Revista HUB :: Ecossistema e Inovação :: Ano 01 :: No 04

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revista

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ano01

2021 DESAFIOS

ABSTARTUPS SEBRAE INOVATIVA BRASIL ACATE AB2L ABFINTECHS POLOTECH

Entidades se posicionam sobre os desafios deste prรณximo ano


EDITORIAL Sim, somos um HUB de inovação e viemos conectar criativos, inovadores, especialistas, empreendedores, habitats, comunidades e ecossistemas, pois acreditamos que informação é a base para uma economia compartilhada e assumimos assim, nosso papel dentro deste complexo ecossistema, o de inovação. HUB:: ECOSSISTEMA E INOVAÇÃO Equipe técnica Direção de Arte e Diagramação Marco Petrelli Redes Sociais Daniel Nardes Relacionamento Felipe Brascher Conteúdo Fernando Assanti

Marco Petrelli CEO - Chief Executive Officer Felipe Brascher CBO - Chief Business Officer Fernando Assanti CCO - Chief Content Officer Daniel Nardes CCO - Chief Creative Officer Contato: Telefone: 47. 99900-0060 www.hubmag.com.br contato@hubmag.com.br As matérias, conteúdos e imagens, são de responsabilidade dos parceiros.

Como um HUB de Inovação, nosso objetivo é o de promover conexões. Conheça as entidades/ movimentos que acrediam em nosso projeto e são os parceiros desta 3a edição

Os desafios para inovar no Brasil são muitos. Desde a falta de uma educação empreendedora e que estimule novas ideias, até a burocracia excessiva e a pouca cultura de investimentos anjo, que desestimulam a criação de novas startups. Mesmo assim, este mercado só cresce no Brasil, o que mostra que somos – de fato – um povo criativo e que sabe enfrentar obstáculos. Este ano de 2020 foi desafiador em muitos sentidos, mas para o mercado da tecnologia não há dúvidas de que a migração do mundo para o digital trouxe muitas oportunidades. Em todas as áreas, ferramentas digitais surgem todos os dias para solucionar problemas de forma automatizada e com baixo custo. Nesta edição da HUB reunimos organizações que apresentam desafios e oportunidades para 2021. De investimentos em ações de empresas estrangeiras à criação de novos coletivos para pensar inovação em várias partes do Brasil, passamos por conteúdos que certamente qualificarão nosso leitor a debater o mercado de inovação com conhecimento de causa e argumentos reais, baseados em fatos do mercado. Como você vai perceber nas próximas páginas, o tema da inovação emerge ligado ao judiciário, com a Justiça Data Driven, aos investimentos privados, etc. e em todas as áreas o mercado precisa olhar para dentro e superar a necessidade de novos investimentos para avançar com mais velocidade em um mundo em constante mudança. Tudo isso também faz parte do conteúdo desta edição da HUB. Mas não é só de bom conteúdo que se faz uma revista! Então aproveitamos este espaço para também apresentar a todos que nos leem a nova equipe da HUB. Para 2021, nosso time cresceu e conta com o trabalho do jornalista Fernando Assanti na produção e curadoria de conteúdo, do designer Daniel Nardes nas mídias sociais e site e do articulador Felipe Brascher no relacionamento com o mercado. Com este time, nosso planos para o próximo ano inclui um portal de notícias relacionadas aos ecossistemas de inovação e a geração de muitos conteúdos exclusivos para sermos cada vez mais úteis no desenvolvimento de pessoas e coletivos que contribuem para implantar e potencializar a cultura de inovação no Brasil. Esperamos contar com você. Boa leitura!

Marco Petrelli CEO HUB Mag


SUMÁRIO

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Os novos tempos dos investimentos no Brasil Associação Brasileira de Fintechs | ABFINTECHS

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Quais os desafios do Ecossistema de Startups em 2021? Associação Brasileira de Startups | ABSTARTUPS

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LAWTECHS e justiça DataDriven Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs | AB2L

Os desafios do setor catarinense de tecnologia para 2021 Associação Catarinense de Tecnologia | ACATE

INOVATIVA BRASIL vai ampliar sua atuação no ecossistema de startups em 2021 INOVATIVA BRASIL

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O que esperar para 2021 no ecossistema empreendedor? Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas | SEBRAE

O que esperar do Polotech para a região dos municípios da Foz do Itajaí + Brusque Polo de Tecnologia e Inovação da Foz do Itajaí e Brusque | POLOTECH

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CO.mu.ni.da.de Associação Brasileira de Startups | ABSTARTUPS

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Comunidade de Startups de Minas Gerais Comunidade MG


OS NOVOS TEMPOS DO INVESTIMENTO NO BRASI

Por Associação Brasileria de Fintechs | ABFINT

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S OS OS IL

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fato que estamos passando por mudanças relevantes em nosso sistema financeiro. Alguns creditam essa mudança a novas tecnologias, outros ao capital de risco mais disponível atualmente e alguns à alterações regulatórias. Estes são ingredientes relevantes sim, mas o real motivo é uma coisa que não víamos há muito tempo por aqui: Concorrência. A concorrência é o fator que faz os players serem melhores. Ainda faz com que os melhores continuem melhorando, ao invés de somente tentar blindar a liderança. No caso da abertura para o mercado internacional é a mesma coisa e, ultimamente, estamos tendo acesso a cada vez mais opções. Mais opções se traduzem em maior concorrência e, consequentemente, melhores ofertas de valor para o cliente. Recentemente, a regulamentação das Brazilian Depositary Receipts - BDRs (ativos de empresas estrangeiras emitidos e negociados no Brasil) foi ampliada e possibilitou que um leque maior de ativos fosse negociado na bolsa brasileira. Enquanto os players locais se adequam a essa nova possibilidade é importante também ressaltar a possibilidade de investir diretamente em uma corretora estrangeira.


Como tudo na vida, cada opção tem seus prós e contras. Não há uma opção que sirva para todos. É possível levar em consideração questões como o tamanho do patrimônio a ser investido, impostos, benefícios tributários, custos de transação, spread e considerar estes fatores levando em conta a capacidade técnica e os objetivos pessoais de cada investidor. Para que cada um possa fazer sua própria análise, veja no quadro os principais aspectos de cada opção e as respectivas características.

Cadastro/onboarding

Fácil

Médio

Regulatório

Brasil

Internacional

Complexidade Tributária

Média

Alta

N/A

Até R$ 35 mil/mês

Liquidez

Baixa

Alta

Opções de Ativos

Baixa

Alta

Spread

Médio

Baixo

N/A

Médio

Insenção de Impostos

Custo Câmbio

1) Cadastro/onboarding a. BDR: se você já operar em uma corretora no Brasil, a experiência de operar uma BDR será tão simples quanto a sua corretora quiser. Nas corretoras com foco na melhor experiência do usuário, você não vai nem diferenciar entre ações normais e BDR.

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b. Corretora offshore: se você for abrir uma conta fora, existem algumas opções que oferecem sites em português e já tratam de alguns aspectos regulatórios. Mas cabe a você escolher a corretora e saber com quem está fazendo negócios. Ou seja, se você busca por comodidade e não tem tempo a perder, talvez seja melhor os BDRs. Se você tem tempo e energia para pesquisar e entender (ou tem alguém de confiança para fazer isso), no quesito experiência de onboarding, a opção de corretora pode ser tão boa quanto. 2) Regulatório a. BDR: a tua relação comercial é com a corretora aqui e você tem uma camada adicional da regulação estruturada pelos reguladores locais, incluindo um mecanismo de ressarcimento de prejuízos em casos de falhas. b. Corretora offshore: você está sujeito a regulação do mercado em que estiver operando. No caso de alguns problemas operacionais, você teria mais dificuldade na busca de ressarcimento. No entanto, se estiver operando em mercados como o americano, o regulador local tende a ser mais ágil e mais duro com as empresas (favorecendo os investidores). Ainda assim, você precisará saber como ir atrás desses ressarcimentos. 3) Complexidade tributária a. BDR: a complexidade é a mesma de operar ações no Brasil. Não é simples, mas se já está operando aqui, é só incluir mais algumas transações. No entanto, não há isenção para vendas abaixo de R$ 20 mil em BDRs.


b. Corretora offshore: a tributação é bem mais complexa. Além da análise de ganho/ perda da transação, você precisará levar em consideração a variação cambial também. Um problema adicional é que você pode se ver em uma situação em que tenha que pagar imposto aqui no brasil, mas o dinheiro esteja lá. Por outro lado, há uma isenção para pagamento de impostos no caso de vendas de até R$ 35 mil no mês. Isso pode significar uma boa economia. Vale para ETFs e ações.

4) Liquidez a. BDR: esse é um grande ponto desfavorável às BDRs (pelo menos por enquanto). Como estamos falando de um mercado “marginal” do ativo, a tendência é ter pouca liquidez. Essa falta de liquidez tende a dificultar as movimentações de compra/venda. Isso pode ser ainda mais impactante em momentos de stress de mercado. No entanto, como existe um ativo de referência, isso geralmente não traz impactos relevantes no preço.

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b. Corretora offshore: como você está negociando o ativo principal, a liquidez é muito maior, possibilitando uma entrada e saída do papel de forma simples e rápida. 5) Opções de ativos a. BDR: esse é um ponto bastante problemático para a opção do BDR. Existem hoje cerca de 600 ativos listados. Em comparação com a nossa bolsa, pode parecer bastante, mas representa muito pouco do que é negociado lá fora.

b. Corretora offshore: Só na Nasdaq e Nyse, são mais de 6 mil empresas. Sem contar os inúmeros ETFs negociados. Além disso, as corretoras tendem a oferecer acesso a vários mercados ao mesmo tempo. Podendo operar ações/etfs da ásia, europa e etc. 6) Spread a. BDR: devido a baixa liquidez, o spread entre compra e venda tende a ser maior. Para uma estratégia de movimentações constantes na posição, isso pode ser mais problemático. No entanto, em uma estratégia mais de longo prazo, esse fator perde a relevância. Principalmente porque não há necessidade de envio de recursos para fora (que tem custo com iof e spread cambial). b. Corretora offshore: o spread entre compra e venda tende a ser baixo, dado a maior liquidez do papel. No entanto, se a estratégia for de “buy and hold” o spread cambial deve ser levado em conta. Se houver um maior nível de compras e vendas, com certeza é a opção com menos custos de spread. Ao final, o maior beneficiário de ter mais opções é a concorrência. Alguns pontos citados aqui, ao longo do tempo, deixarão de ser relevantes porque a própria concorrência acaba forçando os ajustes (como a possibilidade de negociação de BDRs em frações do lote divulgada recentemente). Quanto mais opções, melhor. Quanto aos investidores, no cenário atual, se você pretende investir um valor baixo, muitas vezes o esforço de operar fora do país não vale os benefícios. Já se você pretende investir valores maiores e tem aptidão, interesse e tempo para entender mais a fundo ou tem alguém de sua confiança para te ajudar nesse processo, com certeza é a opção mais otimizada.


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QUAIS OS DESAFIOS DO ECOSSISTEMA DE STARTUPS PARA 2021? Depois de um ano de transformações importantes no mundo, as perspectivas para um novo momento gera grandes expectativas Por Associação Brasileira de Startups | ABSTARTUPS


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ano de 2020 não poderia ter começado com expectativas melhores para o nosso ecossistema. O ano, aclamado como “o poderoso ano das startups”, depois da ebulição do segmento em 2019, digno de cinco novos unicórnios brasileiros, grandes investimentos pela América Latina e o reconhecimento das grandes corporações. Até então, ninguém imaginava que este seria um ano desafiador, com uma pandemia global que nos colocou em uma prolongada quarentena. Mas, ainda em um cenário difícil, nosso setor de startups conseguiu se manter em tendência. A partir daí, a palavra de ordem do ano, foi: transformação. Mesmo acostumado as disrupções, ambientes de incerteza e que sabe a hora de pivotar, o ecossistema teve muito a aprender. Foi preciso readequar o planejamento, sentar em cima do caixa, ser criativo e pensar como se preparar para o novo cenário. E em um segundo momento, avaliar as oportunidades. Alguns segmentos que dependiam mais do offline, como eventos, shows, esportes e restaurantes,

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por exemplo, foram mais afetados e possivelmente os que terão mudanças mais profundas nos próximos anos. Em contrapartida, outros segmentos foram muito demandados e cresceram neste período: como o caso do EAD (ensino a distância) que fomentou as edtechs, delivery, e-commerce, health techs (startups de saúde e bem estar) e logística. Para o ano que vem, a questão central estará em manter essa posição, entendendo o atual cenário e mudanças que uma vacina e reabertura podem trazer. Isso porque, o cenário de incertezas, tão falado no universo empreendedor, nunca esteve tão presente. Empresas, sejam startups ou não, tem pela frente a missão de entender como adequar a rotina de trabalho, se vão optar por um modelo remoto definitivo ou como muitos têm apostado no modelo híbrido. Como isso impactará os escritórios e modelos de contratação? Este será um desafio para gestores! Ao mesmo tempo, que pensando no mercado de trabalho brasileiro, poderá ser bem interessante, com uma maior capilaridade do mercado de trabalho, gerando oportuni-

dades de contratações em regiões mais remotas e fora do eixo sudeste, que eram tão mais difíceis. Do ponto de vista de investimentos, 2020 foi um ano atípico em volume de investimentos. Eles estiveram mais presentes, apoiados nas oportunidades que o momento gerou e em aportes internacionais, que com certeza, nosso ecossistema gostará que continue nessa tendência de crescimento. Vemos claramente um movimento crescente de IPO´s em startups, como o casos dos dois novos unicórnios brasileiros este ano: Loft e Vtex. Esta realidade é comum no exterior, mas ainda está engatinhando no Brasil e pode ganhar força em curto/médio prazo. Por fim, a pauta da diversidade foi um tema importante que surgiu com força no ecossistema durante este anos mostra que o ecossistema tem um “gap” gigante neste sentido, que precisa ser melhorado. Independente de qualquer coisa, é certo que continuaremos trabalhando no fomento e no desenvolvimento do ecossistema de startups, que só tem a crescer!


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LAWTECHS E JUSTIÇA DATA DRIVEN Por Daniel Marques, Diretor Executivo Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs | AB2L


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stamos numa sociedade de Dados. Luciano Floridi, filósofo italiano, em seu Manifesto Onlife afirma que vivemos numa sociedade híbrida, nem 100% digital e nem 100% analógica. Nessa sociedade da informação, estaríamos caminhando para o que o historiador Yuval Harari chama de mundo pós-antropocêntrico onde a realidade é extraída a partir de um contínuo processamento de informações, realizado por agentes não humanos (Inteligência Artificial) e agentes humanos. A lei de Moore preconiza que a cada 18 meses a capacidade de armazenamento e processamento de dados irá dobrar, enquanto o custo irá reduzir pela metade. Na prática, isso significa que desde 2003, a cada dois dias dobramos o armazenamento e produção de dados de toda a história, desde o início da humanidade. Afirma-se que Dados é o novo petróleo. É ele que alimenta o crescimento da inteligência artificial e permite o surgimento de novos produtos e serviços. No Brasil, possuímos 91 tribunais com diversas instâncias, comarcas e varas. São mais de 150 sistemas diferentes e que não se comunicam entre si, criando um volume de 77 milhões de processos judiciais. Esses dados não estão organizados e nem estruturados, não geram informação. Existe MNI (Modelo Nacional de Interoperabilidade), excelente projeto do CNJ, mas que ainda não se popularizou para

criar uma verdadeira troca de dados e informações entre os tribunais. O CNJ em Números é uma iniciativa brilhante e traz um pouco da visão de nosso judiciário a partir dos dados. Institutos de pesquisa e estudos como a Associação Brasileira de Jurimetria, o Lawgorithm da USP, o AB2L Academy e dezenas de empresas da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs promovem e democratizam o acesso a informação através da jurimetria e pesquisas acadêmicas. Sem informação não é possível tomar decisões para a criação de uma melhor justiça. Sem informação os advogados, escritórios e departamentos jurídicos navegam sem uma bússola capaz de orientar o melhor caminho a tomar. É com base na jurisprudência que advogados montam seus casos e estratégias. Mas em cima de qual jurisprudência, se são milhares de casos semelhantes? Como ter acesso a essa informação de maneira ágil e organizada? Uma boa argumentação jurídica, aliada à estratégia e aos dados aumentam as chances de sucesso de um advogado na sua atuação profissional diária. A quantidade ingente de dados aliada à tecnologia, ao conhecimento jurídico e a jurimetria são capazes de oferecer informações organizadas estatisticamente e que geram subsídios para uma decisão estratégica num processo judicial.

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A análise qualitativa já feita pelos advogados, encontra na jurimetria, sua aliada quantitativa gerando um diálogo benéfico para o direito. Não é um jogo de soma zero, mas uma interação interdisciplinar que impacta positivamente o sistema de justiça e a sociedade. O termo jurimetria, “jurimetrics”, surge em 1948 com advogado americano Lee Loevinger que busca aplicar método de análise de dados e estatísticos ao direito. Hoje em dia, tal analise só é possível através de sistemas que permitem captar, higienizar e estruturar um volume grande de dados. O que seres humanos demoram meses para realizar, a máquina realiza em segundos. A jurimetria permite que toda a população possa ter um acesso claro, direto e transparente aos dados da justiça. Aumenta a confiança que o cliente tem no advogado ao oferecer informações mais precisas sobre a probabilidade de sucesso caso encaminhe para uma judicialização ou para uma conciliação. É possível saber de imediato quantas vezes uma determinada vara ou turma tomou uma decisão e baseadas em quais argumentos e jurisprudências. Ela democratiza o acesso à informação jurídica, permitindo criar uma inteligência de dados aplicada ao direito baseada em estatística e modelos matemáticos.

A estatística aplica ao direito promove uma advocacia mais assertiva. Consegue indicar com maior precisão se uma decisão será dada de modo favorável ou contrária à necessidade do cliente, desenha a probabilidade de ganhar ou não uma determinada ação. Ajuda os escritórios a tomar decisões estratégicas sobre se judicializa ou encaminha o pleito para uma conciliação. Um escritório de advocacia antes de criar um produto ou serviço jurídico consegue verificar na base de dados jurídicos existentes quais são os possíveis clientes, mapear suas dores e necessidades e assim oferecer um serviço mais adequado. Mune o advogado de relatórios e diagnósticos para conhecer melhor o perfil jurídico de uma determinada empresa. A jurimetria permite acessar a milhares de dados judiciais e decisões identificando padrões e traçando tendências. Dando ao advogado um material rico para elaborar sua estratégia e liberando tempo para que ele foque melhor na geração da tese que necessita defender. Fortalece uma análise jurídica mais rigorosa e tão necessária no Brasil, que possui uma baixa segurança jurídica e um complexo arcabouço jurídico. A lei, sua interpretação e aplicação são difíceis de prever, exigindo ferramentas como a jurimetria para se aproximar do resultado esperado.


Na encruzilhada de sua jornada o operador do direto se vê diante de decisões difíceis e econtra na jurimetria um apoio para auxiliar numa decisão mais assertiva. Num processo jurídico, ele agrava a decisão ou ajuíza um mandado de segurança? O litígio deve ir diretamente para o judiciário ou pode primeiramente tentar compor uma conciliação? Qual o cenário em cada um dos caminhos? Quanto tempo um processo com uma determinada causa de pedir, que caiu numa vara específica leva para chegar à decisão? O papel do poder judiciário é essencial para o desenvolvimento de uma justiça baseada em dados. A jurimetria permite que os tribunais, legisladores, instituições públicas e privadas possam desempenhar suas funções de maneira mais justa e eficaz. Ela fornece subsídios para elaboração legislativa e gestão pública; para decisão judicial; e para instrução probatória. A jurimetria diminui a assimetria das informações dentro do judiciário, dando mais transparência ao processo decisório e aos argumentos que embasaram a decisão.

O advogado pode compreender melhor qual será a possibilidade de sucesso numa determinada ação através de uma jurimetria aplicada na análise da causa de pedir, do tribunal, do juiz, dos argumentos jurídicos, dos elementos de prova de milhares de processos semelhantes. Essa ciência vem somar-se ao arcabouço interdisciplinar que enriquecesse o direito como a filosofia, a sociologia, a antropologia e a economia. Essas disciplinas, cada uma na sua justa medida, traz novos prismas ao direito permitindo gerar princípios e instrumentos que iluminam a justiça. A jurimetria permite um direito mais científico e empírico, baseado em dados e informações para que possam se desenvolver medidas mais humanas e justas. O próprio magistrado pode utilizar-se da jurimetria para compreender melhor sob outro ponto de vista o caso que está analisando, prevendo cenários e sendo um auxílio para a decisão.

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Para conhecer diversas empresas que oferecem esses serviços existe o radar dinâmico da AB2L (Ass. Bras. de Lawtechs e Legaltechs – www.ab2l.org.br). Lá possuem dezenas de empresas que oferecem soluções para todos os tipos de problemas e para todos os perfis econômicos. Uma Lawtech não é cara, caro é o tempo que o advogado gasta em tarefas que poderiam ser feitos pela máquina, em vez de focar naquilo pela qual foi formando: gerando novas teses, elaborando melhor a estratégia jurídica, atendendo melhor seu cliente. Ela não irá substituir o estudo da doutrina, a experiência e prática jurídica, não fará com que o advogado deixe de analisar caso a caso, não transformará o direito numa ciência matemática. Mas utilizará de uma ciência empírica para aperfeiçoar nosso sistema de justiça e atualizar práticas diante de uma sociedade da informação nascida da 4ª. Revolução Industrial e atender mais eficazmente os asseios por justiça da sociedade.

A jurimetria não é uma bola de cristal. No entanto, no cenário atual não basta uma radiografia geral, jurimetrias genéricas. É necessário uma bateria de exames, uma ressonância magnética da justiça brasileira que permita desenhar com clareza caminhos para justiça cada vez mais baseada em dados. A iniciativa privada, centros de pesquisas e instituições públicas devem se unir para criar um conjunto de iniciativas que permitam ampliar a adoção da inteligência de dados ao mundo jurídico. Estamos apenas no início de uma profunda transformação no direito. A jurimetria surge como resposta para auxiliar as instituições jurídicas e democráticas em seu desejo de oferecer uma maior transparência ao sistema de justiça, fortalecer uma maior previsibilidade e segurança jurídica e permitir uma maior participação popular através da simetria da informação. Em definitiva é um apoio indispensável para que possamos viver na 4ª. Revolução Industrial mantendo a missão de ter o ser humano como centro de todo processo jurídico.


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OS DESAFIOS DO SETOR C ATA R I N E N S E DE TECNOLOGIA PARA 2021 Por Iomani Engelmann, presidente Associação Catarinense de Tecnologia | ACATE


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ano de 2020 ficará para sempre marcado na história mundial pela crise sanitária que trouxe consequências econômicas para todas as nações. Enquanto ainda lutam para conter a pandemia, Governos, empresas e sociedade buscam soluções para a retomada da economia, para a geração de empregos e para que a transformação digital seja acessível para todos. Apesar das inúmeras vidas que foram perdidas, acredito que de um momento de crise a sociedade sai transformada e, na maioria das vezes, fortalecida. Com a aproximação do fim do ano, já ficam claros quais serão alguns dos grandes desafios para 2021. No que diz respeito ao setor de tecnologia, viu-se o protagonismo do segmento para sobrevivência de todos. As tecnologias ajudam no combate e prevenção ao vírus e na digitalização dos negócios. Em poucos meses todos se viram obrigados a fazer mudanças que poderiam levar anos para serem adotadas em um processo normal, tudo por uma questão de sobrevivência e adaptação. O desafio agora é continuar com consistência os projetos de transformação digital iniciados por esta necessidade. Durante a pandemia, ficou muito clara a necessidade que muitas empresas têm de reverem seus processos e a forma como enxergam seus negócios. Fazer parte de um ecossistema de inovação atuante, com programas e ações estruturantes, pode ser fundamental para superar as dificuldades e desafios. A ACATE, ciente da sua missão para com o ecossistema, criou uma série de ações nesse sentido desde a chegada da pandemia em Santa Catarina. O plano de ação passou desde orientações gerais, com conteúdo de qualidade e confiável para os empreendedores, até fa-

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Iomani Engelmann, presidente | ACATE

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cilitação de acesso ao crédito por meio do Fundo Garantidor ACATE, que já auxiliou 30 empresas com a liberação de R$ 3,7 milhões em linha de crédito desde março. Em 2021, estes projetos vão continuar auxiliando o ecossistema catarinense, e novas iniciativas também já estão surgindo. Falando em novas iniciativas, uma delas é o projeto DEVinHouse, uma parceria entre a ACATE, SENAI e Softplan para impulsionar a formação de profissionais de TI. Estudos mostram que se não ampliarmos a formação, teremos um déficit de 100 mil profissionais de perfil tecnológico nos próximos quatro anos. Ou seja, no atual ritmo de formação, teremos muitas vagas de desenvolvedores não preenchidas, o que reforça a importância de iniciativas para suprir essa demanda. Mesmo em meio à crise econômica, o setor seguiu contratando, e várias empresas estão com vagas abertas que não conseguem preencher pela falta de profissionais. Acelerar a formação de pessoas é um dos maiores desafios e prioridades para 2021, e novos projetos já estão sendo articulados.

Ter profissionais de excelência no ecossistema catarinense também está diretamente conectado com outro grande desafio para 2021: atrair capital para as startups do estado. Com a aprovação do Marco Legal das Startups, enviado recentemente ao Congresso Nacional, haverá mais segurança jurídica e estímulo para investimentos em ideias inovadoras, o que será benéfico para toda a sociedade. Existe muito capital estrangeiro chegando no Brasil, e queremos captar cada vez mais essas oportunidades, colocando Santa Catarina no radar dos fundos de investimentos. Dados do Inside Venture Capital Brasil apontam que as startups brasileiras levantam até outubro de 2020 US$ 2,49 bilhões, superando o acumulado de 2019. Nosso estado é um polo de destaque nacional, com ótimos empreendedores e excelentes negócios com potencial de crescimento. A tecnologia mais uma vez está mostrando seu protagonismo na retomada econômica, e precisamos unir todos os esforços para criar alternativas a superar os desafios atuais e os que ainda vão surgir no próximo ano.


INOV

S NO ECO START

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VATIVA BRASIL VAI AMPLIAR SUA ATUAÇÃO OSSISTEMA DE TUPS EM 2021

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Por Inovativa Brasil

Em 2020 a política pública se reposicionou e passou a ser um hub de fomento à inovação no país


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m 2020, o InovAtiva Brasil, o maior programa de aceleração de startups da América Latina, ampliou seu escopo de atuação e começou a se consolidar como um dos principais hubs para o ecossistema de startups do país, oferecendo produtos e ferramentas para fomentar a inovação e disseminar informações sobre o universo de empreendedorismo no país. De 2013, ano de sua criação, até 2019, o InovAtiva capacitou mais de 2 mil startups de todas as regiões do Brasil e proporcionou para 1.157 delas a oportunidade de apresentar suas soluções para investidores, aceleradoras e grandes empresas.

Com o tempo, o InovAtiva Brasil passou a ramificar sua atuação e criou subprodutos, como o InovAtiva de Impacto, programa voltado para startups da área socioambiental; a rede de conexões com importantes agentes do ecossistema; e uma ampla gama de conteúdo para ajudar empreendedores na estruturação de seus negócios. Agora, com um estruturado portfólio de ações, plataformas e iniciativas, a política pública catalisa negócios, parcerias e oportunidades, além de trabalhar para facilitar a conexão de diversos atores, contribuir para o desenvolvimento de startups de diferentes estágios de maturidade e incentivar a geração de emprego e renda no Brasil.

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Está em andamento a seleção pública da próxima instituição que executará este novo modelo pelos próximos quatro anos. Além disso, como um dos principais hubs de incentivo à inovação do país, no próximo ano o InovAtiva continuará acelerando startups brasileiras no estágio de operação e tração, mas também apoiará institucionalmente iniciativas regionais e eventos que disseminem valores de inovação e de empreendedorismo pelo país, ajudando na construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento de novos negócios.

Sobre o InovAtiva Brasil Criado em 2013, o InovAtiva é um hub de aceleração, conexão e capacitação de startups brasileiras estruturado em três pilares (aceleração, ecossistema e academy). Realizado pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com atual execução da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI), o hub já contribuiu para o desenvolvimento de milhares de negócios inovadores de todo país.


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O QUE ESPERAR PARA 2021 NO ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR? Como a pandemia do coronavírus e as novas regulações legais podem impactar o setor de tecnologia no próximo ano

Por Alexandre Souza, Gestor do Projetos Startup SC | SEBRAE


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ano de 2020 foi surpreendente e fez com que os empreendedores se deparassem com momentos de muita incerteza, reflexão e de tomadas de decisão difíceis. As mudanças impostas pela pandemia aceleraram tendências de mercado por conta da transformação digital, alavancando segmentos como o e-commerce e digitalização de serviços. Agora, o que 2021 nos reserva no ecossistema? Como o contexto de (quase) pós pandemia vai consolidar as tendências vistas e o que o cenário de retomada de alguns segmentos pode representar de oportunidades, ou de inspirar ainda mais atenção dos empreendedores? Certamente teremos um ano de também muita atenção e desafios.

Mesmo com a instabilidade econômica, é importante que o empreendedor esteja atento a evolução de algumas mudanças que já estão impactando o ecossistema de startups. Seguem alguns pontos importantes de ser considerados em 2021: Adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) Inicialmente, a obrigatoriedade das adequações estavam previstas para ser implementadas em 2020. Como resultado das mudanças trazidas pela pandemia do novo coronavírus, a aplicação efetiva da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi adiada para maio de 2021, facilitando o debate sobre a aplicabilidade da lei dentro das empresas. A lei regulamenta o uso de dados coletados por entidades públicas e privadas em vários níveis. No setor privado, a LGPD será obrigatória para pequenas, médias e grandes empresas. A partir do dia 03 de maio de 2021, os clientes e usuários de diversos serviços, sejam eles online ou não, terão direito e amparo legal para solicitar informações coletadas pelo fornecedor. Empresas de tecnologia, como startups, tendem a coletar um volume grande de dados e seus gestores precisam estar cada vez mais atentos, adotando medidas para evitar problemas, como vazamento ou perca de dados dos clientes. Conciliação dos mundos físico e virtual Em 2020, o Sebrae SC, ACATE e ABStartups levaram seus eventos físicos, o Startup Summit e a Conferência Anual de Empreendedorismo (CASE) para uma plataforma virtual. O CASE Startup Summit aconteceu como alternativa para manter a integração do ecossistema empreendedor e de tecnologia mesmo durante o período de isolamento imposto pelo coronavírus. Os eventos onlines trouxeram a chance de ampliar o alcance dos eventos a diferentes cantos do Brasil e reduziram os custos de participação, tornando-os aces-

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síveis. Apesar disso, a tendência é de que, assim que existir condições sanitárias, os eventos voltem para o ambiente físico e adotem amplas soluções tecnológicas para otimizar os resultados destes encontros. Ter o físico e o virtual coexistindo não é uma experiência restrita aos eventos, mas essa mudança promete chegar a vários setores do mercado. Comunicação direta para entender as dores dos clientes Gerar valor e atender as necessidades do cliente é a melhor maneira de se estabelecer no mercado da tecnologia. Para isso, é preciso manter uma comunicação clara e personalizar os produtos de modo a atender as necessidades apontadas pelos usuários dos serviços. Empatia é a palavra da vez e é preciso exercê-las em todas as relações comerciais ou de trabalho. Feedbacks são uma peça-chave nessa relação e tende a trazer melhorias na relação estabelecida entre fornecedor e comprador, seja ele uma empresa ou pessoa física. Marco Legal das Startups O Marco Legal das Startups vem com a proposta de regularizar e desburocratizar o funcionamento de empresas de tecnologia e inovação no Brasil. Em outubro deste ano, o Projeto de Lei foi enviado para tramitar no Congresso. Mudanças significativas na rotina jurídica, trabalhista e de investimentos em empresas de tecnologia tendem a ser facilitadas com a aprovação do projeto. Uma das principais promessas do Marco Legal das Startups é caracterizar, de modo claro e objetivo, o que é uma startup e a ligação deste modelo de negócio com tecnologia e inovação. O Projeto de lei também traz uma estruturação jurídica sobre a relação entre as empresas e seus investidores, ampliando o número de investimentos para que empresas de tecnologia tenham os recursos necessários na hora de desenvolver seus produtos.

Alexandre Souza Startup SC | SEBRAE

O ano de 2021 será resultado de muitas mudanças que aconteceram a partir dos desafios enfrentados nos últimos anos. A LGPD e o Marco Legal das Startups são exemplos de discussões que foram elaboradas ao longo do tempo e estão cada vez mais próximas de se tornarem uma realidade. A pandemia do coronavírus também impulsionou mudanças, como a digitalização dos serviços, que serão observadas nos próximos anos. E você, quais são as mudanças e desafios que espera para o ecossistema em 2021?


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O QUE ESPERAR DO POLOTECH PARA A REGIÃO DOS MUNICÍPIOS DA FOZ DO RIO ITAJAÍ + BRUSQUE Por Polo de Tecnologia e Inovação da Foz do Itajaí e Brusque | POLOTECH


BALNEÁRIOCAMBORIÚ BALNEÁRIO CAMBORIÚ BALNEÁRIOPIÇARRAS BALNEÁRIO PIÇARRAS BOMBINHAS BRUSQUE CAMBORIÚ ITAJAÍ ITAPEMA LUIZALVES LUIZ ALVES NAVEGANTES PENHA PORTOBELO PORTO BELO

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ançado oficialmente no último dia 01 de dezembro de 2020, o Polotech foi uma grata surpresa para todo o ecossistema de Tecnologia e Inovação de Santa Catarina, em especial para os 12 municípios que fazem parte, conforme podemos observar no mapa. Cada vez mais Santa Catarina se destaca no cenário nacional e internacional como polo de tecnologia e inovação, entre eles, os já reconhecidos como os de Florianópolis, Joinville, Blumenau e outros que estão surgindo, fomentados pelo Governo do Estado, por meio da Diretoria de Ciência, Tecnologia e Inovações, que integra o Programa Catarinense de Inovação (PCI). Desde 2015, o Estado de Santa Catarina vem trabalhando na implantação da rede. Inicialmente foram selecionados os seguintes municípios para compô-la: Florianópolis, Joinville, Itajaí, Brusque, Blumenau, Chapecó, Joaçaba, São Bento do Sul, Criciúma, Rio do Sul, Tubarão, Jaraguá do Sul e Lages, porém, a partir deste movimento, outros municípios articularam seus ecossistemas locais para também ingressar na rede. Atualmente já são 15 Centro de Inovação cobrindo todo o Estado de Santa Catarina. Sabendo do seu potencial, as principais entidades da região, tais como núcleos de tecnologia e inovação das associações empresariais, empresários do setor de tecnologia, incubadoras, universidades e governo, se uniram em um esforço conjunto para criação de uma entidade que pudesse empunhar uma bandeira de Tecnologia e Inovação, com o objetivo fomentar e gerir a cultura da inovação da região.

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As conversas iniciais sobre a criação do Polotech existem desde meados de 2019, de lá para cá, foram muitas reuniões e exaustivo planejamento estratégico que culminaram na formação de um grupo de pessoas, que vem crescendo exponencialmente, imbuídas de um propósito comum, “transformar a nossa região em um polo de tecnologia e inovação”. O Polotech representa uma região estratégica e de suma importância no contexto catarinense e econômico nacional, sendo destaque em relação aos modais de transporte (Aéreo, Terrestre e Marítimo), favorecendo a logística de todos os tipos de negócio e turismo, destaca-se também por ser uma região com grande concentração de universidades, e elevado potencial para formar, reter e atrair profissionais de qualquer parte do território nacional e internacional. Estes profissionais estão percebendo que nossa região equaliza muito bem o desenvolvimento de carreira e a tão sonhada qualidade de vida. “Com os números da economia nacional se consolidando após um ano (2020) onde tudo foi colocado a prova em todas as partes do globo, projetamos um cenário para 2021 de muitas oportunidades e crescimento para toda a nossa região. Com grandes projetos previstos para os próximos anos e um ecossistema cada vez mais maduro, temos a convicção que a meta de tornar a região referência nacional e internacional em Tecnologia e Inovação será realizada com sucesso”, complementa o Presidente do Polotech, Sr. Emerson Luis Pereira. Associe-se ao Polotech e saiba mais sobre esta importante iniciativa para a região no site polotech.co e em nossas redes sociais:

Instagram: @polotech_sc Facebook: polotech.sc Linkedin: polotechsc


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CO MU NI DA DE Por Cárlei Nunes Dellinghausen Associação Brasileira de Startups | ABSTARTUPS


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omunidade. Palavra tão gostosa de se dizer. Repete pra vc ver.

Cheia de causos e histórias dentro dela. Aposto que vc que está lendo esta HubMag tem uma boa lembrança da tua ação com comunidades seja da região ou tema de estudo / trabalho / hobbie. Eu tenho várias. Aqui temos uma coletânea de históricos de comunidades de todo o Brasil contadas pelos Embaixadores do Case Startup Summit 2k20. Confesso que antes não racionalizava sobre o que é viver em uma comunidade empreendedora, no máximo me envolvia com a realização de um evento - e me dava por satisfeita. Ocorre que as conversas sobre o assunto passaram a ser mais longas, vieram leituras, painéis com experts e... depois que se sabe de algo, nossa mente não volta mais atrás. Entendi junto com a Abstartups que,

ao apoiar as comunidades de startups, as pessoas voluntárias acabam potencializando o sucesso de startups da sua região. Isto se materializa em resultados positivos para a economia e a sociedade como um todo. IMPACTO! Todo mundo ganha no longo prazo. 2020 foi danado. Cada comunidade agiu da sua melhor forma, umas mais quietas, outras mais ativas. E tudo bem. Por aqui tivemos coragem de experimentar várias formas de fazer eventos significativos online. Foram 5 edições do StartupON, uma para cada região do Brasil. Este evento teve números bem importantes: +80 pessoas voluntárias nas suas comunidades de startups correalizando o evento - de todos os estados do Brasil +100 painelistas em 15 noites ao vivo no Youtube - olha, aconteceu coisa, viu +500 matches de mentorias dos mais

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variados temas, mas principalmente VENDAS e IDEAÇÃO De outubro para cá vivemos fortes emoções, com a edição histórica do Case Startup Summit, que reuniu o Brasil inteiro em torno de assuntos que envolvem o ecossistema de startups. Foram +300 painelistas e, pra dar o toque especial, tivemos 33 embaixadores do evento! Essa turma de pessoas que, reconhecidamente já fez muito pelas suas comunidades, se mobilizou para contar ao pessoal do evento e mostrar mais sua região. E para fechar o ano com chave de ouro, veio ele, o Fórum Abstartups de Líderes de Comunidades - o Falcom. Pensa um evento especial. Multiplica por 10! Uma semana inteira com conteúdo gravado e momentos ao vivo girando com + 200 líderes de comunidade de todo o Brasil. Um trabalho do time da Abstartups para fazer acontecer a formação que conecta pessoas voluntárias com experts do mercado de startups e

vários temas relacionados ao ecossistema e seus pilares. Foi energia pura! Informação + conexão + humanização. Ano que vem segue o desafio de apoiar as comunidades do Brasil! Não canso de repetir o que ouvi num evento pelo Jose Iglesias da Techstars: “o que fizermos como líderes de comunidade nos próximos 5 anos vai ser potencialmente mais importante do que nos últimos 10 anos”. Sabes por quê? Porque o Brasil precisa. E a gente pode e quer. Então, como você vai se envolver em 2021 neste movimento? Se precisar de algo, estamos com um plano de acompanhamento das comunidades para 2021 aqui na Abstartups - podemos conversar pelo comunidades@abstartups.com.br. Bora?


COMUNIDA DE STARTU EM MIN GERA

Por Comunidade d

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ADE UPS NAS AIS

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tríplice hélice da inovação é um conceito imprescindível para se compreender como ocorre a criação e desenvolvimento de uma startup. Entender o papel que a academia desempenha nesse processo, assim como as grandes empresas e o setor público se torna a bússola que aponta para o caminho propício para desenvolvermos. Mas sempre devemos lembrar que as pessoas estão no centro de tudo que criamos. Em Minas Gerais as comunidades surgem a partir dos polos tecnológicos e do estado que compreendeu e aderiu a noção da tríplice hélice. As startups que começaram juntamente com o processo de desenvolvimento do setor de eletrônica, se beneficiaram desse novo viés presente em Minas Gerais, e essa importância para o segmento persiste até hoje.


O início do ecossistema de inovação em Minas Gerais

As grandes empresas chegam até Minas Gerais

Por volta de 1910 foi fundada, em Minas Gerais, a Universidade Federal de Itajubá, conhecida como UNIFEI. Diferente das demais universidades do estado, a UNIFEI tinha seu foco no ramo da eletrônica e buscava formar pessoas que pudessem trabalhar nessa área.

As indústrias desempenham um papel expressivo para a construção da tríplice hélice da inovação, e são parte chave do processo. Elas serão responsáveis pela contratação dos profissionais, assim como do investimento nas startups.

Não muito distante da UNIFEI surgiu a Escola Técnica de Eletrônica, na cidade de Santa Rita do Sapucaí; e com ela foram surgindo ao redor outros pontos de estudo que priorizavam o segmento das tecnologias. Essas cidades próximas, vendo seu objetivo em comum e grande potencial, começaram a se unir e formar o que conhecemos hoje por Vale da Eletrônica do Brasil. A academia dentro da tríplice hélice busca criar talentos e profissionalizá-los. Por isso, o intuito era trazer para Minas Gerais essa visão mais tecnológica e inovadora, muito vista fora do estado, como é o caso do Vale do Silício, localizado na Califórnia, ou até mesmo os profissionais mineiros que comumente migram para São Paulo ou para outras grandes capitais do Brasil em busca de melhores oportunidades na área. Juntos, esses centros de educação e profissionalização, começaram a formar um grande polo. A inovação não parou nessa região do estado. Outras cidades, como Belo Horizonte, começaram a acompanhar esse progresso, com o desejo de desenvolver mais profissionais de eletrônica. Com isso, em 1971, foi fundado o Cotemig, que hoje é uma grande referência na capital mineira quando se trata do ensino de profissionais da área da tecnologia. Também não é possível deixar de citar a importância da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para o desenvolvimento do ecossistema de inovação mineiro.

Tendo ciência da importância das empresas privadas para o desenvolvimento de um polo de tecnologia no estado, na década de 1970, o Indi investiu esforços e trouxe grandes empresas para Minas Gerais. Um dos grandes exemplos foi a multinacional Fiat, que instalou em Minas Gerais uma de suas primeiras sedes fora da Europa que era produtora de carros e equipamentos. Por volta de 1992, a FUMSOFT, uma aceleradora de negócios sem fins lucrativos, começou a dar seus primeiros passos. Até hoje ela possui um papel importante no estado, por desenvolver as startups e trazer inovações para a cadeia produtiva de TI de Minas Gerais. Após se consolidar como ambiente rico de grandes indústrias, Minas Gerais se tornou um polo industrial muito forte no Brasil.Em 2005, o Google veio para Belo Horizonte e construiu seu primeiro centro de pesquisa fora dos Estados Unidos. Isso foi um marco muito importante, não só para Minas Gerais, mas para todo o Brasil. A importância desse fato se deu principalmente pela visibilidade, os olhares do mundo queriam saber o motivo pelo qual levou o Google a escolher justamente esse local para construir seu centro de pesquisa. Grandes empresas nacionais também começaram a se instalar no estado. A Usiminas iniciou trabalhos na cidade de Ipatinga e a Vale, voz da mineração, começou a de-

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senvolver suas atividades no estado. Todos os esforços contribuíram para o crescimento desse ecossistema de inovação. Expansão do ecossistema mineiro de tecnologia Em 2011, a indústria mineira de tecnologia que, já era grande, começou a se expandir para outras partes do estado que não estavam inclusas na região do Vale da Eletrônica do Brasil. Por toda Minas Gerais era possível identificar pequenos centros que direcionavam suas startups a solucionar grandes desafios. Desta forma, dentro do estado foram construídos polos de inovação voltados para o hardware, moda, agro, entre diversas outras áreas. Havia também um grande foco na mineração e na visão de indústria 4.0. Em razão disso, começaram a aparecer empreendedores extremamente interessados, criando uma comunidade de inovação em Minas Gerais. Grandes startups que temos hoje no Brasil começaram juntas em Belo Horizonte, como é o caso da Rock Content, a Hotmart e a Méliuz. Contudo, no início da década de 2010, o ecossistema local era muito incipiente. Não existiam no estado, figuras que podiam fazer a aceleração e o desenvolvimento das startups. Por essa razão, a Endeavor teve um papel importante no processo e trouxe maturidade para os empreendedores. Nesse momento começaram a surgir as primeiras aceleradoras em Minas Gerais. O ecossistema, que estava se aprimorando cada vez mais, possuía interessantes fomentadores. A Techmall, fundada em 2012, é uma aceleradora que surgiu com uma visão inicial

de simular um “supermercado” de startups. Nesse modelo, os investidores poderiam simplesmente escolher em qual startup investir, adicioná-las ao “carrinho” e “levar para casa”. Com isso, diversas startups de base começaram a ser fomentadas, e, futuramente, em 2015, a Techmall foi a criadora do Lemonade. O programa foi considerado como um dos maiores do mundo se tratando de aceleração de startups, desenvolvendo o processo em torno da pré-aceleração. Ao todo, o Lemonade ajudou mais de 320 startups de Minas Gerais a se desenvolverem, serem transformadas em produto mínimo viável (MVP) e a terem suas primeiras vendas. Esse foi o momento, que graças às diversas iniciativas, que o ecossistema mineiro começou a crescer exponencialmente. A contribuição do Estado no processo das startups Para se ter um ecossistema sustentável de novas tecnologias é necessário trabalhar com diversas fontes, sendo uma união de profissionais capacitados, empresas para a contratação das startups e também é fundamental que o Estado tome parte neste processo. Em 2013, o governo criou o maior programa de aceleração da América Latina, que foi nomeado como SEED. A ideia era trazer esse conceito no nome do projeto, plantar na capital mineira essa semente (traduzida para o inglês como seed) de inovação e contribuir com o ecossistema de Minas Gerais. O programa selecionava startups para receber uma bolsa de fomento de aproximadamente R$70 mil. Essa bolsa permitia às startups a contratação de equipe qualificada e estagiários, gerando um processo de


empregabilidade, assim como uma fusão de conhecimento. Em razão disso, todos os empreendedores cadastrados no programa do SEED, que estavam recebendo a educação empreendedora, inovadora e tecnológica para acelerar a sua empresa, tinham como contraponto fomentar esses conhecimentos em outros locais, como escolas públicas, universidades, etc. Em 2015, o projeto Agita, do SEBRAE, viabilizou a pré-aceleração de startups em todo o estado e pelo país afora. Estado e projeto de lei para startups Com o crescimento desse ecossistema tecnológico, notou-se a carência de um projeto de lei em benefício das startups. Com isso, em 2016, empreendedores e líderes de comunidades de startups de Minas Gerais se reuniram para defender esse projeto que beneficiaria as startups e seus participantes. Este movimento permitiu a conexão e união dos polos de inovação e tecnologia do estado, com a força para se posicionar no Brasil como um de seus grandes ecossistemas. Também esta ação permitiu a aproximação e o apoio do governo. Em detrimento disso, foram criados programas como o Minas Digital que facilitou a criação de um agente de inovação regional. Com isso, as comunidades do estado passaram a ter novas formas de fomento à inovação naquela localidade. Isso possibilitou a educação empreendedora de inovação e tecnológica de uma forma notável, com a difusão de conhecimento por Minas Gerais. Esses agentes também se tornaram responsáveis por levar even-

tos como Startups Weekends, Hackathons e palestras para todo o estado, como forma de disseminar o conhecimento adquirido ao longo do processo. Conquistas e próximos passos do mercado mineiro O desenvolvimento das comunidades de startups permitiu Minas Gerais a chegar em um nível alto de capacitação profissional para pessoas da área de tecnologia e empreendedorismo, principalmente aquelas que estavam iniciando sua jornada em startups. Em decorrência desse fato, hoje o estado é rico no setor de inovação, contando com mais de 600 startups. Destas startups, Minas Gerais apresenta grandes casos como MaxMilhas, ClubPetro, Rock Content, Social Bank, Sympla, Vitta e inúmeras outras que empregam milhares de pessoas no estado. Atualmente, o grande impulso de avanço para as comunidades é o incentivo para que mais investidores se aproximem das startups. Isso é necessário para aumentar o “oxigênio” dessas empresas de base tecnológica, até elas conseguirem se estabelecer e, eventualmente, vender a solução para as grandes empresas, gerando um ciclo de produtividade e empregabilidade. Podemos destacar grandes empresas como a Usiminas, Algar, Olé Consignados, VLI, ArcelorMittal, MRV e outras que possuem seus programas de inovação. O ecossistema vem se reestruturando em busca de iniciativas, projetos e comunidades que geram pertencimento para as novas

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gerações de empreendedores e entusiastas da comunidade de Startups. Uma destas comunidades que vem preparando grandes novidades para 2021 é o Esquina, que possui como um de seus objetivos fornecer uma porta de entrada para as pessoas que querem se tornar community leaders e ajudar a comunidade empreendedora de BH a se desenvolver. Iniciativas como a She’s Tech e o UberHub se mantiveram presentes e geram grandes resultados mesmo na pandemia. A She’s Tech obteve mais de 10 mil visualizações no YouTube durante o seu evento anual, e mais de 1 milhão de visualizações em seu TikTok , disponibilizando conteúdos de empoderamento para mulheres no ambiente da tecnologia. Já o UberHub obteve a incrível marca de 12 indicações a prêmios no Startup Awards 2020, maior premiação da comunidade de Startups do Brasil. Por fim, as expectativas aumentam, no dia 16 de Dezembro o SEED lançou seu novo Edital, com viés de Inovação Aberta buscando Startups para solucionar desafios do Governo de Minas Gerais. Serão 60 startups participantes com um capital semente de 80 mil para cada empresa de base tecnológica selecionada. A tríplice hélice da inovação em Minas Gerais é um grande caso de sucesso que devemos acompanhar e manter em nosso radar. Grandes expectativas para 2021.


revista


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