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Com o sucesso, o personagem foi ganhando força e presença nas redes sociais. Segundo Luciano, tudo ocorreu naturalmente e, desde 2013, há interesse de diretores e produtores de cinema. “Mas foi só no final de 2015 que conheci o meu atual sócio, Gabriel Wainer, quando levamos o projeto para a Downtown Filmes que apoiou imediatamente a ideia”, diz Cunha. Agora, além da espera para a continuação da história, já é possível contar com o anti-herói brasileiro nas telonas.

A história e o filme O personagem principal é Miguel (Kiko Pissolato), um agente federal altamente treinado. Após descobrir esquemas de corrupção e desvio de verbas relacionadas à situação de calamidade do Sistema Único de Saúde (SUS), começa a investigar e consegue prender o governador Sandro Correa (Eduardo Moscovis). O político utiliza influências e consegue ser liberado. A sociedade se revolta com a falta de impunidade. Em meio a esses acontecimentos, a filha de Miguel é vítima de uma bala perdida e falece por falta de atendimento nas unidades de saúde. O personagem se revolta com a situação e decide partir em busca da verdade. Por meio dessa trajetória pessoal, nasce a sede de vingança. Em uma manifestação contra o governador, Miguel decide assumir o disfarce de “O Doutrinador”. Começa, então, a investigar e tentar fazer justiça com as próprias mãos. Após assumir o papel de “herói”, ele passa a levar vida dupla. Durante o dia, trabalha como policial investigativo e, à noite, busca desmascarar e acabar com esquemas políticos, exterminando magnatas que enriquecem às custas da sociedade. Em meio às manifestações, a jovem

Criador e criatura - Luciano Cunha e o Doutrinador

Nina (Tainá Medina) faz um vídeo de Miguel se transformando no doutrinador. Começa então uma relação de chantagem, de ambos os lados. Com o tempo, Nina decide ajudá-lo a entrar em ação. Mesmo sendo uma hacker genial, a garota não imaginava as consequências. Miguel passa a ter que proteger Nina e os dois começam a encarar a realidade desse sistema perigoso de corrupção. A história gira em torno de roubos, vingança e desigualdade no país. É uma ficção com um pé na realidade. Envolve a jornada de um anti-herói que busca justiça com as próprias mãos e extermina, sem piedade, políticos brasileiros. Para deixar os telespectadores com mais vontade ainda de assistir, o autor da HQ afirma que “a melhor parte é o final, sem dúvida. É um momento catártico. É uma cena para lavar a alma de todo brasileiro indignado com tanta corrupção”. No contexto sociopolítico brasileiro, o filme traz várias reflexões, comuns em época de eleições presidenciais, sobre o lado sombrio do país. A dúvida que paira no ar é: será que valeria a pena fazer justiça com as próprias mãos? Dessa forma, a história traz também uma visão crítica do comportamento da população em relação à corrupção. Segundo Daniel Reininger, crítico de cinema do site CineClick, um dos maiores pontos de reflexão do filme é o fato de a corrupção ser sistêmica no Brasil. “Está presente tanto no alto escalão, quanto no cidadão. Obviamente, o Doutrinador é um exagero, mas é também um grito de socorro de uma sociedade problemática”. Ele

destaca ainda que “se cada um fizesse sua parte, começando por não aceitar o famoso ‘jeitinho’, seria possível mudar esse cenário”. O tema, primordialmente, fez com que a história ganhasse notoriedade e se tornasse o sucesso que é. Outro ponto é a produção, que contou com muitos efeitos especiais de qualidade. Reininger afirma que visitou o set no início das gravações e viu a qualidade da produção. “Fiquei impressionado com o trabalho técnico, a fotografia e a trilha sonora. O tom do discurso, totalmente antissistema, também me agradou e o filme ainda consegue ser divertido”. Produzido pela Downtown Filmes, a adaptação tem 1 hora e 48 minutos de duração. Está classificada dentro dos gêneros policial, ação e nacional. O crítico diz ainda que quem gosta dessas categorias não se arrependerá de assistir. “Quem curte filmes de super-heróis pode esperar algo bem interessante, com tom adulto e uma temática bem brasileira”, afirma. Reininger destaca que a diversão é garantida, mas que também é “um lembrete do quanto o nosso país é refém de políticos e empresários inescrupulosos”. O filme já está em 6º lugar nas bilheterias brasileiras. Arrecadou cerca de R$ 1,7 milhões no primeiro fim de semana. É um sucesso, assim como a HQ. Fiquem atentos ao assistirem com crianças. O filme contém fortes cenas de violência e a classificação indicativa é de 16 anos.


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