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Os benzedores e benzedeiras da região também são hábeis na manipulação das ervas medicinais, como Dona Dazinha, benzedeira e moradora do município de Manga (MG), que relatou sobre seu pequeno laboratório de “gotas mágicas que todos conhecem e sabem o endereço”. Além da utilização de objetos e plantas, a benzeção, por se tratar de um rito religioso, se vale de rezas e divindades como São Miguel Arcanjo, Nossa Senhora, Padre Cícero, entre outros. No ritual são observadas as fases do dia, pois algumas orações e práticas de cura só podem ser feitas até o pôr do sol, e outras, depois que ele se põe. Geralmente o rito é realizado em local aberto e arejado, como os quintais das casas, para que a energia das pessoas não fique dentro do domicílio.

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Atualmente, mesmo com o desenvolvimento da medicina, os benzedores e benzedeiras da região são constantemente procurados. Encontrar referência de benzedores nas localidades não é tarefa difícil, pois, além de estarem disponíveis, são conhecidos e reconhecidos pela população. E, embora possuam diferenças no modo de se vestir, nos instrumentos, nas rezas ou no modo de desenvolver o ritual, a essência da benzeção é sempre a mesma: curar sem receber algo em troca.

notas 1. CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 6.ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988.


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