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IGREJA DA MISERICÓRDIA

As misericórdias existem no norte de Portugal desde o séc. XII, tendo começado a proliferar a partir de finais do séc. XV com o aumento das peregrinações para Santiago e do número de pessoas atingidas pela peste, levando a Igreja a criar, ao longo dos caminhos de peregrinação, hospitais, gafarias e albergarias.

O Hospital Velho (hoje Câmara Municipal de Caminha) foi fundado por Gonçalo Gil de Briteiros e esposa que, em 1457, doaram uma casa e o equiparam com bens suficientes para suprir as principais necessidades. Mais tarde segue de Caminha um pedido de autorização ao rei D. Manuel para que se fundasse o Hospital da Misericórdia, o qual foi concedido em 1516.

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Embora o compromisso só tenha sido aprovado em 1557 por D. João III, as obras do Hospital e da Igreja já se haviam iniciado a 21 de Maio de 1551.

Em 1651 ocorrem obras de melhoramento na Igreja. Por se considerar a Igreja demasiado baixa resolveu elevar-se o seu pé direito em cerca de vinte palmos, abrindo janelas novas e alterando a fachada, conservando-se contudo a original porta plateresca

A partir de meados do séc. XVII iniciou-se a construção da Sala do Consistório e em 1687 iniciou-se a construção da varanda porticada.

Tem tecto em caixotões em madeira com guarnições barrocas e pinturas renascentistas nos espelhos. O lambrim das paredes de ambos os lados da Igreja está coberto com azulejos do séc. XVIII.

Terreiro

Antes do séc. XII não passava de uma larga extensão de areal onde um braço do Rio Coura tocava antes de mergulhar no Rio Minho.

Com a edificação da Vila, este local ganha importância enquanto largo fronteiro às Portas de Viana, mas é durante o séc. XV que, com a explosão demográfica, social e económica que se verifica na Vila de Caminha, que este espaço se vai estruturar definitivamente ganhando a configuração que hoje se lhe conhece.

Durante os sécs. XV e XVI vão instalar-se aqui os palácios e casas burguesas, dos quais a Casa Pita é o expoente máximo. É também nesta altura que se instalam no terreiro importantes equipamentos como o Chafariz, a Igreja da Misericórdia e a Capela de S. Sebastião.

O Terreiro transforma-se no principal ponto de encontro e palco de toda a vida social da Vila de Caminha não mais sendo destronado dessa posição.

Ao longo dos séculos o Terreiro vai sofrer algumas alterações das quais se destacam as ocorridas nos sécs. XIX e XX.

Após as Guerras Liberais a Câmara Municipal de Caminha manda demolir o pelourinho existente sendo o chafariz transladado, com algumas alterações para a posição que hoje ocupa e, posteriormente, a edificação da Estrada Real vai definir a configuração actual do terreiro.

A Praça Conselheiro Silva Torres é hoje, e desde o séc. XV, o ponto central e palco de toda a vivência da Vila de Caminha.

Chafariz

Construído entre 1551 e 1553 pelo experiente mestre João Lopes o Velho, é um chafariz renascentista, assente em plataforma circular vedada por balaustrada de ferro. O tanque, circular, de coluna galbada e sistema piramidal, possui duas taças sobrepostas e remate em forma de coruchéu.

Inicialmente situava-se no extremo norte do Terreiro, mas, após as guerras liberais, a Câmara manda demolir o pelourinho que existia no largo e o chafariz foi deslocado para o local que hoje ocupa, tendo sofrido algumas modificações.

O estilo renascentista está patente no classicismo das suas linhas e na sua decoração, da qual se destacam as carrancas, sendo um dos chafarizes mais importantes do Norte de Portugal e da Galiza.

Casa Pita

Da instituição do morgado Pitta, em Aveiro, no séc. XVII, nasceu a união de algumas casas existentes à entrada da Rua da Corredoura que vão dar origem, em meados do séc. XVII, à actual Casa Pita.

Este palácio urbano, de estilo revivalista manuelino e barroco, tem planta rectangular e dois pisos. O frontespício é coroado por merlões chanfrados sobre cornija interrompida regularmente por gárgulas de meia-cana. De ambos os lados da janela central encontra-se uma pedra de armas.

Em 1648 obtém autorização para canalizar para o quintal parte da água que alimentava o chafariz, sendo construído um tanque, no jardim, no ano de 1652.

Palácio de estilo neo-manuelino, antecipou em Caminha a uma moda que só mais tarde viria a desenvolver-se em Lisboa.

Pedra de armas da direita: escudo esquartelado, tendo no I e IV quartel quadrante em campo azul, um castelo de ouro; no II e III, em campo vermelho, uma banda de ouro saindo de suas cabeças de serpe, de verde. Timbre, trifólio verde.

Pedra de armas da esquerda: escudo esquartelado, tendo no I armas de Távoras (picadas); no II cruz dos Pereiras; no III as 6 arruelas dos Castros; e no IV armas dos Lobatos.

Elmo de frente; timbre com o dos Lobatos, mas incompleto.

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