Hi Hat Girls Magazine #2 - Nicki Wicked (Crucified Barbara)

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BIBA MEIRA ARIADNE SOUZA PITCHU FERRAZ BIBA MEIRA - ARIADNE SOUZA - GIRLS ROCK CAMP BRASIL - PITCHU FERRAZ - GIRLS ON DRUMS SP - GRACIELLI FONSECA



Brasil, fevereiro de 2012 Olá a tod@s! Estamos de volta nesta segunda edição da Hi Hat Girls com muita coisa boa! Após o lançamento da revista em setembro de 2012, muitas meninas entraram em contato, interessadas em participar de alguma forma da publicação. Assim, preparamos com muito carinho pra vocês uma revista cheia de matérias incríveis e entrevistas super especiais! Nesta edição, entrevistamos as bateras brazucas Rika Barcellos, Biba Meira e Ariadne Souza, Pitchú Ferraz e, com exclusividade, Nicki Wicked, as baquetas da Crucified Barbara. Além disso, soubemos do lançamento de um documentário sobre as Mulheres do Metal brasileiro, e fomos bater um papo com a idealizadora deste projeto, Gracielle Fonseca. Falaremos ainda sobre o evento Girls on Drums São Paulo, festival que incendiou o Manifesto Bar! E claro, não poderíamos deixar em branco o primeiro Girls Rock Camp Brasil, acampamento para meninas com proposta de inicia-las na música e arte. Linda experiência vivida de perto pela batera Fernanda Terra, uma das instrutoras de bateria do camp. Enfim, tem muita coisa boa acontecendo, e tratamos de conferir a maioria delas. Esperamos que possam curtir a nova edição da Hi Hat Girls, que apresenta oficialmente suas novas colaboradoras: Bya de Paula e Carol Pasquali. Boa leitura a tod@s! Um beijo! Hi Hat Girls Magazine


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NICKI WICKED - Página 8 RIKA BARCELLOS - Página 14 BIBA MEIRA - Página 19 ARIADNE SOUZA - Página 22 GIRLS ROCK CAMP BRASIL - Página 32 PITCHU FERRAZ - Página 36 GIRLS ON DRUMS SÃO PAULO - Página 40 GRACIELLI FONSECA - Página 42 LISTA BATERISTAS BRASILEIRAS - Página 46 COLETÂNEA HI HAT - Página 47

Arte e Design - Fernanda Terra. Editorial, entrevista Ariadne Souza e Gracielle Fonseca - Julie Sousa Texto coletânea e entrevista Rika Barcellos - Michele Zingel Entrevista Pitchu Ferraz - Simone Del Ponte Entrevista Nicki Wicked - Carol Pasquali Resenha Girls Rock Camp Brasil - Liege Milk Resenha Girls on Drums SP - Lucy Peart Biba Meira - Bya de Paula



Hi Hat Girls Magazine Quando falamos em Heavy Metal, dificilmente associamos sua imagem com as mulheres. Historicamente é um meio machista e povoado, em sua maioria esmagadora, por cuecas. Antigamente as mulheres assumiam apenas o posto de vocalistas, como a Doro Pesch por exemplo. Com o tempo foram ganhando mais espaço nas bandas, onde o teclado e o baixo eram os instrumentos preferidos delas. Hoje em dia, é possível ver bandas extremas que contam somente com mulheres na formação – a Hellarise é um belo exemplo. E isso é muito legal, pois conseguem fazer um som tão bom quanto o dos homens (e muitas vezes até melhor). Confesso que ainda me assusto ao ver uma mulher cantando gutural, talvez pelo contraste gritante entre a imagem delicada e o som cavernoso que sai de suas privilegiadas cordas vocais. Não conseguia acreditar que aquela voz no disco do Arch Enemy era vociferado por uma tal de Angela Gossow. Obviamente sabemos que elas ainda não chegaram ao nível técnico que os homens já possuem há décadas, mas estão no caminho certo. Imagina uma mulher tocando bateria como o mestre Gene Hoglan ou solando como Steve Vai? No mínimo interessante de se ver! A Hi Hat Girls Magazine sai na frente e merece nossos aplausos e respeito pela iniciativa de criar uma revista voltada para mulheres bateristas! É extremamente importante para que a cena cresça ainda mais e se torne cada vez mais profissional e relevante! Sinceramente fico muito feliz por mais essa igualdade alcançada e vejo com bons olhos essa revolução feminina dentro do Metal. Que venham ótimas e novas bandas com mulheres na formação! Por Pedro Humangous – Editor Chefe da revista Hell Divine


Por Carol Pasquali - Fotos por Edu Lawless

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HiHatGirls Entrevista Nicki Wicked (Crucified Barbara) No meio do mês de novembro de 2012, a banda sueca Crucified Barbara veio pela primeira vez à América do Sul em sua turnê brasileira. Foram seis apresentações nas cidades de Goiânia, Brasília, Florianópolis, São Paulo, Maceió e Porto Alegre, que arrastaram centenas de pessoas - em sua maioria mulheres - que foram conferir o lançamento do novo disco da banda, o “The Midnight Chase”. O cd é o terceiro álbum da banda que, com seus dois primeiros, repercutiu aos quatro cantos do mundo. Muito simpática e animadas, as “Barbs” dizem que querem visitar outros continentes com o lançamento. Fomos os primeiros e elas dizem que já existem planos e datas marcadas para os Estados Unidos. Elas encontraram no Brasil, fãs que cantaram e empolgaram os shows e se depararam com bandas nacionais também formada apenas por mulheres. É claro que a HiHatGirls não ia perder a chance de trocar algumas palavras com a baterista Nicki Wicked. Entre os shows, paradas para autógrafos, sessões de fotos e enrevistas ocuparam a agenda das Barbs e foi aí que conseguimos nossos 15 minutos. Confira o que ela fala sobre sua carreira e a banda.

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HiHatGirls - Vamos começar o óbvio. Por quê você escolheu a bateria como seu instrumento? Nicki Wicked - Ah, faz tanto tempo… São muitos e muitos anos… Eu nem pensei sobre isso no começo. Eu tinha 14 anos quando comecei e não tinha nenhum sonho em ser baterista ou coisa assim, simplesmente aconteceu. Eu dançava bastante e era ginasta e talvez seja daí que eu aprendi a questão do ritmo, porquê eu estava sempre ouvindo música. O que eu ouvia muito na época era Nirvana e outras bandas de grunge. Naquela época, entre 94 e 95, eu tinha uns 11 anos e percebi que estava sempre ouvindo a bateria das músicas. Então eu tentei começar a tocar bateria em uma banda, mas eu não conseguia tocar direito. Então a Ida (Evileye, baixista da banda) me encontrou na rua, andando com minhas baquetas e ela perguntou “Quer tocar na minha banda? Nós não temos baterista.” e eu disse “Sim, claro! Posso tentar.” HHG - Então vocês não se conheciam quando você entrou pra banda. NW - Não. Nós somos de lados diferentes da cidade. Nós nos conhecemos através da música. Quando eu comecei a tocar na banda, as garotas achavam que eu não tocava bem, que eu era uma droga… E era verdade! (risos) Mas aí nós fomos aprendendo juntas a tocar.

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HHG - Você já passou por alguma dificuldade ou sofreu algum tipo de preconceito por ser baterista? NW - Por ser baterista? Essa é uma pergunta difícil, porquê eu nunca pensei a respeito. Nunca me aconteceu das pessoas me tratarem diferente porque eu sou mulher. Na verdade é o contrário. Isso foi um ponto positivo para conseguir patrocínio, por exemplo. Quando a gente entra em contato eles dizem “Claro! Precisa-

mos de mais garotas nos negócios!”. Na verdade eu nunca penso sobre isso. Quando as pessoas me fazem essa pergunta eu não sei o que responder, eu acho uma pergunta difícil de se responder. HHG - Ah, mas o fato de ser uma pergunta difícil por você não ter tido nenhum problema é ótimo! NW - Mas é claro que, como tudo que fazemos na vida, nós encontramos pessoas que são rudes ou estúpidas com a gente. Mas eu não dou bola. HHG - Você é autodidata em bateria. Como… (fui interrompida)


NW - Eu nunca aprendi. Quer dizer… eu não pratico. HHG - Como você aprendeu e como você mantém a disciplina dos seus estudos? NW - Essa é a questão, eu nunca pratico, então eu não tenho disciplina. Eu quero aprender a tocar melhor, eu quero praticar, mas sempre tem muita coisa acontecendo, falta tempo. Eu preciso achar um bom professor e começar a ter aulas, porquê, claro, eu quero evoluir como baterista. Eu tentei ter algumas aulas, mas era tão chato. O professor começou com aquelas

coisas de rudimentos e tal, então eu parei. Algumas vezes eu tento tocar ouvindo meu iPod, coloco os fones de ouvido e toco junto com as músicas que eu gosto. Isso é uma coisa legal de fazer. E eu tenho mais ou menos uns 5 tipos de exercícios que eu faço para aquecer antes de tocar. Eu quero muito ter aulas, mas eu sou preguiçosa. Eu nunca fui de ficar assistindo bateristas, mas agora que eu tenho mais contato e frequento festivais, ver meus ídolos tocando é uma grande inspiração pra mim. Eu fico pensando “Isso que ele fez é legal, talvez eu possa copiar.” HHG - Quando você começou, que bandas e estilos musicais você tocava enquanto ouvia no seu iPod? NW - Eu não era de praticar quando eu comecei, mas quando eu comecei a tocar

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junto com a música que eu estava ouvindo, eu ouvia The Police, que tem um baterista especial, é bem difícil; ouvia Rush também. Fazia isso com algumas músicas de bandas legais de hardcore que temos na Suécia da década de 90. Tem uma que é muito legal, eles têm dois bateristas e é tão legal vê-los ao vivo. Gosto muito dos três discos que eles gravaram, mas a banda acabou há mais de dez anos. Gosto de ouvi-los até hoje, me lembra minha infância, quando eu costumava ouvir os discos de vinil. É outro estilo bem diferente do nosso, mas eu acho muito legal. HHG - Qual set de bateria você usou pra gravar o “The Midnight Chase”? NW - Usei meu kit sexy, rosa e brilhante Absolute Costume Maple da Yamaha. E pratos da Sabian. Teve uma coisa legal durante as gravações. A cada música, o produtor e o engenheiro de som que gravaram o disco, mudavam a caixa. Usamos cerca de 8 caixas diferentes, afinadas de em diferentes tons, pra gravar todo o disco. E eles eram tão bons em ouvir as músicas e perceber o que era melhor… Eu estava com tudo ensaiado, nós ensaiamos muito antes de ir para o estúdio. Eu tinha cada nota das músicas decoradas, já tinha aquela memória muscular do movimento de cada música e aí eles percebiam que era melhor atacar ou conduzir em outro prato, por exemplo. Daí eu estava gravando e tinha que mudar isso e eu errava toda hora pois

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já tinha aquela memória muscular. Então foi um processo demorado para acertar tudo, repeti várias vezes. Mas no fim ficou um trabalho muito bom. Tiramos o melhor do set em cada música. HHG - Como está sendo fazer parte de uma banda que se tornou famosa e está viajando pelo mundo? Como é viver esses momentos diferentes da banda, começar tocando na sua cidade e estar aqui hoje, do outro lado do oceano?


NW - É ótimo! Nós estamos trabalhando duro desde 1998. Nós pensamos igual, temos os mesmos objetivos e estamos muito orgulhosas de onde conseguimos chegar. Nossos objetivos mudam o tempo todo e estamos muito felizes de estar aqui no Brasil. Nós estávamos tentando vir pra cá há um certo tempo. Tinha muita gente que dizia “Venham pra cá!” nos últimos anos. E agora estamos muito felizes de termos conseguido chegar aqui, mas também queremos ir à lugares que ainda não fomos, escrever músicas melhores e tantos

outros objetivos que já temos traçados. Nós somos felizes porquê temos essa banda. Somos melhores amigas e viajar com as melhores amigas e tocar com elas é a melhor coisa! Estamos vindo de uma turnê na Alemanha, Suíça e passamos duas semanas na Áustria e foi muito legal. Nós amamos fazer turnês. HHG - Pra finalizar, deixe uma mensagem para as leitoras da HHG e bateristas do Brasil. NW - Sejam melhores do que eu e pratiquem muito, porquê praticar é o principal pra que você seja cada vez melhor. E se quiserem tocar em uma banda, procurem amigos que amem música, que tenham os mesmos objetivos que vocês. Isso é o mais difícil, porquê se uma pessoa tiver objetivos diferentes, já dificulta o trabalho de todo o resto da banda. É isso que nós temos. Queremos as mesmas coisas e lutamos juntas. E não desistam!

*Entrevista e reportagem por Carol Pasquali ** Tradução livre da entrevista por Carol Pasquali *** Carol Pasquali é baterista há 10 anos, 6 deles dedicados à banda goiana Girlie Hell

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RIKA BARCELLOS (Porto Alegre – RS) – por Michele Zingel Fotos: Danny Bittencourt

Rika Barcellos nasceu em 1984, em Bagé (RS) e teve o seu primeiro contato com a bateria aos 3 anos de idade. Aos 14 anos, estava em sua primeira banda de rock, Phosphorus, e pode excursionar pelo Rio Grande do Sul, gravar músicas e tocar em rádios, como a Atlântida, uma das maiores do sul do país. Logo após entrou para o grupo Fift (ska, bossa, jazz) com o qual ganhou o Festival Kawai. Agora já faz sete anos que Rika está na banda feminina As BahGualadas, que toca música regional com pitadas de rock’n’roll. O grupo participou do Planeta Atântida, no palco Gaudério Pop e já apareceu em programas de TV da MTV, RBS, Record, além de mídias impressas, como o jornal Zero Hora. A discografia conta com dois álbuns independentes e o cd “Vanera Pop Club” lançado pela Fogo Discos (SC). Os shows já passaram pelos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Brasília e Roraima, além de outros países, como Argentina e Uruguai. Rika também trabalha com outras bandas de estilos diferentes. Acompanha o cantor/compositor João Kanieski (mpb urbano com uma pitada de rock’n’roll) e a cantora/compositora Lara Rossato (pop rock que tem como influências artistas latinas como Soledad, Julieta Venegas e Francisca Valenzuela). Também tem seus projetos pessoais, como a Banda OZ (rock protesto), que foi convidada a participar do Fórum Social Mundial na Palestina 2012 e está em processo de gravação do seu primeiro cd. Além de fazer parte do grupo Nostresdamus, power trio feminino que conta com músicas dos anos 90 em seu repertório, como Spice Girls, Hanson e Roxette. Além disso, a batera gaúcha atua como free lancer para diversos gêneros musicais e estuda no Instituto Bateras Beat de Porto Alegre. É com muita alegria que apresentamos esta entrevista com ela. Mais uma vez: Obrigada, Rika!

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HHG - Rika, então quer dizer que você teve seu primeiro contato com a bateria com apenas 3 anos de idade? Conte-nos mais sobre isso! A minha casa sempre foi repleta de música! Minha mãe tem o dom de cantar e entende muito de harmonia, embora não tenha cantado em nenhuma banda, está sempre cantarolando. Como ela é muito eclética, minha infância foi escutando e entrando em contato com vários gêneros musicais como Supertramp, Queen, Roupa Nova, Caetano Veloso, Pink Floyd, Ivan Lins e até mesmo samba. Meu pai é músico, guitarrista e violonista, o que facilitou de certa forma para encontrar meu caminho na música, afinal acompanhava os ensaios e absorvia todos os estilos musicais que sua banda abordava. Eles tinham um estúdio localizado em um galpão enorme e lá eu considerava o paraíso, pois tive contato com todos os instrumentos. Em um certo ensaio o baterista não compareceu e foi a minha deixa, saltei pra bateria e comecei a “batucar”, só lembro que fiquei muito triste que não conseguia alcançar os pés no pedal, lembro-me também do vocalista apontando para seu próprio ouvido e me encarando com um olhar doce, sorrindo e dizendo, “presta atenção no som, escuta o que está fazendo”. Imagina, com três anos de idade, o meu solo deveria estar péssimo (risos). Ali tive a certeza de tudo na minha vida, minha carreira e de como mantela.

Em um certo ensaio o baterista não compareceu e foi a minha deixa, saltei pra bateria e comecei a “batucar”, só lembro que fiquei muito triste que não conseguia alcançar 16 os pés no pedal

HHG - Você que toca em projetos de estilos diferentes, o que pode dizer sobre o preconceito em relação a ser uma mulher baterista? Você encontrou mais entraves desse tipo tocando música regional gaúcha ou rock’n’roll? Esse preconceito existe, mas sempre encarei como um desafio. Estudo e me dedico muito para ter o reconhecimento devido. Hoje em dia não sinto mais o preconceito na pele, mas ainda assim preciso provar muitas coisas pra mim, não para as pessoas. No meio regional observo que este preconceito é mais acentuado que no meio do rock. Com a banda As Bahgualadas já passei por uma situação onde chegaram a pedir o CD para o playback, pois duvidaram não só de minha capacidade de

executar as músicas ao vivo, mas da banda como um todo. Toda a banda é muito dedicada à música e dão conta do recado, tenho muito orgulho de ter feito parte dessa banda. Realmente fizemos história na música gaúcha.

Hoje em dia não sinto mais o preconceito na pele, mas ainda assim preciso provar muitas coisas pra mim, não para as pessoas. HHG - Hoje, qual é a sua rotina de estudos baterísticos? Eu procuro estar sempre em dia com as novidades do meio, lendo revistas, comprando DVDs, vídeo aulas, livros.


Como moro em um apartamento, é complicado de estudar como gostaria, acabo tirando as músicas no carro, ou em casa mesmo. Minha vida é uma correria, minha agenda é com bandas de estilos diferentes, portanto linguagens diferentes, shows diferentes, estúdios diferentes e integrantes diferentes. Isso só me motiva a estudar mais e a estar preparada para todos os tipos de trabalho. Sempre que posso, estudo no pad, faço um aquecimento com rudimentos básicos, vou aumentando a velocidade e depois passo a leitura, sempre com metrônomo.

casa, apesar de não tocá-los com frequência. Minha paixão pelo baixo vem de muito tempo atrás, inclusive já estudei teoria musical no Instituto de Belas Artes, o IMBA, em Bagé – RS, minha cidade natal, porém logo em seguida já fui chamada para fazer os testes para a banda As Bahgualadas em Porto Alegre. Esse ano adquiri um ukulele e estou adorando, inclusive no set que uso com a cantora Lara Rossato, toco em algumas músicas no show. Acho muito importante entender e estudar outros instrumentos, isso só soma, abre um leque de oportunidades e recursos, e me proporciona as ferramentas necessárias na hora de compor. Tenho gravado algumas coisas em casa mesmo e gosto de tocar todos eles, gravando, re-gravando e sentindo o que encaixa ou não. Eu sinto isso como mais uma forma de estudo.

Em janeiro, entro em estúdio para gravar com a minha banda do coração, a Café com Whisky, que ganhou o festival de música da Univates 2012, lançamos o CD em Março/Abril. É Uma honra tocar com esses grandes músicos. Tenho gravações marcadas também com a Lara Rossato, que representa a música latina com muita qualidade e talento.

HHG - Deixe aqui o seu recado para as meninas que ainda se sentem inseguras para começar a tocar bateria. Pode contar uma situação difícil pela qual você já teve que passar. Manter o foco na música! Minha vida é uma correEscutar e estudar todos os estilos, ria, minha agenda é com tentar aperfeiçoar sempre. Nunca bandas de estilos diferse sabe a “gig” que vai aparecer. Aconteceu comigo uma situação entes, portanto linguaque foi bem chata e não consigo gens diferentes, shows esquecer, tocava na época com diferentes, estúdios diferuma banda de Bagé chamada Phosphurus., viemos fazer um entes e integrantes diferentes. Isso só me motiva Acho muito importante show em Porto Alegre, dividimos o palco com outra banda. Na pasa estudar mais e a estar entender e estudar out- sagem de som já percebíamos preparada para todos os ros instrumentos, isso só umas risadinhas e cochichos, ensoma, abre um leque de fim, éramos a primeira banda, tipos de trabalho. oportunidades e recursos, coloquei os pratos e começamos o show, como era de Rock mais HHG - Ídolas bateristas mulheres? e me proporciona as ferpesado e toco muito forte, uma de Não tenho como não citar Vera Figueiredo, não por ser uma ex- ramentas necessárias na minhas baquetas quebrou e não tinha uma reserva, pois já vínhamcelente baterista e profissional, hora de compor. os de uma longa tour e acabei não que isso não tem como negar, mas por seus projetos, por exemplo o HHG - Até agora, qual foi o mo- tendo tempo pra comprar, o temBatuka! Brasil International Drum mento mais marcante da sua car- po que tinha eu tirava para dormir. Avisei a vocalista que tinha quebFest, que é um dos principais festi- reira? vais do Brasil nesse gênero. É difícil escolher um momento ap- rado e segui tocando com meia enas, mas esse ano fui homenage- baqueta. Ela desceu, falou com o HHG - Você toca outro instru- ada pela OMB - Ordem dos músi- pessoal da outra banda e eles se recusaram a emprestar a baquemento musical? Como isso pode cos do Brasil. Inesquecível. ta. Bom, terminei o show assim complementar o seu jeito de tomesmo, toquei as 6 ou 7 músicas car bateria? HHG - Projetos futuros? Como tive contato com vários in- Sim, muitos...Um deles é lançar que faltava, atacando nos pratos e strumentos muito cedo, acabei meu livro sobre bateria para crian- com muita raiva, meus dedos sanaprendendo um pouco de cada ças. Estou estudando, lendo muito graram, alguns cortes de manchar um, entre eles: violão, guitarra, e recolhendo material. Comecei a calça de sangue. baixo, teclado, então entendo alguns esboços e gostaria de lan- A partir dessa situação, a minha postura em relação a emprestar um pouco e tenho todos eles em çar em breve.

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equipamento se modificou até hoje, nunca me neguei de emprestar equipamento, mesmo que para isso eu tivesse que ficar esperando até o final do show. Acho essa uma dica preciosa pra quem está começando, por que na estrada é muito normal dividir a bateria. Portanto a generosidade e humildade nessa área são muito importantes.

Nunca me neguei de emprestar equipamento, mesmo que para isso eu tivesse que ficar esperando até o final do show. A generosidade e humildade nessa área são mui18 to importantes.

Contato: http:// www.rikabarcellos.com.br http://www.facebook.com/rika.barcellos contato@rikabarcellos.com.br


Biba Meira por Bya de Paula

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Para “abrir os trabalhos” aqui com a HiHat (aproveitando para agradecer as Boas Vindas!), gostaria de apresentar uma baterista, conterrânea minha e que admiro bastante pela irreverência, pela riqueza das suas composições nas bandas em que fez parte. Ana Isabel Meira, a Biba Meira, é Licenciada em Música, pelo Instituto Porto Alegre (IPA) e Especialista em Pedagogia da Arte, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em 1987 foi escolhida pela revista Bizz como a melhor baterista do ano e com o DeFalla também conquistou o prêmio de melhor baterista, entre outros prêmios da banda. Biba marcou forte presença nas bandas Urubu Rei, que contava com a presença do hoje produtor musical Carlos Eduardo Miranda, além das bandas de Edgard Scandurra (IRA!), de Carlo Pianta (Graforréia Xilarmônica) e do grupo As Gurias, Atualmente, Biba voltou a tocar com a DeFalla e com Wander Wildner entre outras bandas como Justine, Sinatra e o Projeto Ovelha. Com Carlo Pianta, criou e dirigiu a Escola de Música Beethoven, onde lecionou durante dez anos. Hoje trabalha com musicalização infantil nas escolas de Educação Infantil Amiguinhos da Praça e Tempo de Crescer. Dá aulas particulares de bateria e violão em seu estúdio próprio, em Porto Alegre.

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Fiz algumas perguntas à Biba para nos contar assim um pouco da sua história, suas influências e seus projetos. HHG- No DeFalla podemos perceber inúmeras influências e referências a vários estilos musicais. Mas falando de gosto pessoal, algum estilo em especial te influenciou a começar a tocar bateria? Antes de iniciar minha carreira, ouvia muito rock e funk. Decidi começar a tocar bateria quando ouvi King Crimson. Fiquei impressionada com o Bill Bruford. Outros bateristas também me influenciaram muito quando comecei a tocar. John Bonham, Keith Moon, Tony Thompson e Phil Collins eram os meus preferidos! HHG- Urubu Rei foi sua primeira banda, certo? Há quanto tempo já tocava bateria? Sim o Urubu Rei foi minha primeira banda e começamos a tocar em 1984. Tocava bateria fazia pouquíssimo tempo. Tive algumas aulas antes de 84, mas não levava muito a sério. Em 84 comecei a estudar mais. Fazia esses estudos dentro de um quartinho de empregada, na casa da minha mãe. Ficava lá, trancada! Até que um dia o Miranda me ouviu tocando e falou: - Bah, velhinha! Tu vai ser baterista do Urubu Rei! E lá fui eu...

o baterista Castor Daudt. Como foi tocar com duas bateras? Eu adoro tocar com duas bateras! E entre eu e o Castor sempre rolou uma sincronia bacana. Trashman é uma pauleira só!! Cheia de viradas, de loucuradas, improvisos... HHG- Assim como o Bonham, Keith Moon, foram algumas das tuas influências “baterísticas” , da mulherada que toca, tem alguém também que admire, que te inspire? Como ouvia muito Prince, cito a Sheila E. Achava ela um arraso como mulher e baterista! HHG- Você dá aulas de batera. Entre os seus alunos, como é a procura da parte das meninas para aprender tocar bateria? Eu sempre tive muitas alunas! E no começo, isso me surpreendia um pouco. Não era muito comum, nos anos 80, uma mulher tocar bateria. Já nos primeiros anos em que eu dava aula, tinham algumas meninas. Com o tempo foi aumentando o número! Hoje metade dos meus alunos são mulheres.

HHG- Como musicista formada, que tipo de didática você usa nas suas aulas? Algo mais voltado ao acadêmico ou mais livre, dependendo do objetivo do aluno? Sempre tive um ensino HHG- Trashman é uma voltado para o aluno. Conmúsica do Defalla que foi hecer a realidade do aluno executada com duas ba- é fundamental! Saber suas terias, tocada por você e preferências musicais, o

que ele pretende com as aulas, o que ele gostaria de tocar, de aprender. As aulas são construídas a partir dos interesses do aluno e de conteúdos que eu acho importante para a prática do instrumento. Mas sempre indo ao encontro do aluno. Minhas aulas são bem diversificadas, não sigo um método específico, apesar de possuir milhares de livros e métodos. Gosto muito de começar uma aula improvisando com o aluno. Isso faz com que eles comecem a “se soltar” mais no instrumento, além de incentivar o improviso, tão importante em qualquer instrumento. Também toco violão e canto nas aulas. Mais uma prática que eles gostam muito, pois nesse momento eles que estão conduzindo a música. HHG- Biba, fiquei sabendo que seu apelido era “Pequena Grande Demolidora”!! Havia muita surpresa da parte do público quando viam que era uma mulher justamente nas baquetas, no início do DeFalla? (É que até hoje alguns se surpreendem com essas coisas! Risos!) Pois é! Nos anos 80 era incrível! Muitos se surpreendiam mesmo! Era sempre a mesma frase, “uma mulher na bateria!!”. Isso me beneficiava em todos os sentidos. E tinha também uma frase clássica, completamente ehehehe machista, “uma mulher na bateria, e ainda por cima toca tri bem!!!”. No DeFalla smpre tive uma liberdade

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bem grande, aliás a banda toda. O DeFalla chamava a atenção em vários sentidos. Pela música, pelo “porralouquice” do Edu K, pela versatilidade da banda, pelas minhas batidas mais voltadas para tambores e pela minha “pequena grande demolição” na bateria. Minha banda preferida! Uma afinidade incrível! HHG- E de maneira geral, desde quando que você começou a tocar, você nota muita diferença, na questão de mulher ser instrumentista, em relação à hoje em dia? Totalmente diferente! Hoje encontramos muitas mulheres instrumentistas. E em todos os tipos de instrumentos. O que predominava antes eram vocalistas, no máximo um pianinho!! Agora temos baixistas, bateristas, guitarristas, tecladistas, saxofonistas, percussionistas...

solvemos abrir uma escola. Ano que vem estaremos de portas abertas. Estamos começando com uma sala, mas com grandes perspectivas de ampliar. Também tenho planos de abrir uma escola de musicalização infantil. Também sou professora de música na Educação Infantil. Tenho em média, 300 alunos por ano, de 0 a 6 anos. ADORO trabalhar com crianças! Biba, obrigada pela entrevista!! Já conhecia e admirava muito teu trabalho! Não podia deixar de compartilhar com o pessoal da Hihat e leitores do site!! Abraços e sucesso sempre!! Eu que te agradeço muito!! Obrigada, mesmo!!! Bjs, Biba Meira

HHG- Você tem um novo projeto, o “Projeto Ovelha”, se trata de um revival, é isso mesmo? O Projeto Ovelha toca música brega em ritmo de rock. Adoro essa banda! É bem divertido tocar com esses rapazes! HHG- E de projetos profissionais / empresariais, verdade que está abrindo uma escola de música, conta pra gente! (aproveita e faz todo o merchan aí!!) Sim! Se chama Batuca, escola de bateria e percussão. Eu e o meu sócio ehehehe, Cláudio Calcanhotto re-

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ARIADNE SOUZA



VALHALLA Liderada pela então vocalista e fundadora Andréa Tavares, a banda Valhalla iniciou sua longa e intensa trajetória em 1990. Inicialmente havia uma proposta despretensiosa de juntar amigos para fazer uma banda de Death Metal agressivo e pesado e o passo inicial foi dado quando as irmãs Andréa e Adriana montaram no final de 1988 uma banda chamada Phobia. Sem registrarem material sonoro e sem se apresentarem ao vivo, a Phobia se extingue com a saída da guitarrista Adriana. Entretanto, o gosto musical e a mesma ideologia uniram a Andréa e sua outra irmã Alessandra Tavares (guitarra) na empreitada de iniciar as atividades da Valhalla, compondo músicas e realizando alguns shows. No início de 1992 a banda registra oficialmente seu trabalho com a gravação da primeira Demotape, que traz também de volta a irmã Adriana Tavares (guitarra) na formação, agregando maior coesão à proposta de carregar uma conduta mais extrema mantida ao longo desses 20 anos de existência da Valhalla. No intuito de progredir musicalmente a banda lança em 1994, pelo já extinto selo Sub Way, o LP intitulado “... In The Darkness of Limb”, esse registro proporcionou um maior reconhecimento da banda na mídia especializada e o respeito do público. Mas, devido a constantes mudanças de componentes na banda, a Valhalla ficou desativada por algum tempo. O retorno se deu em 1999, com novas composições e a realização de alguns shows locais. Mas em 2000 ocorre mais uma baixa na formação, Andrea deixa a banda, ficando por conta das irmãs guitarristas darem continuidade ao trabalho iniciado. Recrutando novos componentes as guitarristas conseguem manter a Valhalla na ativa e com a intenção de divulgar as músicas com a nova formação, a banda grava o MCD “For The Might Of Chaos ...For The Force Inside”, contendo quatro faixas. Esse MCD proporcionou várias apresentações ao lado de conceituadas bandas do cenário mundial, além de ótimas críticas em zines, sites e revistas. E o resultado não poderia ser diferente, a banda assinou um contrato com a Hellion Records lançando em 2001 o principal trabalho de sua história, o CD Petrean Self. Esse CD foi distribuído em mais de 28 países e novos convites para shows nacionais e turnê no exterior foram recebidos pela banda, mas a instabilidade na formação impediu que a Valhalla galgasse caminhos internacionais. Dentre os vários problemas em consolidar a formação, encontrar um baterista que estivesse disposto a levar a Valhalla com seriedade foi sem dúvida o maior, porém, em 2005 Ariadne entra na banda para até hoje ocupar o posto. A Valhalla torna-se então, exclusivamente formada por mulheres, o que nunca foi exatamente a intenção e sim, uma conseqüência de afinidades pessoais. Mesmo com a ausência temporária da guitarrista e fundadora Alessandra, a Valhalla gravou em 2009, três músicas que compõe o MCD Innerstorm com o objetivo de divulgar a formação, que até então a Valhalla mantinha, e mostrar que a idéia inicial prevalecia: fazer Death Metal. A falta de comprometimento com o trabalho, com a amizade ou com a proposta, fez com que pessoas entrassem e saíssem, algumas contribuíram agregando algo musicalmente ou construindo laços de amizade e outras não. No entanto, a Valhalla segue sua em sua jornada e essa adversidade fez com que a banda se reorganizasse com o retorno de Alessandra no baixo e Ariadne assumindo o vocal. A Valhalla hoje é um trio com: Adriana Tavares - Guitarra Ariadne Souza – Bateria e vocal Alessandra Tavares – Baixo

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Bem, quem acompanha ou faz parte da cena Metal brasileira há algum tempo, sabe que a Valhalla dispensa comentários. Admiradora da banda, cá estou eu a entrevistar a Ariadne Souza, batera e vocal desse trio que em certa medida foi uma influência pra minha vida “baterística”. Vamos ao que interessa!


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Ariadne Souza batera e vocal da Valhalla por Julie Sousa.

“Desde o início sempre tive interesse em tocar estilos mais agressivos como o Death Metal”.

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HHG - Primeiramente, gostaríamos de agradecer sua disponibilidade em fornecer essa entrevista para que os leitores possam conhecer um pouco mais do seu trabalho como musicista. A Valhalla é uma banda com vários anos de estrada, e além de bastante conceitu-

ada na cena Metal brasileira, lançou alguns trabalhos em vinil/cd’s com diferentes formações. O que significa pra você fazer parte dessa história, e como surgiu a oportunidade de tocar com a banda? Ariadne: Tenho grande orgulho em poder participar da história da Valhalla, ainda mais por ser a primeira baterista mulher efetiva na banda. Em 2005 eu tocava em algumas bandas e assim a Alessandra me procurou para fazer um teste na Valhalla. Tirei algumas músicas do cd Petrean Self e desde então estou na banda. HHG - Você é considerada uma das (poucas) melhores bateristas de Metal Extremo do país. Como você lida com isso, e o que a fez dedicar-se a tocar esse gênero, que majoritariamente é “masculino”?: Ariadne: Obrigada pelo elogio!(risos) Des-


de o início sempre tive interesse em tocar estilos mais agressivos como o Death Metal, e foi até por isso que já comecei a tocar bateria direto com o pedal duplo. Segui esse direcionamento naturalmente pelo meu gosto musical. O esforço e o grau de dificuldade desse estilo são superados pelo prazer que sinto ao tocá-lo.

Ariadne: Os dois primeiros anos em que estudei bateria foram muito proveitosos, mas em razão da minha profissão, meu tempo para dedicação ao instrumento foi bastante reduzido. Contudo, espero em breve reorganizar minha rotina para poder aumentar esse estudo.

HHG -Pode nos contar algum episódio curioso que tenha vivenciado por ser baterista? “O esforço e o grau de Ariadne: Uma vez fui tocar em um show dificuldade desse estilo são e o segurança não quis liberar minha enporque não acreditava que eu era a superados pelo prazer que trada baterista da banda. Ele teve que confirmar sinto ao tocá-lo”. isso com o produtor do show para só assim me deixar entrar. Além disso, minha mãe é muito animada com esse lance de banda HHG -Sobre se profissionalizar no in- e várias vezes já ocupou parte do palco de strumento, quais são seus planos e alguns shows nos quais eu toquei com uma objetivos nesse sentido? toalhinha rosa bordada na mão...(risos) 29


“Minha mãe é muito animada com esse lance de banda e várias vezes já ocupou parte do palco de alguns shows nos quais eu toquei com uma toalhinha rosa bordada a mão (risos).” HHG -A Valhalla, como algumas bandas femininas de Metal, consolidou sua formação em um trio. Quais são os planos da banda para 2013 e onde os leitores podem conferir o trabalho de vocês? Ariadne: Em 2013 iremos lançar um MCD com 4 faixas de músicas feitas com a nossa formação em trio. Tivemos que reformular a banda, por isso hoje também sou vocalista. A Alessandra Tavares passou da guitarra para o baixo e a Adriana Tavares permaneceu na guitarra. Nosso som está muito mais extremo atualmente. Aguardem! HHG -Suas considerações finais. Ariadne: Para mim foi uma honra receber o convite para participar dessa entrevista. Terei um grande prazer em divulgar o novo trabalho da Valhalla na próxima coletânea da Hi Hat Girls Magazine. Muito obrigada pelo apoio e parabéns por sua iniciativa em divulgar informações sobre bateristas mulheres!

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Valhalla - Discografia: * Valhalla - Demo-tape /1992 * “ ...in the darkness of limbo - LP/1994 * “For The Might Of Chaos ...For The Force Inside - MCD /2001 * Petrean Self - CD /2002 * Innerstorm - MCD /2009 Contatos: val_hallaband@yahoo.com.br www.myspace.com/valhalladeathmetal Juliane Sousa Hi Hat Girls Magazine www.hihatgirls.com www.facebook.com/HiHatGirlsMagazine 31


Por Liege Milk, GuaĂ­ba/RS Fotos: Carol Doro

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Por Liege Milk, Guaíba/RS, 21.01 - ouvindo As Mercenárias, Somos Milhões e Pin Ups, Hard to fall. Dos dias 14 a 15 de janeiro de 2012, enquanto a maioria das brasileiros de férias estavam na praia mais próxima, aconteceu em Sorocaba/SP o primeiro Girls Rock Camp Brasil. Projeto que existem em vários países do mundo, e começou em Portland, Oregon, em 2001. O Girls Rock Camp é um acampamento diurno que proporciona diferentes atividades para meninas de 7 a 17 anos de idade, onde as meninas aprendem a tocar um instrumento musical, formam uma banda, compõem uma musica autoral, fazem a camiseta e fanzine da própria banda (oficinas de serigrafia e fanzine), ensaiam suas musicas e performance (com ensaios diários e oficinas de performance, composição musical, imagem e identidade) e se sentem mais fortalecidas e confiantes (oficina de defesa pessoal). Tudo isso, termina com uma grande matinê, onde as bandas fazem seu primeiro show. E QUE SHOW! O projeto desmistifica a dificuldade de tocar/ter uma banda a partir da conscientização do “poder fazer” buscando a formação de cidadãs mais críticas e conscientes. Cerca de 60 campistas, e 50 voluntárias de todo o Brasil e Buenos Aires/Argentina passaram a semana na Escola Júlio Bierrenbach Lima, que, totalmente decorada com desenhos e temáticas feitas pelas próprias voluntárias, mostravam a mulher na música, nas artes, nos esportes, e frases que iam aumentando dia pós dia, passando a ser


escritas pelas próprias campistas que emocionaram todas nós com pérolas como “Te amo banda” e “As meninas podem tudo”, que resumem tudo que o projeto propõe. A rotina diária se dividia em instrução de instrumentos pela manhã, almoço com show ao vivo de bandas independentes nacionais (todas com meninas na formação: Hai Kai, The Biggs, The Dealers, Medialunas, Anti-Corpos e apresentações de novos projetos das bateristas Fernanda Terra e Pitchu Ferraz) ensaio com as bandas e oficinas e workshops a tarde. Orgulhosamente, fui uma destas voluntárias, instruindo bateria, juntamente com Fernanda Terra, Helena Krausz e Caryna Moreno (Buenos Aires, Argentina). Foram 5 aulas, com 9 alunas de idades entre 7 e 15 anos, das quais 7, nunca haviam encostado no instrumento. É interessante mencionar também que destas 7, duas foram pra bateria em cima da hora, por solidariedade (e que coisa bonita, não?), na falta de bateristas em duas bandas no camp, apesar de terem se inscrito para outro instrumento. O que reflete o quanto somos “raras no mercado” ainda, hein?!

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Para as aulas, contamos com 5 baterias dentro da mesma sala e as meninas revezavam e repetição de exercícios (imagine a barulheira ecoando pela escola inteira...Coisa boa!!). Desde o primeiro dia, depois de alongamentos e algumas conversas, foram passadas noções básicas de partituras e ritmo, e exercícios o tempo todo, todos os dias, as meninas pegaram e evoluíram muito nos dias seguintes, segurando, com muito estilo e pegada as baquetas no dia do show, fazendo backing vocals, inclusive! E bateria é isso mesmo, não é? Muito treino. Muita concentração. E muita atitude! :) E, foi assim, que, muito orgulhosamente, descobrimos 9 novas bateristas no Brasil, com talento de sobra guardados dentro de si, até então. E esperamos que Isabelle, Cecília, Monique, Pâmela, Sarah, Gabi, Isadora, Bárbara e Stephanie continuem “quebrando tudo” por aí, seja com as bandas que formaram no camp (Lady Girls, Rock Angels, Accorde, Summer Paradise, Fish Girls, Metal Girls, Black Star e Rock Essence, respectivamente) ou com novas bandas que possam vir a montar. Avante, meninas!!!

35 O evento contou com o apoio das baquetas Alba - www.baquetasalba.com.br


Pitchu Ferraz por Simone Del Ponte.

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Para a segunda edição da Hi Hat Girls, tive a oportunidade de entrevistar essa batera paulistana super talentosa e original: Pitchu Ferraz Pitchu Ferraz começou a mover suas baquetas aos 15 anos de idade. Sua carreira se formou, tocando covers de vários estilos na night paulistana. Deu sequência se dedicando para bandas e projetos da cena independente. Estudou bateria e percussão com “mestre” Dinho Gonçalves,formandose no Conservatório Souza Lima. Além disso, teve aulas particulares com Liliam Carmona e Tuto Ferraz. Pitchu Ferraz já tocou com as bandas AJNA e BLENDA, essa última é de Hard Core, onde dividiu o palco com NXZero e Gloria. Seu currículo não para por aí! Participou do projeto de Edgar Scandurra chamado Smack e se apresentou com o Projeto Farsa em escolas de música , fazendo inclusive workshops.

Hi Hat Girls Magazine: Pitchu, conta pra gente como começou tua carreira? Pitchu Ferraz: Bom, carreira acho muito forte por enquanto falar em minha”carreira” (risos), mas comecei tudo já de pequena, adolecente... ouvindo muita música e tocando escondida na batera de minha irmã mais velha (na época ela tocava numa banda de rock), e não deixava eu tocar. Eu pirava! Minha mãe também me influenciou muito por gostar de música, ritmo...

Atualmente, Pitchu toca com Paulo Miklos (Titãs) em carreira solo, Wander Wildner , As Mercenárias, Dominatrix e Hellsakura. Ela também gra- HHGM: Como baterista, qual foi a tua maior conquista? vou o disco de Peri Carpigiani com participações do guitar Kiko LoureiPitchu: Acho que sempre conquistamos, daro e bass Fernando Nunes. Ufa! Depois desse vasto currículo, vamos à entrevista!

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mos passos, mas tocar em festival grande como o Loolapaloza Brasil foi demais! O Girls on Drums edição São Paulo também! Muito gratificante tudo isso !

“...tocar no Lollapalooza foi demais!”


piadinhas sempre! HHGM: Pitchu, sobre patrocínios... Estamos avançando ou você acha que há muito o que melhorar no Brasil? Pitchu: Sim, há muito mesmo. É sempre bom lembrar que o Brasil, infelizmente, está atrasadíssimo nisso. HHGM: E o fato de ser mulher muda alguma coisa quanto à isso? Pitchu Ferraz: Tomara que sim! Penso que tem que aparecer mais mulheres que tocam! HHGM: Qual foi a sua maior contribuição como baterista para o cenário musical brasileiro? (deixando a modéstia de lado viu! Risos) Pitchu: (Risos) Quando leio mensagens de pessoas que tocam e/ou querem tocar bateria, dizendo pra mim depois de um show: “Você me inspira, acho foda como toca, teu estilo...” Fico muito feliz em inspirar a galera! São loucos! (Risos)

HHGM: Na tua opinião, quais são os principais desafios para as gurias que gostariam de se especializar hoje nesse instrumento? Pitchu: Desafios como qualquer outro instrumento, tocar bateria e ser mulher ainda é especial, muita dedicação e o maior desafio mesmo é não desistir, tem que amar muito também.

“...o maior desafio é não desistir!” HHGM: Ser mulher baterista já te trouxe alguma situação complicada? Pitchu: Sim! (risos)...como “cadê O baterista!? Você é a vocalista?” Como se não existisse mulheres bateristas! (Risos) fora as

“ ...tem que aparecer mais mulheres que tocam!” HHGM: Tem alguma batida que você gostaria de ter feito e porque? Pitchu: Talvez a da música ONE (do Metallica) pelas partes com 2 bumbos...força...bom gosto na ritma inteira da música e que com as guitars, fica um puta groove! HHGM: Qual recado você deixa pras gurias que estão começando e também pra aquelas que já estão há algum tempo e querem se especializar em bateria? Pitchu: Que se especializem sempre na pesquisa da sua bateria, desde a marca, a qualidades e os estudos... Nunca desistir pois bateria é um instrumento F.D.P! (Risos)!

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Girls on Drums - edição São Paulo. Como nova colaboradora da revista e veterana em Girls On Drums, eu Lucy, obtive a missão de escrever sobre este evento, que foi o responsável por muitas conquistas em minha carreira. Então, com muito prazer, pela ótica de participante e também de público, conto a vocês sobre esta edição especial do G.O.D. Foi pelo incrível crescimento e divulgação do evento originalmente curitibano, responsável em divulgar o trabalho de mulheres bateristas e percussionistas ,que o Girls on Drums alcançou os patamares da nossa capital cultural: São Paulo. Assim, no dia 06 de novembro de 2012, em uma consagrada casa de rock da cidade, o Manifesto Bar, eu e as artistas Aishá Lourenço, Jully Lee, Pitchu Ferraz e Patricia Teles (juntamente com toda produção do evento), iniciamos os preparativos da noite, que contou com montagem, passagem de som, piadinhas e muitos mimos (que sempre são provenientes da produção do evento, incluindo presentes, comidinhas e até calcinha personalizada!). Mais tarde, todas prontas, e no mesmo ritmo de amizade, a noite de apresentações começa com um solo surpresa da também veterana e coprodutora desta edição, a querida Paula Padovani, que literalmente iniciou a noite com chave de ouro!

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Aishá Loureno

Em seguida, chamada ao palco ainda por Paula Padovani, entra a percussionista Aishá Lourenço. Mais uma vez ela encantou o publico com sua intrigante mistura de ritmos brasileiros, executados através de recursos acústicos e também eletrônicos (como o Octapad e o SPD-SX da Roland), mostrando que não existem barreiras em contrapor tecnologia e instrumentos de raiz. Fica claro que o importante é explorar ao máximo o que ambos têm a oferecer. Assumindo o comando da apresentação do evento, Mia Wicthoff (vocalista da banda CW7), chama a próxima artista. E quem domina mais uma vez o palco do G.O.D. é a santista Jully Lee, que com sua personalidade e kit marcantes, arrancou suspiros da plateia ao tocar musicas de sua banda Tagma e clássicos do hard rock. Sem duvidas Jully representa muito bem a essência do evento! Após a apresentação de Jully, o frio na barriga e a responsabilidade eram minhas. Devidamente apresentada, e sem muitas pretensões, eu posso dizer que apesar de tudo, estava em casa. Toquei utilizando um kit top de linha: nada menos que uma Roland TD30KV e um SPD-SX para soltar minhas trilhas. Uma das músicas que toquei foi o recém-lançado single Meow, da minha banda, Punkake.

Jully Lee


Lucy Peart

Pitchu Ferraz

Na sequência e literalmente quebrando tudo, a baterista Pitchu Ferraz mostrou uma pegada e feeling impressionantes ao tocar músicas de seu duo PJ. Sua energia foi tanta que contagiou a todos e fez com que a artista se emocionasse. Pitchu deixou marcada sua estreia em workshops!

dos com um show de técnica e carisma, fez solos elaborados, passou por ritmos brasileiros e finalizou com temas de rock clássico.

Após o idealizador do evento Joel Jr. e a apresentadora Mia sortearem brindes para a plateia, é chamada a última atração. Para finalizar essa edição que ficaria para a historia do Girls, a baiana Patrícia Teles entra em cena e completa muito bem as apresentações da noite. Deixando a todos maravilha-

Para todos que estiveram presentes nessa noite, entre bateristas conhecidos, iniciantes, fãs e curiosos, ficou claro que o evento é muito mais do que uma iniciativa bem sucedida. É uma mostra de musicalidade, personalidades, estilos e, essencialmente, um evento que cria oportunidades. E que venham as préoóximas ediçõçes!’ Abraço, Lucy Peart (Fotos por Aline Juliet)

Patricia Teles

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Gracielle Fonseca Gracielle Fonseca é formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais. Durante o curso, passou por experiências em rádio, impresso, divulgação científica e cultural e pela TV UFMG, onde foi repórter, produtora e apresentadora. Gracielle é co-autora do projeto “Ruído das Minas: A origem do Heavy Metal em Belo Horizonte”, documentário apresentado como trabalho de conclusão de curso de Jornalismo em 2008, ao lado dos demais autores Filipe Sartoreto e Rafael Sette Câmara. Atualmente, é uma das coordenadoras do projeto Rede Jovem de Cidadania, um programa de televisão colaborativo produzido em parceria com diversos grupos culturais e juvenis de bh e região metropolitana.

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HHG - Bom, pra começar gostaria de agradecer por essa entrevista. É sempre muito bom quando tomamos conhecimento de novos trabalhos sobre a atuação feminina na música. Sobre o doc Mulheres do Metal, conta pra gente como surgiu a ideia? Bom, para começar, desde pirralha eu ouço rock/ metal. Então, o interesse pela temática e público sempre foi algo um pouco natural para mim. Mas, especificamente, foi na época em que eu estava me formando na faculdade ( 2008), durante a produção do documentário de conclusão de curso de Jornalismo pela UFMG, o Ruído das Minas, do qual sou co-autora junto ao Filipe Sartoreto e Rafael Sette Câmara. Durante as filmagens, eu havia feito o contato com a Vittória do Carmo, pois ela tinha uma das bandas precursoras e inovadoras em Minas Gerais, pelo fato de ser uma banda com integrantes exclusivamente femininas, O Placenta. Fui até a casa dela, peguei cd com fotos e tudo mais e cheguei a sondá-la para um dia ela dar entrevista. Contudo, trabalho em grupo, na correria como foi o Ruído, por conta de várias contingências e escolhas que não eram apenas minhas, não rolou a gravação. Desde esse momento eu me senti em dívida com as mulheres presentes na cena metal mineira e nacional. Pois, afinal, elas também fizeram parte de toda essa história. Contudo, ganham pouca visibilidade ou então papéis coadjuvantes ( como namoradas, amigas...). Pouca gente sabe, por exemplo, que a Vittória do Placenta produziu e foi responsável por um dos primeiros shows de Heavy Metal da história de Belo Horizonte, que ocorreu no Barroliche e teve a presença do Sepultura, aliás, foi o primeiro show do Sepultura! Daí, virei muito amiga da Vittória e posso dizer que ela foi minha inspiração para levar essa ideia adiante, com toda a dificuldade que isso representaria ( eu não era mais uma menina de faculdade, com tempo dedicado só ao documentário... era uma pessoa que tinha que correr atrás da subsistência diária, fazendo um tanto de freela – porque salário de jornalista é uó, kkk - e que tinha sonhos e pouca grana, hahaahah). HHG - Como foi produzudo o doc? Vocês tiveram apoio, patrocínio, etc? Foi produzido na raça, sabe, rs. A produção, gravação e agora montagem, basicamente fiz o grosso por conta própria, com a ajuda fundamental de alguns amig@s. Por exemplo, para transporte durante as gravações, segurar um boom da câmera, fazer uma ou outra imagem às vezes. Até o Filho da Vittória, Renato, segurou o microfone durante as gravações, rs. As meninas entrevistadas me levaram aos lugares, ajudaram a produzir... não foi fácil, rs. E tenho a ajuda crucial para a finalização do pessoal da Rede Jovem de Cidadania, um projeto da AIC, e do meu grande amigo Clebin Quirino, que é músico, produtor musical, artista plástico, fotógrafo, montador... aff, esse menino faz muita coisa! Rs. Ele me deu os toques dos programas de edição e também deu uma super força na finalização, cuidando do tratamento

de som e imagem. Gosto de ressaltar que ninguém nunca faz um video desses sozinh@. Por mais que atividades principais você tenha que tomar a iniciativa, cada um@ contribui com seu olhar, com opiniões, com orientações. O trabalho coletivo sempre vai existir. Ah, e tem os vídeos e músicas cedidos pelo pessoal das bandas também ( valeu Valhalla, Nostoi, Miasthenia, The Knickers...) Mas grana o projeto não teve não, viu. O que rolou foi mesmo o apoio da Associação Imagem Comunitária com o empréstimo dos equipamentos, o apoio da minha coordenadora de área, que deixou eu descontar umas horas extras para ficar 1 semana gravando em Brasília, o namorado bancando viagem ( fui para brasília na ocasião de um congresso científico do qual ele iria participar. Ele me chamou e, como eu já tinha feito contato com as integrantes do Valhalla, na hora aceitei – a condição era apenas de que eu ficasse livre com a câmera em bsb, rs). E sem contar aqui em bh, as caronas que a Vittória me deu para as várias gravações que fizemos com diversas pessoas. HHG - Fazendo um panorama geral, como está a cena Heavy Metal brasileira, em relação à participação das mulheres? Hoje acho que a cena está muito mais permeada por mulheres, tanto espectadoras quanto musicistas, produtoras etc. Ainda bem, pois parece que um paradigma machista está caindo por terra... os homens e nós mulheres também estamos saindo das cavernas, rs. Há uma grande quantidade de mulheres presentes em bandas mistas, mas ainda são poucas as instrumentistas. Houve, por exemplo, um boom de mulheres vocalistas depois dos anos 2000, com o avanço do gothic meta, por exemplo. Há menos bandas formadas apenas por mulheres, mas ainda assim é um número muito legal se comparado com alguns anos atrás. Acho que as mulheres do punk rock e do grunge foram mais pioneiras nesse sentido. Mas hoje a cena do metal conta com muita coisa legal, como a Crucified Barbara, Hysterica, Astarte, Valhalla ( que é a banda femi

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HHG - O que te motivou a abordar essa temática no doc? Você é uma mulher do metal? (risos)

nina de metal com mais tempo na ativa aqui no Brasil), Scatha, Nervosa, HellArise, The Knickers, Panndora. E outras bandas com presença feminina marcante também - que, apesar de não serem compostas apenas por mulheres, são lideradas por elas: Miasthenia, Sacrificed, Nostoi, Nightwish, Cadaveria... e por aí vai, pois são muitas e ficaríamos aqui escrevendo e lembrando várias bandas legais com mulheres. Mas hoje, de um modo geral, a cena está mais diversa, digamos. Espero que melhore, que mais mulheres se coloquem a tocar e cantar nesse meio heavy metal. HHG - Você colheu depoimentos das pioneiras, as primeiras mulheres a figurarem no cenário metal brasileiro. Como elas encaram o momento atual, com inúmeras bandas femininas ascendendo, etc.? Acho que todas elas encaram de uma forma muito positiva, e ficam até mesmo orgulhosas de terem trilhado o caminho árduo lá no início. Por que, como eu disse na pergunta anterior, a cena metal atual está bem mais receptiva ao público e às musicistas femininas. Não que o preconceito tenha acabado... isso sabemos que não, que ainda tem muito cara e mulher que ainda não sairam da prisão de uma mentalidade ultrapassada. Mas, convenhamos, depois de todos esses depoimentos, só posso concluir que ser uma metaleira hoje em dia é muito mais fácil do que era antigamente, em todos os sentidos! rs. Acho que essa presença maior de mulheres no meio hoje é fruto do trabalho dessas pioneiras. Elas são exemplos, inspiração e quebraram as primeiras pedras. Agora cabe às contemporâneas lapidar o ldgado.

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Eu não sei se sou uma mulher só do metal não, rs, quero ser livre! Hahaahaha. O metal, digamos, é o que toca mais forte meu coraçãozinho trevoso, kkkkk. Mas então, acho que a maior motivação foi ver que ninguém nunca havia abordado o assunto, que era de extrema importância. Além disso, também andei lendo alguns artigos, estudando um pouco mais sobre as temáticas do feminismo, das representações, essas coisas me despertaram uma chama meio política também para pegar esse assunto de jeito. E, no dia a dia, to cansada de ver o nome de mulheres importantes, realizadoras, sendo omitido, desrespeitado, entre outros... eu mesma já tive meu nome omitido em coisas importantes, por conta de ignorância das pessoas a frente da divulgação, esperteza de quem disparou a divulgação... babado, babado... rs HHG - Seria o máximo se houvesse uma continuação desse trabalho. Algum plano de novas edições do Mulheres do Metal? Já andei conversando com algumas mulheres do meio e, além de ter algum material extra, também tenho muito vontade de fazer esse trabalho de forma mais cuidadosa, mais completa, buscando recursos e tal. Vamos ver se consigo empreender isso no novo ano aí! A ideia é que o Mulheres no Metal fosse um d i s p a r a d o r, não só de mais videos, mas também de outras iniciativas que


podem ser na área do rádio, impressa, internet. Tomara que as mulheres fiquem empolgadas e levem isso adiante, pois é muito importante problematizarmos e construirmos nossas próprias representações. HHG - Como está sendo a repercussão do doc? Muitas críticas, entusiasmo? Como ainda não o coloquei para download, ainda não recebi muitas críticas. Em geral, as pessoas têm gostado bastante. Algumas não entenderam ainda o objetivo político da coisa: por exemplo, acham que foquei demais no preconceito. Mas, esse é o início que escolhi. Não quis fazer um raio x de cada banda, pois isso o google faz, seria muito pouco desafiador. O que eu queria é chamar atenção para a temática, uma espécie de conscientização. Também recebi críticas sobre questões técnicas. Mas, volto a repetir, esse vídeo é apenas um ponta pé inicial. Vou fazer o melhor que conseguir, dentro do meu tempo, conhecimento e recursos. Um dia viro craque, prometo, rs. E estou super entusiasmada. Recebi retornos internacionais, gente interessada em fazer exibição em vários lugares, dentro e fora do país... legal demais!

HHG - Suas considerações finais, links, agradecimentos, e o que mais quiser. O espaço é seu! Novamente muito obrigada e parabéns pelo trabalho! Eu que agradeço pela entrevista. Queria dizer que fico muito feliz com o reconhecimento. Queria agradecer à Associação Imagem Comunitária, Colegas de trabalho da Rede Jovem de Cidadania, em especial o Sr. Clebin Quirino, amigos e amigas que apoiaram e todas as entrevistadas que foram e são

HHG - Na sua opinião, o que ainda precisa ser mudado na cena brasileira, em relação à inserção feminina? A mudança precisa começar na mentalidade das próprias mulheres que frequentam a cena. Depois, deve-se criar igualdade de oportunidades. Niguém começa a tocar foda demais, independente de ser homem ou mulher. Então, deve-se abrir os espaços igualmente. Os Produtores devem ficar atentos a isso. E também acho que precisamos fortalecer a presença das mulheres nas redes de colaboração musical e artística em geral. HHG - Suas bandas femininas (ou com integrantes mulheres) preferidas são: Olha, sem querer ser demagoga, o meu favoritismo é algo muito volátil. rs. O que está na minha playlist hoje pode não estar amanhã, rs. Mas, digamos que, hoje na minha play list estão presentes as seguintes bandas com integrantes femininas: Crucified Barbara, Hole, L7, Valhalla, Cadaveria,Theatre of Tragedy e Arch Enemy.

até hoje muito gentis e solicitas. Em breve vamos colocar o link para o download do vídeo no ar. Ele só vai passar por mais alguns pequenos ajustes e já já será disponibilizado. Também estou trabalhando na legendagem do mesmo e na divulgação internacional. É isso!

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MULHERES BATERISTAS NO BRASIL

E aqui trazemos nomes de meninas brasileiras que tocam bateria. Lembrando que, como esta é uma seção permanente na revista, também temos esta listagem com nomes diferentes na Hi Hat Girls nº1, portanto, fica o convite se você ainda não leu a primeira revista! Ah, e se você quer o nome de uma baterista (ou até mesmo o seu) por aqui, é só enviar os dados para o nosso e-mail que teremos prazer em publicar na próxima edição! hihatgirls@yahoo.com.br Ale Veiga - Rio de Janeiro-RJ - Luasys http://www.facebook.com/luasys Ana de Ferreira - Rio de Janeiro-RJ - Indiscipline/Bruno Leon http://www.facebook.com/indisciplineofficial Bibiana de Paula - Porto Alegre-RS - Nimbos http://www.facebook.com/bya.photos Bruna Barone - São Paulo-SP - Cabaret, the musical http://www.facebook.com/bruna.barone.54 Camila Teixeira - São Paulo-SP - New Girls http://www.bandanewgirls.com Cynthia Tsai - Rio de Janeiro –RJ - Tevadom/Scatha http://www.facebook.com/cynthia.tsai.731 Gabi Tachini - Porto Alegre-RS - Dévil Évil http://devilevil.com.br/ Isabela Moraes - Campinas-SP - Sinaya http://www.facebook.com/pages/Sinaya/ Janaina Melo - Maceió-AL - Autopse http://www.facebook.com/autopse.banda Lari Constantine - São Paulo-SP - Constantine http://www.facebook.com/ConstantineRock Manuella Terra - Rio de Janeiro-RJ - Gedeom http://www.facebook.com/bandagedeom Mirella Max - São Paulo-SP - HellArise http://www.hellarise.com Nara Maciel - Americana-SP - The900 http://www.the900.com.br Pandy - Americana-SP - Fox N’Snakes http://www.facebook.com/onlydrummergirl Renata Tavares - Guarulhos-SP - Bloody Diamond http://www.facebook.com/pages/Bloody-Diamond Sara Estevão - São José-SC - Doce Dália http://www.facebook.com/docedalia

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Taiane Barbosa - Porto Alegre-RS - Garage Monsters http://www.facebook.com/GarageMonsters


COLETÂNEA HI HAT GIRLS LE CO T

A

ÂNE

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AUTOPSE SHE HOOS GO SCATHA FOX N’ SNAKES DEVIL EVIL LUASYS BLACK ACES HELLARISE THE 900 INDICIPLINE

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COLETÂNEA HI HAT GIRLS

O Autopse vem de Maceió-AL e foi formado em 2009 por amigos que queriam um metal diferente, com letras destinadas à realidade da sociedade. Influenciados por Soulfly, Sepultura e Eths, lançaram seu primeiro álbum (Descontrole Mental) no fim de 2011. A banda já se apresentou em importantes festivais do Nordeste e dividiu palco com as bandas Korzus e Claustrofobia. O grupo teve destaque na revista Guitar Player como banda nacional autoral e toca em várias rádios nacionais e internacionais. Atualmente o grupo trabalha em seu novo álbum, com previsto de lançamento para o segundo semestre de 2012. Autopse é: Daniela Serafim (vocal), Janaina Melo (bateria), Raphael Felipe (guitarra) e Gustavo Telles (baixo). http://www.facebook.com/autopse.banda

She Hoos Go

A Banda She Hoos Go foi criada no início de 2010. Influenciadas por L7, Babes in Toyland e Dominatrix, as meninas buscam regastar os valores do riot grrrl dos anos 90, apostando num som rápido, cheio de energia e com mensagens feministas. A formação atual é: Daiah (guitarra e voz), Ana (baixo e voz) e Simone (bateria e voz). http://www.facebook.com/SheHoosGo 49


Fox N’ Snakes

Fox N’ Snakes é de Americana-SP, formada em 2010 por X (guitarra e vocal), Pandy (bateria) e Matheus (baixo). Em 2012 foi lançado seu primeiro álbum, Sacrifice. A banda é a união dos três membros fazendo tudo de forma natural e honesta, seguindo as velhas raízes do rock’n’roll. 50 http://www.facebook.com/foxnsnakes

COLETÂNEA HI HAT GIRLS

A banda de trash metal Scatha foi formada em meados de 2005 no Rio de Janeiro - RJ. O set de seus shows é composto de músicas próprias e clássicos como Sepultura, Slayer, Anthrax, Exodus e Testament. Em 2009, o Scatha fez parte da seletiva nacional para tocar no Wacken Open Air, o maior festival de metal do mundo, realizado na Alemanha. Depois de uma entrevista dada à revista alémã Metal Hammer, em 2009, a banda vem cativando bastante o público daquele país. Integrantes: Angélica Burns (vocal), Cíntia Ventania (baixo e voz), Cynthia Tsai Yuen (bateria) e Julia Pombo (guitarra e voz). http://www.facebook.com/ScathaBand


COLETÂNEA HI HAT GIRLS

DEVIL ÉVIL

O Dévil Évil surgiu em Porto Alegre-RS no ano de 2011 com a proposta de romper com as fórmulas convencionais do rock padrão, utilizando de conceitos niilistas para dar sua mensagem cheia de microfonia e desordem. O grupo tem como influência o movimento No Wave da New York dos anos 70. O primeiro disco “Sorte Dévil Évil” foi lançado em 2011. E agora a banda se prepara para o próximo álbum. Membros: Luiz Bruno (guitarra e voz), Cadu Peixoto (baixo e voz), Gabi Tachini (bateria e voz). http://www.facebook.com/devilevilpoa

Luasys é um power trio feminino da Baixada Fluminense - RJ que iniciou em 2011. Em 2012 gravaram seu primeiro álbum, intitulado “Ilusão” e também receberam respostas positivas dos espectadores de suas apresentaÁıes, como no Festival Roque Pense (Nova Iguáu - RJ), Festival de Bandas do Colégio Rangel Pestana (Nova Iguaáu - RJ), XV Festival de Música da Ilha Grande (Angra dos Reis - RJ) e na Feira Cultural de Paracambi. As meninas são: Sylvia Oliveira (voz e baixo), Susan Oliveira (guitarra e backing vocal) e Ale Veiga (bateria e backing vocal). http://www.facebook.com/luasys 51


O HellArise é uma banda feminina de death metal paulistana formada em 2009. O CD demo das meninas saiu em julho de 2010 e foi muito bem recebido pela crítica brasuca e internacional. O single “More mindless violence” foi lançado em outubro de 2012 e Mirella Max, originalmente baterista, também assumiu a guitarra. Atualmente estão focadas na pré-produção de seu álbum de estréia. http://www.facebook.com/hellariseofficial

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COLETÂNEA HI HAT GIRLS

A banda carioca Black Aces faz um metal alternativo progressivo instrumental. Apesar dos integrantes ainda serem adolescentes, David Ataualpa (guitarra - 18 anos), Daniel Cardoso (baixo - 17 anos) e Letícia Santos (bateria - 13 anos) têm a fama de tocar como “gente grande”. Em 2012 tiveram a oportunidade de abrir o show da banda Glória. http://www.blackaces.com.br/


COLETÂNEA HI HAT GIRLS

The 900

The 900 é de Americana/SP e iniciou em 2005. Em 2011 conquistou o primeiro lugar e o prêmio de “melhor intérprete” do Festival de Rock de Indaiatuba. No mesmo ano venceram o festival Todo Som de Americana e excursionaram por Curitiba/PR e Joinville/SC. Em 2012 gravaram seu novo ep entitulado “Queimando vivo”. Os membros da são: Laio Carvalho (guitarra/vocal) Alan Coelho (guitarra), Kleber Bovo (baixo/backing vocal) e Nara Maciel (bateria). http://www.the900.com.br/

Indiscipline

A Indiscipline foi formada em 2012 e é direcionada ao rock’n’roll influeciada por AC/DC, Black Sabbath, Motorhead, Alice in Chains e Survivor. A banda está em fase de produção intensa e prepara-se para apresentações ao vivo e gravações. Line up: Thais Dias (baixo e voz), Maria Fernanda Cals (guitarra e backing vocal). Ana de Ferreira (bateria e backing vocal). http://www.indisciplineofficial.com/

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