Bioquimica

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Capítulo 3 Ácidos Nucléicos

N

o auge dos estudos citológico, em 1889, Johann Frederick Miesher isolou do núcleo celular uma substância de caráter ácido nãoprotéica e apresentando fósforo em sua composição, ao qual denominou nucleína. Este ácido do núcleo (ácido nucléico) é que garantia a propriedade de coloração por corantes básicos ao núcleo e que hoje se sabe tratar do ácido desoxirribonucléico (DNA) e do ácido ribonucléico (RNA), apesar deste último ter sido isolado, primariamente, no citoplasma nas formas de RNA mensageiro (RNAm), transportador (RNAt) e ribossômico (RNAr). Com a invenção de um corante específico para DNA, Robert Feugen, em 1920, proporcionou a descoberta que o DNA localiza-se nos cromossomos durante a divisão celular. Os cromossomos já haviam sido descritos como fundamentais para o processo de reprodução celular desde 1879 por Fleming, entretanto nunca relacionados como portadores dos elementos responsáveis pelos caracteres hereditários, os genes. Na verdade Mendel, em 1865, estabelecera os princípios universais da hereditariedade, porém seu trabalho permaneceu obscuro até de Vries, Correns & Tschermnan em 1900 redescobrirem o trabalho de Mendel e relacioná-lo com os achados mais recentes da então recém-criada ciência, a genética. O curioso é que em 1859, Charles Darwin (seis anos antes de Mendel) já havia revolucionado o pensamento ocidental com a formulação de seus princípios sobre a evolução, mas provavelmente não deve ter reconhecido nos trabalhos de Mendel o componente essencial para a transmissão dos caracteres selecionados pela natureza e que garantiam a perpetuação da espécie. De uma maneira geral, até 1952 não havia consenso entre os cientistas sobre a verdadeira natureza química dos genes, com muitos acreditando tratar-se de proteínas altamente especializadas. Isto começou a ser esclarecido após os estudos de Griffth em 1928 que

demonstrou a existência de um "princípio transformante" em cepas de Dipoplococcus pneumoniae responsável pela pneumonia experimental em camundongos (Figura 3-1) e de Avery, MacLeod e McCarty em 1944, que demonstraram que o DNA era este princípio, através de experimentos onde o princípio transformante era destruído pela ação enzimas que destroem o DNA.

Figura 3-1 - Experimento de Griffth (1928). cColônias lisas (S) de D. pneumoniae induzem a morte d de um camundongo por pneumonia, enquanto que colônias rugosas (R) não o fazem e. Quando submetido ao calor, colônias R tornam-se inertes f, porém quando misturas a colônias S mortas pelo calor, transformamse em letais g.

Entretanto, foi somente em 1952 que os experimentos de Alfred Hershey e Martha Chase identificaram o DNA como o responsável pelas características genéticas de bacteriófagos (Figura 3-2), sendo este conceito hoje tido como quase que universal para todos os seres vivos, já que H. FraenkelConrat & R. Williams em 1955 identificaram os vírus do tabaco como possuidor somente de RNA (os retrovírus), achado fundamental para impedir que o dogma científico de que o DNA é a único molécula guardiã dos caracteres genéticos dos seres vivos. Isto torna-se bem mais evidente com os estudos de Stanley Prusiner e colaboradores sobre os PRIONS (Proteinaceous Infecti-


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