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APRESENTAÇÃO

O concelho de Caminha assume-se como uma área que, pelos seus recursos naturais, localização geográfica e aprazibilidade desde cedo facilitou e potenciou a ocupação humana.

Entre os vestígios de humanização do território destacam-se os materiais líticos pré-históricos da arriba fóssil de Santo Isidoro entre Vila Praia de Âncora e Moledo, as gravuras rupestres de Lanhelas, a bem documentada cultura megalítica no Vale do Âncora e um riquíssimo património castrejo corporizado sobretudo na Cividade de Âncora e no Castro do Coto da Pena (com vários níveis de ocupação que remontam à Idade do Bronze final), tendo sido exactamente com este último que se terá iniciado a História da Vila de Caminha.

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Torre Do Rel Gio

A Torre do Relógio é a principal torre do castelo medieval de Caminha. Era a mais alta e inseria-se na linha de muralhas, avançando para o exterior, nela se abrindo as portas de Viana, dando acesso à Rua Direita.

Foi após ser colocado um relógio público na torre, no século XVII, que esta passou a ser designada por Torre do Relógio.

Exemplar de arquitectura militar gótica, possui planta quadrada, construída com paredes autoportantes em cantaria e aparelho vittatum, dois pisos e eirado ponteado por merlões piramidais no topo.

Ao centro do eirado ergue-se o coruchéu no cimo do qual se encontram o cata-vento e sino.

A Porta tem arco pleno sobre pés direitos e imposta saliente, com a imagem de Nossa Senhora da Conceição na aduela de fecho, aí mandada colocar por D. João IV, por volta de 1641, após a Restauração da independência de Portugal.

As armas de Portugal que, em tempos, se encontravam pintadas com as suas cores características, são anteriores a 1436.

O frontispício é rasgado por duas frestas centrais e pelo mostrador do relógio, em mármore branco de forma quadrangular, aí mandado colocar pela Câmara Municipal de Caminha em 1889.

Ao nível do 1o piso, na fachada voltada para a rua Direita, abre-se a porta de arco quebrado, precedida por patamar sobre dois modilhões.

Em 1940 foi feita uma inscrição comemorativa dos 300 anos da Restauração da Independência, no lado direito da porta, como se pode ver na fotografia.

A Torre do Relógio encontra-se classificada como Monumento Nacional, de acordo com o Decreto 38 147, DG 4, de 05-01-1951.

Urbanismo Da Vila De Caminha E A Rua Direita

Caminha terá sido planeada ab-inhitio segundo o modelo urbanístico francês das bastides. Possuía uma muralha de forma ovalada que encerrava um espaço urbano perfeitamente ortogonal, dividido por três ruas paralelas no eixo maior e três travessas no eixo menor, dividindo a área urbana em lotes rectangulares cujas fachadas mais importantes ficavam voltadas para a rua principal, a Rua do Meio, ou Rua Direita, nela se situando a Casa da Câmara e o mercado.

Para o lado do Rio Minho surge-nos, paralelamente à Rua Direita, a Rua da Ribeira Nova ou Rua dos Cavaleiros, por aí morarem muitos dos que combateram em África. Actualmente conhecida por Rua D. Nuno Álvares Pereira, era nesta rua que se situava o palácio do Duque de Caminha, com frente para a rua Direita.

Paralela a estas, mas no lado onde na época corria o rio Coura, hoje Rua de S. João, tínhamos a rua da Ribeira Velha ou do Poço, assim chamada por na época existir um poço que abastecia o burgo.

O desenvolvimento de uma nova classe social durante os séculos XV e XVI - a burguesia - e de uma nobreza terra tenente enriquecida pelas actividades comerciais que a expansão ultramarina facilitou, origina um novo tipo de casa solarenga, com fachadas renascentistas ricamente decoradas que ainda hoje podemos observar. Estas vão espalhar-se sobretudo pela rua do Meio (Direita), e fora de portas, em direcção ao Terreiro, Rua da Corredoura, Rua da Misericórdia e Rua do Vau (Rua de S. João).

Museu Municipal De Caminha

Já no século XII existiam referências à existência de uma cadeia em Caminha, mas terá sido no século XVII que se iniciou a construção do edifício que hoje podemos observar.

De arquitectura judicial seiscentista e com importantes alterações efectuadas no século XX, este edifício judicial é composto por três corpos formando um L com pátio interno.

Durante o tempo em que teve funções judiciais, a cadeia, de planta rectangular situava-se no piso inferior, funcionando o tribunal no andar superior.

O edifício encontra-se bastante adulterado pela adaptação que sofreu nos anos 80 do séc. XX para receber as funções de Biblioteca e Museu Municipais, conservando-se contudo as fachadas da antiga cadeia e do edifício residencial anexo.

As armas municipais da fachada lateral direita têm castelo de ouro com uma torre, sobre o mar de ondas verdes, sobrepujada por três torres, em campo vermelho, e remate em coroa aberta são cópia de um selo que existia na Câmara, datável do séc. XVII/XVIII.

Largo Do Corpo Da Guarda

O Largo do Corpo da Guarda.é o local onde, durante séculos, se desenvolveu a acção militar em Caminha, sendo aqui que, diariamente se fazia a formatura e a rendição da guarnição militar de Caminha.

Hoje Posto de Turismo de Caminha, tem a si adossada a pequena capela de Santo António Esquecido.

Igreja Matriz

Autêntico ex-libris da vila, teve provavelmente duas fases de construção, a primeira das quais iniciada em 1428 , e a segunda iniciada em 1488, ambas durante o reinado de D. João II, tendo a sua construção terminado no reinado de D. Manuel I.

Com projecto do arquitecto biscainho Tomé de Tolosa e Francisco Fial, diz-se que pertence ao estilo manuelino, o que é verdade, a partir do momento em que se inclui no conjunto das igrejas construídas na era de D. Manuel, mas nada, além disso, a enquadra nesse estilo. A estrutura é toda ela de um gótico nacionalizado atribuído às ordens mendicantes (franciscanos e dominicanos), que está patente na sua tipologia de três naves, sendo as laterais rebaixadas para permitir a entrada de luz, e separadas por arcos inteiros, suportados por colunas com capitéis e plintos góticos; cobertas por tectos em madeira, em forma de masseira, terminados em 1565, e a platibanda com rendilhado plateresco de inspiração espanhola.

Os tectos da da capela-mor e das absidíolas são de pedra de feição gótica. A decoração dos portais destava-se pela sua decoração que revela uma influência marcada do estilo plateresco muito típico no Norte de Espanha. No frontão pode ver-se a imagem da padroeira, Nossa Senhora dos Anjos ou da Assunção

A torre, construída em 1556, é de secção quadrangular e tem 24m de altura, sendo um elemento arquitectónico arcaizante.

Na abside direita está o retábulo do Santíssimo Sacramento, de talha do séc. XVII e, na esquerda, está a capela da Senhora do Rosário, sendo o retábulo de inícios do séc. XVIII.

A capela do Bom Jesus dos Mareantes é a maior e mais sumptuosa da igreja. Foi mandada erigir em 1511 à custa dos caminhenses. Passou por obras de restauro durante o séc. XVIII, altura em que se introduziu o retábulo barroco.

Diz a tradição que as alfaias desta capela e a imagem do Bom Jesus foram encontradas em alto mar, em 1539, por pescadores caminhenses, desconhecendo-se se terão sido atiradas borda fora por protestantes ingleses para destruir património católico ou por católicos para a proteger da profanação dos protestantes ingleses.

Muralha Setecentista

Após a Restauração da Independência, em 1640, numa época em que portugueses e espanhóis se defrontavam constantemente e o perigo das investidas da pirataria de costa era eminente, o crescimento demográfico e urbano de Caminha veio colocar graves problemas de ordem defensiva e de segurança, levando D. João IV a encomendar a construção de uma segunda linha de muralhas que rodeasse os novos bairros habitacionais.

Outro factor que deve ter sido preponderante na decisão de se erigir a nova linha defensiva, prende-se directamente com a evolução das técnicas e tácticas militares, fruto da passagem da neurobalística para a pirobalística e consequente aperfeiçoamento da indústria da guerra, o que tornava as muralhas verticais medievais obsoletas e exigia a construção de muralhas que suportassem os tiros de canhões e, ao mesmo tempo, possuíssem plataformas onde fosse possível colocar peças de artilharia.

O pano de muralha frontal à Igreja Matriz foi alvo de remodelação segundo esta filosofia. D. Pedro II encarregou o arquitecto Miguel de L’École de executar aí um revelim e um fortim, com armazém e paiol de pólvora, e uma plataforma para manobra das peças de artilharia.

Esta fortaleza era defendida por fossos com água e contraescarpas, e tinha 6 portas: a de Viana (ou Porta Nova da Misericórdia) e a da Corredoura, ambas com ponte levadiça, a do Cais (ou Porta do Vau), a de Arga do Coura, a de Sto António e a do Açouge.

Esta era uma das quatro grandes fortalezas em que assentava a defesa da nacionalidade na linha do Minho, juntamente com as fortalezas de Monção, Valença e Viana e vários fortes ao longo da costa, destacando-se, no concelho de Caminha, o da Lagarteira (Vila Praia de Âncora), do Cão (Âncora) e da Ínsua (Moledo).

CAPELA S. JOÃO

De estilo renascentista e neoclássico esta capela foi, provavelmente, erigida no início do século XVI.

Em finais do séc. XVI, inícios do séc. XVII, com o alargamento da Rua do Vau (hoje Rua de S. João., terá sido transladada para a sua localização actual, tendo a obra sido custeada pelo povo, que recusou a ajuda de Brás Pitta Leite, que, em troca queria o padroado da Igreja, e por D Filipe III, que destinou 4$000 réis das receitas das barcas do rio Minho e do rio Coura, para a reedificação da capela.

Rua de S. João e Ponte de Caminha

A Rua do Vau (Rua de S. João) antigo braço do rio Coura que no séc. XVI recebeu palácios barrocos e casas burguesas, transformou-se, no séc. XIX, em estrada real com ligação a Tui, levando à construção da ponte sobre o rio Coura que, em 1844, já estava em construção.

Em 1920 a população, descontente com o estado de degradação da ponte, incendiou-a, passando a travessia do rio Coura a fazer-se em Vilar de Mouros.

A nova ponte ficou pronta em Dezembro de 1930 com rampas destinadas a vencer o desnível entre as margens e o tabuleiro, mas que desapareceram com as obras de remodelação de 1943.

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