IGATO- PLATAFORMA CRIATIVA
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INTRODUÇÃO
A IGATO é uma plataforma catalisadora para a criatividade. Não apenas no sentido artístico mas para uma nova atitude. Existe um profunda necessidade de mudança que surge ao nível individual e das famílias, relacionada com a escassez de recursos naturais. A criação torna-se vital, portanto, como uma forma de conquista de uma certa autonomia, tornando-se um exercício transversal em todos os aspectos do nosso quotidiano. Nas áreas da educação, do ambiente e no dia-a-dia urgem novas práticas, uma nova forma de olhar e de agir sobre o mundo: um novo estilo de vida. Para tal, novos instrumentos e exercícios são criados no sentido do maior conhecimento sobre os aspectos desenvolvimento pessoal, mental e físico. É neste cenário de necessidades, de novas formas de comportamento e interpretação do mundo que a IGATO-Plataforma Criativa pretende agir. Da sociedade para a sociedade, o desenvolvimento pessoal e cultural em primeiro plano. A criatividade como instrumento de desenvolvimento de uma visão sustentável. Neste sentido estamos a desenvolver o projecto "I BIKE BARREIRO", que visa a criação um conjunto de eventos, formações e de estruturas que melhorem as condições de mobilidade dos ciclistas na cidade do Barreiro.
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OBJECTIVOS “I BIKE BARREIRO” Participar na planificação da Rede Ciclável do Barreiro; Estabelecer parcerias com a Câmara Municipal do Barreiro, Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicletas e a Soflusa no âmbito da divulgação da bicicleta como meio de transporte seguro, saudável e ecológico; Promover iniciativas nas escolas do concelho (básicas e secundárias) no âmbito da prevenção rodoviária e da utilização segura da bicicleta; Iniciar Cicloficina, com a finalidade de dar a conhecer os “segredos” da bicicleta e da sua manutenção; Organizar passeios temáticos, no concelho; Instalação de um polo central de apoio aos ciclistas, incluindo o aluguer/empréstimo de bicicletas; Criar uma rede de estabelecimentos comerciais que ofereçam descontos dos seus produtos a todos os utilizadores de bicicletas;
A visão: Barreiro como concelho-modelo de mobilidade às portas de Lisboa A questão das bicicletas é indissociável da questão da mobilidade. A urbe é utilizada e planeada para quem lá vive. Pretende-se apresentar uma visão de como o Barreiro poderá ser, através um esforço concertado para tornar a cidade mais agradável para quem lá vive. Não só investimento, mas uma mudança de mentalidade e uma abertura para experimentar alternativas.
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Perante este cenário: •
o Largo da Igreja Nossa Senhora do Rosário, usado como um estacionamento daria lugar a uma praça com vida, onde pessoas circulariam.
•
fazer uma compra rápida significaria fazê-lo com bicicleta à mão, sem estacionar de forma ilegal a 200 metros da loja como no Fórum Barreiro.
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•
o estacionamento em frente às escolas seria um local onde os estudantes colocariam as bicicletas e não um estacionamento para ser atravessado a pé, sem passeios e longe da paragem do autocarro como na Escola Augusto Cabrita.
•
Utilizar o interface com o transporte fluvial ou ferroviário siginificaria ficar a 80 metros da estação, e não atravessar 800 metros de carros estacionados, como como acontece no Terminal rodo-fluvial.
• •
Estacionar para ir a uma loja ou um café não tem de ser uma dor de cabeça. Implica ruas livres para circular, sem andar continuamente às voltas à procura de um lugar e estacionar indiscriminadamente.
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A bicicleta como veículo urbano promove e pode ser perfeitamente integrada nesta nova estratégia para a cidade. O Barreiro tem o mérito de ter a sua própria rede de transportes com os TCB, tendo uma dimensão considerável que permite a articulação com todos os outros transportes que servem o concelho.
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Para
concretizar esta estratégia, os TCB poderiam facilmente conviver com um veículo de
transporte individual que: •
ocupa pouco espaço;
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não causa ruído;
•
não polui;
•
é mais económico;
•
é saudável;
•
é segura;
•
maior mobilidade;
•
acessível a toda a população e faixas etárias.
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Propostas para intervenções a curto prazo
Rede de ciclo-percursos Os ciclo-percursos seriam baseados no conceito de espaço partilhado e o uso de “Sharrows”:
Esta sinalização é utilizada para marcar a via pública e ao espaço destinado à circulação de bicicletas . Estão relacionadas com o conceito de espaço partilhado, onde não existe uma distinção clara entre o espaço a ser utilizado pelos veículos automóveis, velocípedes, ou peões. Aqui fica um exemplo de uma cidade holandesa, onde a estrada suporta apenas a largura de dois automóveis, e a ciclovia partilha o seu espaço com a circulação dos automóveis:
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Em termos práticos, esta solução apresenta ainda outras vantagens: •
Tem um custo muito inferior ao custo de ciclovias separadas . Rapidamente se poderia transformar as ruas pre-existentes numa rede de ciclopercursos como espaço partilhado.
•
Não “rouba” espaço à circulação de peões (já bastante afectada por passeios reduzidos e estacionamento abusivo). Além disso, ajudaria o peão, pois a presença de bicicletas na via abranda o trânsito em ruas estreitas, reduzindo o risco de acidentes.
•
Visualmente, as ruas apresentariam uma infraestrutura para o uso da bicicleta. Para os peões seria um convite, para os automobilistas seria um apelo à cautela.
•
Considerando que já está contemplado no código da estrada que as bicicletas devem circular junto à berma (Artigo 90.º Regras de condução, ponto 2 ), não são necessárias avaliações para decidir se é adequado ou não. As "sharrows" iriam apenas enfatizar o que já está previsto: os velocípedes podem circular nas estradas, junto à berma.
•
Desincentiva o estacionamento em primeira fila nos locais onde é proibido, já que a presença de "sharrows" poderia aumentar a percepção de se estar a estacionar numa via proibida (Artigo 49.º Proibição de paragem ou estacionamento alínea f) )
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Esta acção deveria ser complementada com uma intervenção para melhorar e limpar as bermas, espaço dedicado à circulação de bicicletas. Sugere-se também
um melhoramento da via nas
bermas, nos locais onde a estrada é pavimentada com paralelipípedo. Um exemplo (crítico para chegar ao centro) é o troço de estrada entre a saída do Túnel da Rua Miguel Bombarda, até à saída para direita para uma das rotundas do fórum. São 90 metros de paralelepípedos. O acesso entre a Miguel Pais e a antiga estação do Barreiro (rota alternativa ao viaduto) também é feito neste tipo de pavimento.
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Revestir toda a via com piso alcatroado seria dispendioso. No entanto, pode ser economicamente viável, revestindo apenas as bermas deste troço de 90m (2 x 90m de comprimento x 0.8 m de largura). Esta intervenção facilitaria o conforto dos velocípedes, pois é exactamente nas bermas onde a pavimentação é mais irregular.
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Este facto permitiria circular de forma suave até à primeira saída, e entrar no centro pela Rua Stara Zagora
(evitando
o
restante
pavimento
na
Miguel
Bombarda).
O risco desta medida seria a circulação dos automóveis com as rodas do lado direito por cima desta ciclovia para poupar metade das suspensões, o que provocaria uma maior deterioração da via. Seria importante colocar sharrows para evidenciar a principal função do revestimento.
Estacionamento de bicicletas O Barreiro está equipado com parques para bicicletas. Este é um aspecto muito positivo e mostra que há interesse em facilitar o uso da bicicleta nas deslocações aos diversos locais da cidade. Existem junto ao Fórum Barreiro, à entrada do parque da cidade e noutros pontos. A estrutura escolhida é discreta e aparentemente é adequada. Este é o tipo de estacionamento disponível:
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No entanto, estas estruturas para estacionamento acabam por ser criticadas por utilizadores frequentes. As principais críticas são: •
Encaixar a roda na grelha, muitas vezes não é o suficiente para equilibrá-la;
•
Sendo rasteiro, está muito longe do quadro, o que dificulta o uso dos cadeados no quadro e nas rodas;
•
Encaixar uma roda nestas grelhas traz o risco de entortar o aro. Este tipo de grelha é inclusivé conhecido pelos anglófonos como "wheel-bender" (entorta-rodas);
•
Por vezes são colocados na parede, e a roda não encaixa totalmente;
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Para consulta são sugeridos os links: •
demonstrando os "bons" e "menos bons" equipamentos para estacionar bicicletas http://www.toronto.ca/bug/bp_choosingrack.htm
•
um guia para quem quer atrair ciclistas e fornecer parqueamento, por exemplo, à saída de uma loja. http://www.toronto.ca/bug/pdf/bicycle_parking_guide.pdf
Alguns problemas de estacionamento desadequado:
O parqueamento mais popular entre os ciclistas urbanos é o U invertido embutido no solo (preferível a ser aparafusado), que permite prender o quadro e ambas as rodas. Além disso, permite também ser usado por uma bicicleta de cada lado.
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Na FPCUB – Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, é possível encontrar documentação estruturada sobre o tipo de estacionamento de U invertido:
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A FPCUB defende este tipo de estacionamento e fornecem um documento guia para a instalação técnica deste do estacionamento tipo “Sheffield”. Apresentam também um caso onde este guia foi aplicado no IMTT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres:
Bicicletas&escadas na via pública O Barreiro está dividido pela linha de caminho de ferro, e são poucos os pontos onde é possível cruzá-la. Um dos pontos é o túnel da Rua Miguel Bombarda. Para o ciclista que não quiser atravessar o túnel de bicicleta, a solução é utilizar a rampa para carrinhos de bebé e cadeira de rodas. Esta opção é dificultada pelo passeio estreito e murado (normalmente ocupado com peões) para chegar à rampa. Noutros pontos, estas rampas são inesxistentes, como exemplo a estação de caminho de ferro do Lavradio. São isponibilizados acessos para atravessar a linha de caminho de ferro através de escadas e elevadores. Os elevadores estão sujeitos a estar fora de serviço, não restando outra solução a não ser carregar as bicicletas vários lanços de escadas. Os elevadores são uma solução técnica de alta manutenção lenta, e limitada. Especialmente na
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presença de peões que não têm outra alternativa, sendo estes os utilizadores dos elevadores . Por outro lado, não são para bicicletas (uma bicicleta num elevador rouba espaço a cerca de três ou quatro pessoas). Uma solução popular destinada a quem quiser utilizar as escadas, levando a bicicleta pela mão, é a presença de pequenas rampas de metal. Como exemplo temos a passagem pedonal de Belém (para quem quiser passar por baixo das avenidas e da linha de comboio) :
Funciona em qualquer altura do ano, é bastante robusta, atrapalha pouco quem quiser utilizar o corrimão deste lado da escada, e é uma solução bastante mais económica. Esta opção está presente no artigo 104 alínea b) do Código da Estrada:
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Artigo 104.º (1) Equiparação É equiparado ao trânsito de peões: •
a) (...)
•
b) A condução à mão de velocípedes de duas rodas sem carro atrelado e de carros de crianças ou de pessoas com deficiência;
•
c) (...)
•
d) (...)
•
e) (...)
•
f) (…)
Em suma, uma bicicleta pela mão consegue ir onde consegue ir um peão, podendo recorrer a soluções muito mais simples e eficazes do que o trânsito automóvel.
Sinalização vertical dedicada e sentidos proibidos Esta sugestão torna-se mais complexa porque envolve repensar o sentido das vias do Barreiro. A mensagem inerente é a de que o trânsito de bicicleta necessita de infraestruturas, tendo características próprias da circulação automóvel, como tal, pode ser pensada de forma diferente. Segue-se um exemplo no centro do Barreiro, para ilustrar a diferença entre circular de bicicleta e de automóvel.
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Para quem está na Rua Vasco da Gama e quer ir para o Túnel da Rua Miguel Bombarda, deslocarse-á de maneira diferente conforme o meio de transporte disponível. Eis o local em questão:
Se for um peão, traçará o caminho mais directo pela Avenida da República, virando à esquerda e de seguida à direita:
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Se estiver de automóvel, devido aos sentidos proibidos, terá que seguir até à Av. da República e contornar pela direita, seguir a Rua dos Combatentes da Grande Guerra, virar na Av. Alfredo da Silva, seguir até ao cruzamento, e finalmente tomar a Rua Miguel Bombarda. Para evitar umas centenas de metros em piso de paralelepípedo, pode-se contornar pela Rua Stara Zagora (aumentando ainda mais a distância, número de cruzamentos e rotundas atravessados, e tempo). Em baixo apresenta-se o trajecto mais curto, aproveitando a Rua Joaquim da Silva Simplício, que mesmo assim, cobre o dobro da distância feita no trajecto a pé:
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E de bicicleta? Segundo o código da estrada e respeitando os sentidos proibidos, o trajecto a tomar seria o do automóvel, com uma distância de 800 metros e 4 cruzamentos. Na prática, onde passam pessoas a pé também passam bicicletas, e o primeiro trajecto mais curto seria o mais prático para um ciclista. Seguir a lei ou o pragmatismo? A questão levantada aqui e que se propõe que seja repensado é: porque existem sentidos proibidos nestas ruas e a quem servem? Sem dúvida que uma das causas para o sentido único nesta rua está relacionado com a distância em largura, suficiente apenas para um carro (e uma fila de estacionamento). Por contágio, todos os outros veículos são obrigados a seguir as regras que foram pensadas para o automóvel e que estão limitadas ao uso destes veículos.
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Em baixo está uma foto de uma rua onde a bicicleta é omnipresente. É clara a ausência de carros estacionados, mas o ponto a destacar é a mensagem por baixo do sinal de "sentido proibido":
Neste sinal lê-se "uitgezonderd", que se traduz directamente em "excepto". Quem planeou o tráfego nesta zona habitacional, apercebeu-se que, apesar da via ser estreita para trânsito automóvel nos dois sentidos, não o é para veículos de duas rodas. Na verdade, esta prática é comum no país em questão, em zonas de trânsito de baixa velocidade.
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Será prudente permitir às bicicletas circularem em sentido contrário aos automóveis? A dificuldade é inicial: tanto os ciclistas como os automobilistas teriam de se habituar a esta possibilidade. Os ganhos seriam imediatos e mais práticos para quem pedala, por outro lado, uma atenção redobrada e uma condução mais defensiva para o condutor em áreas de trânsito lento (muito benéfico também para os peões). A implementação deste novo planeamento pode ser sempre auxiliado com a ajuda do sinal de trânsito:
A17 - Saída de ciclistas
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Em Portugal é possível encontrar a sinalização pretendida (Monsanto, Lisboa):
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Túnel da Rua Miguel Bombarda Um dos principais problemas do centro do Barreiro para quem quer utilizar a bicicleta como transporte urbano, é cruzar a linha de caminho de ferro que separa o centro. Há 5 alternativas: •
Túnel na Rua Miguel Bombarda
•
O viaduto que liga a Av. da Liberdade à Rua Miguel Pais
•
Fazer um desvio até à antiga estação do Barreiro
•
Passar por baixo da linha usando a IC21
•
Ou utilizar os elevadores da estações de caminho de ferro do Lavradio
A primeira opção seria a mais prática por várias razões, incluindo tempo, distância e esforço. No entanto, constitui um dos principais factores inibidores para a utilização da bicicleta no centro. No túnel a bicicleta ganha bastante velocidade (que é conveniente para não ser necessário pedalar tanto na subida) enquanto o ciclista é ultrapassado por automóveis, por vezes com trânsito no sentido contrário.
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Para complicar, as bermas da estrada têm sarjetas, o alcatrão é mais irregular, e acumula sujidade (incluindo areia e por vezes vidro) que potenciam complicações para o ciclista quando vai a uma velocidade razoável, com automóveis à sua esquerda e atrás, além de uma parede do lado direito. O ciclista é obrigado a escolher entre o piso perigoso do lado direito e a proximidade do centro da via onde passam os veículos automóveis.
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Ficam aqui algumas sugestões para um primeiro passo, no sentido de facilitar a vida ao ciclista no túnel da Rua Miguel Bombarda: •
Informar o automobilista para o perigo de encontrar um ciclista no túnel, utilizando sinalização vertical (ver imagem composta em baixo com o sinal A17 - Saída de ciclistas);
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Limpar e melhorar o piso junto à berma, para o ciclista ter maior margem de manobra;
•
Colocar sinalização vísivel ( “sharrows” e sinalização vertical) que assinale esta passagem como parte de um ciclopercurso;
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Coordenação do projecto “I BIKE BARREIRO”: Rui Martins Redacção: Carolina Rodrigues, Nuno Paulino, Rui Martins e Vitorino Coragem Emails: info.igato@gmail.com; ruma.igato@gmail.com.
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