia Antiga, em que se validou pelo pensamento de grandes filósofos como Platão e Aristóteles, toman-

que o Ser se transforma e Parmênides definindo que o Ser não se transforma, o que universalizou a ideia de essência do Ser como algo implícito e definido. Assim, fundou-se um campo de dominação que definiu a distribuição de poder na sociedade grega. Este fator desconsiderava qualquer sugestão ou pensamento que se distanciasse da ideia proposta de dominação masculina.

A influência do patriarcado foi tão intensa que é possível identificar fatores que refletem tais ideias na sociedade atual. Segundo Plastino (2018), a razão da prática dessa ideologia é a naturalização de suas concepções nas camadas sociais. A mídia utiliza ferramentas que promovem a invisibilidade de um sistema que auxilia nas ações de violência sem a percepção de quem a pratica.

A prática dessas ideias tem se tornado cada vez maior na sociedade brasileira. A distribuição de papéis na sociedade é, muitas vezes, baseada na figura masculina como ser superior e com capacidade decisiva, adotando para a figura feminina a responsabilidade de manutenção e cuidado da casa. Esse fator, junto aos demais, resulta em desigualdade de gênero e, consequentemente, em variações de violência.

Podemos citar as violências físicas, psicológicas, sexuais, patrimoniais e morais. Em destaque, a violência Gaslighting, que consiste em abuso psicológico que distorce as informações a favor do agressor.

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A mídia utiliza os históricos das vítimas para minimizar o impacto dos crimes Desigualdade de gênero e a desvalorização do sexo feminino As ideias do patriarcado contribuíram para a diferenciação entre os gêneros, designando funções específicas para cada um. Ao corpo feminino, foram impostos adjetivos de fragilidade e inferioridade; ao sexo masculino, foram atribuídas características de força e capacidade intelectual. Também se predestinou as mulheres à condição restrita de se-

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Em 2013, 13 mulheres morreram todos os dias vítimas de Feminicídio, isto é, assassinato em função de seu gênero rem mães e esposas, em função da gestação e amamentação. Este fator influenciou a criação da imagem da mulher como objeto de apropriação e possessão do homem. Assim, todos os aspectos referentes à figura feminina são decididos e impostos pela figura masculina. Dessa forma, a identidade do sexo feminino foi totalmente desvalorizada a partir de uma concepção de comportamento e aparência.

Consequentemente, são criados padrões estéticos estabelecidos como molde para as mulheres. Esse fenômeno é auxiliado pela mídia, que perpetua a propagação do “corpo perfeito”, enfatizando formas de “beleza” que devem ser seguidas rigorosamente. Por meio deste fator, a mulher se questiona sobre suas singularidades e se sente inferior em relação à sociedade.

Outra ferramenta utilizada pela mídia é a busca por audiência através do sensacionalismo, garantida por meio das dramatizações das situações, transformando-as em formatos que atraiam a atenção, a fim de manter uma alta lucratividade publicitária.

Reprodução da violência e a mas e as acusam de serem responsáveis pela situação que estão vivendo. naturalização na sociedade Segundo Plastino (2018), a determinação do poder masculino e a inferioridade feminina estabelecida foram se naturalizando nas camadas sociais e sendo praticadas sem a percepção dos indivíduos, pois tal fator está fortemente impregnado nas raízes da sociedade, como algo próprio de suas fundamentações.

Na atualidade, são perceptíveis a prática e a reprodução de violências que resultam da naturalização de estruturas de poder masculinas. Situações cotidianas são grandes exemplos da perpetuação da violência, como os provérbios populares: “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”, “esposa boa é a que sabe cozinhar”, “já sabe cozinhar, já pode casar”, “isso não é coisa de mulher”, “uma mulher só é completa quando tem filhos”, e “ruim com ele, pior sem ele”.

Segundo Guedes e Gomes [s.d.], a realidade da violência doméstica coloca a mulher em uma situação vulnerável.

Muitas vítimas dizem que, quando há filhos, é complicado reagir às condutas agressivas, pois não desejam que os mesmos cresçam sem seus pais.

Dessa forma, as crianças ficam expostas a demonstrações de violência – e esse é mais um fator que influencia em sua perpetuação.

Muitos agressores culpabilizam as víti-

Muitas vezes, chegam a prometer que mudarão e que a violência não se repetirá. Porém não demanda muito tempo para que o juramento seja rompido. Este é mais um dos aspectos comumente reproduzidos na sociedade, e um dos cenários exibidos no filme Gaslight.

A Influência da mídia na manutenção desse paradigma Dentre os fatores que contribuem para o quadro de violência contra as mulheres e que alimentam os vícios da sociedade patriarcal, apontamos a mídia. Muitas vezes, ao invés de prestar um papel de esclarecimento, a mídia contribui para a permanência do paradigma patriarcal.

Segundo Miranda (2017), a mídia poderia exercer um papel pedagógico positivo que nos levasse à busca pela igualdade de gênero, e que colocasse o caso como um problema social que precisa ser combatido. Porém,

Fonte: montagem feita com base no conteúdo dos autores

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Gaslighthing: A violência contra a mulher influenciada pela mídia

ao invés disso, cultiva estereótipos, criando padrões de beleza, expondo o corpo da mulher como objeto de desejo sexual, omitindo casos de agressão e romantizando a violência psicológica nos relacionamentos em novelas, músicas, séries e filmes.

Em várias ocorrências de feminicídio ou violência, como os famosos casos de Eloá Pimentel e Eliza Samúdio, ou o caso da garota de dezesseis anos que sobreviveu ao estupro coletivo no Rio de Janeiro, verificamos que a mídia tenta culpabilizar a vítima pelo que sofreu, buscando justificativas absurdas para naturalizar a violência.

Ao analisarmos letras de músicas que estão sendo tocadas, é possível observar a reprodução de violência. Em vários cenários, identificamos a presença destas músicas: em festas em família, carros de som, lojas, rádio, programas de televisão, propagandas etc. Muitas letras são romantizadas e escondem suas características opressoras, como na música de Henrique & Juliano, “Vidinha de Balada”, que diz “vai namorar comigo, sim” em parte da letra, representando uma autoridade sobre a mulher, sem permitir que a mesma decida sobre seu relacionamento.

A música “Se Te Agarro Com Outro, Te Mato”, de Sidney Magal, expressa a ação violenta que seria cometida se o eu-lírico da canção encontrasse sua amada com outra pessoa, demonstrando uma possessão masculina em um relacionamento abusivo. Mais recentemente, foi lançada a música “Surubinha de leve” de MC Diguinho, que causou muita repercussão por conta de trechos da letra que desvalorizam e objetificam o corpo feminino, além de depravar a identidade das mulheres.

Gaslighting

A violência Gaslighting recebeu seu nome a partir da obra cinematográfica Gaslighting, criada em 1944. O filme retrata a vida cotidiana de um casal, em que a mulher sofre abuso psicológico oculto, e o homem demonstra uma posição de autoridade, dominando a mulher de forma a torná-la submissa.

No decorrer do filme, Gregory Anton (o marido) realiza determinadas ações, como esconder objetos pessoais da vítima e dizer que ela não se lembrava das coisas, tentar criar situações para deixá-la confusa, e menosprezá-la na frente de outras pessoas, fazendo com que a esposa acreditasse não possuir

controle de suas próprias ações, influenciando-a a crer que perdeu sua sanidade mental.

No mundo real, a violência pode acontecer de forma gradual e sigilosa; como no filme, ela se intensifica, ocasionando o isolamento da vítima de seus familiares e amigos, tornando-a cada vez mais dependente do agressor. Geralmente, os padrões usados pelos agressores são parecidos, culpabilizando a outra pessoa, negando fatos e usando falas como “nada disso aconteceu”, “você está louca”, “cadê seu senso de humor?” e “desse jeito, você vai me envergonhar” – o que, muitas vezes, é confundido com zelo, mas não passa de uma forma oculta da violência.

Bibliografia GUEDES, Brena Kécia Sales; GUEDES, Brena Kécia Sales. Violência contra a mulher. 2014. Disponível em: &lt; http://ww2.faculdadescearenses.edu.br/revista2/edicoes/ vol7-1 2014/artigo12.pdf &gt;.

Acesso em: 08 nov. 2018.

MIRANDA, Cynthia Mara. Violência contra mulher na mídia e os descaminhos da desigualdade entre os gêneros. Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 6, p.445464, out. 2017. Anual. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/ periodicos/index.php/observatorio/article/view/4163 &gt;.

Acesso em: 08 nov. 2018.

MOREIRA, V., Boris, G. D. J., Venâncio, N. (2011). O estigma da violência sofrida por mulheres na relação com seus parceiros íntimos. Psicologia &amp; Sociedade, 23(2), 398-406.

PLASTINO, Carlos. REFLEXÕES sobre uma concepção antropológica do patriarcado. Direção de Marta Maia. Produção de Luna Lobão. Realização de Cpfl Energia.

Roteiro: Marta Maia. São Paulo: Tv Cultura, 2018. (51 min.), son., color. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=t7ELmSUWZ9I>. Acesso em: 15 maio 2018.

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Acidentes químicos:

precaver ou correr o risco?

Autores: Carine Guzzi - Daniely Batista - Greissy Nayara Isabelle Camargo - Leonardo Cayres Orientador: Marcelo Rodrigo Silva Pinto Você provavelmente já deve ter ouvido falar de grandes explosões que causaram diversas mortes e deixaram lugares destruídos, como Chernobyl e Bhopal, e ter vivido algumas situações, como passar ao lado de um caminhão-tanque e se perguntar: o que ele transporta? Será que vai explodir? O que aconteceria se ele capotasse? Essas perguntas são normais no nosso dia a dia, então tentaremos explicar aqui algumas dessas curiosidades.

No transporte e no armazenamento de substâncias químicas, há sempre a possibilidade de ocorrer algum acidente, visto que essas substâncias expõem tanto os seres vivos como o ambiente a uma série de riscos.

Por isso é importante tomar certos cuidados, desde a armazenagem até o transporte. No transporte de substâncias (especificamente as perigosas e tóxicas), é muito comum

encontrar veículos circulando em desacordo com as normas de segurança, aumentando assim o risco de acidentes.

Os acidentes químicos no transporte rodoviário se tornaram recorrentes no período da segunda guerra mundial, enquanto o avanço tecnológico que ocorreu com o passar do tempo aumentou a capacidade do transporte de substâncias químicas. É difícil conseguir reparações para os impactos ambientais causados por esses acidentes, e raramente é possível a recuperação total do meio afetado.

Existem diversos tipos de acidentes químicos, e alguns podem impactar mais que outros na saúde e no meio ambiente. Dentre eles, temos: emis-

Fonte: montagem feita com base em dados dos autores

Os danos dos acidentes químicos não atingem somente os seres humanos

sões de substâncias, vazamentos, explosões físicas ou químicas e incêndios – estes podem causar diversos impactos negativos para o meio ambiente e para os seres vivos, imediatamente ou a longo prazo. Explosões físicas podem ter efeitos mais locais e imediatos; as explosões químicas normalmente causam maiores danos, podendo causar inclusive emissões e incêndios. As emissões e incêndios podem acabar envolvendo a combustão de substâncias químicas e a formação de nuvens tóxicas.

O combate aos incêndios contamina a água e pode oferecer riscos às populações próximas. Já as emissões dos gases tóxicos podem ter um maior efeito, pois o gás se dispersa para locais próximos mais rapidamente.

Os organismos vivos podem absorver as substâncias por vias respiratórias, ingestão ou através da pele, trazendo consequências como: irri-

Acidentes químicos: precaver ou correr o risco?

tações na pele e olhos, queimaduras leves e graves, doenças respiratórias, câncer e, em casos extremos, até a morte. Os acidentes também podem trazer consequências para o meio ambiente, como: contaminação do solo, contaminação permanente de rios e danos irreversíveis.

Por isso, é de extrema importância a existência de normas e regulamentações para o transporte e armazenamento das substâncias, evitando a ocorrência de acidentes.

Simbologia e sinalização de produtos químicos Junto com as normas e regulamentações, também temos a simbologia dos produtos químicos. É comum vermos placas em caminhões com números e símbolos alertando o que ele está transportando, como “corrosivo” ou “líquido inflamável”.

A utilização desses símbolos não se dá apenas por estética; são usados também para comunicar às pessoas que não sabem ler ou não possuem nenhum conhecimento do perigo de determinadas cargas, passando as informações através de imagens.

Além das placas possuírem suas próprias informações, elas devem estar dispostas em lugares específicos do caminhão. Quando as normas de segurança não são levadas a sério e não se tem o conhecimento da simbologia e da sinalização, acontecem os acidentes químicos.

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Acidentes químicos no mundo de é a de que um erro foi cometido Bhopal No dia 3 de dezembro de 1984, em uma indústria localizada em Bhopal, Índia, ocorreu o que pode ser considerado o maior acidente químico industrial da história.

A indústria química envolvida era produtora de fertilizantes e, ao longo dos quinze anos de funcionamento antes do acidente, a fábrica já havia apresentado sinais de que poderia ocorrer acidentes, como pequenos vazamentos.

A indústria alega a possibilidade de ter sofrido uma sabotagem, causada por um funcionário insatisfeito; entretanto, a versão mais propícia a ser verda-

por um funcionário da empresa, aliado à falta de responsabilidade e segurança da indústria.

Esse funcionário, ao realizar suas tarefas diárias que envolviam a limpeza de tanques, foi conectar uma mangueira de água em um dos canos que passavam pela fábrica. Ao início do processo, a sujeira foi empurrada, provocando o entupimento dos canos. Com isso, a água retornou e atravessou os canos que passavam pela fábrica, o que ocasionou a entrada de água nos tanques com produtos.

Entre as matérias primas utilizadas na fábrica, estava o composto químico isocianato de metila – usado

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Vazamento de propileno Ocorrido em 1978 na Espanha, foi o maior acidente rodoviário registrado na história, com 215 mortos e 300 feridos. Há duas possibilidades que podem ter causado esse acidente, ainda que nenhuma tenha sido com-

provada. A primeira relata que um motorista teria perdido o controle de seu veículo e batido em um talude, rompendo a parede de aço do tanque e provocando um vazamento de propileno. Como o dia estava quente, o líquido vaporizou rapidamente e formou uma nuvem de gás – que foi inflamada por uma chama aberta que um campista havia feito, ocasionando uma enorme explosão.

A segunda hipótese é que, por alguma outra razão, teria ocorrido o vazamento de propileno líquido no tanque.

Com isso, a nuvem de gás se formou e inflamou, provocando uma explosão na rodovia, que arremessou o cavalo mecânico a uma distância de 100 metros. Muitas das pessoas ficaram carbonizadas, e até hoje não foi possível fazer a identificação.

Desde essa tragédia, é proibida a circulação de veículos contendo gases tóxicos ou inflamáveis durante o dia na Espanha. O país está investindo em estradas secundárias apenas para esse tipo de veículo.

Foto de uma máscara de gás na área radioativa de Chernobyl

na produção do fertilizante Seven.

Sua produção estava suspensa devido à pequena demanda no inverno, mas ainda havia três grandes tanques com 45 toneladas do composto, sendo um dos maiores armazéns do mundo. O produto mencionado é extremamente perigoso e altamente reativo em contato com outras substâncias, como a água – em grande quantidade, reage e explode; além de ferver a uma temperatura próxima à do corpo e produzir gases letais.

Assim, com o erro do funcionário, ocorreu o contato do isocianato de metila com a água, formando uma enorme nuvem tóxica. Diversas pessoas morreram asfixiadas enquanto dormiam, outros acordaram tossindo e com os olhos ardendo, mulheres que estavam grávidas sofreram abortos instantâneos e crianças que nasceram nos dias que antecederam ao desastre não conseguiram sobreviver. O gás foi liberado por 90 minutos e a nuvem tóxica demorou diversos dias para desaparecer, o que ocasionou um impacto ainda maior.

Estima-se que o total de mortos seja de aproximadamente 22.000, fora o número de contaminados.

Levando-se em consideração os aspectos mencionados, é necessário compreender que o sistema foi falho, independentemente de qual seja a versão verdadeira da história. A indústria foi projetada incorretamente, não havia sirenes de segurança instaladas no entorno da cidade para avisar a população em casos de emergência e os aparelhos essenciais não estavam funcionando no momento, devido à necessidade de manutenção. Todos esses fatores contribuíram para o aumento dos danos na tragédia. Se os dispositivos de segurança estivessem ligados, teriam contribuído para minimizar o número de mortes. Esses fatores podem não ter sido a raiz do problema, mas são considerados uma das razões – daí a importância que se deve tomar ao manusear e armazenar substâncias químicas.

Fonte: fatosdesconhecidos.com.br

Chernobyl Em 26 de abril de 1986, ocorreu um dos maiores acidentes químicos nucleares já registrados: o desastre em Chernobyl. Foi o primeiro acidente químico nuclear de nível 7, a classificação máxima.

Esse acidente ocorreu devido a uma grande explosão do reator 4 na usina nuclear de Chernobyl. Este reator foi testado para observar seu funcionamento com baixos níveis de energia. Porém, para realizar esta análise, foi preciso desrespeitar algumas normas de segurança, incluindo interromper a circulação do sistema hidráulico, que tinha como função controlar a temperatura do reator – ocorrendo assim um superaquecimento. Com toda esta situação, foi formada uma esfera de fogo e, logo após, houve a explosão do reator – que continha urânio-235 e césio-137, ambos elementos abundantes em radioatividade.

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Acidentes químicos: precaver ou correr o risco?

Com a indústria destruída, houve grandes danos à população e ao meio ambiente. Foram registrados mais de 4 mil casos de câncer de tireoide nas áreas contaminadas, e vários adultos e crianças ficaram com partes do corpo deformadas. A natureza também foi grandemente impactada com a radiação. Diversos animais sofreram mutações, e as plantas que nascem por lá também são radioativas.

Estima-se que mais de 80 mil pessoas morreram devido ao acidente.

Hoje, Chernobyl é conhecida como cidade-fantasma, e estudiosos alertam que as pessoas que vivem próximas às áreas contaminadas ainda têm contato diário com altos níveis de radiação.

Prevenção de Acidentes Químicos Como vimos, acidentes químicos podem ser catastróficos. Por isso, sempre devemos ter uma atenção maior na prevenção, para que não ocorra algo pior depois.

Uma das principais obrigações de uma empresa é garantir que aciden-

Uma logística sem precaução é um trabalho em vão.

tes não aconteçam. Para a prevenção, é necessário identificar os produtos químicos – desde os menos usados até os mais frequentes; as empresas devem ter total conhecimento dos riscos a que os trabalhadores estão expostos, e tentar reduzi-los. É obrigatório fornecer uma FISPQ (Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos): um conjunto de normas que contém todos os riscos e formas de controle do produto. Se a empresa não segue as indicações de uma FISPQ, ela é totalmente responsável por possíveis danos.

A FISPQ define diversas medidas de segurança que devem ser tomadas, entre elas: os riscos relacionados ao produto químico, as medidas de primeiros-socorros, combate a incêndio, controle de derramamento ou vazamento, manuseio e armazenamento, controle de exposição e de proteção individual, considerações sobre a disposição final e informações sobre o transporte.

No tocante ao uso de substâncias químicas, não se deve cogitar a possibilidade de correr riscos, pois nunca se sabe ao certo quando e onde os acidentes irão ocorrer. Por isso, é necessário precaução – afinal, as marcas deixadas por acidentes químicos são incontáveis e profundas. Nenhum detalhe deve ser deixado para trás quando se trata do bem-estar da população, do meio ambiente e da economia. A prevenção não é um exagero e deve ser abordada com serenidade e compromisso, pois é através dela que podemos prevenir desastres futuros.

Bibliografia ACCA. Vazamento de propileno. 2014. Disponível em: < https://zonaderisco.blogspot. com/2014/11/memoria-explosao-de-um-caminhao-tanque.html >. Acesso em: 22 set. 2018.

BEZERRA, Juliana. Acidente de Chernobyl. 2017. Disponível em: <https://www.todamateria.com. br/acidente-de-chernobyl/>. Acesso em: 08 nov. 2018.

FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas.

Tragédia de Bhopal. Disponível em: <https://alunosonline.uol. com.br/quimica/tragedia-bhopal. html>. Acesso em: 27 set. 2018.

FREITAS, Alvaro. Prevenir doenças e acidentes com produtos químicos. 2017. Disponível em: <https://cmcenter.com.br/pt-br/ blog/como-prevenir-doencas-e-acidentes-com-produtos-quimicos/>. Acesso em: 27 set. 2018.

FREITAS, Carlos Machado de; AMORIM, Andréa Estevam. Vigilância ambiental em saúde de acidentes químicos ampliados no transporte rodoviário de cargas perigosas. Portal de Periódicos Eletrônicos, Brasília, v. 10, n.

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MARTINS, Fernanda. Transporte de cargas perigosas: o que todo caminhoneiro precisa saber.

2017. Disponível em: < https:// blogwlmscania.itaipumg.com.br/ transporte-de-cargas-perigosas-o-que-todo-caminhoneiro-precisa-saber/ >. Acesso em: 14 set.

2018.

SILVA, Amanda. Bola de fogo.

2013. Disponível em: < https:// super.abril.com.br/historia/bola-de-fogo/>. Acesso em: 22 set.

2018.

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A desnaturalização do corpo Autores: Gabriel de Sousa e Silva - Giovana da Silva Mendes - Isabele Alves Dan João Pedro Ferreira de Morais - Júlia Vitória Picolo - Pedro Ferreira de Morais Orientadora: Vivian Batista Gombi Já se perguntou por que as mulheres desejam um corpo perfeito idealizado? Por que existem, em nossa sociedade, padrões estéticos e o culto ao corpo? Primeiramente, abordaremos aqui os conceitos de indústria da beleza, indústria cultural e mídia, considerando sua influência sobre as mulheres, e buscaremos entender como os padrões podem afetar a saúde mental, psicológica e emocional da mulher.

ciedade percebia o corpo foi mudando, e o que era visto como “perfeito” já não era mais o mesmo. Outros fatores desencadearam uma necessidade exacerbada nas pessoas de terem o tal “corpo perfeito”, em especial nas mulheres. A mídia e indústria da beleza, principalmente, passaram a ser as grandes influenciadoras do padrão de imagem corporal idealizado.

A indústria cultural e a da beleza

O corpo e seu contexto histórico A indústria da beleza consiste em um Para falarmos do corpo da mulher na atualidade, é necessário discutir o corpo no passado, conhecer sua história. Há muito tempo, ele é visto como parte da identidade das pessoas. Na Grécia antiga, o corpo belo era considerado saudável, fértil e flexível, ignorando totalmente a mente e exaltando a beleza. Já nessa época, o corpo da mulher era desprezado, e quem tinha direito de acesso aos prazeres da vida eram somente os homens e, mais especificamente, os homens livres (não escravos ou plebeus). Não havia muitas regras morais para os homens livres, e não havia descrição de “corpo belo” para as mulheres.

Com o tempo, a forma como a so-

sistema no qual várias empresas obtêm lucro vendendo produtos voltados para a beleza feminina e masculina, bem como para o bem-estar, a saúde e a higiene pessoal. Para entendermos as proporções desta indústria, podemos citar seus vários campos de atuação

Fonte: montagem feita com base em www.arevistadamulher.com.br

A desnaturalização do corpo

no mercado: moda, cosméticos, academia/fitness, cirurgias plásticas, tratamentos estéticos, nutricionistas, spas, estilistas, entre outros. Em todos estes casos, o mercado da beleza faz uso da publicidade para atrair o público. Mas será que essa indústria está mesmo preocupada com questões de saúde e bem-estar?

A indústria tem como objetivo final o lucro, procurando gerar uma insatisfação no indivíduo através do uso de meios como revistas e redes sociais.

Assim, aplica um padrão inatingível de desejo e desenvolve um novo conceito de “corpo ideal”, utilizando as propagandas para que as pessoas comprem os produtos fabricados neste nicho.

Parte do sucesso obtido por essa indústria tem origem na insatisfação adquirida

29 pelos indivíduos após serem influenciados por meio de revistas, programas de televisão, redes sociais e celebridades – de que aquele padrão seria o mais bonito com relação ao seu próprio corpo (LIRA et al., 2017).

Tal situação afeta em especial as mulheres.

A indústria da beleza age em conjunto com a indústria cultural no que se refere ao modo de produzir cultura no período industrial capitalista. O conceito de indústria cultural foi cunhado pelos filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer, pesquisadores da Escola de Frankfurt, na Alemanha. Este termo busca explicar como a dinâmica social no capitalismo exerce um domínio sobre a sociedade, ao criar nas pessoas uma busca pelo consumo que vai além de suas verdadeiras necessidades. Ele retrata principalmente a situação da arte na sociedade capitalista industrial, marcada por modos de produção que visavam sobretudo ao lucro.

Ambas as indústrias criaram, estrategicamente, um padrão de corpo feminino projetado para que o público masculino se sinta sexualmente atraído de forma incontrolável. Isso acaba levando os homens a desejarem mulheres com tais características, fazendo com que as mulheres com outros tipos corporais se sin-

A mídia e a indústria de beleza, principalmente, passaram a ser as grandes influenciadoras do padrão de imagem corporal idealizado

30 tam inferiores e, consequentemente, busquem métodos para a obtenção daquele padrão – para que sejam notadas pelo público masculino. Essas características geram uma distorção da imagem da mulher, que passa da perspectiva humana para objeto de sedução do homem, uma vez que o conteúdo divulgado pela mídia e pela indústria cultural exibe uma mulher sensual, com corpo escultural, pele lisa – modelo considerado “perfeito”.

A mídia e as propagandas por ela veiculadas ajudam muito nessa questão, fazendo com que as mulheres desejem ter um corpo supostamente mais belo, com fundamento nos padrões que geralmente se relacionam às medidas do corpo. Com isso, surge a tendência da procura pelo “corpo ideal”, e um dos meios utilizados é o consumo de produtos e serviços da indústria da beleza.

A indústria estética e a mídia, juntas, desenvolvem e mantêm o sentimento de desejo pelo “corpo perfeito” por parte do público feminino e, consequentemente, podem afetar negativamente sua saúde psicológica, devido ao alto fluxo de informações e de regras inatingíveis que, quando aplicadas ao cotidiano da mulher, são fatores de baixa autoestima.

Nessa perspectiva feminina da autoestima, a busca pelo corpo perfeito tem sido fortemente influenciada pela indústria da beleza e, principalmente, pela mídia. Ambas apresentam o corpo gordo como algo ruim e o corpo magro como algo bom. A

“briga com a balança” causa nas mulheres a insatisfação com o seu próprio corpo, fazendo com que a busca pelo ideal de beleza seja, para muitas, uma obsessão. Para atingirem esse padrão, tais mulheres colocam a saúde em segundo plano e a estética em primeiro lugar e, quando não conseguem alcançá-lo, acabam desenvolvendo sentimentos depressivos ou distúrbios alimentares, como a anorexia.

Atualmente, sabe-se que 78% do público feminino deseja perder peso em nossa sociedade. De 10 a 30% das mulheres têm baixo peso e ainda assim desejam emagrecer. Uma vez que a mídia exerce grande influência nessa suposta vontade ou necessidade de emagrecer, pode-se dizer que as mulheres são as principais vítimas dos padrões impostos pela sociedade. Por isso, surge essa “necessidade” de ter o corpo magro, jovem e belo: pensam que somente assim alcançarão o sucesso.

Fonte: montagem feita com base em dados dos autores

A mídia e a propagação de seus conteúdos O conteúdo divulgado pela mídia é notado tanto em propagandas antigas quanto mais recentes, em que o corpo da mulher geralmente aparece em duas maneiras: ou é sensualizado, ou a figura feminina está envolvida em tarefas domésticas. As duas situações podem não estar imediatamente presentes na memória das pessoas, uma vez que estamos habituados aos estereótipos publicitários, mas é possível verificar sua existência com facilidade.

Mas, afinal, o que são estereótipos?

De acordo com o dicionário online Michaelis, são “imagens, ideias que categorizam alguém ou algo com base apenas em falsas generalizações, expectativas e hábitos de julgamento”.

Esses estereótipos demonstram que a mídia mostra a mulher de forma não necessariamente verdadeira, criando uma imagem distorcida, utilizando a propaganda como ferramenta para alcançar seu objetivo principal. Assim, a propaganda tem o poder de influenciar o público consumidor por meio do apelo com imagens que chamam a atenção e por não mostrar, em momento algum, a variedade de corpos, definindo um estilo de vida que deve ser seguido.

A desnaturalização do corpo

Saúde mental, psicológica e Considerando que grande parte das mulheres está exposta a essas situaemocional das mulheres Uma pesquisa realizada pela antropóloga e psiquiatra Anne E. Becker, nas ilhas Fiji, na década de 90, mostra uma alarmante emergência de transtornos alimentares nessa região após a introdução da televisão em 1995.

De acordo com a psicanalista Miriam Tawil, durante entrevista para Daiana Garbin, do canal “EuVejo” em 2018, a massa corporal passou a ser causadora de um sentimento importante na cultura da beleza em nosso cotidiano. Vivemos sob a cultura da magreza, que diz às mulheres todos os dias que sua felicidade chegará assim que estiverem magras.

A imposição desses padrões causa um grande impacto em suas vidas, tanto psicologicamente quanto fisicamente. Costuma provocar depressão, ansiedade, distúrbios alimentares e baixa autoestima, pois faz as mulheres pensarem que, se não estiverem dentro dos padrões, serão julgadas como “feias”, “inadequadas” ou “estranhas”. Assim, o desejo de ter o “corpo ideal” torna-se maior, resultando em alta procura por clínicas estéticas e outros meios de “embelezamento”, em detrimento da própria saúde.

ções – como a objetificação do próprio corpo, estereótipos e a crescente sensação da necessidade de ter o corpo perfeito –, é essencial reforçar que elas não precisam se automutilar para atingir uma beleza exterior, e sim ter a sua própria essência. Para resistir a isso, devem ser lembradas que a beleza não é mais importante do que ter uma vida saudável. No fim, essa busca inalcançável não vale a pena, pois, quando perdemos os limites do corpo, perdemos o respeito por ele.

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Há muito tempo o corpo é visto como parte da identidade das pessoas

Bibliografia DANTAS, Jurema Barros. Um ensaio sobre o culto ao corpo na contemporaneidade. 2011. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812011000300010>.

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Acesso em: 05 nov. 2018.

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A internet na atualidade como ferramenta de manipulação Autores: Davi Botelho da Silva - Gisele Satie T. de Camargo - Guilherme Matheus Frazão Carvalho Helena Cristina de S. Evangelista - Leonardo Fuentealba Pinto Orientadores: Anderson Cotrim e Daniel Perez Sabemos que um usuário que constrói audiência nas mídias sociais tem um grande poder contido em seus discursos. De maneira decisiva, tais discursos de poder influenciam e moldam as atitudes dos indivíduos, mesmo que estes não tenham ciência disso. Mas, afinal, como funcionam as mídias sociais? Quais seriam os mecanismos existentes por trás dessa influência?

Para entendermos o funcionamento das mídias sociais, é preciso contextualizar seus fatos históricos e esclarecer os conceitos que estabeleceram suas configurações atuais e possibilitaram seu desenvolvimento.

Com a difusão tecnológica, sobretudo a partir da popularização dos smartphones, as mídias sociais tornaram-se muito presentes em nosso cotidiano – e, através do conteúdo propagado por elas, acabam influenciando nossas vidas.

O termo ‘mídias sociais’ refere-se a redes sociais, websites, blogs, aplicativos de mensagens etc., podendo ser consideradas sistemas projetados para possibilitar a interação social a partir do compartilhamento de informação nos mais diversos formatos, atraindo mais audiência. Nestas plataformas digitais, são expostos conteúdos diversificados para que usuários os acessem, constituindo assim a audiência.

As audiências funcionam nas mídias sociais a partir da interação entre os

mais variados tipos de público. O conceito de audiência diz respeito ao ato de prestar atenção a quem nos fala – porém as audiências nas mídias sociais pressupõem interação, e essa é a particularidade neste contexto.

As duas principais mídias existentes classificam-se em convencionais – como televisão, rádios, revistas e jornais impressos – e modernas – como redes sociais, blogs e websites. As mídias convencionais têm como característica um alcance reduzido de repercussão, pois, por não poderem interagir com as informações recebidas, os indivíduos têm pouco poder de escolha, se com-

pararmos com as mídias digitais. Já as mídias modernas englobam tecnologias de comunicação instantânea e uso de linguagem informal – adaptada de acordo com público-alvo, de modo que seja possível gerar interação. Isso não quer dizer que as mídias tradicionais não façam parte do cotidiano de diversas pessoas. Ao contrário, elas se estabelecem quando tentam manter a relação entre o público e o divulgador por meio de inovações, como servi-

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A internet na atualidade como ferramenta de manipulação

ços na internet. Entretanto estão sendo substituídas aos poucos devido a suas limitações frente à evolução dos meios de comunicação digitais. Mas qual mídia é mais eficaz para promover a interação entre as pessoas nas redes sociais?

O convívio nas mídias sociais tem se tornado cada vez mais comum. Uma pesquisa feita em 2016, publicada no site Marketing de Conteúdo, revelou que há mais de 112 milhões de usuários ativos nas redes sociais em todo o mundo. Só o Brasil teve um aumento de 19 milhões de usuários em 2018.

O Facebook contém 2 bilhões de usuários, sendo que cerca de 130 milhões estão em nosso país. Desta forma, essa se mostra a mídia social com maior potencial para criar interação, já que 95% dos usuários afirmaram que o Facebook já faz parte de suas rotinas, segundo pesquisa da Social Media Trends.

Quem obtém audiência nessas redes sociais tem maior chances de atingir seus objetivos, sejam eles vender produtos e se estabelecer no mercado, no caso de empresas; tornar-se conhecido, no caso de organizações e instituições; manter a fama, no caso de celebridades; ou mesmo ter um grande número de seguidores, como no caso de perfis comuns. Mas quais mecanismos se deve utilizar para tal?

Anderson Müller, um dos administradores das redes socias da TVTEC – primeira escola de televisão e produção audiovisual pública-municipal de Jundiaí em parceria com o Centro Paula Souza –, relata que um dos principais mecanismos para aumentar a audiência da emissora nas redes sociais é interagir com os usuários, criando um laço afetivo. Foi pensando nisso que, em 2017, a equipe desenvolveu uma ‘persona’, técnica para se trabalhar com as mídias sociais e entender melhor esse ramo digital. Uma ‘persona’ é definida como a transformação de uma marca (ou empresa) em uma pessoa com personalidade e emoção, além de trazer diversas informações sobre aqueles que estão a consumir o conteúdo exposto, como o que mais agrada ao indivíduo. Esse método foi empregado nas práticas da TVTEC com o objetivo de, ao criarem a persona, estabelecer uma maior proximidade na relação entre o público e o divulgador. Como resultado, obteve-se um número de seguidores que até os dias de hoje cresce gradativamente.

Vimos que o principal mecanismo de construção de audiência se resume em promover a interação entre o público e o divulgador. Essa interação consiste no diálogo entre pessoas e a forma com que elas se relacionam. Isso é possível através das redes sociais, que possibilitam trocas de informações.

Intervenção no conjunto de relações sociais As redes sociais consistem em meios de comunicação em que são feitas publicações por pessoas de todo o mundo. Com isso, acessos às redes ocorrem todos os dias, e o contato entre as pessoas tem aumentado cada vez mais – seja através de mensagens, curtidas, comentários ou compartilhamentos. Esse é um ramo que cresce a todo instante. Com o desenvolvimento das formas de comunicação, as pessoas que constituem a audiência querem estar mais próximas dos produtores de conteúdo, sendo necessária uma troca de informações e a interação entre ambos.

Porém as mídias sociais podem intervir tanto de modo positivo como ne-

Fonte: montagem feita com base em dados dos autores

34 gativo na vida das pessoas. O lado positivo baseia-se no fato de seus meios de comunicação serem rápidos para levar informações a longas distâncias.

Atualmente, um acontecimento do outro lado do mundo chega praticamente na mesma hora ao conhecimento de várias pessoas ao redor do globo.

Além disso, as redes possibilitam o relacionamento de pessoas que se encontram geograficamente distantes.

Também podem ser um passatempo para momentos de lazer, por meio do conteúdo exposto, como memes, vídeos no Youtube, séries e filmes online etc.

Por outro lado, os pontos negativos podem ser identificados através do mau uso dessa ferramenta, como para prática de cyberbullying (agressão moral sobre um indivíduo, via internet), pedofilia e roubo de dados bancários – crimes cometidos por meio das redes sociais. Esses pontos negativos poderiam ser suprimidos se os usuários passassem a utilizar corretamente essa ferramenta de comunicação, não como um meio para prejudi-

Um dos principais mecanismos para aumentar a audiência é interagir com os usuários car ou difamar alguém.

Um acontecimento recente que viralizou nas redes sociais serve de exemplo para evidenciar tais aspectos: a denúncia, por parte dos jornais norte-americanos The New York Times e The Guardian, no início de 2018, de fatos que colocaram em cheque a transparência do Facebook, incriminando-o.

Logo a empresa se viu em um grande escândalo, ao se tornar mundialmente público que dados de 50 milhões de usuários foram utilizados – sem o conhecimento destes – por uma terceira empresa, para fins políticos. Quando os usuários acessavam um link que, supostamente, trazia um teste psicológico, simultaneamente seus dados pessoais eram furtados e transferi-

dos – sobretudo à empresa Cambridge Analytica, que começou a acumulá-los com o propósito de utilizá-los para disseminação de ideologias políticas.

Em virtude do ocorrido, suscitou-se o questionamento acerca da confiabilidade e da transparência das redes sociais de modo geral, originando um ar de incerteza com relação à segurança digital.

Acredita-se que o mesmo tipo de ação possa ser realizado por outras organizações, com diferentes objetivos.

A inteligência artificial na manutenção de audiência Um dos meios pelos quais a audiência nas redes sociais se mantém é através dos bots (robôs). Softwares projetados para realizar ações pré-determinadas no âmbito virtual, os bots podem ser considerados um ramo da inteligência artificial. Dependendo da maneira com que são utilizados, também podem ser ilegais. Isso ocorre quando são empregados para disseminar spam ou aumentar o número de visualizações de um site. Geralmente esses scripts realizam tarefas monótonas, sendo aplicados na maioria das vezes para ações online e fins publicitários.

A princípio, eles foram desenvolvidos para a execução de tarefas simples – fazendo do mundo virtual um lugar mais agradável. Algumas pessoas utilizam diariamente os bots úteis, como os assistentes virtuais Siri, da Apple e o Google-Assistente, da Google. Entre outros tipos de bots, estão os sociais, os comerciais, os maliciosos e os chats.

Hoje, alguns deles geram personas tão persuasivas que podem ser capazes de influenciar indivíduos e servir como ferramenta para hackers.

Durante as eleições presidenciais dos EUA em 2016, 15% dos perfis ativos no Twitter eram bots. Supostamente 400.000 mil desses softwares foram responsáveis por gerar quase 3,8 milhões de postagens nesta rede social durante o período – ambiente propício para a viralização do conteúdo, que facilitou a manutenção da reputação de Hillary Clinton e Donald Trump. É fato, portanto, que tais aplicativos podem ser utilizados como mecanismo para obtenção de audiência nas redes sociais, mesmo que para fins ilegais.

O poder das fake news Já sabemos que as Mídias Sociais são ferramentas de grande poder, quando seus mecanismos são explorados de maneira eficaz – justamente por esta-

15% dos perfis ativos no Twitter durante as eleições presidenciais dos EUA em 2016 eram bots rem disponíveis a todos que desejarem manuseá-las, e por serem plataformas digitais em que trafegam rotineiramente milhares de pessoas.

Entretanto as redes sociais trazem um potencial perigoso, uma vez que podem ser utilizadas para fins ilegais.

Em poucos cliques inofensivos, as plataformas digitais se tornam porta de entrada para milhares de conteúdos a todo o momento. Textos em websites, vídeos no Youtube, publicações em fanpages e nos mais diversos tipos de redes sociais, tudo isso resulta em um leque quase infinito de informações, que podem trazer receitas culinárias, fatos curiosos, resenhas sobre artistas, notícias do Brasil e do mundo, ou apologias a determinados partidos políticos, por exemplo.

A grande questão é que essa infinidade de conteúdo muitas vezes não condiz com a realidade, podendo vir na forma de links com dados falsos sobre determinado tema e que possuem um imensurável poder. São as chamadas “Fake News” – notícias falsas recobertas por inúmeros fatores que lhes concedem uma aparente veracidade.

As Fake News têm capacidade muitas vezes subestimada. Uma demonstração pôde ser vista em análise detalhada dos fatores decisivos nas Eleições Presidenciais desse ano no Brasil (2018): as principais vítimas das Fake News foram os candidatos. Essas notícias trouxeram muitos fatos inverídicos e que, por vezes, difamaram os concorrentes, fazendo com que seus eleitores pensassem duas vezes antes de fazer suas escolhas.

Em anos anteriores, determinado candidato poderia ser eleito como produto da compra de votos em troca de dinheiro ou benefícios oferecidos. Hoje em dia, o cenário mudou: as estratégias utilizadas para conseguir o resultado desejado passam por pessoas

A internet na atualidade como ferramenta de manipulação

que conseguem influenciar o pensamento de outras através de acontecimentos falsos noticiados na internet.

Tais indivíduos mal-intencionados chegam a criar redes complexas de perfis falsos para que “funcionários” de determinada empresa propaguem – através de mensagens de WhatsApp, postagens no Facebook e vídeos no Twitter – o que lhes é mandado, em troca de benefícios.

Podemos constatar isso ao analisarmos o fato de que, para tentar influenciar as eleições americanas em 2016, foram usados perfis falsos, responsáveis por compartilhar conteúdos pré-estabelecidos. Fatos semelhantes a este, combinados a uma série de outros, têm sido motivo suficiente para gerar apreensão mundo afora.

Segundo o jornal GaúchaZH, os russos teriam utilizado esses meios para difamar os presidenciáveis na última eleição dos EUA, a fim de intervir em seus resultados – principalmente através da publicação de Fake News, facilmente espalhadas pela web. Notadamente, o Facebook declarou ter excluído 470 contas e páginas falsas supostamente operadas na Rússia.

Com respeito ao atual cenário nacional, segundo a Folha de S. Paulo, esse tipo de informação tem um papel cada vez mais importante nas decisões de voto, não apenas porque há mais gente do que nunca nas redes sociais, mas porque seria muito menos custoso fazer campanhas na internet. E ainda, com a justiça atenta a possíveis casos de caixa dois, os partidos políticos certamente acharão mais vantajoso investir onde naturalmente já trafegam milhões de pessoas, do que em propagandas na TV, o que pode custar muitas vezes mais.

Em virtude de tais aspectos, podemos afirmar que as mídias sociais são ferramentas especificas por possuírem técnicas para serem manuseadas, além de existirem diferentes mecanismos que possibilitam o alcance dos objetivos pautados no interesse de cada indivíduo, organização, instituição ou empresa. Isso ocorre graças ao constante desenvolvimento tecnológico – que proporcionou também o contato entre pessoas de diferentes lugares, originando novas possibilidades de desenvolvimento das relações sociais.

Entretanto as plataformas digitais podem prejudicar pessoas que não utilizam esse tipo de ferramenta de maneira correta, como crianças e adolescentes que acabam expostos a situ-

ações de risco ou que não possuem um controle com relação ao tempo de uso, causando o vício ou o exílio. E o fator decisivo é algo muito perigoso e está bem em nossas mãos: o nosso smartphone, que nos apresenta um mundo virtual repleto de conteúdos que podem nos expor a grandes perigos. Devemos desconfiar de links que possuem formatos suspeitos, evitando cair em enganos e contribuir com a viralização dessas desinformações.

Vale mencionar também que muitas pessoas já não conseguem se concentrar ou manter a atenção durante uma conversa pessoalmente, precisando verificar se há novas notificações em curtos intervalos de tempo por repetidas vezes. Assim, cada vez mais estamos nos tornando dependentes das tecnologias e de suas inovações para que possamos realizar ações simples.

Por frequentarmos as redes sociais

35 diariamente e por ser uma ação tão comum no cotidiano de diversas pessoas, a internet acaba sendo utilizada como mecanismo de manipulação por diversas formas, como quando, por exemplo, expõe conteúdos que apresentam uma visão distorcida da realidade. Tais fatores podem contribuir para que pessoas sejam influenciadas, desinformação seja disseminada e tabus sejam conservados.

Portanto cabe a nós utilizá-las de maneira correta, tomando determinadas medidas, como verificar se as notícias compartilhadas são verídicas, e controlar os conteúdos acessados pelos filhos. A utilização saudável também é possível mediante um processo de informação sobre os riscos existentes, para não cairmos em possíveis emboscadas a que estamos expostos, evitando assim a expansão do lado prejudicial da internet.

Bibliografia BBC NEWS. Entenda o escândalo de uso político de dados que derrubou valor do Facebook e o colocou na mira de autoridades: Vazamento sem precedentes expôs dados de 50 milhões de usuários e mergulhou empresa em nova crise, pouco tempo depois de comoção sobre disseminação de notícias falsas. 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/ economia/tecnologia/noticia/ entenda-o-escandalo-de-uso-politico-de-dados-que-derrubou-valor-do-facebook-e-o-colocou-na-mira-de-autoridades.ghtml>.

Acesso em: 01 nov. 2018.

BURGOS, Pedro. Nas eleições de 2018, desconfie da sua desconfiança: As fake news são um problema real, mas pior ainda é quem acha que tudo o que vai contra sua ideologia não passa de mentira. Superinteressante, São Paulo, p.1-3, 24 jan. 2018.

Disponível em: <https://super. abril.com.br/opiniao/nas-eleicoes-de-2018-desconfie-da-sua-desconfianca/#respond>. Acesso em: 23 ago. 2018.

DICIO PORTUGUÊS. Dicionário Online de. Audiência. 2018. Disponível em: <https://www.dicio. com.br/audiencia/>. Acesso em: 22 nov. 2018.

GAÚCHAZH. Russa é denunciada nos EUA por interferir nas legislativas de 2018. 2018. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs. com.br/mundo/noticia/2018/10/ russa-e-denunciada-nos-eua-por-interferir-nas-legislativas-de-2018-cjngmyyjh01yz01k7nn0gxx6e.html>. Acesso em: 22 nov. 2018.

INTERNET INNOVATION. História das redes sociais: Mídias sociais ou redes sociais. s.d. Disponível em: <https://www.internetinnovation.com.br/blog/midias-sociais-conceito-e-definicao/>.

Acesso em: 22 nov. 2018.

OLIVEIRA, Felipe. Facebook chega a 127 milhões de usuários mensais no Brasil: No país, rede social tem mais usuários ativos do que WhatsApp. 2018. Disponível em: <https://www1.folha. uol.com.br/tec/2018/07/facebook-chega-a-127-milhoes-de-usuarios-mensais-no-brasil.shtml>.

Acesso em: 18 jul. 2018.

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Sorria!

Você está sendo manipulado: consequências das tecnologias ocultas no Facebook Autores: Luana Souza - Maria Eduarda - Ryan Silva Vitor Araújo - Yasmim Tamiris Orientadora: Vivian Batista Gombi Atualmente, a Internet é o meio de comunicação mais utilizado pela sociedade, abrangendo não só meios acadêmicos e militares, como também o entretenimento. Um exemplo disso é a rede social mais utilizada no mundo todo, com cerca de 2 bilhões de usuários: o Facebook.

A Internet se tornou um campo de interesses políticos que se expressam por meio de tecnologias ocultas. Essas tecnologias estão presentes nas redes sociais, interferindo no campo pessoal dos internautas sem que tenham consciência disso. De fato, a Internet se transformou em fator de grande influência na vida cotidiana: basta notarmos a quantidade de tempo que as pessoas passam no meio virtual diariamente. Afinal, qual a origem desse meio de interação tão utilizado hoje em dia?

O nascimento da Internet se deu não a partir de uma pessoa, mas de uma agência militar de pesquisas no contexto da Guerra Fria, conhecida como Advanced Research Projects Agency (Arpanet), aprimorada por seus desenvolvedores ao longo da década de 70.

Naquela época, o meio de comunicação era apenas um mecanismo de coleta de informações para fins políticos.

Porém, com o seu desenvolvimento, a Internet ampliou seus campos de atuação, indo para além das funções político-militares – de tal forma que é possível observar o desenvolvimento de certa dependência nas pessoas

nos dias atuais, já que tudo pode ser feito online. Esse avanço da ciência e da tecnologia é visto com outros olhares e utilizado com funções diferentes: pagar contas, trabalhar ou até mesmo fazer compras de supermercado. Mesmo abrangendo tantas funções, a internet continua tendo importantes desdobramentos políticos.

Os impactos da Internet em nosso cotidiano trazem ambiguidades, pois, apesar de facilitarem ações corriqueiras, também apresentam pontos negativos não tão perceptíveis: falta de confiabilidade das informações; comodidade excessiva com o fácil acesso a informações, acarretando uma desvalorização do conhecimento; tempo excessivo nas mídias digitais; entre outros.

Quando se trata da vida pessoal, também podemos ressaltar como ponto problemático a alta exposição e a necessidade de aprovação da autoimagem do indivíduo. Alguns exemplos são os Likes (curtidas), as críticas e as invasões que acontecem em redes sociais como o Facebook, atingindo de forma direta ou indireta a dimensão psicológica das pessoas.

A partir disso, conseguimos analisar dois tipos de situações: aquela em que alguém com um grande número de Likes nas fotos de seu perfil se sente superior e com a autoestima elevada; e outra, em que um indivíduo com poucas curtidas se sente inferiorizado e pressionado a ter um nível de destaque igual ou maior do que aquele considerado de

alta relevância. Dessas duas situações, pode-se concluir que os Likes são a medida da qualidade do que as pessoas consideram relevante nos dias de hoje, de modo que, quanto maior o número de curtidas, maior importância lhe é dada, independente de quem ou o que seja.

Tudo isso nos traz a seguinte questão: Quais são os mecanismos presentes por trás da Internet, em especial do Facebook, e quão grande é seu nível de influência no âmbito pessoal de seus usuários?

Buscando entender a organização da Internet, temos a Cibernética – ciência que estuda os modelos de organização dos sistemas, visando à comparação de diferentes formas de organização e de fluxo de informações correntes em uma rede. Resumidamente, o termo refere-se ao processamento de informações em sistemas vivos (pessoas) ou artificiais (máquinas e programas), tratando não somente da comunicação, mas também do controle e da análise de dados por meio do Big Data.

O Big Data é uma ferramenta empregada para analisar uma grande quantidade de informações de diversas áreas e está presente, por exemplo, quando você faz uma pesquisa sobre determinado assunto e, em seguida, ele aparece como recomendado no Youtube ou em outras redes sociais. Também pode ser utilizada para vários fins, desde catalogar jogadores que fizeram mais gols, a obter

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Sorria!

Você está sendo manipulado

a estatística de pessoas que votarão em determinado candidato em futuras eleições.

Outro mecanismo envolvido na questão política é o Chatbot – software de inteligência artificial que simula a mente humana para executar várias tarefas, como as empresariais (atender clientes e dar informações sobre seus serviços, por exemplo) ou políticas (como no caso da polêmica envolvendo a eleição do atual governante dos Estados Unidos, Donald Trump, no ano de 2016).

O presidente americano, juntamente com os republicanos e a direita (supremacia nos EUA), utilizou-se desses recursos citados, por meio do Facebook, para alavancar suas propagandas, chegando assim a uma ilusão de popularidade. Isso resultou no desenvolvimento de um verdadeiro apoio político e promoveu opiniões positivas por parte dos internautas quanto ao candidato.

Tudo graças à necessidade de aprovação e pertencimento geradas pelo efeito manada. Este termo refere-se à tendência das pessoas de seguirem uma opinião marcante e influente, de modo que não desenvolvam opinião própria.

Em 2018, o Brasil passou por situação parecida em seu período de eleições presidenciais. Embora, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as Fake News tenham sido confirmadas e barradas a tempo, admite-se que houve difusão de notícias falsas com grande velocidade e em grande quantidade. Essas notícias foram compartilhadas por meio das redes sociais, com a intenção de difamar candidatos.

Consequentemente, isso influenciou a opinião das massas, tendo impacto direto nos resultados das eleições.

Por fim, temos os Algoritmos – que, aliados aos chatbots, realizam uma série de processos que dão andamento na resolução de problemas por meio da simplificação de tarefas. Além disso, analisam publicações denunciadas por conteúdos impróprios, ou que pareçam spam. Apesar de muitos usuários das redes desfrutarem dessa tecnologia, desconhecem sua existência e as consequências que acarretam, como o controle de fluxos de informação e dados e a invasão de privacidade.

As premissas de privacidade consistem em controlar quem (ou o quê, quando se fala de sistemas) tem acesso a seus dados pessoais – sendo que esse acesso pode ocorrer de forma direta ou indireta (por meio das tecnologias apresentadas), de modo que o internauta não tenha ideia de que seu particular está sendo violado. Isso torna a ideia de anonimato algo ques-

Por mais que as pessoas “ocultem” suas identidades, há sempre um modo de obter informações privadas tionável, pois, por mais que as pessoas “ocultem” suas identidades, há sempre um modo de obter essas informações privadas.

O direito à privacidade, citado no artigo 12 da política de Direitos Humanos, torna-se cada vez mais uma ideia distante da nossa realidade, afinal diversas tecnologias ocultas infringem gradativamente essa lei. Segundo Gabriel Rigoldi Vidal (2010), “a era da informação renovou os atentados à privacidade”, afirmando a existência de uma invasão no âmbito privado e público por meio dessas tecnologias.

Apesar do direito à privacidade ser crucial para a dignidade do ser humano, sua formalização jurídica só se deu a partir do século XX, quando ocorreram os avanços tecnológicos e sociais da época. Com o surgimento da internet, o artigo 12 sofreu infrações por conta dos novos meios de comunicação e plataformas digitais, fazendo com que seja necessária uma reestruturação do protocolo ou mesmo um novo projeto de lei que busque a prevenção desses atentados.

Contudo, cabe aqui o questionamento: será que temos privacidade de fato no meio virtual? Afinal, em uma plataforma com tantas tecnologias que coletam informações, não se sabe como é possível zelar pelo nosso direito de ter uma vida particular. Ao mesmo tempo, por outra perspectiva, os próprios internautas se expõem e acabam fornecendo dados privados de sua vida, sem pensar nas consequências e Um exemplo disso está no filme Snowden (2016). O longa-metragem aborda a história de Edward Snowden, um jovem que trabalhou nas mais diversas instituições de inteligência secreta, que resolve

relatar suas vivências nas empresas.

Em alguns momentos do filme, podemos ver a utilização de programas que interferem no âmbito pessoal dos indivíduos, como os Algortitmos, Big Data e Chatbots, entrando a fundo em cada dado, independentemente se está disponível ao público ou não. Afinal, conforme Snowden, “não importa quem você seja, todos os dias da sua vida você está caindo num banco de dados pronto para ser olhado”.

Bibliografia CABRAL, Isabela. O que é chatbot? Entenda como funciona o robô que conversa com você. 2018. Disponível em: <https://www.techtudo.com.br/ noticias/2018/03/o-que-e-chatbot-entenda-como-funciona-o-robo-que-conversa-com-voce.ghtml>. Acesso em: 20 mar. 2018.

GRAGNANI, Juliana. Bbc Brasil.

Como ‘comportamento de manada’ permite manipulação da opinião pública por fakes.

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OLIVEIRA, Marcos de. Nasce a Internet: Os passos científicos e tecnológicos que fizeram a grande rede mundial de computadores. 2011. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp. br/2011/02/18/nasce-a-internet/>. Acesso em: 5 fev. 2011.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Comunicação e sociedade. In: ENCONTRO DA COMPÓS, 2009, Belo Horizonte. Redes cibernéticas e tecnologias do anonimato. Belo Horizonte: Puc-mg, 2009. p. 113 - 134.

VIDAL, Gabriel Rigoldi. Privacidade e Internet: Privacy and Internet. 2010. Disponível em: <https://ojs.franca.unesp.br/index. php/cardernopesquisa/article/ view/194>. Acesso em: 09 ago.

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Perspectivas para o uso do carro elétrico no Brasil Autores: Matheus Felipe - Paula Lúcio - Rafaela Rocha Vinicius Guedes - Yohane Ferreira Orientador: Felipe Lara

O carro elétrico é um tipo de veículo que tem como sistema de propulsão o motor movido a energia elétrica. Existem três tipos de tecnologias para veículos movidos a energia elétrica: o modelo híbrido, o plug-in e o puramente elétrico (VASCONCELOS, 2017). Apesar do conceito de carro elétrico parecer bem atual, seus princípios surgiram no século XIX, com as ideias da bateria de chumbo. Porém, com o aumento da produção e venda dos carros de motor a combustão de Henry Ford, o carro elétrico acabou ficando para trás.

Após a segunda Guerra Mundial, houve racionamento de combustíveis fósseis e esse conceito ressurgiu: o carro elétrico passou a ser visto de forma dife-

rente, recebendo mais importância para a questão sustentável devido ao grande aumento da poluição (RODRIGEZ, 2017).

Atualmente, os carros elétricos são desenvolvidos, fabricados e utilizados na sua maior parte em países da Europa e da Ásia, especialmente na China, Japão e Alemanha (BARAN E LEGEY, 2011). Embora nesses países a utilização seja muito ampla, no Brasil ainda é uma tecnologia em desenvolvimento.

Desse modo, compreender as tecnologias que envolvem o veículo elétrico é de grande importância, uma vez que

Fonte: montagem feita com base em dados dos autores

ele traz uma grande contribuição para o desenvolvimento sustentável, diminuindo a poluição e os problemas ecológicos no planeta. Além disso, a tecnologia elétrica já faz parte dos planos das grandes empresas automobilísticas, especialmente aquelas de origem europeia e, em um futuro próximo, há a perspectiva de competição tecnológica com os tradicionais motores a combustão interna. Por exemplo, segundo o Automotive Business (2017), a Honda e a Hitachi criaram um acordo para crescer, produzir e comercializar mo-

Perspectivas para o uso do carro elétrico no Brasil

tores elétricos, tendo em vista a perspectiva de mercado.

Buscamos aqui compreender os processos estratégicos de implementação do carro elétrico dentro da realidade tecnológica do Brasil, analisando o mecanismo de funcionamento de um veículo elétrico; identificando os benefícios ambientais da implementação de uma tecnologia de motorização elétrica; e correlacionando dados estatísticos a respeito do uso do carro elétrico no Brasil em comparação ao mundo.

O funcionamento do carro elétrico Os carros elétricos são automóveis revolucionários. Apesar de benéficos, ainda são uma tecnologia em desenvolvimento. Existem três tipos de tecnologias movidas a energia elétrica que se classificam em: puramente elétrico, híbrido e plug-in.

Como o próprio nome diz, o motor puramente elétrico é movido a base de eletricidade. Dentro desta categoria, existem dois tipos de motores para esses veículos: um constituído de bateria cuja eletricidade necessária para seu funcionamento é proveniente da energia química armazenada nas baterias recarregáveis instaladas no próprio veículo (LEZANA et al., 2017); e outro que consiste na reação química do gás hidrogênio, armazenado em um tanque semelhante ao do gás natural veicular.

A diferença entre os tanques é que o de hidrogênio possui massa menor, e suporta cem vezes mais pressão. Sabendo que o hidrogênio é pouco denso, é necessária uma alta pressão para caber muito gás em pouco espaço.

Logo após, acontece a reação química do hidrogênio com o oxigênio do ar, gerando tanto energia elétrica quanto

A tecnologia elétrica já faz parte dos planos das grandes empresas automobilísticas água (MILLER, 2017).

O funcionamento do tipo híbrido se dá a partir de dois motores: um elétrico e outro a combustão. O motor a combustão pode ser alimentado por algum tipo de combustível líquido, como álcool, gasolina ou diesel, ou também por um combustível gasoso, como o gás natural (LEZANA et al., 2017). Esse tipo de tecnologia também é responsável por recarregar a bateria, juntamente com a energia cinética das frenagens (FOLHA DE SÃO PAULO, 2017).

Ademais, é importante destacar a existência de duas configurações de carros elétricos híbridos, em série e em paralelo (MILLER, 2017). Na configuração em série, as rodas são automaticamente acionadas pelo motor elétrico. Em contraponto, na configuração em paralelo, as rodas do veículo são acionadas paralelamente ao motor elétrico (LEZANA et al., 2017).

Embora o plug-in possua o mesmo funcionamento de veículos híbridos convencionais, ele pode ser recarregado por uma fonte de energia externa, como uma tomada comum (FOLHA DE SÃO PAULO, 2017). Outra dissemelhança entre o plu-

39 g-in e o inteiramente híbrido é que o primeiro também pode ser recarregado na rede elétrica convencional (LEZANA et al., 2017).

Expansão do carro elétrico pelo mundo Nos últimos anos, essa tecnologia em desenvolvimento passou por um grande avanço. Atualmente, os carros elétricos são desenvolvidos, fabricados e utilizados na sua maior parte em países europeus e asiáticos, tais como China, Japão e Alemanha. Contudo, no Brasil ainda é uma tecnologia em aperfeiçoamento (RODRIGUEZ, 2018).

Em 2017, foram vendidos 1,2 milhões de carros elétricos no mundo. Destes, metade foi parar nas estradas chinesas. A perspectiva é de que, ainda em 2018, a frota de carros elétricos e híbridos chegue a 8% em questão de vendas nesse país (RODRIGUEZ, 2018).

A previsão do governo chinês é de que, até 2025, 20% da circulação seja de carros elétricos ou movidos a combustíveis alternativos. A China tem como objetivo proibir futuramente a fabricação de veículos com motor a combustão, e já está exigindo dos fabricantes uma maior produção das baterias de veículos elétricos (RODRIGUEZ, 2018).

Também é de extrema importância ressaltar a expansão de automóveis elétricos na Alemanha. Em Dresden, o Grupo Volkswagen trouxe uma novidade para o mercado automobilístico: a versão final da plataforma MEB, desenvolvida exclusivamente para carros elétricos. Além disso, também foi apresentada uma infraestrutura de recarga doméstica para os modelos elétricos. Assim, foi lançada a campanha Electric for All (Elétricos para Todos), que pretende oferecer modelos elétricos com preços acessíveis, com o objetivo de aumentar a frota deste tipo de motorização (AUTOMOTIVE BUSSINESS, 2018).

A Volkswagen propôs-se a vender mais de 150 mil carros elétricos até 2020;

40 destes, 100 mil do primeiro modelo, o ID, que será produzido na Alemanha.

O grupo pretende lançar 27 modelos baseados na MEB em todo o mundo até 2022 (AUTOMOTIVE BUSSINESS, 2018).

O Japão também entra em jogo quando se trata de expansão dos carros elétricos, com a Toyota: uma das empresas pioneiras na produção desse tipo de veículo, que também contribuiu para o crescimento dos veículos híbridos.

Resultados O primeiro modelo da Volkswagen, o I.D., assemelha-se exteriormente ao Golf e interiormente ao Passat. “Ele tem o tamanho de um Golf por fora, mas o espaço interno de um Passat”, relata o presidente da divisão de carros da marca, Herbert Diess.

O I.D. promete um motor elétrico de 125 kW/170 PS e oferece ainda uma autonomia de até 600 quilômetros.

Além disso, ele é apto para atingir 100 km/h em menos de 8 segundos (EUROPA, 2016).

A empresa automobilística pretende popularizar os veículos elétricos, introduzindo-os por aproximadamente US$ 30 mil no mercado. A expectativa é que o I.D. valha por volta de 20 mil euros, semelhante a um Golf a diesel na Europa (OLIVEIRA, 2017). Segundo o portal iG São Paulo, apesar de ser um veículo consideravelmente caro, ele vem equipado com baterias de 35,8 kwh que podem garantir cerca de 200 quilômetros, propriedade inferior à autonomia de 600 quilômetros do I.D. Também é de extrema importância mencionar o Prius, veículo híbrido fabricado e desenvolvido pela Toyota. O Toyota Prius é o primeiro veículo híbrido produzido em larga escala. Ele vendeu mais de 9 milhões de unidades

desde seu lançamento em 1997 e abriu o caminho de várias marcas para a produção de elétricos (CONSIGLIO, 2016). Sua potência equivale a 123 cavalos, combinados entre os motores elétricos e de combustão, podendo chegar a até 165 km/h. Além disso, é capaz de alcançar 100 km/h em apenas 11 segundos. Considerando o uso do motor elétrico e de combustão, o Prius pode atingir mais de 810 km.

A perspectiva desse tipo de tecnologia no Brasil é considerada praticamente inexistente, e a Toyota quer mudar essa realidade. O objetivo é vender mais de 600 milhões de unidades por aproximadamente R$ 126.600. Embora o valor do Prius esteja longe de ser acessível para mais da metade da população, ainda assim é considerado o híbrido mais barato do país (CONSIGLIO, 2016).

Vale acrescentar também a existência de outro famoso híbrido no mercado, o Ford Fusion Hybrid (SOUZA, 2017). O Fusion Hybrid é o primeiro carro híbrido a ser vendido no mercado brasileiro. Ele se destaca pela maior potência oferecida e por sua economia em comparação a outros carros que contam com o motor elétrico e a combustão (SOUZA, 2017).

Embora esteja sendo lançado no modelo 2.5, o Fusion Hybrid é mais econômico financeiramente do que um carro popular 1.0. Essa particularidade se torna possível pela utilização de dois motores.

Quanto ao preço, o Fusion pode chegar a custar até R$ 134 mil, perdendo para o Prius, aproximadamente 10 mil reais mais barato (SOUZA, 2017).

Seu motor a combustão produz 143 cavalos, enquanto o elétrico produz outros 120. Em associação, no funcionamento híbrido, os dois chegam a 190 cavalos.

Suas baterias são recarregadas a partir de um sistema de recuperação de energia. Com autonomia de 100 quilômetros, o Fusion Hybrid perde consideravelmente frente à capacidade máxima de

Fonte: montagem feita com base em dados dos autores

O carro elétrico traz uma grande contribuição para o desenvolvimento sustentável 165 km/h do Toyota Prius (FONTANA, 2018).

Outro carro do tipo que acaba de chegar ao mercado brasileiro é o i3, da BMW. O i3 é um automóvel elétrico que possui a carroceria feita de plástico com fibra de carbono (CFPR). Seu modelo possui um extensor de autonomia, constituído por um motor bicilíndrico de 800 cm³ localizado sob o porta-malas, utilizado para recarregar as baterias (ESTADÃO, 2016).

O automóvel tem capacidade suficiente para rodar até 180 km sem carregar. Além disso, o i3 usa um motor exclusivo a combustão como gerador.

Esse motor a combustão pode rodar até 150 km; desta forma, juntamente ao seu motor elétrico com 170 cv pertencentes, totaliza 320 km. Quanto ao preço, podemos encontrá-lo por R$ 199.950,00 no mercado brasileiro.

Entretanto, quando comparamos o i3 ao Toyota Prius, percebemos que sua autonomia é inferior e seu preço é mais elevado, tratando-se de quase 75 mil de diferença. Já em comparação ao Fusion Hybrid, sua autonomia é maior; porém, ainda assim, ambos perdem para o Prius. Em questão de valores, vale destacar que o i3 pode custar quase 65 mil a mais que o Fusion (RIBEIRO, 2018).

Perspectivas para o uso do carro elétrico no Brasil

Apesar de carros elétricos e híbridos serem uma realidade em países da Europa e da Ásia, no Brasil ainda é uma tecnologia em desenvolvimento (BARAN E LEGEY, 2011). A partir de pesquisas feitas com todos os produtores de automóveis atuantes no Brasil e que possuem capacidade para fabricar carros elétricos ou híbridos, verifica-se que o assunto não é unanimidade. Embora todas possuam tecnologias para produzi-los, em termos globais, algumas produtoras estão mais avançadas do que outras.

Com relação aos problemas de infraestrutura que persistem no país, algumas montadoras estão mais preocupadas em melhorar a eficiência energética de seus motores a combustão e, consequentemente, conseguir reduções de impostos. Assim, apesar da alta tecnologia do exterior, contribuem para um avanço lento da indústria brasileira na questão da eletrificação (QUINTANILHA, 2017).

Contudo, mesmo que ainda exista um longo caminho a percorrer, a tecnologia está crescendo. Além do mais, os carros elétricos e híbridos oferecem algumas vantagens relevantes. São capazes de reduzir e consequentemente eliminar o uso de combustíveis fósseis.

Também são completamente silenciosos, limitando a poluição sonora associada ao motor a gasolina. Além disso, como não há fumaça saindo do escapamento, diminuem consideravelmente a preocupação com a poluição ambiental causada por resíduos da combustão característica dos combustíveis fósseis (NAGÔ, 2018).

Dessa forma, a expectativa é que o número de veículos elétricos cresça rapidamente nos próximos anos. Segundo o relatório Electric Vehicle Outlook 2017, da Bloomberg New Energy Finance, a perspectiva é que, entre 2025 e 2030, o carro elétrico terá o mesmo preço ou ficará até mais barato que carros a gasolina e álcool para o consumidor final – disparando, assim, suas vendas. Além disso, o estudo projeta que, em 2040, metade das vendas de carros zero-quilômetro será de elétricos e um terço da frota no mundo será movida a eletricidade (CALIXTO, 2017).

Diversos países já marcaram data para o fim da produção de carros movidos apenas a gasolina ou diesel. Na Noruega e na Holanda, a indústria não poderá colocar esses carros em circulação a partir de 2035. Na Áustria e na Índia, 2030. Na Inglaterra e na França, 2040.

A expectativa é que o Brasil sepulte a velha tecnologia em 2030, com o programa Rota 2030.

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Bibliografia BARONTINI, Francisco. Volkswagen apresenta seu futuro elétrico com a plataforma MEB: Aqui está o que a marca alemã planeja para criar o “carro elétrico do povo”.

2018. Disponível em: <https:// motor1.uol.com.br/index.php/ news/266532/volkswagen-carros-eletricos-meb- plataforma/>. Acesso em: 08 nov. 2018.

CALIXTO, Bruno. Carro elétrico: estamos vendo o início do fim do carro a gasolina?: A montadora sueca Volvo e o governo da França fazem planos para só colocar carros elétricos nas ruas.

Mas estamos ainda longe de um trânsito 100% elétrico. 2017. Disponível em: <https://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/ blog-do-planeta/noticia/2017/07/ carro-eletrico-estamos-vendo-o-inicio-do-fim-do-carro-gasolina.html>.

Acesso em: 16 nov. 2018.

CONSIGLIO, Tereza. Avaliação: Toyota Prius: Com visual futurista e recheio mais tecnológico, quarta geração do Prius chega às lojas com a missão de abrir caminho para os próximos híbridos da marca no Brasil. 2016. Disponível em: <https://revistaautoesporte.globo. com/Analises/noticia/2016/06/ avaliacao-toyota-prius.html>. Acesso em: 08 nov. 2018.

ESTADÃO. BMW aumenta autonomia do elétrico i3: Com novo pacote de baterias, compacto elétrico tem capacidade de 300 km sem autonomia estendida. 2016.

Disponível em: <https://jornaldocarro.estadao.com.br/carros/bmw-aumenta-autonomia-do-eletrico-i3/>. Acesso em: 15 nov. 2018.

FOLHA DE S. PAULO. Saiba quais são tipos de carros elétricos que existem hoje. 2017. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ sobretudo/vida-pratica/2017/10/ 1928943-saiba-quais-sao-tipos-de-carros-eletricos-que-existem-hoje. shtml>. Acesso em: 27 set. 2018.

FONTANA, Guilherme. Comparativo: Toyota Prius x Ford Fusion Hybrid: Os híbridos mais populares do mercado mostram que sabem como economizar combustível sem perder a diversão.

2018. Disponível em: <https:// quatrorodas.abril.com.br/testes/ comparativo-toyota-prius-x-ford-fusion-hybrid/>. Acesso em: 08 nov. 2018.

IG SÃO PAULO. Volkswagen dobra produção do Golf elétrico, que virá ao Brasil em 2018.

2018. Disponível em: <https:// carros.ig.com.br/2018-01-02/vw-golf-eletrico.html>. Acesso em: 08 nov. 2018.

OLIVEIRA, Luciana de. Volkswagen apresenta carro elétrico que ‘vai mudar sua história’: Após escândalo do diesel, a Volks promete dominar mercado de elétricos. Conceito ID tem tamanho de Golf, mas espaço de Passat, diz marca. 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/ carros/salao-de-paris/2016/noticia/2016/09/volkswagen-apresenta-carro-eletrico-que-vai-mudar-sua-historia.html>.

Acesso em: 08 nov. 2018.

TV EUROPA. I.D. é o elétrico da Volkswagen com 600 km de autonomia: Volkswagen arranca em definitivo na área dos carros 100% elétricos. O modelo de conceito é o I.D. que fez estreia mundial no Salão Internacional do Automóvel em Paris, no passado mês de outubro. 2016.

Disponível em: <https://www. tveuropa.pt/noticias/i-d-e-o-eletrico-da-volkswagen-com-600-km-de-autonomia/>. Acesso em: 08 nov. 2018.

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A insegurança alimentar no Brasil Autores: Mégara Henrique - Renan Perkins Stephani Moda - Victoria Veloso Orientador: Salatir Rodrigues

De acordo com a FAO (2008), a Segurança Alimentar existe quando todas as pessoas, em todos os momentos, têm acesso físico e econômico a alimentos que atendam às suas necessidades alimentares para uma vida ativa e saudável.

Ainda de acordo com essa mesma instituição, a Insegurança Alimentar refere-se à indisponibilidade de alimentos para a população, relacionada à falta de acesso adequado. Pode ser de dois tipos: crônica e transitória. A Insegurança Alimentar Crônica pode ser definida como uma situação em que a pessoa (e sua família) fica, por um longo período de tempo, sem acesso a alimentos, causando sua desnutrição; a Insegurança Alimentar Transitória, como o próprio nome sugere, ocorre por curtos períodos de tempo, caracterizando-se pela falta repentina de alimentos, causando vulnerabilidade alimentar.

No Brasil, a insegurança alimentar não pode ser tratada de forma única, visto que há muitas diferenças entre suas regiões – cada local possui características específicas de produção, distribuição e consumo de alimentos. Um levantamento de dados que busque comparar a situação da insegurança alimentar do Brasil deve, ao menos, considerar separadamente as regiões Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que apresentam diferentes características, como clima, desenvolvimento econômico, demografia e infraestrutura logística.

A região Sul é a que apresenta a melhor condição de segurança alimentar para as várias categorias, provavelmente em função da maior disponibilidade de alimentos nas áreas rurais, principalmente naquelas de tradição na agricultura familiar. Dentre as cinco regiões brasileiras, esta apresenta a situação de insegurança alimentar mais branda (GUBERT et al., 2010).

Somente 10% dos municípios da região têm prevalências consideradas altas de insegurança alimentar grave. Analisando-se a variação entre todos os estados brasileiros na ocorrência de insegurança alimentar grave, observa-se que a Região Sul também é a mais uniforme, uma vez que as prevalências de insegurança alimentar grave variaram apenas 7,2% entre seus municípios.

Santa Catarina destaca-se como o estado em melhor situação, uma vez que 95,6% de seus municípios têm baixas prevalências de insegurança alimentar grave e nenhum é classificado como exposto a uma prevalência alta ou muito alta de insegurança alimentar grave. Além de Santa Catarina, o Rio Grande do Sul e o Paraná apresentam os melhores resultados, nesta ordem (GUBERT et al., 2010).

Na região Sudeste, a prevalência de insegurança alimentar não é tão grande, atingindo 4,6% da população. Está em segundo lugar do menor grau de insegurança, logo depois do Sul, com 3,6%.

Observa se que os menores valores de prevalência de segurança alimentar grave são explicados pela existência de melhores condições socioeconômicas e am-

bientais em que vivem sua população.

Nessa região, somente o Estado de Minas Gerais apresenta municípios com predomínio muito alto de insegurança alimentar grave.

A Região Centro-Oeste apresenta alta prevalência de insegurança alimentar (51,8%). Foram encontrados 23,1%

Fonte: montagem feita com base em dados dos autores

A insegurança alimentar no Brasil

de insegurança alimentar moderada/grave e 76,9% da insegurança alimentar leve. O estado do Mato Grosso é uma área de abrangência da Rodovia BR-163 que liga Cuiabá (Mato Grosso) a Santarém (Pará), na região da Amazônia Legal. A região da Amazônia Legal Brasileira vive da produção de alimentos em grande escala, todavia ainda apresenta condições vulneráveis (SILVA, 2013).

Segundo pesquisa feita por Mondini (2011), famílias residentes das áreas urbanas e rurais do Centro-Oeste atingiram um percentual de 20% da insegurança alimentar. Em 2014, a região apresentou 31,12% de insegurança alimentar na área rural e 29,72% na área urbana. Notou-se que pessoas com baixa escolaridade estão sujeitas a permanecer futuramente nas áreas rurais por conta da baixa renda salarial, e estarão sujeitas a enfrentar dificuldades, devido à política brasileira não ter avançado o suficiente para suprir essas necessidades.

Gubert et al. (2010) destacam que a Região Norte ficou em segundo lugar, com 12,3% de insegurança alimentar grave, com 46,1% dos municípios nesta categoria, logo depois da Região Nordeste, com 14,5%, sendo que 65,6% dos municípios estão nessa situação.

O estado da região que apresentou situação mais adversa foi Roraima (33,4% das famílias vivem abaixo da linha de pobreza nesse estado),

em que todas as cidades apresentaram situações muito altas de insegurança alimentar grave. O mesmo ocorre nos estados do Acre, Pará e Amapá (GUBERT et al., 2010). A situação mais favorável foi apresentada pelo estado de Rondônia, em que 94,2% dos municípios apresentam prevalências baixas e médias (GUBERT et al., 2010).

Gubert et al. (2010) apontam que a desigualdade social apresentada no Brasil é o fator que mais justifica a situação de insegurança alimentar. Outro fator que também influencia é a renda; no entanto, ela não é totalmente suficiente para justificar a insegurança, pois há famílias com renda acima da pobreza que sofrem com a falta de alimentos, além de outras condições que podem influenciar, como moradia, saneamento e educação.

A região Norte também apresenta maiores médias nos indicadores sociais predi-

A região Nordeste é aquela que apresenta a pior situação quanto à insegurança alimentar

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44 tivos da insegurança alimentar, como a escolaridade (GUBERT et al., 2010).

Tem o segundo menor rendimento domiciliar per capita, com 286,46 reais; a grande maioria da população tem baixa renda; e mais de 80% dos extremamente pobres e cerca de 75% dos pobres tipo 1 vivem em situação de insegurança alimentar, sendo mais da metade em nível moderado e grave. Quase metade dos pobres de tipo 2, com renda acima da linha de pobreza, encontra-se em situação de insegurança alimentar e, mesmo entre os não-pobres ela é alta, em comparação com as demais regiões (GUBERT et al., 2010). Apesar da região Norte, por sua localização, favorecer a prática extrativista de alimentos, a população é muito vulnerável à influência de seus ecossistemas, que podem determinar escassez alimentar em tempos de cheias nos rios e, por outro lado, impossibilidade de acesso se os rios

Fonte: www.naturespath.com

secarem demais (GUBERT et al., 2010).

A região Nordeste é aquela que apresenta a pior situação quanto à insegurança alimentar dentre as 5 regiões brasileiras.

Nessa região, 31,1% da população encontrava-se em situação de insegurança alimentar leve, 13,4% em situação moderada e 9,5% em situação grave. Essa situação foi verificada por Murieal et al.

(2010) na Paraíba, estado em que dez municípios sofrem de insegurança alimentar grave, variando de 5,4% a 22,8%; e no Maranhão, onde 23,3% da população estavam abaixo da linha de pobreza, dificultando seu acesso à alimentação.

Esses percentuais foram relativamente altos, o que destaca as más condições de vida de sua população. É notória a manutenção da insegurança alimentar grave na região como um todo. Esses altos percentuais são associados à extrema pobreza e à falta de poder aquisitivo, o que dificulta o acesso aos alimentos e a disponibilidade deles para a população,

colaborando para persistência do problema. Políticas sociais para identificação das famílias mais vulneráveis, e o desenvolvimento de programas que foquem em famílias mais carentes, como Bolsa Família, combinados a demais estratégias de aumento de emprego, renda e escolaridade, poderão contribuir para a diminuição da insegurança alimentar. É fundamental investigar as grandes variações inter e intrarregionais na prevalência de insegurança alimentar moderada e grave, e assim tomar iniciativas para o término desse problema.

Conclusão Como observamos pelas pesquisas, na região Sudeste, a prevalência de insegurança alimentar não é tão grande, devido às boas condições socioeconômicas e ambientais da região. A Região Centro-Oeste apresentou alta prevalência de insegurança alimentar, pois muitas pessoas com baixa escolaridade

A insegurança alimentar no Brasil

que vivem nas áreas rurais têm baixa renda salarial – o que acaba dificultando o acesso aos alimentos. Na região Norte, encontrou- se alto predomínio de insegurança alimentar em consequência da baixa renda, da escolaridade e da influência dos ecossistemas no local. A menor preponderância de segurança alimentar constatada no Brasil é a da região Sul, devido à alta renda da população e à disponibilidade de alimentos nas áreas rurais. E, por fim, o Nordeste foi a região que apresentou o maior índice de insegurança alimentar dentre as regiões brasileiras, em razão da alta taxa de pobreza da população – impossibilitando o acesso aos alimentos. Outro fator que também colabora para esse transtorno é o clima, que dificulta a agricultura. Vale destacar ainda que a situação de insegurança alimentar alcançou maior proporção nas áreas rurais de todas as regiões brasileiras, com exceção da Sul.

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Bibliografia FACCHINI, Luiz Augusto et al. Insegurança alimentar no Nordeste e Sul do Brasil: magnitude, fatores associados e padrões de renda per capita para redução das iniquidades. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 1, n. 30, p.161174, jan. 2014.

GUERRA, Lúcia Dias da Silva; ESPINOSA, Mariano Martínez; BEZERRA, Aída Couto Dinucci. Insegurança alimentar em domicílios com adolescentes da Amazônia Legal Brasileira: prevalência e fatores associados. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, p.335-348, 29 fev. 2013.

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GUBERT, Muriel Bauermann; BENÍCIO, Maria Helena D’aquino; SANTOS, Leonor Maria Pacheco dos. Estimativas de insegurança alimentar grave nos municípios brasileiros. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 8, n. 26, p.1595-1605, ago. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pi-

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HOFFMANN, Rodolfo; KAGEYAMA, Angela. Pobreza, insegurança alimentar e pluriatividade no Brasil. Discover The World’s Research, Rio de Janeiro, v. 2, n. 8, p.2-29, 17 mar. 2016. Disponível em: <https://www.researchgate. net/publication/268357971_POBREZA_INSEGURANCA_ALIMENTAR_E_PLURIATIVIDADE_NO_BRASIL>. Acesso em: 17 mar. 2016.

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MONDINI, Lenise; ROSA, Tereza Etsuko; GUBERT, Muriel Bauermann. Insegurança alimentar e fatores sociodemográficos associados nas áreas urbanas e rurais do Brasil. Informações Econômicas, São Paulo, v. 41, n.

2, p.1-9, 18 fev. 2011. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/ handle/10482/13918>.

Acesso em: 18 fev. 2011.

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Uma colher de ansiedade e uma xícara e meia de compulsão alimentar Autores: Raul Aramis Spinelli Ferraz - Thabata Ostti Da Silva Souza Vinicius Galeoti Neri - Wendel Ferreira de Freitas Orientadora: Vivian Gombi

Como todos sabem, a alimentação é essencial para a vida, pois tem como objetivo dispor de nutrientes para fornecer energia. Sendo o alimento saudável ou não, a comida é uma importante fonte de prazer para o homem. Na alimentação, deve ocorrer um equilíbrio – quando o mesmo não é estabelecido, e, junto a outros problemas da vida moderna (falta de sono, stress, etc.), surgem distúrbios alimentares ligados a uma relação doentia ou transtornada com o alimento. Esses distúrbios ou transtornos influenciam o vínculo das pessoas com a comida, afetando em grande medida a rotina dos que sofrem das patologias.

A patologia que abordaremos aqui é a do transtorno de compulsão alimentar periódico (TCAP), que consiste em um comportamento repetitivo no qual ocorre o consumo de grandes quantidades de alimento. Uma doença que pode se relacionar com o TCAP e que também apresentaremos é a ansiedade, que acontece quando uma pessoa tem preocupações em excesso, refletindo em um estado mental de sofrimento constante em relação aos desafios simples do dia a dia.

Uma das relações entre essas doenças pode ser vista no consumo exagerado dos “fast-foods”. Por se tratarem de alimentos práticos, rápidos e saborosos, conquistaram as refeições da sociedade ocidental, fazendo com que grande parte da população ficasse acima do peso. Um dos principais motivos para isso é o fato de as pessoas descontarem todo o stress e ansiedade que sentem na alimentação, gerando grandes

consequências à saúde e ao bem-estar.

Sendo assim, a importância desse assunto vai além de mera questão de aparência física e padrões estéticos: trata-se da relação da pessoa com o próprio corpo, saúde mental e alimentação.

Você já se sentiu culpado depois de alguma refeição? Já se alimentou dessa forma por conta do cansaço ou stress?

Primeiramente, devemos entender o papel fundamental da alimentação em nossas vidas: o de fornecer energia a partir da aquisição de nutrientes. Para isso, devemos manter refeições balanceadas e com maior diversidade. A diversidade dos alimentos se vincula a suas diferentes funções (construir, regular e fornecer energia), tendo como real objetivo o funcionamento adequado do corpo e do organismo.

Levando em conta estas funções variadas, não é tarefa fácil se alimentar de modo balanceado. Por exemplo, é mais fácil nos atermos às quantidades dos macros nutrientes, como carboidratos, proteínas e gorduras, não dando a devida importância aos micronutrientes, como as vitaminas e os sais minerais.

Apesar da importância do cuidado com os diferentes tipos de nutrientes, a indústria deixa de lado a preocupação com a qualidade nutricional dos alimentos que produz para se ater ao menor custo de produção e à maior lucratividade.

Um alimento rico em sal ou açúcar, por exemplo, é mais atrativo e prazeroso, estimulando um consumo muito maior do que um alimento saudável.

Como forma de crescer financeiramente, aumentando o consumo de seus produtos, o mercado desenvolve “fast-foods” e

comidas industrializadas que afetam negativamente a saúde dos seus consumidores, predispondo-os a doenças relacionadas à alimentação.

Por se tratarem de comidas de preparo rápido, estes alimentos se adequam à rotina agitada

Fonte: montagem feita c

Uma colher de ansiedade e uma xícara e meia de compulsão alimentar

dos trabalhadores contemporâneos – que têm curtos períodos de tempo para suas refeições diárias. Somam-se a isso as demais tarefas cotidianas que as pessoas não podem deixar de lado, sobrecarregando seu tempo livre e influenciando a busca por refeições rápidas.

Os alimentos de baixa qualidade nutricional produzidos pela indústria passam a ser a principal escolha da maioria dos indivíduos. Devido aos fatores nutricionais serem ignorados pelas indústrias e trocados pela atratividade do produto e prazer do consumidor final, muitas pessoas se deixam levar pelo sabor e esquecem o real motivo da alimentação. Acabam comendo em excesso, o que predispõe ao desenvolvimento de várias doenças. Uma delas é o TCAP, que consiste no consumo exagerado de alimentos de forma repetitiva pelo indivíduo, com o intui-

com base em www.silva4.com

to de ter prazer. Esse comportamento, quando em excesso, pode se tornar incontrolável, transformando-se em um transtorno de compulsão que trará prejuízos para a vida.

O TCAP faz com que a pessoa perca o equilíbrio corporal. Ele acontece do seguinte modo: a pessoa inicia a alimentação por impulso, na busca por prazer; com o tempo, vai perdendo o controle, o que gera stress; a isso, podemos chamar de “fissura”. A fissura consiste no desejo incontrolável que surge com a urgência de uma obsessão. Quando se instala no cotidiano do compulsivo, significa que essa pessoa já está dependente. Ou seja, o prazer se tornou vício.

Afinal, de onde vem o vício por alimentos? A questão da origem dessa compulsão não corresponde à necessidade fisiológica da fome, mas à busca pelo prazer através de uma alimentação doentia.

Embora não seja evidente, há diversos fatores envolvi-

47 dos quando o assunto é TCAP – dentre eles, a ansiedade.

A ansiedade é uma emoção comum do ser humano e possui importante função em nossas vidas: a de nos deixar alertas, impulsionando-nos a tomar atitudes perante os desafios e dificuldades do dia a dia. Neste sentido, ela nos incentiva a buscar e realizar aquilo que desejamos. Ou seja, a ansiedade moderada é desejável e saudável. Porém, apesar de ser uma emoção comum e importante, a ansiedade pode se tornar uma doença quando excessiva. Tal doença é um estado mental de sofrimento constante em relação a desafios ou ameaças simples, mesmo que não estejam nem perto de acontecer, afetando o organismo de diversas formas e, consequentemente, atrapalhando a rotina e a saúde das pessoas ansiosas.

Quando se trata de ansiedade com relação aos alimentos, há duas vertentes: alimentos que devem ser evitados e alimentos que são aconselhados.

Segundo Silva (2017), autora do livro “Mentes Ansiosas”, pesquisas médicas nas áreas de dieta e nutrição apontam que certas comidas podem ser maléficas ou benéficas para quem sofre com ansiedade.

Alimentos

48 como a cafeína, o açúcar, o álcool, laticínios, suplementos alimentares e carnes vermelhas devem ser evitados ou moderados na dieta para que não haja um agravamento no grau da doença.

Já alimentos como legumes, verduras, frutas e leguminosas devem constar frequentemente da dieta do ansioso.

Dessa forma, uma alimentação saudável com menores níveis de açúcar refinado, derivados alcoólicos e alimentos industrializados pode contribuir significativamente e positivamente para a saúde do paciente ansioso.

Os principais sintomas do TCAP são comer rápido e em demasia, sentir-se empanturrado e, ao mesmo tempo, a falta da sensação de saciedade após comer, o que pode levar a pessoa a se sentir mal e ganhar peso. Outros sintomas são o pensamento recorrente em alimentos, fome e apetite elevados, dificuldade em parar de comer e, depois, a sensação de culpa por não ter tido controle sobre isso.

No caso da ansiedade, pode haver ou não causas genéticas para a doença.

As causas genéticas se relacionam a variações de algum gene que impede a quebra de moléculas de dopamina, fazendo com que o cérebro fique estimulado, não conseguindo se desligar de sensações negativas e pessimistas.

Outras causas da ansiedade são as doenças respiratórias (como a asma), doenças cardíacas, problemas crônicos (como a esclerose múltipla e mal de Parkinson), hipertireoidismo e várias outras situações.

Médicos e especialistas no assunto dizem que, para superar a ansiedade, é necessário seguir quatro passos prin-

cipais. O primeiro deles é reconhecer e aceitar que está sofrendo de ansiedade; para isso, a pessoa deve estar disposta a mudar. O segundo passo é pesquisar sobre o assunto para que o ansioso conheça o transtorno de que sofre. O

É necessário seguir quatro passos principais para superar a ansiedade terceiro passo é buscar ajuda de um especialista, a fim de que a doença seja devidamente tratada. O último passo está relacionado ao anterior, uma vez que aconselha que o paciente tenha uma boa relação com o seu médico, para que possa acontecer um diálogo franco e aberto.

Além desses passos, recomenda-se que o ansioso também cumpra as exigências

de alguns coadjuvantes no tratamento, sendo necessário que o indivíduo mantenha o intestino e o cérebro saudáveis para que ocorra a produção de neurotransmissores, serotonina e dopamina regulares, para suprir adequadamente a demanda dessas substâncias nesses locais. Também é indicado que o ansioso possua hábitos para uma boa hidratação, eliminação adequada das fezes, noites de sonos adequadas, prática regular de exercícios e ingestão de alimentos saudáveis.

No caso do transtorno de compulsão alimentar periódico, o tratamento se inicia com consultas ao psiquiatra qualificado no assunto, para que direcione tanto os tratamentos psíquicos quanto físicos. O tratamento procura lidar com a fome, com os sentimentos e com a vontade incontrolável de se alimentar.

Para isso, podem ser usados remédios para controlar a ansiedade e medica-

Fonte: montagem feita com base em dados dos autores

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Uma colher de ansiedade e uma xícara e meia de compulsão alimentar

mentos inibidores de apetite. Portanto, é essencial a busca por ajuda a fim de que ocorra um tratamento adequado.

Fazendo uma relação entre essas duas doenças, vemos que o mecanismo cerebral da compulsão alimentar não é o mesmo da ansiedade – ou seja, a pessoa pode ter um, mesmo não tendo o outro. Porém, quando coexistem, essas doenças passam a trabalhar juntas, tornando a ansiedade um combustível para o TCAP, o que abala a vida social, mental e a alimentação de quem sofre com essas patologias. A relação entre esses problemas faz com que a ansiedade excessiva seja notada apenas depois da compulsão já ter se instalado na rotina do doente, afetando todo seu cotidiano.

A maioria dos profissionais da área diz que grande parte das pessoas que sofrem de TCAP já sofreu de uma intensa ansiedade. Deste modo, são do-

enças que podem ter forte impacto na vida de quem as sofre, pois afetam tanto o meio pessoal quanto o social, interferindo na alimentação e em demais atividades, como socializações com amigos e familiares. Assim, não se trata apenas de uma questão fisiológica, mas também psicológica e social, pois, além busca pela saciedade, ocorre uma busca por prazer, na qual são descontados seus sentimentos e emoções.

No meio social, é fundamental que as pessoas ao redor do compulsivo/ansioso ajudem-no a encontrar a cura para esses transtornos. Temos que lembrar que a alimentação é algo cultural, variando em cada região – o que faz com que cada pessoa tenha costumes diferentes; portanto outras pessoas que vivem esses mesmos costumes devem apoiar e ajudar a pessoa que está doente, pelo fato de conviverem com a alimentação em questão.

Outra relação que podemos estabelecer entre essas duas doenças é que ambas possuem o mesmo tratamento principal: a modificação da rotina, com o intuito de definir novos hábitos a fim de que a pessoa compulsiva ou/e ansiosa fique longe de velhos costumes. Assim há uma quebra de fatores negativos atuantes em seu cotidiano, podendo levar à cura ou ao menos à minimização do quadro da doença. Ademais, é imprescindível que o indivíduo possua uma relação aberta com seu próprio corpo – a pessoa deve se conhecer e entender que sua saúde mental e seu bem-estar estão acima de tudo, inclusive dos padrões estéticos envolvidos.

Bibliografia CORDEIRO, Tiago. Ansiedade e Depressão. Ansiedade e Depressão, São Paulo, n. 210, p.06-17, jun. 2018. Mensal.

O que é Compulsão alimentar?

Disponível em: <https://www. minhavida.com.br/saude/temas/ compulsao-alimentar>.

Acesso em: 26 set. 2018.

SEGAL, Viviane Lajter. A Caminho da Mudança- blog de psicologia: A influência da ansiedade em nossas vidas. Disponível em: <A influência da ansiedade em nossas vidas>. Acesso em: 14 nov.

2018.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Ansiosas: o medo e a ansiedade nossos de cada dia. São Paulo: Principium, 2017. 296 p.

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Ações da logística reversa e economia criativa Autores: Lívia Adelice Moreno - Lucas Augusto Savieto - Miguel Acácio dos Santos Monique Vitória da Silva Lopes - Sabrina Meneses Nunes Orientador: Felipe Lara

A logística reversa é responsável pelo retorno de determinado produto após seu uso, fazendo com que não haja apenas um ganho econômico, mas também ambiental e sustentável (STABELINI, 2017).

A economia criativa é uma área de tecnologia que procura renovar os meios da logística reversa, fazendo com que a cadeia produtiva da logística reversa tenha uma função tanto econômica quanto ambiental, o que ajuda na economia do país.

Isso se dá através do uso de materiais que seriam descartados, e, em vez disso, são modificados para novo uso.

Desse modo, entender como a logística reversa pode contribuir para o desenvolvimento da economia criativa é importante, principalmente como forma de impulsionar o desenvolvimento de novos negócios criativos.

Fonte: montagem feita com base em dados dos autores

Ações da logística reversa e economia criativa

Logística reversa Os primeiros estudos sobre logística reversa foram realizados na década de 70, sendo este um tema que tem se sobressaido nos dias de hoje, com impactos sociais, ambientais e econômicos – por reutilizar e reduzir quantidades de materiais empregados na indústria. Esse ciclo propõe soluções para a preservação do meio ambiente e vantagens para as instituições, desenvolvendo um novo modelo de gestão de negócios e a conscientização da humanidade de que os recursos naturais são finitos.

Segundo Ballou (2010), podemos dizer que a logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, facilitando o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final. Seu ciclo é composto por:

Ciclos da Logística Empresarial Retorno do material/produto do ponto de consumo até o de origem, com a volta do mesmo para a cadeia produtiva da empresa; Movimentação do produto feita pelo consumidor para o produtor; desse modo, as empresas desenvolvem sua cadeia logística (através de um conjunto de fornecedores que supre as necessidades da empresa no desenvolvimento e na criação dos produtos) para permanecerem no mercado; Maior proveito de recursos por meio dos 3Rs (reciclar, reutilizar e reduzir); Recuperação de valor, atribuindo uma segurança no rumo do produto após a utilização do mesmo.

51 Em agosto de 2010, foi aprovada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Brasil. Trata-se de um incentivo à sociedade para a prática da logística reversa, que passa a ser obrigatória para as indústrias. Não só as grandes empresas precisam fazer sua parte, mas também os consumidores, buscando consumir produtos que não gerem resíduos e que sejam de origem renovável – em consequência disso, as empresas estão investindo mais em pesquisa e desenvolvimento de produtos ecologicamente corretos.

“Entendemos logística reversa como a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valores de diversas naturezas: econômico, de prestação de serviços, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, dentre outros. Logística reversa está associada à reutilização de produtos e materiais, englobando todas as atividades logísticas de coletar, desmontar e processar produtos e/ou materiais e peças usadas a fim de assegurar uma recuperação sustentável.” (LEITE, pág. 17, 2009)

52 A logística reversa pode ser dividida em duas partes: o pós-consumo, que envolve os bens descartados pelos consumidores, cujo objetivo é agregar valor aos produtos que deixaram de ser utilizados e/ou que possuem alguma vida útil; e o pós-venda, que consiste no retorno de produtos sem ou com pouco uso devido à insatisfação do cliente e a falhas na fabricação, com o objetivo de dar valor ao produto.

Apesar de tudo que foi exposto, o conceito da logística reversa ainda não está completamente definido, já que faltam incentivos do governo – por exemplo, para a conscientização da sociedade e dentro das escolas, o que deveria ser o primeiro passo da mudança. Porém é necessário para completar o ciclo do produto, seja pelo aproveitamento de matérias-primas ou pelo encaminhamento de seu descarte adequado.

Economia criativa A economia criativa é, em parte, baseada em processos que promovem criações, produções e criatividade, gerando riquezas, impactos sociais e diversidade. Essa área se desenvolve quando há certa estabilidade na economia, gerando benefícios para o país – o que mostra seu desenvolvimento econômico.

Um exemplo de país influente nesse ramo é a Inglaterra, com indústrias criativas e que promovem tal atividade. A economia criativa reflete o desenvolvimento econômico, social

Fonte: www.observatorio3setor.org.br

e ambiental do país, já que o beneficia financeiramente, trazendo novas oportunidades de trabalho. É encontrada principalmente em países ricos, crescendo de 10% a 20% anualmente no mundo inteiro.

Houve um aumento considerável de empresas atuantes nessa área, ou seja, que utilizam a inovação e a produtividade para gerar seus produtos. A criatividade vem acompanhada principalmente pelo aumento da tecnologia, mudando completamente o comportamento do indivíduo.

Sendo uma área cujo fim interfere na renda e na geração de emprego, a economia criativa atualmente é poderosa e transformadora. A riqueza dos dias de hoje está fixada na capacidade de criação.

Entre os acontecimentos de maior importância nessa área, insere-se a conferência “Rio+20”, em que foi elaborado um modelo classificando as indústrias em quatro eixos: patrimônio, artes, mídias e criações funcionais. A Firjan dividiu a economia criativa em categorias: indústria criativa em si, que se baseia na criatividade como o principal ponto; também há as atividades relacionadas, que possuem a capacidade de gerar materiais para as empresas, apoiando as mesmas.

No ano de 2012, no Brasil, foi assinado um decreto vinculando a economia criativa ao Ministério da Cultura. No país, crescem cada vez mais os empregos formais e informais. Se comparado aos demais países, o PIB do Brasil é relativamente baixo; no entanto, o orçamento utilizado para as indústrias precursoras dessa área é maior em comparação ao que elas realmente recebem, ocasionan-

do a ausência de lucros.

A economia criativa busca relacionar a tecnologia e a inovação para benefícios sociais, culturais e em criatividade, auxiliando também nas novas visões de métodos de produção econômica. Ela consiste em uma série de atividades que apoiam a visão da macro e da microeconomia – que nada mais é que a visão interna e externa de algo no âmbito da economia.

Mesmo antes da concepção de economia criativa, esse método de produção já existia, possibilitado pela indústria criativa, criada por volta da década de 1990 na Austrália. Depois de um tempo, foi chamada de “Creative nation: commonwealth cultural policy”, para trazer a importância da capacidade criativa no meio econômico (UNCTAD).

A economia criativa e a logística reversa A economia criativa e a logística reversa “caminham juntas”, pois dependem uma da outra, e estão interligadas às empresas. Para a logística reversa atuar, é necessário que as indústrias produzam itens que consigam realizar o “ciclo vicioso” (o retorno do resíduo para a indústria após o consumo). E, para a economia criativa gerar renda, é preciso que esses resíduos fabricados sejam consumidos.

Algumas empresas já se valem desses dois temas, como a CG SOLURB Soluções Ambientais - SPE Ltda. – concessionária responsável pela gestão da

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Ações da logística reversa e economia criativa

A logística reversa e a economia criativa promovem o processo econômico, social e ambiental Limpeza Urbana e pelo Manejo de Resíduos Sólidos de Campo Grande.

A REPRAM busca cada vez mais se adequar tanto às exigências de mercado quanto às ambientais. A empresa trabalha com todo tipo de resíduos e recebe cerca de 220 t/dia de resíduos recicláveis.

A empresa que origina a coleta seletiva é a RSU, portanto não engloba esse montante. Todavia aproximadamente 50% do material reciclável recolhido vira rejeito por inadequação no descarte, ou seja, materiais sujos com resquícios de matéria orgânica (leite, suco, margarinas, shampoos).

Produtos orgânicos e artesanais são vendidos pelo preço do produtor na empresa Instituto Chão, e os sócios da empresa querem provar que é possível eliminar do preço final os custos com o ponto de venda. Para isso, a forma como o ponto de venda é financiado

depende das contribuições espontâneas dos frequentadores do espaço, com uma proposta similar.

O Preto Café segue a linha do ‘pague quando quiser’, mas expõe em seu espaço um quadro negro com todos os custos mensais que precisam ser cobertos para financiar a operação e mantê-la em andamento.

Outra empresa que utiliza a intersecção entre logística reversa e economia criativa é a Dinneer, cujo intuito é facilitar o acesso à comida caseira às pessoas que estão fora de sua terra natal. A ideia, além de resolver um problema do mercado, proporciona aos indivíduos expatriados a oportunidade de terem acesso ao ambiente e à comida da sua terra mesmo fora das fronteiras do país.

Apesar de uma das dificuldades na economia criativa ser a taxação de preço para os produtos e serviços – pois seu valor é mais simbólico do que funcional – seu objetivo não é a geração de renda em si. O foco está no desenvolvimento de projetos que realmente agreguem valor para as pessoas.

A logística reversa e a economia criativa possuem processos semelhantes, já que ambas promovem os fatores econômico, social e ambiental. Mesmo com essa intersecção, um ramo não impulsiona o outro, pois, quando um maior número de empresas que utilizam o método da logística reversa reutiliza seus materiais ’excessivamente’, os percursores da economia criativa não têm bens suficientes para a inovação, sofrendo de escassez dos produtos. Contudo, há uma inspiração no método produtivo da logística reversa.

Bibliografia AMADO, Natalia Alves. Logística reversa: solução ambiental, social e econômica. 2017. DisponívelEm:<http://www.administradores.com.br/artigos/ negocios/ logistica-reversa-solucao-ambiental-social-e-economica/107863/>.

Acesso em: 5 set. 2018.

BRUGEFF, Priscilla Monge et al. Logística reversa através da economia criativa e do desenvolvimento sustentável. 2017.

CHEDID, Samira. Você sabe o que é economia criativa? 2017.

FECOMERCIO-SP. Revisitando os conceitos da economia criativa.

2014.

NEX COWORKING. Inspire-se com esses cases de empresas da economia criativa. 2017.

WILLE, Mariana Muller. Logística reversa: conceitos, legislação e sistema de custo aplicável.

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Matriz emergente:

A participação da energia ondomotriz no meio energético renovável Autores: Luana Doratiotto Rosa - Lucas Damasceno Bezerra - Luis Filippe de Abreu Costa Marcos Vinícius Matsufugi - Maria Fernanda Moreira Ribeiro da Silva Orientador: Felipe Costa Abreu Lopes As energias renováveis estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano por serem classificadas como eficientes, duradouras, sustentáveis e, muitas vezes, sinônimo de energia limpa – não causando grandes impactos ambientais. Além disso, são consideradas inesgotáveis por se renovarem em um curto/médio período de tempo, de modo natural.

Apesar de terem muitas vantagens, ainda são pouco utilizadas, por apresentarem um grande custo em sua instalação e por suas tecnologias estarem em pleno desenvolvimento. Por conta disso, cada vez mais surgem formas novas e criativas de obter este tipo de energia.

Conforme o site Quantum Engenharia, a criação das energias renováveis se

deu por conta da crise energética mundial ocorrida em 1973. Na época, grande parte das indústrias e uma parcela significativa da economia mundial eram dependentes da exploração do petróleo, centralizada principalmente no Oriente Médio. Portanto, quando os conflitos se intensificaram naquela região, a comercialização do petróleo foi manipulada, tendo como consequência o disparado aumento do preço, gerando a crise do petróleo. O tema, retratado no Journal of Energy Security do dia 6 de outubro de 2008, traz algumas das situações de países ao redor do mundo que passaram por um período turbulento em suas economias. Naquele ano, a crise que afetou grandemente os Estados Unidos da América completava 35 anos.

Mediante o exposto, medidas foram to-

Fonte: montagem feita com base em www.i0.statig.com.br

madas pelos principais afetados a fim de encontrar novas formas de se obter energia, levando em consideração formas que fossem ecologicamente sustentáveis e mais econômicas. Eventualmente, foram iniciadas pesquisas para o desenvolvimento de energias renováveis. É oportuno lembrar que o Brasil teve participação fundamental no processo de desenvolvimento de energias renováveis, uma vez que é pioneiro no uso destas, principalmente aquela proveniente de recursos hídricos, abundantes no país. Outro exemplo brasileiro foi o desenvolvimento do projeto Proálcool, com o objetivo de criar automóveis movidos a álcool deri-

Matriz Emergente

vado da cana de açúcar, em substituição aos combustíveis fósseis. Contudo houve muito investimento concentrado na geração de energia por meio de hidrelétricas, o que fez com que, no ano de 2001, o Brasil enfrentasse uma escassez energética por conta da crise hídrica. Foi então que o governo começou a investir em e pesquisar energias renováveis que não dependessem unicamente do fluxo pluvial, como biomassa, biocombustíveis, parques eólicos de pequeno e médio porte, além de placas fotovoltaicas.

Em 2011, com base em estudos realizados pela Coppe-UFRJ desde o ano de 2001, foi instalada a primeira usina de energia elétrica da América Latina, que funcionava por meio dos movimentos das ondas do mar. Esta usina foi implantada no porto de Pecém, no Ceará e iniciou suas atividades no ano de 2012, como teste, objetivando a incorporação da energia ondomotriz no meio energético nacional. O mecanismo utilizado na costa cearense era composto por dois flutuadores que, a partir de seus movimentos gerados pelas ondulações, garantiam o abastecimento de energia elétrica para cerca de 60 famílias. Conforme relatado no site Diário do Nordeste, o projeto foi abandonado e, posteriormente, desativado no ano de 2016, devido ao fim de um contrato crucial para mantê-lo com a Tractebel Energia.

Mas, afinal, o que é energia ondomotriz?

A energia ondomotriz consiste na produção de energia através da força do vento sobre as águas do mar – que, por meio da energia cinética criada pelo sobe e desce das ondas, movimenta o gerador, transformando esses movimentos mecânicos em energia elétrica.

O oceano oferece meios de se obter energia de forma renovável, não se limitando apenas às ondas. Além da ondomotriz (extração de energia pelas ondas), há também a extração de energia pela variação da maré. Apesar de fazer uso do mesmo ambiente, cada uma possui peculiaridades e formas de funcionamento que as tornam únicas. Portanto, associá-las e generalizá-las como iguais por fazerem uso do mesmo espaço é um equívoco que deve ser evitado.

Há dois sistemas diferentes que captam energia das ondas: os flutuadores e o Pelamis. De acordo com pesquisas feitas por estudantes da USP, ambos os mecanismos estão em desenvolvimento, a fim de que suas tecnologias sejam aprimoradas e que se obtenham os resultados desejados. Enquanto ativa, a Usina de Pecém era influente no desenvolvimento de pesquisas e inovações nesse tipo de energia. Atualmente, os investimentos e esforços estão equilibrados entre os países, destacando-se Japão e Portugal.

Como toda energia renovável, a energia ondomotriz também possui suas vantagens e desvantagens. As principais vantagens se dão pelo fato desta possuir um grande potencial energético, por ser

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O Brasil é pioneiro no uso de energias renováveis limpa, sustentável e sem grandes impactos ambientais. Entretanto, possui como desvantagens o alto custo, a necessidade de fiscalização e manutenção frequentes e a difícil implementação, por necessitar de ambientes e bases específicas.

Assim, há o desejo de apresentar a energia ondomotriz como uma alternativa pouco conhecida de energia renovável, que poderia ter uso intenso – dada a extensão do litoral brasileiro, especificamente em áreas de difícil acesso, e onde já houve o teste dessa matriz energética. É importante expandir nosso horizonte de conhecimento, descobrindo as características de uma alternativa às formas tradicionais de se obter energia – com grande potencial em nosso país e com todas as vantagens de ser uma fonte de energia renovável. A energia ondomotriz é comparada a outras matrizes renováveis (energia eólica e solar), e dados são apresentados mostrando o quanto ainda é pouco conhecida pela sociedade.

56 Os principais mecanismos utilizados Pelamis: Segundo o site Energias Alternativas (2018), Pelamis é um dispositivo de forma cilíndrica que é arranjado em alto mar a fim de captar as movimentações das ondas. O movimento ondular gera uma oscilação nos módulos cilíndricos, que estão ligados pelas conjunções do mecanismo. O movimento cinético gerado é transformado em energia elétrica ainda em alto mar, uma vez que os motores e geradores do Pelamis se encontram no interior do mecanismo. Após a transformação, a energia elétrica é encaminhada ao continente por cabos submersos, onde será distribuída de acordo com os objetivos da usina.

QR Code - Energia das ondas- Pelamis

Flutuadores: De acordo com o Portal Biossistemas Brasil (2018), o mecanismo tem a aparência de um grande braço que está acoplado ao continente. O flutuador se movimenta acompanhando o movimento das ondas. Esse movimento pressuriza e desloca uma quantidade de água a altas velocidades contra uma turbina que, mediante seu movimento, aciona o transformador. Toda a energia cinética é transformada em energia elétrica, armazenada e distribuída ao longo da fiação.

QR Code - Na Trilha da Energia - Usina das ondas

Pelamis, tirada por Rob Lonides na Escócia, em maio de 2014

Fonte: www.flickr.com

Países envolvidos com essa matriz energética O grupo de países que atualmente faz uso dessa energia é pequeno, visto a necessidade de um ambiente específico para sua instalação. Aqueles que possuem condições de usá-la estão trabalhando em pesquisas para melhorar a tecnologia envolvida e atingir um potencial satisfatório. Junto ao Brasil, os países que possuem essa tecnologia e lideram as pesquisas na área são: Reino Unido, Estados Unidos, Noruega, Dinamarca, Portugal, China, Canadá, Austrália e Japão. Há ainda outros países que fazem uso dessa tecnologia, contudo sua participação se limita apenas à extração da energia e a seu uso, como é o caso da Escócia.

Todos os países citados possuem o litoral adequado para essas usinas, com ondas frequentes e na altura correta (cerca de 3 a 5 metros de altura). O Brasil se encontra em vantagem nesses quesitos, especialmente no litoral nordestino, a exemplo da instalação da primeira usina de energia ondomotriz da América Latina. A dificuldade brasileira se encontra na falta de investimentos por parte do governo e pelo acomodamento no uso da energia proveniente de hidrelétricas.

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Matriz Emergente

Conhecimento acerca energia ondomotriz

da

Utilizando uma abordagem quantitativa para mostrar que a energia ondomotriz é pouco conhecida pela sociedade, realizamos um levantamento de dados por meio de enquetes. Parte da pesquisa foi feita pessoalmente pelos membros grupo, e a outra foi realizada por meio de perfis pessoais em redes sociais, garantindo um contato maior com o público entrevistado.

A pesquisa foi feita com a participação das escolas E.E Parque Cento e Vinte II, E.M Hosue Morita Aoki e Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia do Estado de São Paulo-Câmpus Avançado Jundiaí, todas pertencentes à rede pública de ensino. Foi feito também um levantamento de dados no Complexo Educacional e Cultural “Argos”, localizado em Jundiaí-SP. Essas enquetes foram realizadas nos dias 11 e 12 de setembro de 2018.

As redes sociais utilizadas foram o Facebook, Instagram e WhatsApp. Foram efetuadas diversas enquetes desde junho de 2018, encerradas e contabilizadas no dia 13 de setembro do mesmo ano. A pergunta utilizada foi: “Você conhece a energia ondomotriz e seu funcionamento?”

Perante a quantidade de respostas negativas, optamos por explicar brevemente o tema para cada pessoa que respondia a enquete. Grande parte do público envolvido nas enquetes era composto por adolescentes e crianças, principalmente os presentes nos dias letivos das escolas entrevistadas.

Para que o sucesso em explicar o tema fosse maior, pesquisas bibliográficas baseadas em artigos científicos e em textos sobre o tema foram feitas e mídias audiovisuais foram usadas para auxiliar na compreensão do funcionamento dos mecanismos da energia ondomotriz.

A energia ondomotriz se mostrou promissora na elaboração deste trabalho.

Essa matriz apresenta benefícios e vantagens para o meio energético mundial, atualizando o conjunto de energias que compõe o meio renovável de se produzir eletricidade, além de garantir – especialmente para o Brasil – um avanço nos conhecimentos tecnológicos, podendo até mesmo movimentar a economia. Contudo, ainda há muitas pessoas que sequer sabem de sua existência ou do significado de seu nome. Isso deveria ser motivo para maiores investimentos financeiros e esforços em pesquisas, para que haja o avanço de projetos e informações que exponham a importância da energia ondomotriz para a população.

Bibliografia COSTA, Paulo Roberto da. Projeto transforma movimento das ondas em energia elétrica.

Disponível em: <https://www. aecweb.com.br/cont/m/rev/ projeto-transforma-movimento-das-ondas-em-energia-eletrica_8397_10_0>. Acesso em: 14 jun. 2018.

HAKES, Jay. 35 Years After the Arab Oil Embargo. 2008. Disponível em: <http://www.ensec.org/ index.php?option=com_content&view=article&id=155:35yearsafterthearaboilembargo&catid=83:middle-east&Itemid=324>. Acesso em: 22 nov. 2018.

PAULOS, Camila. É possível extrair energia do mar? Sim, aproveitando o movimento das ondas. 2015. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/e-possivel-extrair-energia-do-mar/>. Acesso em: 05 abr.

2018.

Vantagens e desvantagens da energia solar. 2017. Disponível em: <https://www.portal-energia. com/vantagens-e-desvantagens-da-energia-solar/>. Acesso em: 22 nov. 2018.

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Desigualdade de gênero:

como os estereótipos sociais reforçam a produção de violência contra a mulher Autores:

Monique Moreira - Ricardo Alexandre Targino Brescansin - Samuel Delbon Pereira Vitória Caroline Camargo Rosena - Yara Marcelly Salvador Oda Orientadora: Tatiana de Oliveira

A violência contra a mulher está presente na realidade social de todos nós.

No cotidiano, sabemos identificar a violência quando ela gera marcas visíveis que escancaram a brutalidade do agressor. No entanto, o que muitas vezes não pensamos é que muitas das marcas da violência contra a mulher não são visíveis a olho nu e causam consequências tão graves quanto aquelas que podemos ver.

Com um pouco de reflexão, podemos identificar inúmeros estereótipos que estão inseridos em nosso dia a dia e acabam por reforçar práticas que estimulam a desigualdade de gênero. Tais

Em meio a este contexto, vale pensar que a violência dos estereótipos está profundamente relacionada à chamada cultura patriarcal. O patriarcado é um sistema que estrutura relações desiguais de poder entre homens e mulheres e tem sua origem na forma de organização familiar que prevalece na maioria dos lares até os dias de hoje, dando forma a atitudes que ofendem e marginalizam o gênero feminino. Assim, o machismo se torna consequência da cultura patriarcal, e se expande para toda a sociedade como um sistema que mistifica as relações de exploração e dominação, mascarando as diferentes formas de sujeição da mulher

nho podemos contribuir para a formação de novas atitudes que combatam a violência e fortaleçam a igualdade de gênero – proposta sobretudo pelo movimento feminista.

práticas podem ser observadas na forma de educar as crianças, nos conteúdos midiáticos, na divisão sexual do trabalho, nas estratégias de marketing, na distribuição do poder político e na ocupação desigual de cargos de maior prestígio social. Por isso, é importante observarmos que os diversos tipos de violência contra a mulher ocorrem em razão do contexto social em que os gêneros estão inseridos. São impostas – principalmente ao gênero feminino – limitações, expectativas, padrões, modos de comportamento, gostos, submissão, entre muitos outros estereótipos (Parada, 2009).

ao homem (Drumont,1980).

O curioso é refletir que tais processos, ao se materializarem na forma de estereótipos, impõem de maneira sutil – não refletida – muitos aspectos da dominação masculina, reforçando ideologias próprias do senso comum por meio de representações comumente encontradas nas mais diversas instituições, como a família, a escola, a mídia e as empresas.

Assim, analisar e compreender os estereótipos que reforçam diferentes tipos de violência contra a mulher na atualidade torna-se imprescindível para desvendar as ideologias opressoras mais imperceptíveis. Além disso, somente neste cami-

nas. Eles estão inseridos no cotidiano, e são fortemente influenciados pelas instituições sociais e pela mídia, que fortalecem de maneira “imperceptível” a prática da violência contra a mulher à medida que os enraízam na própria cultura – sendo mantidos de maneira inconsciente pela sociedade.

A desigualdade de gênero afeta ambos os gêneros, tanto homens quanto mulheres. Desde o âmbito familiar, a garota é incentivada a ser “frágil”, “dócil”, “calma”, enquanto o garoto é ensinado a ser “forte” e a não ter sentimentos que expressem “fraqueza”, para não deixar dúvidas sobre sua masculinida-

Os estereótipos sociais e a violência simbólica como alicerces da violência física Os estereótipos, segundo o dicionário Priberam, consistem em “ideia, conceito ou modelo que se estabelece como padrão”. Desse modo, os estereótipos de gênero estabelecem limitações para as características femininas e masculi-

Desigualdade de gênero

de.

A violência simbólica contra a mulher é qualquer forma de expressão que cause a sua inferiorização, gerando danos psicológicos leves ou extremamente graves. Em alguns casos, esses danos se tornam físicos. Assim, é importante considerar que a violência contra a mulher pode se manifestar tanto na perspectiva da violência física (agressões que deixam marcas corporais), quanto na violência simbólica (agressões que deixam marcas psicológicas).

Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, a “violência simbólica” é “suave” e imperceptível, por estar dentro das nossas categorias de entendimentos, ou seja, na forma que enxergamos o mundo.

Esta, por sua vez, acabaria legitimando a dimensão simbólica da dominação masculina que ocorre nas práticas cotidianas da violência, sendo naturalizada pelas pessoas e, ao mesmo tempo, tornando-se a grande responsável pela desigualdade de poder entre homens e mulheres Nesta perspectiva, são criados estereótipos de gênero que delimitam as personalidades e características femininas e masculinas; segundo Narvaz e

Fonte: montagem feita com base em www.casadamaejoanna.com

Koller (2004), os papéis estereotipados de gênero constituem solo fértil para a ocorrência de abusos. Tais abusos são favorecidos pelas imagens e padrões que normalmente colocam as mulheres em uma posição de fragilidade, delicadeza e desvantagem, levando a maiores índices de violência contra as mesmas.

Assim, é importante pensar no quanto a violência simbólica gera violência física contra as mulheres – pois, a partir do momento em que as mulheres são socialmente vistas como mais frágeis e subordinadas ao sexo masculino, este se vê como superior e no direito de praticar atos de violência que garantam sua superioridade. O que talvez explique o fato de o cotidiano das mulheres ser frequentemente marcado por práticas de assédio moral e sexual em locais públicos e até mesmo no trabalho.

Isso também pode ser notado no modo como as roupas e costumes femininos definem as mulheres, limitando seu espaço dentro da sociedade. Os homens, por outro lado, têm roupas que lhes permitem uma movimentação mais ágil e costumes que os fazem ocupar muito espaço, seja explorando os diversos territórios, seja estando presente nos

59 espaços públicos de poder e de conhecimento. É desta forma que alguns locais são compreendidos pelas pessoas como “locais de mulher”, como se exalassem “delicadeza”, “fragilidade”, “doçura”, “futilidade” e “infantilidade”.

Já os “locais de homem” são definidos com “virilidade”, “bravura”, “racionalidade” e “sobriedade”.

Se a violência física se caracteriza por todo ato que se traduz em agressão, resultando em lesões corporais na vítima, quando há um pensamento de superioridade por parte do agressor, podemos dizer que tal pensamento é gerado pelo preconceito e machismo enraizados em toda a sociedade.

Atuações da violência simbólica no cotidiano das mulheres A violência simbólica se manifesta em diversos âmbitos: no familiar, no laboral e no cultural. Em casa, na maioria das vezes, as mulheres se encarregam dos serviços domésticos, do cuidado das crianças e dos idosos, enquanto o homem é responsável por trabalhar fora, para “garantir o sustento da família”. Entretanto, isso afeta ambos os lados: a mulher fica sobrecarregada, e o homem é socialmente cobrado e pressionado para que consiga sustentar sua família, sem se permitir o fracasso.

Portanto, para resolver parte dos problemas de desigualdade no ambiente familiar, é preciso dividir tanto as tarefas domésticas quanto as despesas financeiras e a responsabilidade pelo sustento da família. É evidente que, no âmbito laboral, há novamente desigualdade – iniciada com essa forma de criação dos filhos, que prioriza a educação racional para os garotos, a fim de que atinjam car-

60 gos de maior prestígio social e maiores salários; e pratica a educação “dócil” para as meninas, para a realização de tarefas domésticas com o objetivo de servir ao marido, à casa e aos filhos.

A educação profissional das mulheres nunca foi prioridade durante boa parte da história, o que explica sua menor atuação e dificuldade de ascensão no mercado de trabalho em cargos de liderança e chefia, resultando, por conseguinte, em desigualdade salarial.

As mulheres no mercado de trabalho sofrem com diversos preconceitos e limitações. E isso acontece em escala ainda maior com mulheres que atuam em cargos de maior reputação, como chefia, gerenciamento e administração de grandes empresas, devido aos estereótipos de que a mulher é sempre “inferior” ao homem, ou de que não possui as capacidades para tal posto – por mais capacitada que seja. Isso interfere profundamente na forma com que as pessoas lidam com elas nesses ambientes, afetando até mesmo sua vida pessoal no âmbito laboral.

De fato, a maioria dos problemas nas vidas de bilhões de mulheres espalhadas pelo globo terrestre decorre dos conceitos impostos a elas pela sociedade. Por outro lado, entendê-los, assim como suas consequências, tem sido uma tarefa árdua assumida por intelectuais feministas que não se renderam às explicações do senso comum e da ideologia patriarcal, como a filósofa Simone de Beauvoir.

Simone de Beauvoir e o tornar-se socialmente mulher Nascida na França em 1908, Simone de Beauvoir analisa, em seu livro O Segundo Sexo, a origem dos estereótipos patriarcais que implicitamente ditam as regras da sociedade, discutindo sobre a posição e a função da mulher e as condições que são impostas a elas, fazendo com que se tornem seres moldados pela sociedade.

O livro é dividido em dois volumes: no primeiro, Fatos e Mitos, ela desmitifica pressupostos relacionados à vivência da mulher, à “essência feminina”, para tentar explicar o porquê do estado de subordinação das mulheres em relação aos homens; no segundo volume, A experiência vivida, aborda a forma pela qual as mulheres construíram sua essência a partir de todas as influências e experiências.

A respeito do ponto de vista biológico, defende que o mesmo não é suficiente para explicar o motivo de as mulheres serem consideradas inferiores aos homens, assim como a subordinação da mulher não parte exclusivamente da economia e nem é explicada apenas pela perspectiva da psicanálise – concluindo, portanto, que a inferioridade feminina depende de um contexto histórico.

Para desenvolver sua análise, Beauvoir faz algumas questões, como: “o que é a feminilidade?”; “é algo biológico, da essência ou até mesmo ligado aos acessórios?”; e “o que é ser mulher?”. A autora questiona alguns conceitos desenvolvidos anteriormente por outros estudiosos, que diziam que ser mulher é ser “não homem”.

Seguindo essa linha de pensamento, o homem seria considerado a categoria positiva ou neutra, tratado como sujeito, e a mulher seria a categoria negativa, tratada como objeto, sem haver reciprocidade na relação social estabelecida. Tal contexto afirma a opressão feminina, tendo em vista que as mulheres se mantiveram submissas aos homens, principalmente devido à maternidade e às tarefas ligadas à reprodução.

Simone questiona o motivo pelo qual os homens sempre dominaram, mas conclui que as justificativas para isso se davam a partir de uma perspectiva masculina, androcêntrica – em que a construção do mundo é feita pelos homens, sob seu ponto de vista – colocando-os num lugar privilegiado, como sujeito, e a mulher, como objeto insignificante. Neste sentido, a autora reconhece os diversos pilares para a desigualdade feminina, tais como diferença salarial, legalidade do aborto, sexualidade feminina sob perspectiva da história, mitos e simbologias acerca das mulheres, como devem se comportar e os estereótipos relacionados.

Utilizada como justificativa para a opressão, a interpretação biológica participou como elemento fundamental para provar a inferioridade das mulheres. Porém uma leitura do livro de Simone de Beauvoir nos permite compreender que “ser mulher” é uma construção social, uma categoria da sociedade. Como diz a autora: “não se nasce mulher, torna-se”. Assim, a existência

Fonte: montagem feita com base em www.danibado.tumblr.com, www.brandywineconsignment.org e www.turmadmidias.blogspot.com

Desigualdade de gênero

precede a essência, ou seja, o próprio fato de ser mulher já traz determinações do “ser”, e isso influencia a forma como essa mulher será moldada e construída.

Mesmo com os inúmeros avanços, essas raízes da opressão ajudam a explicar a permanência da desigualdade e das violências de gênero. As mulheres que adquiriram novos direitos hoje em dia podem trabalhar, adentrar o mundo da cultura, ser “iguais aos homens”, no sentido de que podem construir sua própria existência; alcançaram, enfim, a transcendência, constituindo-se como sujeito. Mas isso não ocorre plenamente, pois há ainda explorações e desigualdades. Podem trabalhar fora, mas não conseguem dividir o trabalho doméstico, havendo dupla ou tripla jornada de trabalho. Além disso, a carreira das mulheres não alcança o mesmo nível do que a dos homens, seja por menores experiências e oportunidades, preconceitos ou visões estereotipadas.

Até o presente momento, os direitos e o acesso ao trabalho assalariado não foram capazes de libertar as mulheres, na prática, da vida cotidiana. Como o mundo é androcêntrico, a solução seria modificar a estrutura, trazendo a perspectiva feminina ao mundo, para que a mulher deixe de ser o “outro”, buscando a igualdade. Dessa forma, a mulher criaria sua própria essência, e não seria influenciada pela existência imposta pela sociedade ou por ideias androcêntricas e patriarcais.

O feminismo: uma história de lutas contra a violência Sendo a sociedade fortemente influenciada pelo patriarcado e pelo machismo, surgiram grupos, ao longo dos anos, que buscavam lutar contra a violência de gênero e a favor dos direitos das mulheres, como o feminismo. A luta feminista tem sua origem no sufragismo, movimento que buscava conquistar os direitos políticos das mulheres num cenário pós Primeira Revolução Industrial, e que constrói ações políticas de lutas e conscientização das mulheres por seus mais diversos direitos até os dias atuais. No início, as mulheres ocupavam a maioria dos lugares dentro dessas lutas, porém, ao decorrer dos anos, o feminismo abriu suas portas para que qualquer pessoa, independente de gênero, crença ou orientação sexual, defendesse a igualdade entre os gêneros.

A determinação na luta pelo fim dos es-

61 tereótipos é algo atual e que precisa estar presente na vida e na criação de todas as pessoas, para que surja uma sociedade mais igualitária e sem preconceitos. As mulheres buscam, entre outros, o direito de exercerem as mesmas funções que os homens: liderar organizações, ter voz e poder a respeito de suas casas e seus corpos, e retomar a liberdade tirada pelos homens no passado.

Trouxemos aqui um recorte sobre o tema da desigualdade de gênero, tentando analisar como a violência traz grandes consequências para as mulheres. Pesquisamos sobre os estereótipos, os tipos de violência e as lutas que surgiram em decorrência dessas práticas. Nosso intuito foi o de trazer reflexões sobre as práticas mais sutis que influenciam a promoção da violência contra as mulheres para que possamos combatê-las das mais diversas maneiras em nosso cotidiano.

Bibliografia

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UNIVERSIDADE LIVRE FEMINISTA. História: Linha do tempo do movimento feminista. Disponível em: <https://feminismo.org.br/ historia/>. Acesso em: 01 nov.

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Sexualidade na adolescência Autores: Leticia Balenti - Lúcio Faria - Matheus Fauquet Pedro Henrique - Rafaella Larissa Orientador: Daniel Costa A sexualidade é um tema abrangente, relacionado às características pessoais, e considera particularidades que interferem nos prazeres e vontades próprios de cada indivíduo – desde comidas agradáveis a gestos e movimentos que geram sensações de prazer, por exemplo. A adolescência, em especial, cuja principal característica é a puberdade, compreende o período em que a questão sexual é delicada e requer maior atenção quanto às relações estabelecidas nesse de-

Fonte: arquivo pessoal dos autores

senvolvimento, principalmente por conta da mudança nas configurações hormonais que interferem no físico e psicológico, ocasionando uma fase propícia a desentendimentos e confusões.

Pretendemos apresentar aqui a importância de se tratar da sexualidade, questão humana essencial para que todos desfrutem de uma boa saúde física e mental ao longo da vida. Mas, para um cuidado melhor com a saúde, é necessário conhecer o modo pelo qual o corpo humano trabalha e como ele realiza seus processos químicos.

Adolescência A adolescência é um período marcante para a sexualidade, pois vem acompanhada da puberdade. Geralmente, a adolescência transcorre na faixa dos 10 aos 19 anos de idade, porém não é definida em absoluto, pois aborda conteúdos que variam devido a questões culturais, políticas, históricas e econômicas. Desde seu nascimento, o indivíduo passa por transformações, entretanto há alguns fatores de forte influência para que alcance a puberdade, como a herança genética, a frequência de atividades físicas, a nutrição e o estado físico e emocional.

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Desigualdade de gênero

Em todos nós, ocorrem as transformações das características sexuais primárias e secundárias Puberdade As transformações que ocorrem no corpo neste ciclo pubertário são resultado de uma série de reações químicas, estimuladas por desencadeamentos hormonais que sinalizam para que tais mudanças ocorram. Há uma série de hormônios com as mais variadas funções no metabolismo, como o que confere ao bebê prazer ao mamar nos seios da mãe, por exemplo.

Em todos nós, ocorrem as transformações das características sexuais primárias e secundárias. As primárias correspondem ao desenvolvimento do órgão reprodutor – para as mulheres: a vagina, os ovários, o clitóris, o útero e as tubas uterinas; para os homens:

Fonte: montagem feita com base em www.casadamaejoanna.com

os testículos, o saco escrotal, o pênis, as vesículas seminais e a próstata. Nessa etapa, os órgãos crescem e amadurecem. Os caracteres secundários estão relacionados a outras mudanças físicas, que incluem, nos homens, o crescimento de barba e bigode, o aumento de massa muscular e a espermarca (primeira ejaculação). Nas mulheres, acontece o acúmulo de gordura nos seios, quadris e coxas, alargamento dos quadris e a menarca (primeira menstruação). Além dessas mudanças, em ambos os sexos, ocorre o espessamento e encaracolamento dos pelos pubianos e axilares, aumento da oleosidade na pele, da estatura e aumento significativo dos seios.

Hormônios A ativação do sistema HPG (hipotálamo-pituitário-gonadal) é iniciada na adolescência. Começa pelo sistema nervoso central, que envia uma mensagem para o hipotálamo produzir o hormônio GnRH+.

Este é transportado até a pituitária e, dessa forma, são produzidos outros dois hormônios: LH e FSH, importantes por promoverem a produção de esperma, nos homens, e de óvulos, nas mulheres.

Esses hormônios ativam a gônada para que produza andrógenos e estrogênio – responsáveis pelo desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias.

Essas transformações que ocorrem na puberdade não seguem um calendário exato – a esse respeito, pode haver irregularidades no andamento das transições, e um acompanhamento médico adequado pode detectar se há algum problema e tentar resolver.

Já as mudanças psicológicas compreendem o humor, o stress, os sentimentos, a orien-

tação sexual, o modo de interagir com as pessoas e consigo mesmo, como se portar diante de diferentes situações e com coisas que nos causam prazer – ou seja, as várias características individuais psicológicas.

Pelo fato de estar experimentando novidades em sua convivência com os hormônios e com as pequenas e/ou grandes situações de stress, o indivíduo passa a se comportar influenciado por impulsos emocionais de maneira mais intensa, podendo refletir positiva ou negativamente, de acordo com a situação a que foi exposto. Além do mais, as transformações psicológicas são muito afetadas pela sociedade através da cultura, religião e política, o que nos indica um grau de complexidade ainda maior. A passagem dos anos, as tradições culturais, familiares e locais, o sistema organizacional do núcleo (política), as regras impostas pelas religiões, os tabus em torno do senso comum, os amigos e amigas, os problemas familiares, entre muitos outros, são questões que influenciam nossa sexualidade, neste e nos demais espaços de tempo da vida. Como mostramos, o tema “puberdade” traz consigo uma amplitude de assuntos relacionados, e deve ser tratado com a devida importância por todos na sociedade.

Bibliografia

PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano: Desenvolvimento físico e cognitivo. 12. ed. Porto Alegre, RS: Amgh, 2013.

REVISTA UNIVERSO INTERDISCIPLINAR Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo NÚMERO 02 Periodicidade: Especial Ano: 2 - 2018 Revista de divulgação dos artigos produzidos no âmbito do Projeto Integrador do 1° Ano do Curso Técnico em Logística Integrado ao Ensino Médio – 2018 IFSP – Câmpus Avançado Jundiaí

REALIZAÇÃO

APOIO Coordenadoria de Apoio ao Ensino IFSP – Câmpus Avançado Jundiaí

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Universo Interdisciplinar

Edição

02

Ano 2018