Doutor sono stephen king

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— E isso... — Rose fez um gesto em direção à escada íngreme de madeira que conduzia à plataforma. — Parece uma forca, não acha? Só falta um alçapão. Nenhuma palavra de Sarey. Pelo menos em voz alta. Seu pensamento (falta a corda) foi bastante claro. — É verdade, querida, mas uma de nós vai ficar pendurada aqui, mesmo assim. Ou eu ou essa putinha que meteu o nariz nos nossos negócios. Está vendo aquilo? — Rose apontou para uma pequena cabana verde a quase 7 metros de distância. Sarey fez que sim com a cabeça. Rose usava uma bolsa de zíper presa no cinto. Abriu-a, remexeu no interior, tirou uma chave que entregou à outra mulher. Sarey caminhou até a cabana, entre o capim que se emaranhava à sua meia-calça grossa cor de carne. A chave se encaixava no cadeado da porta. Quando a abriu, o sol do final do dia clareou um cômodo não muito maior do que um banheiro. Havia um cortador de grama Lawn-Boy e um balde plástico contendo um ancinho e uma pequena foice. Encostados na parede dos fundos, uma pá e uma picareta. Não havia mais nada, e nada atrás do que se esconder. — Entre — disse Rose. — Vamos ver de que você é capaz. — E com todo esse vapor em você, você deveria ser capaz de me impressionar. Tal como os demais membros do Verdadeiro Nó, Sarey Shhh tinha sua pequena habilidade. Ela foi até o meio da pequena cabana, fungou e disse: — Poeira. — Não ligue para a poeira. Vamos ver o que você é capaz de fazer. Ou melhor, não vamos ver. Pois aquela era a habilidade de Sarey. Ela não era capaz de ficar invisível (nenhum deles era), mas conseguia criar certo tipo de obscuridade que combinava bem com sua cara e figura nada apagadas. Ela se virou para Rose, depois olhou para a própria sombra. Andou — não muito, apenas meio passo — e sua sombra se confundiu com a sombra projetada pela alça do cortador de grama. Então ela ficou completamente parada, e a cabana, vazia. Rose fechou os olhos com força, depois arregalou-os e lá estava Sarey, em pé ao lado do cortador, com as mãos caídas ao lado da cintura, como uma garota tímida à espera de que algum garoto viesse tirá-la para dançar no baile. Rose olhou para as montanhas a distância e, quando olhou para dentro de novo, a cabana estava vazia — reduzida a uma despensa, sem nada que pudesse servir de esconderijo. Na luz forte do sol nem sequer havia sombra. Exceto a que era projetada pelo cabo do cortador. Só que... — Recolha o cotovelo — disse Rose. — Posso vê-lo. Só um pouco. Sarey Shhh obedeceu e, por um instante, sumiu de fato, ao menos até que Rose se concentrasse. Quando o fez, Sarey voltou a estar ali. Mas é claro que ela sabia que Sarey estava ali. Quando chegasse a hora — e não ia demorar —, a putinha não saberia.


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Doutor sono stephen king by Henrique Sartori - Issuu