INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS
GUIA DE BENS TOMBADOS IEPHA/MG
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ÁGUA COMPRIDA
Acervo IEPHA/MG, 2008
Fazenda das Melancias
Fig. 1 – Sede da Fazenda das Melancias vista pelas fachadas frontal e lateral
O tombamento estadual da Fazenda das Melancias e respectiva área de terreno, no município de Água Comprida, foi aprovado pelo Decreto Estadual nº. 29.399, art. 1º, inciso II, de 21 de abril de 1989. O processo de tombamento, que considerou a proteção de todo o complexo da fazenda, incluindo a casa da sede, a senzala, a casa de luz, o monjolo, a serraria, os currais e demais construções de serviços, determinou sua inscrição no Livro de Tombo nº. II, do Tombo de Belas Artes e no Livro de Tombo nº. III, do Tombo Histórico, das obras de Arte Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos. “esta origem agrícola no povoamento de várias regiões mineiras deixou sua marca, e bem visível, no espírito mineiro, no seu amor à terra, no prazer de plantar e de colher, mesmo quando no exercício de profissões muito distantes das relacionadas com a atividade agrícola. De modo geral, o mineiro, seja qual for a função que exerça, é um fazendeiro em potencial” (Waldemar de Oliveira Barbosa1)
S
ituada a 12 quilômetros do distrito-sede do município de Água Comprida, na margem direita do Rio Grande, a sede da Fazenda das Melancias é um dos patrimônios mais expressivos da ocupação da região do Triângulo Mineiro, como bem destacado pelo requerimento de seu tombamento: “sobradão colonial, de majestosa beleza e boa conservação, remanescente de época marcante, que, pelo seu esplendor, encerra, sem dúvida, uma das páginas mais vivas da história triangulina e da memória brasileira”.2A região do Triângulo Mineiro, conhecida como Sertão da Farinha Podre,3 foi intensamente explorada pelos sertanistas a partir do século XIX. De uma expedição, que partiu de Desemboque por volta de 1812, surgiram pequenos povoados em sítios da região. Um deles, fundado por Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira, designado Comandante Regente dos Sertões da Farinha Podre, atraiu moradores devido à salubridade do clima e fertilidade das terras. A construção da capela – invocada a São Sebastião e Santo Antônio da Berava – foi atendida por provisão de 20 de julho de 1818 e por alvará de D. João VI, de 3 de agosto de 1818. O povoado cresceu, dando origem ao atual município de Uberaba. Todo esse território do ‘sertão’, antes subordinado à província de Goiás, foi anexado à província de Minas Gerais em 4 de abril de 1816. O povoado de Água Comprida pertenceu, desde sua fundação, a Uberaba. Em 1948, foi elevado a distrito pela lei nº 336. Posteriormente, foi elevado a município pela lei nº 1.093, de 12 de dezembro de 1953.
1 MEMORIAL MINAS GERAIS - VALE. D’ÂNGELO, André G. D. In: Fazendas Mineiras. [Folder]. Impresso pela Imprensa Universitária/UFMG. Belo Horizonte, 2010 2 Requerimento nº 3.788/85, do deputado estadual Samir Cecílio, solicitando envio de ofício da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ao SPHAN e IEPHA/MG postulando o tombamento do prédio e sede da Fazenda as Melancias. Publicado no jornal Minas Gerais, de 4 de dezembro de 1985 3 Tal nome se liga ao fato de que durante as expedições exploratórias, quando os víveres eram escondidos durante o percurso, ao abrir uma das bruacas, os sertanistas depararam com uma farinha deteriorada pelo tempo. Logo, o ribeirão localizado próximo foi denominado assim e, posteriormente, toda região. Ver RODRIGUES, Maura Afonso. Fagulhas de História do Triângulo Mineiro. ABC-SABE, 1988
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