PAULO HOUAYEK PINTURAS

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Paulo Guilherme Schmidt Ortiz Houayek Alegrete, RS, 1947 - Rio de Janeiro, RJ 2001


SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000


SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre borracha EVA, 100x170cm

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SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre borracha EVA, 100x170cm


SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre borracha EVA, 100x170cm

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SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre borracha EVA, 100x170cm


SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre borracha EVA, 100x170cm

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SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre borracha EVA, 100x170cm


SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre borracha EVA, 100x170cm

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SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre pele curtida, 30x30cm


SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre pele curtida, 30x30cm

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SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre pele curtida, 30x30cm


SĂŠrie de Pinturas baseadas nas Manchas Rorschach, 2000 Tinta industrial sobre pele curtida, 30x30cm

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Série Círculo Arquetípico, 1999


Série Círculo Arquetípico, 1999 Tintas industriais sobre papelão semi-industrializado, 80x110cm

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Série Círculo Arquetípico, 1999 Tintas industriais sobre papelão semi-industrializado, 80x110cm


Série Círculo Arquetípico, 1999 Tintas industriais sobre papelão semi-industrializado, 80x110cm

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Série Círculo Arquetípico, 1999 Tintas industriais sobre papelão semi-industrializado, 80x110cm


Série Círculo Arquetípico, 1999 Tintas industriais sobre papelão semi-industrializado, 80x110cm

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Série Círculo Arquetípico, 1999 Tintas industriais sobre papelão semi-industrializado, 80x110cm


Série Círculo Arquetípico, 1999 Tintas industriais sobre papelão semi-industrializado, 80x110cm

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SĂŠrie Desenhos com folha de ouro, 1999


S茅rie Desenhos com folha de ouro, 1999 Tinta 贸leo, verniz e folha de ouro sobre papel vegetal, 61x45,7cm

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S茅rie Desenhos com folha de ouro, 1999 Tinta 贸leo, verniz e folha de ouro sobre papel vegetal, 61x45,7cm


S茅rie Desenhos com folha de ouro, 1999 Tinta 贸leo, verniz e folha de ouro sobre papel vegetal, 61x45,7cm

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S茅rie Desenhos com folha de ouro, 1999 Tinta 贸leo, verniz e folha de ouro sobre papel vegetal, 61x45,7cm


S茅rie Desenhos com folha de ouro, 1999 Tinta 贸leo, verniz e folha de ouro sobre papel vegetal, 61x45,7cm

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S茅rie Desenhos com folha de ouro, 1999 Tinta 贸leo, verniz e folha de ouro sobre papel vegetal, 45,7x61cm


S茅rie Desenhos com folha de ouro, 1999 Tinta 贸leo, verniz e folha de ouro sobre papel vegetal, 45,7x61cm

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SĂŠrie Passagem pela Pele, 1999


SĂŠrie Passagem pela Pele, 1999 Folha de ouro sobre pele de cotia 78x45cm

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SĂŠrie Passagem pela Pele, 1999 Folha de ouro sobre pele de cabra 100x70cm


SĂŠrie Passagem pela Pele, 1999 33


Pinturas, 1999


Pรกssaro e Ouro, 1999 Tinta acrilica e folha de ouro sobre linho. 45x66 cm

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Pรกssaro e Ouro, 1999 Tinta acrilica e folha de ouro sobre linho. 45x66 cm


Olho Fenício, 1999 Tinta acrílica e folha de ouro sobre tela 12x30 cm

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Sem TĂ­tulo, 1999 Tinta acrĂ­lica e folha de ouro sobre tela 12x30 cm


Mรกscara Mortuรกria, 1999 Tinta acrilica e folha de ouro sobre tela 30x12 cm

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Sem TĂ­tulo (Auto-Retrato), 1999 Tinta acrĂ­lica e folha de ouro sobre tela 15x15 cm


Sem TĂ­tulo, 1999 Tinta acrĂ­lica, folha de ouro e cabelo humano sobre tela 15x15 cm

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Sem TĂ­tulo, 1999 Tinta acrĂ­lica e sobre folha dourada 61x45,7cm


Sem Título, 1999 Tinta acrílica e folha de ouro sobre pele sintética 110x70cm

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Sem TĂ­tulo, 1999 Tinta acrĂ­lica e sobre folha dourada 61x45,7cm


Sem Título, 1999 Tinta acrílica e folha de ouro sobre pele sintética 15x10cm

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SĂŠrie Brancos Entardecidos, 1998


Sem Título, 1999 Tinta acrílica e folha de ouro sobre pele sintética 15x10cm

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Sem Título, 1999 Tinta acrílica e folha de ouro sobre pele sintética 15x10cm


Sem Título, 1999 Tinta acrílica e folha de ouro sobre pele sintética 15x10cm

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Sem Título, 1999 Tinta acrílica e folha de ouro sobre pele sintética 15x10cm


Sem Título, 1999 Tinta acrílica e folha de ouro sobre pele sintética 15x10cm

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SĂŠrie Itaocaia, 1998


SĂŠrie Itaocaia, 1998 Tinta latex, esmalte e verniz sobre lona branca, 80x170cm

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SĂŠrie Itaocaia, 1998 Tinta latex, esmalte e verniz sobre lona branca, 80x170cm


SĂŠrie Itaocaia, 1998 Tinta latex, esmalte e verniz sobre lona branca, 80x170cm

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Pinturas, 1998


Sem TĂ­tulo, 1998 Tinta acrĂ­lica e folha de ouro sobre tela. 45x66 cm

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Sem Título, 1998 Óleo sobre tela. 45x66cm


Sem Título, 1998 Óleo sobre tela. 45x66cm

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Sem TĂ­tulo, 1998 Tinta acrĂ­lica e folha de ouro sobre tela. 30x17cm


Sem Título, 1998 Óleo sobre tela. 66x45 cm

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Sem Título, 1998 Óleo sobre tela. 14x31cm


Sem TĂ­tulo, 1998 Tinta acrĂ­lica e folha de ouro sobre tela. 15x15cm

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Série Desenhos Fenícios, 1997


Série Desenhos Fenícios, 1997 Tinta vinílica e folha de ouro sobre papel Florentin (Grumbarcher), 45,7x61cm

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Série Desenhos Fenícios, 1997 Tinta vinílica e folha de ouro sobre papel Florentin (Grumbarcher), 45,7x61cm


Série Desenhos Fenícios, 1997 Tinta vinílica e folha de ouro sobre papel Florentin (Grumbarcher), 45,7x61cm

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Série Desenhos Fenícios, 1997 Tinta vinílica e folha de ouro sobre papel Florentin (Grumbarcher), 45,7x61cm


Série Desenhos Fenícios, 1997 Tinta vinílica e folha de ouro sobre papel Florentin (Grumbarcher), 45,7x61cm

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Série Desenhos Fenícios, 1997 Tinta vinílica e folha de ouro sobre papel Florentin (Grumbarcher), 45,7x61cm


Série Desenhos Fenícios, 1997 Tinta vinílica e folha de ouro sobre papel Florentin (Grumbarcher), 45,7x61cm

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Série Desenhos Fenícios, 1997 Tinta vinílica e folha de ouro sobre papel Florentin (Grumbarcher), 45,7x61cm


Série Desenhos Fenícios, 1997 Tinta vinílica e folha de ouro sobre papel Florentin (Grumbarcher), 45,7x61cm

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Sem Título, 1996 Óleo sobre tela, 60x30cm


Sem Título, 1996 Óleo sobre tela, 60x30cm

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Sem Título, 1996 Óleo sobre tela, 30x30cm


Sem Título, 1996 Óleo sobre tela, 60x30cm

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SĂŠrie ProcissĂŁo dos Nazarenos Encapuchados, 1991


SĂŠrie ProcissĂŁo dos Nazarenos Encapuchados, 1991 Aquarela sobre papel, 21x29,7cm

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SĂŠrie ProcissĂŁo dos Nazarenos Encapuchados, 1991 Aquarela sobre papel, 21x29,7cm


SĂŠrie ProcissĂŁo dos Nazarenos Encapuchados, 1991 Aquarela sobre papel, 21x29,7cm

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SĂŠrie ProcissĂŁo dos Nazarenos Encapuchados, 1991 Aquarela sobre papel, 29,7x21cm


SĂŠrie ProcissĂŁo dos Nazarenos Encapuchados, 1991 Aquarela sobre papel, 29,7x21cm

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SĂŠrie ProcissĂŁo dos Nazarenos Encapuchados, 1991 Aquarela sobre papel, 29,7x21cm


SĂŠrie ProcissĂŁo dos Nazarenos Encapuchados, 1991 Aquarela sobre papel, 29,7x21cm

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SĂŠrie ProcissĂŁo dos Nazarenos Encapuchados, 1991 Aquarela sobre papel, 29,7x21cm


SĂŠrie ProcissĂŁo dos Nazarenos Encapuchados, 1991 Aquarela sobre papel, 29,7x21cm

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Paulo Guilherme Schmidt Ortiz Houayek (Alegrete, RS, 1947 - Rio de Janeiro, RJ 2001) Pintor, desenhista, restaurador. Inicia seus estudos em artes em 1970, na Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, onde gradua-se em pintura quatro anos depois. Entre 1975 e 1979, estuda desenho e pintura e faz especialização em restauração, na Escola Superior de Belas-Artes de San Fernando, em Madrid. Foi um período de experiências marcantes: integrou equipe da Cátedra de restauração nos afrescos da Ermida de San Satúrio (Soria), com a equipe do Instituto Central num afresco romântico do século XII e nas pinturas murais de Goya, em Zaragoza. Na mesma cidade, realiza uma exposição individual, em 1978.

No ano seguinte, regressa ao Brasil e fixa residência no Rio de Janeiro. Ingressa, em 1983, como professor de pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro - EBA/UFRJ.

Em 1986 é convidado a fazer um mural no Centro de Cultura em Alegrete, RS.

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Em 1988 retorna a Madrid para um doutoramento na Universidade Computense, em 1993 defende sua tese em teoria de pintura contemporânea intitulada: “Processos Pictoricos Contemporâneos”

Em 1994 retorna a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Colabora com Carlos Zilio para a implementação do programa de pós-graduação em Linguagens Visuais da Escola de Belas Artes, UFRJ. Em 1999 é nomeado coordenador do programa. Este é de grande importância na formação de uma nova geração de artistas contemporâneos cariocas.

Em 1996 é convidado a fazer um conjunto de pinturas murais no edifício do Aeroporto Alegrete Novo em Alegrete, RS.

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Exposições Individuais • 1973 - Porto Alegre RS - Individual, no Margs • 1974 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria Yazigi • 1978 - Madri (Espanha) - Individual, na Galeria EGAM • 1979 - Porto Alegre RS - Individual na Galeria do Clube do Comércio • 1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino • 1981- Porto Alegre RS – Individual na Kraft Escritório de Arte • 1982 - São Paulo SP - Individual, no Masp • 1984 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria Tina Presser • 1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino • 1986 - Alegrete RS - Individual, na Galeria Sobrado • 1986 - Itanhangá RJ - Individual, no Cláudio Gil Estúdio de Arte • 1986 - Niterói RJ - Na Ponta do Lápis, na UFF. Galeria de Arte • 1986 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria Tina Presser

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Exposições Coletivas •s.d. - Barcelona (Espanha) - 2ª Bienal de Pintura Contemporânea de Barcelona •s.d. - Madrid (Espanha) - Galería Círculo 2 •s.d. - Madrid (Espanha) - Galería Abril •s.d. - Madrid (Espanha) - Galería Orfila •s.d. - Zaragoza (Espanha) - Galería Costa 3 •s.d. - Toledo (Espanha) - 2ª Bienal de Toledo •s.d. - Oviedo (Espanha) - Galeria Benedectt •s.d. - Colômbia - Gráficos do Brasil •s.d. - México - Gráficos do Brasil •s.d. - Kanasawa (Japão) - Arte Gaúcha •s.d. - Santos SP - 1º Salão do Artista Jovem de Santos - prêmio aquisição •s.d. - Santos SP - 2º Salão do Artista Jovem de Santos - prêmio em desenho •s.d. - Santos SP - 3º Salão do Artista Jovem de Santos •s.d. - Santos SP - 4º Salão do Artista Jovem de Santos •s.d. - Santos SP - 5º Salão do Artista Jovem de Santos 91


•1972 - Curitiba PR - 29º Salão Paranaense - prêmio aquisição •1973 - Curitiba PR - 30º Salão Paranaense, no Teatro Guaíra - prêmio aquisição •1973 - Santo André SP - 6º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal •1979 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna •1980 - Curitiba PR - 2ª Mostra do Desenho Brasileiro, no Teatro Guaíra - prêmio aquisição Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais •1980 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu Nacional de Belas Artes •1980 - São Paulo SP - 12º Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna •1981 - Recife PE - 34º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, no Museu do Estado de Pernambuco •1981 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna •1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna 92


•1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas •1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna •1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna •1985 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construção: 21 artistas contemporâneos, na Galeria do Centro Empresarial Rio •1985 - Rio de Janeiro RJ - Velha Mania: desenho brasileiro, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage •1986 - Niterói RJ - Na Ponta do Lápis, na Galeria de Arte da Universidade Federal Fluminense •1986 - Porto Alegre RS - Caminhos do Desenho Brasileiro, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli •1987 - Belo Horizonte MG - 19º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte, no Museu de Arte da Pampulha •1987 - Curitiba PR - 44º Salão Paranaense, no Museu de Arte Contemporânea •1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna 93


•1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi •1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no Museu de Arte Moderna •1999 - Mostra de arte Alef Zero, Escola de Belas Artes, Uiversidade Federal do Rio de Janeiro •2000 - Milão –Itália -Mostra de Arte Imagini Riflessa, Casa degli Artisti •2000 - Rio de Janeiro, RJ - Mostra de Arte Atelier FINEP, Paço Imperial •2000 - Rio de Janeiro, RJ - Inauguração do Espaço Cultural Ana Nery da Escola de Enfermagem -UFRJ

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Prêmios •Prêmio Aquisição – 29º Salão Paranaese, Curitiba •Prêmio Aquisição – I Salão do Artista Jovem de Santos, São Paulo •Medalha de Bronze – Mostra de Arte do Sesquicentenário, Porto Alegre •Prêmio de Desenho – II Salão do Artista Jovem de Santos, São Paulo •Prêmio Aquisição – II Mostra do Desenho Brasileiro, Curitiba

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Textos Críticos Carlos Scarinci 1973 O desenho de Paulo Houayek tem conquistado, no seu próprio processo genético, um espaço de significações onde se tem revelado a problemática e o mistério do ser humano. Mas o procedimento pelo qual se articulam estas oposições e semelhanças, este caminho do espírito que busca dilucidar este destino e esta gênese, não percorre aqui a trilha dos acidentes de um pensamento discursivo. Ao contrário se elabora no próprio momento em que se produz como desenho, como linearidade pura, estabelecendo suas próprias leis, uma lógica outra que só visualmente se pronuncia.

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Textos Críticos Ferreira Gullar Revista ISTO É – n˚ 228, 6 de maio de 1981 O seu modelo é o inglês Francis Bacon, mestre da expressão solitária e poderosa cuja influência só tardiamente se faz sentir no Brasil. Em compensação na Argentina, na década de 60, agiu poderosamente sobre toda uma geração dando origem ao Grupo Nova Figuração, que teve como um dos seus principais expoentes o pintor Felipe Noé. Este grupo absorveu sobretudo a violência da arte de Bacon, enquanto que Houayek mais comedido, apreende a linguagem do inglês com “estilo” e como um território a explorar. Faz assim uma nova leitura de Bacon e, a partir dele, oferece-nos um mundo gráfico fascinante e até mesmo requintado. Isso se manifesta sobretudo nos desenhos. Nestes a composição, ainda que aparentemente aleatória, é definida e quase solene em alguns casos.

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Textos Críticos Marc Berkowitz Abril de 1981 Dentro do despojamento da obra de Paulo Houayek é interessante notar o aspecto essencial, inevitável, de cada traço, cada ponto. Nada é gratuito, mas ao mesmo tempo não se sente a mínima premeditação. Tudo Flui.

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Textos Críticos Armindo Trevisan Agosto de 1981 Houayek é um artista rigoroso. É capaz de sacrificar o prazer de um reconhecimento (um dos grandes prazeres que qualquer mimese), ao prazer maior, mais profundo e mais difícil, do conhecimento, ao desentranhar de sua obra dimensões de organização e sensibilidade.

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Textos Críticos Pietro Bo Bardi MASP – Abril 1982 No panorama da pintura brasileira destes últimos decênios as preferências pelas tendências de circulação internacional são numerosas, e espelham a situação assemblagística do século irrequieto e instável. Os mestres estrangeiros, condicionadores das propostas, produziram seguidores num conjunto em que é complicado distinguir valores. Então a proposta dos que pretendem ver claro e, possivelmente, prever posições estáveis no futuro torna-se difícil. Superando dúvidas e preocupações, o caso de Paulo Houayek, me parece estar de acordo com Ferreira Gullar que, notando a simpatia do gaúcho por Francis Bacon, escreveu “oferece-nos um mundo gráfico fascinante e até mesmo requintado”. Paulo, no seu desenhar e pintar, desmonta as figures para recompô-las em imagens que tendem a se integrar numa sua comunicação da realidade humana, sinalizando fisionomias, projetando-as num limbo solitário, onde a melancolia e 100


um campear de tristeza prevalecem. Trata-se de um manifestar compreensível aos que sabem distinguir entre originalidade e consumismo pictórico, uma contribuição, rica em pensamentos, para o retorno às fontes humanas desta seriíssima atividade denominada arte.

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Textos Críticos Roberto Pontual “(...) o seu trabalho assumiu as características que ainda hoje o definem, concentradas basicamente na expressão pela inquietude do traço, nervoso e fulminante mesmo quando exercido em termos de pintura. Seu objetivo é a figura humana, muitas vezes apenas o rosto, região de encontro de olhares tensos e esgares impiedosos. A rapidez desse traço em marcha permanente deixa escarificações no seu percurso, e por elas sobem à superfície do papel ou da tela, como emanações de sangue, os fantasmas indormidos de uma visão ácida do mundo. Nada é para ser nítido ou completo, ali, no reino arrepiado da amnésia e da sombra”.

PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Prefácio de Gilberto Allard Chateaubriand e Antônio Houaiss. Apresentação de M. F. do Nascimento Brito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987.

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Textos Críticos Carlos Zilio Revista Arte e Ensaio, Ano VIII, n˚8, 2001 Dia-a-dia Paulo Houayek foi um dos primeiros professores que conheci quando entrei para a Escola de Belas Artes, em 1994. Ao longo dos anos, uma convivência próxima nos levou à elaboração e construção, com outros colegas, da Área de Linguagens Visuais em 1995, e sua última atividade como professor foi justamente, a coordenação desta pós-graduação. A escala de compromissos de coordenador pode ser, quando devidamente exercida, uma atividade que leva a transformações na dinâmica da pós-graduação e expõe muito o coordenador. A gestão de Paulo, ainda no primeiro ano, tomava esse rumo. Minha impressão é a de que, entusiasmado com o processo de afirmação por que a experiência da pós-graduação passava, Paulo enfrentou o compromisso de forma extremamente positiva, mas que, para ele, era sobretudo um exercício de superação de uma postura de pouca visibilidade pública que, me 103


parece, ele havia adotado como política pessoal na Escola de Belas Artes. Formado com orientação voltada para a arte contemporânea, sua inserção na Escola não poderia ocorrer de modo inteiramente compatível. Foi, assim, obrigado no dia-a-dia a desenvolver uma estratégia capaz de reservar um espaço produtivo para os ensinamentos que queria transmitir. Sem alarde ou maiores conflitos, conseguiu detectar em sua atividade diária na graduação os jovens de mais talento. Para esses, em particular, Paulo foi um importante referencial não só durante aquele período, como, também, no incentivo de prosseguir e cursar a pós-graduação. À medida que via os resultados de seu trabalho, pude constatar o quanto crescia seu entusiasmo. Discretamente, como era de seu feitio, lutou pela viabilidade física e de infra-estrutura para a área de Linguagens Visuais e participou de maneira intensa de suas publicações e atividades. É difícil prever se essas aquisições para a formação do artista na Escola de Belas Artes terão continuidade. As resistências são grandes, e a inércia, certamente, nunca é favorável. E isso se torna ainda mais árduo com a ausência de Paulo se sua disposição para superar dificuldades. Já existem, porém, um conjunto de realizações reconhecidas; jovens artistas de grande potencial e que passariam ao largo da Escola de Belas Artes hoje se in104


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