ICS Estudos & Relatorios Nº4 2014

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ESTUDOS e RELATÓRIOS 2014

ciência nova, independente dos ramos da economia política3. O que de facto unia todos os comentadores que se dedicaram a fazer doutrina sobre o assunto, desde Miguel Franzini, Oliveira Marreca, Adrião Forjaz de Sampaio, José de Torres e José Manuel Ribeiro até Elvino de Brito4, era a sua ligação aos aparelhos de Estado e a uma administração moderna e racional. O que aqui se apresenta é um conjunto de reflexões e de notas que tiveram a sua origem em 1996 durante a pesquisa de fontes para um projecto de investigação coordenado por Pedro Lains e intitulado «História do Crescimento Económico em Portugal nos Últimos 150 anos», integrado nas comemorações dos 150 anos do Banco de Portugal5. Ao longo dessa pesquisa procurámos recolher e sistematizar um alargado leque de informação quantitativa e qualitativa dispersa em várias monografias, publicações periódicas e arquivos. O trabalho original reportava-se ao período entre 1846 e 1915, tendo dado a conhecer novos dados da produção agrícola a nível nacional para as décadas de 1860, 1870 e 1900, anos em que a cobertura estatística existente era pobre. Foi também publicada em 1998, como parte de um artigo de Pedro Lains e Paulo Silveira e Sousa, uma versão muito resumida da História da estatística agrícola6. Nesta nova versão iniciaremos a análise em 1834 e avançaremos um pouco mais até 1926. Iremos, assim, estudar a evolução da estatística agrícola e dos aparelhos, instituições e modelos que enquadravam a sua recolha e tratamento em Portugal, durante todo o período Liberal, englobando a Monarquia Constitucional e a Primeira República. Este não é, contudo, um trabalho definitivo, mas antes um estudo aprofundado, com uma forte base descritiva e empírica, que se assume como um contributo para o debate e para a investigação7.

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Branco (2005), 25-33, 41-49. Para uma pequena síntese descritiva sobre o percurso deste conceito e das suas aplicações e entendimentos ver Sousa (1995), 6-15, 91-97. 4 Veja-se a título de exemplo, Marreca (1854), Sampaio (1855), Torres (1861), Ribeiro (1860), 624629, 657-661, e Brito (1886). 5 Alguns dados foram discutidos num Working Paper apresentado ao Seminário Economic History of Portuguese Growth 1850-1958, organizado pelo Banco de Portugal, a 31 de Outubro de 1996, na Quinta da Fonte Santa. 6 Ver Lains e Sousa (1998), 935-968. 7 Este texto nunca teria saído da gaveta sem o simpático incentivo da Dulce Freire. Aqui fica o meu agradecimento. A sua primeira versão só foi possível graças ao convite que o Pedro Lains me endereçou, em 1996. Foram meses intensos e em que aprendi muito. Por fim gostava de agradecer ao Pedro Tavares de Almeida e ao Diogo Ramada Curto o estimulante debate em torno das questões institucionais e de construção do Estado.


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