Restaurante Pedra Furada

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O restaurante Pedra Furada, em Barcelos, nasceu em 1946, como taberna, até que, em 1974, se transformou na casa que é hoje. Embaixador dos sabores portugueses, em particular dos regionais, é ponto de paragem para muitos dos peregrinos a caminho de Santiago de Compostela. O já premiado galo recheado à moda de Barcelos é a grande referência desta casa, afamada também pelo cabrito assado em forno de lenha e os rojões à moda do Minho. Nas sobremesas o pudim abade de priscos, o leite-creme queimado e as rabanadas (de vinho do porto, vinho verde tinto ou leite) são as iguarias a não perder. Contactos · · · ·

Rua Santa Leocádia, 1415, Rua Nova, Barcelos, Braga 252951144 252951144 http://restaurantepedrafurada.pai.pt/


Pedra furada. Este galo é diferente, canta jazz Ainda nem falámos do galo. É a receita do sucesso, oito vezes campeão nos dez concursos anuais já promovidos pela câmaraShutterstockRUI MIGUEL TOVAR30/10/2015 19:34 António Herculano é campeão pela oitava vez do concurso do galo assado em Barcelos. O B.I. empanturrou-se à grande e à minhota com as suas histórias salteadas com grelos e arroz de miúdos. Chá branco? Isso existe? No meio de histórias mil, António Herculano esboça uma, duas interrogações. Chá branco, tem a certeza? Pronto, três interrogações e não se fala mais disso. Chá branco no Pedra Furada? Essa é boa, suspira o coproprietário do restaurante mais famoso do Minho, quiçá até de Pedra Furada. Sim, Pedra Furada é o nome de uma terra minhota colada a Barcelos, e também do restaurante. A sintonia dá-se há 20 anos, quando o restaurante assumiu o


próprio nome da freguesia. Pedra Furada porquê? Conta a lenda que a mártir cristã Santa Leocádia foi sepultada viva e conseguiu furar com a cabeça a pesada pedra do seu túmulo – instalada junto à igreja paroquial. É noite cerrada, não vislumbramos a igreja, só temos olhos para o Pedra Furada. Prometem-nos uma noite gloriosa, daquelas à moda antiga. Estaciona-se o carro no parque e entra-se pela porta das traseiras. Que galo. Pois é, galo. Assado, acrescentamos nós. Quando o bicho chega à mesa, António Herculano ainda está como que amuado connosco. E com razão. Então se nós o fintámos com uma entrada pelas traseiras em vez de o confrontarmos pela porta principal, onde mora um cuidado espaço cheio de cartas, envelopes e escritos de todo o mundo, embelezados pelo jazz. Aquilo sim, é música para os nossos ouvidos. De repente ouvimos Miles Davis, Diana Krall ou Nat King Cole. Inesquecível. Tudo isto se passa no restaurante Pedra Furada, na freguesia de Pedra Furada. É ou não é fascinante? É, claro que sim. E ainda nem falámos do galo. Esse malandro (o arroz). É a receita do sucesso, oito vezes campeão nos dez concursos anuais já promovidos pela câmara. O último título chegou há uma semana. Se isto fosse futebol, e a fazer jus à cor clubística de António Herculano, seria mais ou menos assim: “Eusébio recebe a bola no seu meio-campo e avança como se fosse um extremo. Passa um. Dribla outro. Finta o terceiro. Tabela com Simões, sai-lhe o guarda-redes aos pés e é goloooooo!” Perdão, golo ou galo? A expectativa é imensa. A multidão acomoda-se na cadeira. A faca entra no centro do galo... E já está tudo comido. O galo é daqui, e estou com a mão esquerda a puxar a orelha esquerda, em sinal de aprovação. Tenro, delicioso. De chorar por mais. É tudo aquilo com que sonhamos quando o vemos na televisão. Melhor ainda, até. Porque há um arroz (esse malandro) a condizer. E porque temos (ah, agora sim!) António Herculano ao nosso lado, a falar connosco de história minhota, portuguesa, europeia, mundial, universal. É um homem castiço, de olhar vivo, memória prodigiosa e cultura ilimitada. Cada carta é uma história, cada envelope um pormenor, cada galhardete uma cara. De um qualquer cidadão do mundo, seja espanhol seja japonês, francês ou australiano, holandês ou vietnamita, inglês ou argentino. Que Torre de Babel, Dios mío, mon Dieu, mio Dio. Um fartote de emoções sem igual. Se não acredita, veja lá bem isto: um jovem alemão entra no Pedra Furada, a caminho de Santiago, bate-se com um galo (atenção, também há bacalhau à minhota com postas de três dedos e rojões da D. Angelina, uma das irmãs de António Herculano; a outra chama-se Madalena). Dizíamos, um alemão chega, almoça e debruça-se sobre o balcão antes de partir para escrever o que lhe der na cabeça. De repente, surpresa, reconhece o tio. Sim, o tio. Qual é a probabilidade de dois alemães conhecerem o Pedra Furada através do palato?


Ou aquela em que uma canadiana entra pela porta principal (sim senhora, ela é que a sabe toda) e não passa daí. E então? O som é abafado pela voz de Diana Krall. Muito bem, renovamos o “e então?”. A dita cuja andou com a cantora na escola primária e nunca, nunca mesmo, estaria à espera de a encontrar, por assim dizer, num restaurante no cimo de Portugal, a meio do caminho de Santiago. Ou ainda a vez em que uma californiana e um dinamarquês se cruzam na Pedra Furada. Daí a um ano, António Herculano recebe uma carta. Lá dentro, uma fotografia do bebé de ambos. Só mais esta, vá: um belo dia o carteiro entrega-lhe uma carta com remetente dos EUA e com um galo de Barcelos estampado na frente. E ainda há... Já não dá, não dá mesmo. Já não conseguimos reter mais nada. Ele é pão, ele é galo, ele é arroz com miúdos, ele é batatas assadas, ele é grelos, ele é recheio. Ele é cartas, ele é envelopes, ele é notas de todos os países e mais algum, ele é galhardetes, ele é jazz. Não, não dá. Só se empurrarmos tudo com chá branco.


"Pedra Furada" (Barcelos)

Viandantes e mesários Tenho um amigo que aplica a palavra «viandante» a quem goste de ir à procura de locais com boa carne. É claro que se trata de uma corruptela sinonímica. Os viandantes são os caminheiros. Mas por que diabo são chamados aqui, a um espaço de notas sobre restaurantes? Na vida, passei três vezes pelo «Pedra Furada». A primeira, no final dos anos 70. O espaço era algo diferente e chamava-se ou chamavam-lhe «Maria da Pedra Furada», por virtude do nome da proprietária. Terá nascido de uma tasca criada há 70 anos, passando, em 1974, a restaurante. Ficou-me na memória ter já então uma cave de vinhos afamada, num tempo em que, pela província, isso não era muito vulgar. Ainda hoje ela se recomenda, muito embora, nesta última visita, tenha me tenha satisfeito com o muito razoável tinto da casa.


A aldeia de Pedra Furada fica a 5 kms a sul de Barcelos (melhor, de Barcelinhos, para quem conhece as peculiaridades da área), na Estada Nacional 306. É um espaço rústico, com um serviço profissional e atento. O proprietário, António Herculano, é uma figura hospitaleira que, entre a chegada das vitualhas à mesa, nos fala com entusiasmo da mudança profunda que o seu projeto comercial sofreu, por virtude do local se ter tornado num afamado ponto obrigatório de passagem de peregrinos no Caminho de Santiago de Compostela. Daí os viandantes, percebem agora? Ao lado do restaurante, num espaço cosmopolita, cruzam-se diariamente gentes de todas as partes do mundo, contando-se bem para cima da centena as nacionalidades visitantes. Mas, a bem da verdade, não me parece que esses romeiros, mais frugais, procurem o que a mim me levou ao “Pedra Furada”: a sua sólida comida regional. No rol de entradas, salientam-se as Papas de Sarrabulho e as Tripas de Porco. Quem não for usado, pode ficar pelas pataniscas, pelo chouriço ou pelas sopas. Nos peixes, a oferta fresca não é grande (linguado, pescada ou robalo), mas realça-se um naipe de quatro Bacalhaus – à moda da casa, com broa, cozido ou assado – que são uma das marcas do restaurante. Provou-se o primeiro, “à Narcisa”, que estava de grande qualidade, demolhado ao ponto, lascando como deve ser. Das carnes, passando por entre a Pá de Porco, os Rojões e os clássicos bifes e escalopes, foi-se para o Cabrito Assado no Forno, que é também um conhecido cartão de visita. Não nos arrependemos, tinha ótimo sabor, embora a hora tardia da visita o tivesse trazido um pouco seco. Por encomenda, há por lá o famoso Galo Assado, bem típico da região, o Arroz de Cabidela e o Bacalhau Dourado. Uma lista de sobremesas simpática, onde brilha o Pudim Abade de Priscos, fecha o repasto. Mas notei um Pudim de Laranja, uma Tarte de Amêndoa, além dos clássicos (Mousse, Leite Creme, etc). Não fomos para os Mexidos (um doce limiano com pão, frutos secos e mel) mas para umas Rabanadas de leite (também havia de vinho do Porto), porque, neste domínio, o Natal é quando o cliente quiser. Em suma: não são muitas as novidades, tendo a casa optado por algumas sólidas “âncoras” que, em especial nos fins de semana, têm forte procura e recomendam reserva.


Por mim, sempre que puder, não como viandante mas apenas como “mesário” (outra corruptela sinonímica, desculpem lá!), passarei por este clássico e simpático pouso minhoto.

Restaurante “Pedra Furada” Rua de Santa Leocádia, 1415 Pedra Furada, Barcelos Fecha 2ª feira ao jantar Tlf. 252 951 144 Preço médio: 20 euros Wifi Estacionamento fácil Editada por Francisco Seixas da Costa às 27.6.16














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