GUIA DOS BENS TOMBADOS IEPHA/MG – Volume 01

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IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO

GUIA DE BENS TOMBADOS IEPHA/MG

Acervo IEPHA/MG

Selma M. Miranda, 1984

Selma M. Miranda, 1984

Tem-se registro de datação da fachada frontal de 1790 e da parede lateral de 1766. A nave em planta retangular apresenta vãos laterais com vedação em caixilhos e proteção de gradil na altura da cobertura. A fachada posterior apresenta pequenas seteiras de ventilação deixando a parede cega. A cobertura é composta por duas grandes águas na nave, duas águas intermediárias na capela-mor e águas independentes na sacristia e capela do Santíssimo. O perímetro do prédio é marcado por pináculos nos cantos da nave e capela-mor e cruzes latinas nas extremidades das cumeeiras. O forro da nave em abóboda facetada é estruturado por tirantes em madeira que fazem a amarração das paredes laterais. A pintura do forro foi bastante prejudicada pelas constantes infiltrações do telhado e a sua pintura parece recente. A escada de acesso ao coro recebeu vedação em tabuado para uso Fig. 5 - Análise Tipológica: exemplares portugueses de compartimento. O forro da capela-mor em abóboda de berço foi ornado por pintura em perspectiva primitivista. O interior possui belo conjunto de talha em estilo rococó e painéis parietais. O conjunto dos retábulos e elementos artísticos do interior da Matriz de Santo Antônio de Mateus Leme são harmoniosos e elegantes. Predominam em suas concepções o desenho e entalhes delicados do estilo rococó. A visita pastoral de 1822 menciona “três altares decentemente preparados”, embora haja indicações de que o altar em estilo rococó tenha sido concluído posteriormente e contemporaneamente ao forro da capela-mor. Os altares laterais junto ao arco cruzeiro tiveram a sua fatura iniciada na segunda década do século XIX e finalizada um século depois. Receberam tratamento de pintura e talha em períodos distintos a partir dos anos 1920, sendo o altar lateral direito o mais antigo. Esse longo período de Fig. 6 - Análise Tipológica: exemplares de Ouro Preto fatura foi mencionado em relatório de 1861 pelo pároco sobre a necessidade de concluir as obras do altar lateral direito e que não havia ainda os forros, que seriam executados quando da finalização do altar esquerdo na segunda metade do século XIX.4 Passada a fase inicial de disponibilidade de recursos para as obras de construção, tornaram-se frequentes os pedidos no sentido de consignar quantia para conclusão das obras da Matriz. Já a partir da segunda metade do século XX, os devotos passam a mobilizar-se em torno da aquisição de recursos para as obras de restauro. Algumas décadas separaram a finalização do interior ao restauro parcial de 1976, quando foi retirada uma tela que encobria a pintura original de forro da capela-mor. Logo em seguida a igreja foi tombada em 1977. Mas havia ainda muito a fazer para restituir a integridade da construção secular. Em 1983, iniciou-se um detalhado diagnóstico do estado de conservação da edificação. As infiltrações do telhado haviam afetado severamente paredes Fig. 7 - Vista dos retábulos da capela-mor, pintura de forro e pinturas externas, pinturas de forro, retábulos e o deslocamento das pedras do arco parietais, arco cruzeiro em cantaria e retábulos colaterais cruzeiro. As obras finalizadas somente em 1990 contaram com a exemplar participação da população por meio da Associação Local do Patrimônio Histórico e Artístico – ALPHA – que arrecadou recursos e contou com o apoio técnico do IEPHA-MG. O restauro de elementos artísticos em 1986/1987 revelou na policromia do retábulo principal encoberta por cinco camadas de repintes a sua verdadeira identidade: alegre, elegante, entre azuis, vermelho, rosado, branco e dourado, recheada por ramalhetes de flores de Malabar, típicas do momento rococó, informando que esse foi certamente concebido ainda no século XVIII. Quanto aos retábulos colaterais ao arco cruzeiro, além dos documentos relativos à sua criação remeterem aos séculos XIX e XX, não apresentaram durante os restauros a policromia requintada do retábulo-mor confirmando fatura posterior, porém, guardando a composição nos moldes do estilo rococó, o que comumente chamamos de barroco tardio ou feitos ao gosto, mas em época posterior. 4

Relatório que a Assembleia Provincial da Provincia de Minas Gerais, apresentou na sessão ordinária de 1851, o Dr. José Ricardo de Sá Rego, Presidente da mesma Província. O.P. 1851. p. 10/11/12.

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