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Aproximei-me e arrisquei chamá-la pelo nome: - Estela! Por acaso, você é Estela? - Ai, que susto! Ouvi a mesma voz rouca. - Ah! Dona Amélia, filha de Dona Lurdes...Que saudades! Minha vida deu uma reviravolta depois que Dona Graça faleceu. Achei este meio fácil de ganhar dinheiro para poder me manter e, quem sabe, trazer minha família para a capital. A senhora imagine que já tenho um filho de cinco anos! Bem, quanto ao pai, não sei bem quem é. A conversa foi interrompida por um senhor, bem-apessoado, de terno e gravata, carregando uma pasta de executivo: - Vamos ,Estelita, hoje, estou muito apressado, pois tenho uma reunião com o Presidente do Tribunal. - Tchau, tchau, Dona Amélia...Até um dia... E lá segui eu, rumo ao metrô, pensativa e assustada com os caminhos da vida.