Revista Hebraica - Novembro 2012

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ANO LIII

| N ยบ 609 | NOVEMBRO 2012 | H ESHVAN/ K ISLEV 5773

Carmel danรงa os herรณis


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palavra do presidente

65.645 e 23.500 Números como título do editorial? Sim. Há muito tempo trabalho com números, estatísticas e planejamento, e aprendi com os jornalistas que fazem esta revista Hebraica que se deve destacar, no título, de forma possível, o fato mais importante de uma notícia. Assim este 65.645 corresponde à média mensal de acessos pelas catracas do clube nos meses de agosto e setembro, contra 55.035 de cada mês no bimestre anterior. Um crescimento, portanto, de cerca de 20%. Estes números excluem os das crianças da escola Alef, que têm entrada própria e independente. Outro dado importante também virou título: pois 23.500 é a quantidade de associados da Hebraica, um número que se mantém estável há pelo menos três anos, o que desmente os pessimistas, segundo os quais o clube vem perdendo associados. Ora, se nada se alterou nestes três anos é porque os que nos deixaram foram substituídos por outros, interessados em frequentar um verdadeiro centro comunitário com o que há de melhor para a família. Desta forma, se estes números enchem de orgulho as seguidas administrações da Hebraica que mantiveram um alto nível de atendimento ao associado, também nos atribui mais responsabilidades e maiores desafios. Para cumprir estas responsabilidades e enfrentar estes desafios podem ter a certeza de que estamos trabalhando e empenhados a, com muita criatividade, responder com dedicação aos anseios dos sócios que nos prestigiam com a sua presença no clube. Shalom

Abramo Douek

SE ESTES

NÚMEROS ENCHEM DE ORGULHO AS SEGUIDAS ADMINISTRAÇÕES DA HEBRAICA QUE MANTIVERAM UM ALTO NÍVEL DE ATENDIMENTO AO ASSOCIADO, TAMBÉM NOS ATRIBUI MAIS RESPONSABILIDADES E MAIORES DESAFIOS


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sumário

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Carta da Redação

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Destaques do Guia A programação de novembro e dezembro

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cultural + social

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Let’s Dance Mais uma edição da festa mais concorrida do Social

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Gourmet Acompanhe a programação do mês e participe

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Galeria Vernissage reuniu obras de Meiri Levin e Luise Weiss

20 78

Kleztival A música judaica dos quatro cantos do mundo

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Corrida da Amizade Cristãos, judeus e muçulmanos se reúnem em prol da paz

ENRIQUE RECEBE A FIDEL NA BASE AÉREA DE HAVANA, REVELANDO UMA VELHA AMIZADE

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44

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51

Passeio Na pauta, os impressionistas franceses do Museu D’Orsay

Biblioteca Vencedores de concurso ganham livro

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Coluna um / comunidade Os eventos mais significativos na cidade

34

Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

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juventude

38

Capa Festival Carmel Preparem-se para os três dias mais alegres do ano

42

FestBandas Bandas cariocas, paulistas e argentinas unidas pela música

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Teatro Nós – Frente & Verso é a segunda montagem do ano

Espaço Bebê Futuras mamães fazem um curso especial de yoga

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112

esportes

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Virada Um final de semana dedicado ao esporte e à arte

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Polo A campanha dos garotos no Campeonato Juvenil Brasileiro

58

Handebol Nossa equipe ficou entre as quatro melhores do estado

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Curtas Destaque para o judô, futsal e futebol de base

63

magazine

64

Eleições EUA As delicadas relações dos EUA com Israel e as urnas

74

Comportamento Cientologia agora quer fixar raízes em Israel

78

Cuba Enrique Oltuski – judeu, engenheiro e revolucionário

84

Holocausto Os últimos dias da última escola judia na Alemanha nazista

90

Religião A história de Elias Bickerman, estudioso de textos antigos

94

Cinema Tudo sobre a versão em dvd do documentário A Tristeza e a Piedade

96

10 notícias O noticiário de Israel ganha mais destaque

98

A palavra A influência do alemão no hebraico moderno

100

Memória Eric Hobsbawm deixou a sua marca na história do século 20

102

Leituras Os destaques editoriais do mês no mercado das ideias

104

Música Onze lançamentos imperdíveis, do popular ao erudito

106

Com a língua e com os dentes Saiba o que diferencia o sal kasher de todos os outros

108

Ensaio As ideias do controvertido filósofo Yeshayahu Leibowitz

111

diretoria

112

Homenagem A Hebraica entre as pioneiras do SindiClube

113

Obras Novidades no Amor aos Pedaços e nas quadras de tênis

114

Lista da diretoria Mantenha-se atualizado sobre os integrantes do Executivo

130

Conselho As importantes atribuições da Comissão de Disciplina e Sindicância


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carta da redação

ANO LIII | Nº 609 | NOVEMBRO 2012 | HESHVAN/KISLEV 5773

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN

EUA, Israel e Cuba

DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL

Haverá eleições nos Estados Unidos e isso explica o vasto material a respeito, no Magazine, e a magnífica ilustração de Marcelo Cipis, no sumário desta edição. O correspondente em Israel Ariel Finguerman transmite os humores do cidadão do país em relação à eleição, um repórter conta a campanha do único candidato a deputado judeu pelo Partido Republicano, outro faz uma análise do voto judeu. Ainda no “Magazine”, a primeira de uma série de reportagens a respeito dos judeus e da comunidade judaica em Cuba. Foi interessante a reação das pessoas aqui, na Hebraica, quando falei a respeito de uma comunidade judaica na ilha caribenha. A maioria ficou surpresa, imaginando que a revolução cubana tivesse promovido uma espécie de limpeza étnica. “A desinformação é brutal”, disse me o primeiro vice-presidente do Patronato da Comunidade Hebreia de Cuba David Prinstein Señorans. Nesta edição, trato de Enrique Oltuski, um judeu, que coordenou a guerrilha durante a revolução na região das Villas, em direção ao Oriente da ilha, e onde tudo começou. Há muito mais a ler no “Magazine”. Mas é importante o associado se informar a respeito do Festival Carmel que se realizará em dezembro e das muitas atividades da Hebraica, capazes de satisfazer a todos os gostos.

REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR) FLÁVIO M. SANTOS

DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES EDITORAÇÃO HÉLEN MESSIAS LOPES

ALEX SANDRO M. LOPES

ILUSTRAÇÃO CAPA MARCELO CIPIS EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95

E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040

- SÃO PAULO - SP

DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE

DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES IMPRESSÃO E ACABAMENTO IBEP GRÁFICA

AV. ALEXANDRE MACKENZIE, 619 JAGUARÉ – SP

PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629

Boa leitura – Bernardo Lerer – Diretor de Redação

E-MAIL

3815.9159 DUVALE@TERRA.COM.BR

JORNALISTA RESPONSÁVEL BERNARDO LERER MTB 7700 OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE

INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-

PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.

calendário judaico :: festas

A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO

DEZEMBRO 2012 Kislev / Tevet 5773

dom seg ter qua qui sex sáb

dom seg ter qua qui sex sáb

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Fale com a Hebraica PARA COMENTÁRIOS, SUGESTÕES, CRÍTICAS DA REVISTA LIGUE: 3818-8855 CANALABERTO@HEBRAICA.ORG.BR

2 9 16 23 30

3 4 10 11 17 18 24 25 31

“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800

BRASILEIRA

NOVEMBRO 2012 Heshvan / Kislev 5773

1 5 6 7 8 12 13 14 15 19 20 21 22 26 27 28 29 Primeira Vela de Chanuká

EX-PRESIDENTES

SÃO PAULO RUA HUNGRIA,

LEON FEFFER (Z’l)

- 1953 - 1959 | ISAAC FIS- 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTEN-

CHER (Z’l)

BERG - 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 -

1975 | HENRIQUE BOBROW - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

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por Raquel Machado

destaques do guia PARA COMEMORAR O ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA ESCOLA DE ESPORTES, ESSE MÊS, TEREMOS O CIRCUITO LÚDICO E AS AVENTURAS ESPORTIVAS. ALÉM DISSO, O TÊNIS FINALIZA SUA AGENDA COM O 4O FUN DAY, E O GRUPO DE TEATRO GESTO DA JUVENTUDE APRESENTA A PEÇA NON GRATA. E PODE IR PREPARANDO A AGENDA PORQUE DEZEMBRO VAI FERVER.

cultura + social

MORAES MOREIRA CANTA NOVOS BAIANOS COM ORQUESTRA

juventude

1/12 Série In Concert - Moraes Moreira canta Novos Baianos

9, 10, 11, 24 e 29/11 Teatro Adulto - Non Grata “... e essas mulheres, como ficam?”

21h, no Teatro Arthur Rubinstein

Quinta, sexta e sábado as 21h30 e domingo as 18h, no Teatro Anne Frank

31/12 Réveillon 2013 - E o mundo não acabou!

de 7 a 9/12 32o FESTIVAL CARMEL

21h, no Salão Marc Chagal

Horários do ônibus

• Terça a sexta-feira Saídas Hebraica 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saída Avenida Angélica 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45

• Sábados, domingos e feriados

esportes 10/11 Circuito Lúdico e Aventuras Esportivas da Escola de esportes

24/11 4o FUN DAY Torneio de Duplas Infantil e Adulto

Das 9h30 às 15h, consulte horário por faixa etária

9h, no tenis

Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saídas Avenida Angélica 9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45

• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h Saída Hebraica – 13h45, 18h30



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cul tu ral +social


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cultural + social > let’s dance DEEJAY E PERSONAL DANCERS ANIMARAM A PISTA DA FESTA LET’S DANCE

PRESIDENTE ABRAMO DOUEK COMEMOROU O ANIVERSÁRIO DURANTE A FESTA

Duzentos convidados receberam a primavera ÁRVORES FLORIDAS DECORAVAM O ESPAÇO ADOLPHO BLOCH NA SEGUNDA EDIÇÃO DA FESTA LET’S DANCE, EVENTO QUE TAMBÉM COMEMOROU O ANIVERSÁRIO DO PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

A

segunda edição do Let’s Dance foi realizada pelo Departamento Social e dedicada à geração que viveu a cultura dos anos 1960, 70 e 80. O êxito do primeiro Let’s Dance, em maio, estimulou a diretora social Sônia M. Rochwerger a repeti-lo no início de outubro, e do qual participaram cerca de duzentos convidados. A festa reproduziu o visual das casas noturnas nos anos 1970, com poltronas e mesas baixas a um canto e a área para os crepes e saladas dividindo espaço com a pista de dança. As rodas de amigos e casais usavam as poltronas por curtos períodos, pois os sucessos da discoteca desafiavam a maioria dos presentes a recordar passos e ritmos da adolescência. Nos intervalos, os casais reviviam os momentos românticos com os hits de bandas famosas, como Supertramp, Chicago e outras.

A alternância entre os ritmos fez casais e solteiros, que sempre gostaram do estilo que nos 70 era chamado hustle, refrescarem a memória com as sequências de movimentos eternizados pelos filmes Saturday Night Fever e Grease. Dançarinos profissionais mostravam os passos e movimentos e até os mais tímidos se misturavam ao grupo harmonioso, dançando ao som de Stayin’ Alive. Nesse ambiente repleto de amigos, Bertha Douek homenageou o marido, Abramo, com um bolo de aniversário. Emocionado, o presidente da Hebraica demorou a encontrar a voz para responder à surpresa. “Agradeço os cumprimentos e a presença de todos na noite de hoje. Eu e minha diretoria trabalhamos para aumentar cada vez mais a frequência e proporcionar diversão aos sócios”, afirmou. Em seguida, voltou à pista com a mulher. (M. B.)


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cultural + social > espaço gourmet

Experiências saborosas e inesquecíveis CINCO CHEFS E PROPOSTAS ESPECIAIS PARA ATENDER OS SÓCIOS QUE FREQUENTAM AS NOITES GASTRONÔMICAS DO ESPAÇO GOURMET

ELIANE CARVALHO, DO BRIE RESTÔ, MOSTRA UMA DAS SUAS CRIAÇÕES

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epois de morar na França, a chef Eliane Carvalho voltou para comandar a cozinha do Brie Restô, nos Jardins. Ela veio de Cuiabá há seis anos e se prepara para nova temporada em Paris em fevereiro próximo, onde dará mais uma aula no famoso Le Cordon Bleu, a escola de culinária que todo chef sonha frequentar um dia. “Vou e levo uma porção de ingredientes brasileiros, incluindo a banana-da-terra do Mato Grosso”, revela Eliane aos atentos alunos no clube. É essa mesma banana, trazida a São Paulo semanalmente, que usa no risoto de codorna, prato principal daquela noite. Vanessa, aluna assídua, pergunta. Ao seu lado, o marido Ralph Saposnik acompanha o passo-apasso da receita. “Somo fregueses do Gourmet, e em casa ela faz e eu experimento as receitas”, afirma enquanto saboreia a salada brie, acompanhada de vinho. Em outubro, vários nomes de destaque mostraram truques culinários no Espaço Gourmet. Henrique Fogaça, chef revelação pela Veja São Paulo, ensinou especialidades da sua casa, o Sal Gastronomia; Thompson Lee repetiu, a pedidos, a aula de cozinha fria japonesa, incluindo as técnicas do sushi e sashimi; Edrey Momo é sócio da pizzaria 1900 e na aula passou muitas dicas para a pizza em família. Uma das noites ficou por conta do premiado Eudes Assis e um jantar exclusivo harmonizado com vinhos. Neste mês, o cardápio inclui mais uma seleção de nomes reconhecidos na gastronomia paulistana. Escreva para espacogourmet@hebraica.org.br e receba on line a programação completa de novembro. (T. P. T.)


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cultural + social > galeria de arte

LUISE WEISS, O CURADOR JACOB KLINTOWITZ E MEIRI LEVIN DURANTE O VERNISSAGE

A memória em exposição UMA MALA E UM NAVIO SE COMPLEMENTAM. MEIRI LEVIN E LUISE WEISS “VIAJAM” E DÃO VIDA A ESSE PERCURSO. ELAS LEVARAM A MALA, O NAVIO E TUDO O MAIS QUE REPRESENTAM PARA A GALERIA DE ARTE

“A

s Inesperadas Faces da Memória” reúne, de um lado, imagens de passaportes, carimbos de diferentes portos, fotos guardadas em malas; de outro, figuras saídas não se sabe de onde, mas de lugar certo expostos até o dia 16 na Galeria de Arte. São duas trajetórias pelos caminhos da arte, porém independentes, criando mundos que dizem respeito a cada uma e quem sabe também àqueles que têm nos imigrantes a lembrança emotiva dos familiares. O curador da exposição Jacob Klintowitz definiu-a: “Podemos nos perguntar o que pensariam os nossos bisavôs se pudessem contemplar as obras de arte cria-

das por Meiri Levin e Luise Weiss, que utilizam fotos e fotogramas de ancestrais como ponto de partida para a sua meditação visual. Eu acredito que eles, como eu, compreenderiam que este trabalho é matéria pulsante, criação a nos dizer que a cada novo ser o universo renasce. Estas obras de arte são habitantes inaugurais da nossa época”. Com graduação e mestrado em Letras pela USP, Meiri Levin tem uma trajetória artística que passa pela ilustração de livros como Imigrantes, Mascates e Doutores, do professor polonês Meir Kucinski (z’l) ou a obra de Eliezer Levin (z’l), retratando o cotidiano da vida judaica paulistana. Sua série “Álbum

de Família” mereceu mostra exclusiva no Museu da Escultura – Mube. Já expôs no Masp, Centro Cultural São Paulo e Paço das Artes e participou de várias coletivas no exterior e em museus nacionais. Luise Weiss é gravadora, pintora, fotógrafa. Graduada pela ECA/USP, onde se doutorou com a tese “Retratos Familiares: in Memoriam”, tema da investigação da identidade e base dos trabalhos. Da Áustria, terra dos antepassados, trouxe fotos antigas e outras produzidas nos locais onde eles viveram. O Masp apresentou “Luise Weiss – Passagens e Memórias”, mostra criada para o museu por Luise que também é professora titular de desenho e gravura na Unicamp e Mackenzie. Participou de coletivas, como as do MAC/Caracas, da Bienal Internacional de São Paulo e da Bienal Gráfica da Iugoslávia. (T. P. T.)


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cultural + social > kleztival val 2012, realização do Instituto da Música Judaica – Brasil e a Hebraica São Paulo, com o apoio do Sesc São Paulo e o patrocínio do Banco Daycoval.

KLEZTIVAL REUNIU A EXPRESSIVIDADE DE YAIR DALAL, A ALEGRIA DE MICHAEL ALPERT, O ATIVISMO IDICHISTA DE DANIEL KAHN, QUE VEIO DE BERLIM; QUEM APRECIA UMA HARKADÁ DIVERTIU-SE

Uma Babel rítmica no Brasil DURANTE DEZ DIAS, 120 INTÉRPRETES BRASILEIROS, E 34 DELES ESTRANGEIROS, ESPALHARAM A MÚSICA JUDAICA POR SÃO PAULO, DA HEBRAICA AO METRÔ SÉ PASSANDO PELO SESC, CHEGANDO A SANTOS E NITERÓI

A

terceira edição do Kleztival ampliou a proposta original de divulgar o klezmer originário do Leste Europeu e incluiu o som dos judeus dos países árabes (mizrahim) e dos sefaradim da Península Ibérica na programação. Também aumentou o número de workshops na Hebraica, Faculdade Cantareira, Conservatório Souza Lima, Unesp, Emesp, Fundação Ema Klabin, no Espaço Cultural da Grota, em Niterói (RJ), e outros mais. Desde quando os músicos chegaram ao clube, no primeiro dia, já se podia avaliar o que a semana prometia para o público. Os primeiros workshops de repertório ídiche e instrumental, seguidos por uma harkadá com música ao vivo, foram a introdução para o show noturno de abertura, no Teatro Arthur Rubinstein. Os brasileiros Alexandre e Tânia Travassos, o clarinetista norte-americano Gustavo Bulgach e o Babel Ashkenaz

Project com intérpretes de Israel, Brasil e Estados Unidos, fizeram o público vibrar, bater palmas, dançar e pedir mais. Aliás, tal como nos dias seguintes. Por todos os cantos do clube se ouviam vários idiomas, alguns arranhando o portunhol, identificando-se pela música judaica, ainda que tocada e cantada em ritmos tão diferentes como um tango em ritmo de samba. Compositores e intérpretes acostumados a percorrer o mundo com a sua arte, os músicos internacionais sentiram o calor da receptividade brasileira em todos os espaços em que se apresentaram, fechados ou a céu aberto, num palco ou em contato direto com o público. Nas unidades do Sesc Bom Retiro e Pompeia, dias antes já não havia lugares disponíveis. Nos conservatórios e faculdades, os alunos se sentiram gratificados com a chance do diálogo e da troca de experiências.

Quatrocentas pessoas em média por dia fizeram uma pausa no Metrô Sé, na hora do rush da tarde de segunda a quinta, para ouvir música judaica, dançar, bater palmas e pés no chão seguindo o ritmo, usar seus telefones para fotografar e gravar, comovendo os músicos. Uma senhora vai até o acordeonista e lhe dá uma rosa envolta em papel celofane. Muitos querem saber onde poderão assistir aos shows. Um rapaz cego pede explicações sobre “a origem dessa música tão contagiante”.

O show de encerramento na Hebraica reuniu gente de todas as idades num clima de receptividade à moda brasileira. Com calor humano, sentido e comentado pelos visitantes, prontos para voltar no próximo ano e já pensando em produzir novos sons, dessa vez mesclando a batida gingada do pandeiro com o toque oriental do tof israelense. A diretora geral Nicole Borger e o diretor de produção Edy Borger reuniram um grupo de voluntários que teve papel fundamental na concretização do Klezti-

Trompete e alaúde Em que sala de espetáculo se imaginaria ouvir um trompete e um alaúde em sintonia? Pois o norte-americano Frank London e o israelense Yair Dalal mostraram que é possível tocar juntas a música do Leste Europeu e a do Iraque, unindo dois instrumentos de características e sons tão diversos. London, entusiasta desde a primeira edição e diretor musical deste Kleztival, é um dos maiores nomes da música klezmer e um dos responsáveis, nos anos 1980, pelo revival do gênero nos EUA e na Europa. “Não devemos e não podemos deixar que as limitações dos outros nos contagiem”, diz o artista com impetuosidade. Ele conheceu os ritmos brasileiros e ficou fã do forró de Dominguinhos e dos chorinhos de Pixinguinha. O deserto é o lugar preferido de Yair Dalal, músico israelense nascido em 1955, um ano após os pais deixarem o Iraque para viver em Israel. “Quando componho, muitas coisas passam pela minha cabeça: a oração na sinagoga, as canções iraquianas e populares árabes”, explica. Elas são tocadas no alaúde (o árabe oud), ou no violino. Ativista da paz, criou um coro de jovens israelenses e palestinos, utilizando a música como meio para conhecer e partilhar a cultura de ambos. Alguns são de Israel, outros da Cisjordânia e têm o incentivo dos pais. (T. P. T.)

Artistas do Kleztival 2012 Frank London, Gustavo Bulgach, Jake Shulman-Ment e Michael Alpert (EUA), Yair Dalal, Erez Mounk e Trio Shalvá (Israel), Shtetl Klezmer (México), Klezmeron Orkestra (Uruguai), Duo Polina e Merlin Shepherd (Inglaterra), Daniel Kahn (Alemanha), Babel Ashkenaz Project (Brasil, Israel e EUA), Beyond the Pale (Canadá), Orquestra Kef (Argentina) e os nacionais: Nicole Borger, Alexandre e Tânia Travassos, Felipe Grytz, Cláudio Levitan, Trio In Canto, Soli Mosseri, Daniel Stein, Caíto Marcondes, Klezmer 4, Zamarim, Carin Zwilling e Mário Sevílio, Coral Sharsheret Wizo, Coral Zemer e Coral Naamat Pioneiras (Porto Alegre), Coral Kadosh (Santos/Santo André).


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cultural + social > corrida da amizade 1.

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2.

4.

PREMIAÇÃO DA CORRIDA DA AMIZADE, COM A PRESENÇA DO GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN E DO NORTE-AMERICANO WILLIAM URY

Uma homenagem a São Paulo

A QUARTA EDIÇÃO DA CORRIDA DA AMIZADE REPRESENTA A CONVIVÊNCIA E A INTERAÇÃO ENTRE JUDEUS, CRISTÃOS E MUÇULMANOS DE SÃO PAULO, CIDADE QUE É EXEMPLO DE HARMONIA ENTRE AS RELIGIÕES

E

ste ano, oito totens foram colocados no percurso de sete quilômetros entre o Clube Monte Líbano e a Hebraica, chamando a atenção dos corredores e da população para valores como paz, solidariedade, diversidade, liberdade, amizade, amor e respeito, nas camisetas dos líderes religiosos e laicos árabes e judeus, do prefeito Gilberto Kassab, na largada, na Avenida República do Líbano, e do governador Geraldo Alckmin na che-

gada, no estacionamento do Shopping Eldorado. “A prova é muito simbólica, porque passa por pontos emblemáticos das comunidades que vivem na cidade”, disse Alexandre Chade, ao lado de Raul Meyer e Suheil Yamout, representantes no Brasil da ONG Caminho de Abraão. Esta ONG faz do trajeto de Abraão desde Ur, na Suméria, até Canaã, há quatro mil anos, um roteiro turístico, na Tur-

quia, Jordânia, Autoridade Palestina, Líbano e Israel. A ONG internacional foi criada em 2007 pelo antropólogo norte-americano William Ury, cofundador do Programa de Negociações da Universidade de Harvard. Ao visitar o Brasil, há cinco anos, ele motivou um grupo de empresários a se unir e divulgar a convivência intercomunitária. Ury acompanhou a prova e exultou com a organização, o número de corredores e a confraternização entre dirigentes dos clubes participantes, produzida pela Corpore, entidade que congrega corredores da América Latina. “Nessa corrida homenageamos São Paulo, a cidade que acolhe e respeita as diferenças culturais dos habitantes”, ressaltou o presidente da Hebraica, Abramo Douek, ao final da premiação. (T. P. T.)

6.

5.

1. PAI E AVÔ CORUJAS DE LEON FEFFER SKAF; 2. DEPUTADO FEDERAL WALTER FELDMAN, SECRETÁRIO MUNICIPAL DE ESPORTES ANTONIO MORENO NETO E ABRAMO DOUEK; 3. “MEU NOME É ISRAEL DE CAMARGO E EU AMO ISRAEL”; 4. NA LARGADA, PREFEITO GILBERTO KASSAB E OS DIRIGENTES DOS CLUBES; 5. FERNANDA AJZEN E TOMAS MARTINS NO FINAL DO PERCURSO; 6. SALIM SCHAIN, DAVID FEFFER, CLÁUDIO LOTTENBERG, MÁRIO FLECK, XEQUE BOUSTANI, ABRAMO DOUEK E RAUL MEYER


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cultural + social > passeio

Visita aos impressionistas O PROGRAMA DA QUARTA SAÍDA CULTURAL FOI A MOSTRA “IMPRESSIONISMO: PARIS E A MODERNIDADE”, E UM PASSEIO PELO CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL (CCBB)

GRUPO DA HEBRAICA EM FRENTE AO PRÉDIO DO CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL (CCBB)

A

exposição “Impressionismo: Paris e a Modernidade” levou mais de 320 mil pessoas ao Centro Cultural Banco do Brasil e teve três viradas nos fins de semana para atender à enorme demanda. Para ver as obras do período de 1848 a 1914, os sócios da Hebraica percorreram os quatro andares do espaço, distribuídos em sete módulos temáticos finalizando no subsolo, onde ficava o antigo cofre forte do banco. Estavam expostas 85 pinturas do acervo do Museu d’Orsay, à margem esquerda do rio Sena, e assinadas por Edouard Manet, Paul Gauguin, Paul Cézanne, Edgar Degas, Claude Monet, Auguste Renoir e até um Van Gogh. Ao chegar à obra de Paul Sérusier, as anotações laterais informavam que o pintor se entusiasmara com a ideia dos alunos da Escola de Belas Artes de Paris de seguir Gauguin e se desviar dos ensinamentos acadêmicos. Foi quando surgiu, em 1873, o movimento Nabi, palavra hebraica para “profeta”, designando o surgimento da arte como uma maneira subjetiva de expressar as emoções. O sentimento tornou-se a base fundamental da representação na época e as cores planas e justapostas mostravam o estado de ânimo e a visão dos seus representantes, os autodeterminados “profetas” do novo rumo que tomaria a pintura do século 20. Com tanta informação nova, no trajeto de volta ao clube e no almoço no Espaço Gourmet o impressionismo foi o assunto preferido. E o cardápio da chef Ana Recchia atendeu a todos, desde o pão feito ali mesmo até o café tirado no ponto certo. Ao final, todos perguntavam pelo próximo passeio. “Podem agendar, será dia 1º. de dezembro, à Bienal Internacional no Ibirapuera, com um guia exclusivo”, informava a responsável pela atividade Tea Zylberman.


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cultural + social > biblioteca

Três anos de literatura DIA 11, A BIBLIOTECA LANÇA NO RESTAURANTE CASUAL 1000 O LIVRO CONCURSO LITERÁRIO BEN-GURION – CONTOS, CRÔNICAS, POESIAS E DEPOIMENTOS, COM OS TRABALHOS VENCEDORES DE 2010, 2011 E 2012

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a entrega de prêmios aos primeiros colocados de mais uma edição do Concurso Literário Ben-Gurion será lançado o livro que reúne as poesias, contos e crônicas classificados nos três últimos anos. “É uma publicação interna do clube com o registro da participação dos sócios e que contém o melhor da sua expressão literária”, informa Maria Eunice Lopes, chefe da Biblioteca e responsável pela organização do Concurso desde a sua criação, em 2006. A partir daí o Concurso Ben-Gurion ajudou os sócios a partilhar suas produ-

ções literárias. Foi assim com a psicóloga Michele Cukiert, primeiro lugar na categoria poesia em 2010. “A escritora Deborah Goldenberg concorreu e venceu nos anos de 2007 e 2009 e a partir da quinta edição foi jurada no concurso, mais a psicanalista Rosa Worcman, a tradutora Cláudia Lewenthal e o escritor Alexandru Salomon que inscreveram trabalhos em todas as edições e foram várias vezes premiados”, conta Eunice. Em 2010 e 2011, a Biblioteca promoveu oficinas literárias que incentivaram novos participantes como Michele e Leonardo Forte, vencedor do prêmio lite-

rário Sindi-Clube na categoria “Conto”, em 2011. “Não posso garantir que as oficinas tenham sido diretamente responsáveis pela qualidade dos textos inscritos este ano, mas os jurados desta edição elogiaram especialmente os contos vencedores e que farão parte do livro”, comenta Eunice. “Comentários do ex-presidente Arthur Rotenberg e do presidente Abramo Douek integram a obra. Eles estão entre os muitos incentivadores do concurso, assim como o diretor cultural Samuel Seibel”, lembra Eunice. (M. B.)

Participação em alta O Homem em Queda, escrito por Don DeLillo, foi o segundo livro debatido pelo Clube da Leitura, parceria da Biblioteca da Hebraica, com o Sindi-Clube, a Associação Paulista de Escritores e a Cia. das Letras. O número de interessados superou as expectativas do Sindi-Clube, e a Hebraica é a única entre as entidades que aderiram ao projeto a manter dois grupos mediados por Vivian Schlesinger, encarregada de selecionar duas opções de títulos para os integrantes escolherem e lerem até o próximo encontro. “Houve uma coincidência e para o encontro de outubro os dois grupos escolheram Nêmesis de Philip Roth. Vamos ver se essa unanimidade se mantém para a reunião do Clube, em novembro”, observou a mediadora. Para estimular o debate de O Homem em Queda, Vivian preparou uma apresentação em slides propondo questões

para reflexão nos dois grupos. O livro escolhido para o encontro de 20 de novembro será O Centauro no Jardim, de Moacyr Scliar.


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coluna comunidade

Perucas com cabelos kasher

Lakshmi é uma empresa que trabalha na área capilar, importando cabelos da Índia, por sua boa qualidade. O site tem um link para “Perucas Judias” e a explicação: “conhecidos por sua qualidade, os cabelos judeus são sinônimos de modernidade e glamour, consequentemente, objetos de desejo entre as mulheres em Israel. Agora disponível também no Brasil pela empresa Lakshmi Cabelos Naturais, empresa especializada em peruca kosher, atendendo as exigências judaicas. São cabelos naturais de origem judaica e sem processo químico. As perucas possuem certificado de origem e são confeccionadas na Mongólia”.

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por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br

COLUNA 1

MINISTRO PATRIOTA NO JANTAR EM BROR CHAIL, AO LADO DA EMBAIXADORA MARIA ELISA BERENGUER, SAUDOU E ENTUSIAMOU-SE AO ENCONTRAR BRASILEIROS QUE ERGUERAM O KIBUTZ

Do Brasil para Bror Chail

O

ministro das Relações Exteriores Antônio Patriota chegou a Israel e foi direto para o kibutz Bror Chail, fundado por brasileiros há mais de sessenta anos. Ele foi recebido por Edith e Tzvi Chazan, ex-cônsul de Israel em São Paulo, no Museu Adoniran Barbosa. Patriota conheceu a Sala Oswaldo Aranha e ouviu Tzvi Chazan dizer que “Ben-Gurion quando visitou o Brasil, em abril de 1969, e em todos os discursos para as comunidades judaicas no país lembrou o quanto Israel deve ao Brasil por essa magnânima atitude assumida por Oswaldo Aranha”. Isso foi durante jantar no restaurante do kibutz para a comitiva brasileira. Chazan explicou que “há doze anos nossa re-

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gião vive num clima de insegurança devido aos mísseis disparados da Faixa de Gaza, a apenas quinze minutos daqui. É muito difícil, pois o alvo desses mísseis é a população civil”. Patriota foi a Jerusalém levar mensagem da presidente Dilma Roussef ao presidente Shimon Peres: “Veremos o Brasil adotando uma posição de acordo com seu peso econômico, pois mantemos relações com todos os membros das Nações Unidas e não temos inimigos”, afirmou Patriota. Biniamin Netaniahu e os ministros Avigdor Lieberman, das Relações Exteriores, Dan Meridor, da Inteligência e Energia Atômica, e Daniel Hershkowitz, da Ciência e Tecnologia, participaram do encontro.

Jornada gaúcha sobre a Shoá A III Jornada sobre o Ensino do Holocausto realizou-se na Hebraica de Porto Alegre, coordenada pela B’nai B’rith em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, Arqshoah/Leer-USP, Universidade Federal e a Hebraica local. No final do encontro, que reuniu grande número de professores, Maria Luíza Tucci Carneiro lançou o concurso de redações sob o tema “Intolerância em Tempos de Nazismo – da Exclusão à Solução Final”. Do concurso participam alunos da sétima série do primeiro grau até o terceiro ano do ensino médio das redes públicas municipal e estadual.

Com seus 93 anos e meio, como faz questão de afirmar, e vários prêmios, Tatiana Belinky ganhou o Troféu Juca Pato de 2012. “Sou tão antiga que nem esperava ganhar”, disse a autora do livro premiado Língua de Crianças – Limeriques às Soltas, da Editora Global. Pedro Ito, Michi Ruzitschka e Ricardo Herz formam o único grupo brasileiro na Seleção Oficial do Womex 2012, uma das mais importantes feiras de música do mundo, realizada em Tessalônica, Grécia. As fotos de Ary Diesendruck estão no livro Laços de Família: Etnias do Brasil, originado da mostra nacional itinerante em comemoração aos cem anos da Sociedade Brasileira de Dermatologia, e que ficou exposta no MuBE. Esther e Murillo Schattan comemoraram 26 anos da sua empresa anunciando a abertura da Ornare Home, com showroom no histórico Edifício Moore, em Miami.

Música sem fronteiras Ao lado da argentina Denise Najmanovich, Gilberto Dimenstein participou do Encontro Internacional de Educação da Fundação Telefonica/ Vivo.

∂ Bailarino da Bat Or e, depois, da Bat Sheva, solista, coreógrafo, juiz em competições de dança pelo mundo, diretor artístico de festivais, o israelense Ido Tamor veio ao Brasil e se apresentou no Instituto Goethe, em Porto Alegre, e na Galeria Olido, em São Paulo. O jornalista Caio Blinder foi o mediador do debate “Os Desafios da Gestão Multicanal e seu Impacto na Satisfação do Consumidor”, realizado pelo Senac durante o Congresso Nacional de Relações Empresa-Cliente (Conarec), no paulistano Hotel Transamérica.

Na AC Galeria de Arte, mais de vinte trabalhos de Anete Ring compuseram a mostra “Entre”, uma série dedicada às medusas de que foi curadora a jornalista e crítica de arte Kátia Canton. “A Importância da Antropologia de Viveiros de Castro para a Psicanálise” foi o tema de que trataram Roberto Zular e Christian Dunker, durante os Diálogos da Biblioteca do Fórum do Campo Lacaniano.

∂ Em Mãe de Primeira Viagem, Vanessa Tawil Dwek dá dicas, mostra erros, acertos e descobertas da experiência da maternidade. Para o escritor Edvaldo Pereira Lima, “o conteúdo foi tratado com inteligência e sensibilidade” e o lançamento foi na Livraria da Vila do Shopping Higienópolis.

∂ O Museu Judaico de São Paulo enriqueceu seu acervo com um traje de noiva conhecido como “berberisca” ou “traje de panos”, de acordo com a tradição marroquina. A doação foi da cantora Fortuna, dona de uma coleção de vestimentas típicas orientais usadas em suas apresentações. Ricardo Abramovay é a personalidade do ano em sustentabilidade, escolhido na categoria especial do Prêmio Jornalista & Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade. A partir da Lei no. 12.637 ficou instituída a data de 18 de setembro como o Dia Nacional do Retinoblastoma. Idealizada pelo presidente da Tucca, Sidney Epelman, a iniciativa preservará a visão e a vida de muitas crianças brasileiras acometidas por esse tumor maligno que se desenvolve na retina.

O trumpetista Eliéser Fernandes Ribeiro de Sumaré (SP) está em Israel. Ele concorreu com músicos de diversos países e foi escolhido para integrar a orquestra do maestro Zubin Mehta. Ribeiro se licenciou por um ano da Sinfônica de Porto Alegre para passar o período probatório, que poderá lhe dar uma vaga definitiva na orquestra israelense.

Selo Janusz Korczak É de autoria de Valentina Dias Porto, 12 anos, aluna da sétima série na Escola das Nações, do Distrito Federal, o desenho escolhido para o Selo Comemorativo Janusz Korczak. O anúncio foi das embaixadas de Israel e da Polônia no Brasil. O selo foi lançado na abertura da exposição sobre Korczak, na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Nova unidade Einstein Consultórios, pronto atendimento infantil e adulto, medicina diagnóstica e centro de fisioterapia ocupam os oito mil metros quadrados da nova Unidade Avançada Alphaville do Hospital Israelita Albert Einstein. O novo prédio, com três andares, foi aprovado como Green Building, o selo internacional para construções sustentáveis. Foram investidos R$ 80 milhões, oferecendo equipamentos modernos e uma área dedicada à mulher, com exames de densitometria óssea, mamografia e ultrassonografia.

Nobel festejado no Brasil O americano David Wineland e o francês Serge Haroche ganharam o Prêmio Nobel de Física Quântica em 2012 porque descobriram métodos para manipular partículas sem destruí-las. A escolha foi comemorada no Brasil pelo carioca Luiz Davidovich, da Ufrj, que há três décadas participa do grupo de Haroche, na Universidade Pierre e Marie Curie, em Paris. E por Paulo Alberto Nussenzveig, que se doutorou com o mesmo grupo e atua no Instituto de Física da USP.


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cultural + social > comunidade+coluna1 Dobradinha Casa Eurico e Unibes A 8ª. edição da campanha “Faça do seu Passo um Grande Presente” será de 5 de novembro a 22 de dezembro. Organizada pelas Casas Eurico, de Moema e Jardins, a ação vai arrecadar calçados novos e usados de clientes das lojas e de fornecedores em benefício da Unibes. A previsão é a doação de mais de mil pares. “Os clientes já aguardam essa ação e, mesmo antes da divulgação da campanha, já fazem as doações”, afirma a diretora de marketing Cláudia Rosenthal. Das doações, grande parte é entregue aos assistidos da instituição e outra é vendida nas lojas do Bazar Unibes, no Bom Retiro, Brás e Lapa e responsáveis por mais de 25% dos recursos da instituição. Para doar: loja Eurico, em Moema, e Eurico Max, nos Jardins. Ou www.eurico. com.br e www.euricomax.com.br.

Start up voltada à cura do câncer Amal Ayoub é a CEO da Metallo Terapia, start up israelense que pesquisa a introdução de nanopartículas de metal, principalmente ouro, em tumores malignos para aumentar os efeitos da terapia da radiação, reduzindo os danos às células vizinhas sadias. Ayoub trabalha com dois estudiosos árabes-israelenses: um engenheiro químico formado no Instituto Technion, e uma bióloga. Nos três anos na NGT Incubadora, em Nazaré, a pesquisadora foi financiada pelo Escritório Israelense do Cientista-Chefe. Esta incubadora é a única voltada especificamente para o potencial da comunidade científica, tecnológica e empresarial árabe-israelense. Recentemente, a Metallo Terapia recebeu trezentos mil dólares da divisão farmacêutica da Arkin Holdings, fundo criado pelo empresário da saúde israelense Mori Arkin para o desenvolvimento da atuação de start ups.

COLUNA 1 Ronaldo Wrobel está entre os autores escolhidos para o primeiro número de Machado de Assis – Literatura Brasileira em Tradução, lançada na Feira de Livros em Frankfurt. Publicação bilíngue criada pela Fundação Biblioteca Nacional, em parceria com o Instituto Cultural, a Imprensa Oficial do Estado e o Itamaraty, para apresentar a literatura brasileira ao mercado editorial internacional. Como Ter Sexo a Vida Toda com a Mesma Pessoa tem a direção de Odilon Wagner. O espetáculo inaugurou o Teatro MuBE Nova Cultural, no Museu Brasileiro da Escultura. No Instituto Goethe, o debate “Infância Hoje: Brincar x Consumo” teve a participação da pedagoga e doutora em antropologia Adriana Friedmann e foi promovido pela Aliança pela Infância. Adina Worcman foi a Petrópolis, no final de semana cultural da Literarte, onde recebeu o título da Academia de Valparaiso, do Chile, em cerimônia na Faculdade de Medicina.

∂ A cada ano melhor, Dudu Fischer encantou a plateia do Teatro Arthur Rubinstein com seu show de músicas atuais e antigos sucessos. Atuante há mais de duas décadas como consultor na captação de recursos para entidades beneficentes, Samuel Szwarc incluiu o atendimento nas áreas de responsabilidade social e relações públicas ao seu portfólio profissional. A presidente da Comissão de Cooperação Internacional e Nacional da Faculdade de Direito da USP Maristela Basso convidou para a conferência de Salim Joubran, ministro da Suprema Corte de Israel. Ele falou sobre “O Sistema Jurídico e o Poder Judiciário de Israel: Perspectiva de Direito Comparado”.

O conceito contemporâneo da moda de Raquel Davidowicz ampliou o espaço da UMA na Vila Madalena com a inauguração do Salão 9+9 e do Café Bistrô Glacê, comandados respectivamente pelas sócias Juliana Barbosa e Marina Senna e pelos sócios Cleyton Freitas e Chico Melo. “Faça Gols para o Brasil, Faça Negócios com o Mundo”, projeto desenvolvido por Pierre Grossmann, passa a integrar a Programação Oficial do Governo Federal na promoção do Brasil para a Copa de 2014. Http:// GoB2B.in/Brasil é uma plataforma de uso comercial dirigida ao cadastramento de empreendedores visando a realização de negócios no Brasil e em outros 214 países. Este portal e os aplicativos “Meus Produtos e Serviços nos Mercados Globais” para ipad e Android, também criados por Grossmann, foram premiados pelo Ministério do Esporte, que hospeda as plataformas voltadas a atrair investimentos e gerar exportações.

Na Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim, o médico e psicanalista Máximo Ravenna autografou os exemplares de Entre Abrir e Fechar a Boca, que conta a história de oito vencedores da obesidade e do sobrepeso utilizando o Método Ravenna de Emagrecimento. Os aprendizes do Ensino Social Profissionalizante (Espro), participantes das Oficinas de Arte e Cultura, se apresentaram no Theatro São Pedro. O espetáculo teve a coordenação do ator e diretor de teatro Marcelo Klabin. No mês passado realizou-se o 45º. Meeting of the International Academy of Ceramics em Santa Fé, Novo México. Norma Grinberg, única representante do Brasil na Academia, participou do encontro com mais de duzentos artistas, colecionadores e críticos. Paralelamente, uma obra da artista fez parte da Exposição de Membros Ceramistas convidados pela entidade sediada em Zurique.

Focadas na representação brasileira da 30ª. Bienal de Arte de São Paulo, Ana Teixeira e Iara Freiberg ministraram um curso de quatro aulas na Fundação Bienal e com duas visitas comentadas à mostra internacional. Benjamin Zymler, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), e Richard Klein, presidente e vice-presidente dos Conselhos da Multiterminais e Santos-Brasil, participaram do lançamento da edição 2012-2013 de “Infrastructure Law of Brazil”, no Harvard Club, em Nova York, durante o III Brazil Infrastructure Investments Forum. O vice-presidente da República Michel Temer prefaciou a obra O Direito no Divã, com apresentação do deputado Fernando Capez e do presidente da Oabjf Wagner Parrot e introdução escrita por Flávio Goldberg. Jacob Pinheiro Goldberg é o responsável pela antologia, indicada como finalista do Prêmio Jabuti 2012, da Câmara Brasileira do Livro, na categoria “Direito”.

Ao lado do presidente do Grupo Doria e do Lide – Grupo de Líderes Empresariais, João Doria Jr., o presidente do Hospital Israelita Albert Einstein e do Lide Saúde Cláudio Lottenberg juntou-se aos quinhentos empresários brasileiros, portugueses, angolanos e moçambicanos, participantes da primeira edição do Fórum Empresarial do Algarve, realização do Lide Portugal.

Encontros no Jewish IN

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psicanalista David Levisky encontrou-se com os jovens da Associação Cultural Jewish IN, através de seu programa IN Formal. Médico especialista em psiquiatria da infância e adolescência, com mais de vinte artigos publicados, o palestrante falou sobre a formação da identidade, os conflitos na busca de valores e as ambivalências amorosas, que foi tema de seu romance Entre Elos Perdidos. Em encontro anterior, os convidados foram os presidentes do Congresso Judaico Latino-Americano e do Keren Kayemet LeIsrael, Jack Terpins e Eduardo El Kobbi. Esteve presente, também,

• O Instituto Olga Kos lançou o livro sobre o artista plástico Yutaka Toyota, na Cinemateca Brasileira. Jacob Klintowitz é o autor do livro e curador da exposição simultânea “Yutaka Toyota – A Leveza da Matéria”, com obras do artista e de crianças, jovens e adultos portadores de deficiência intelectual e trabalhos de membros do Grupo Chaverim.

o israelense fundador do Or Movement Ofir Fisher, em visita ao Brasil para uma parceria com o KKL no projeto Carmit, que até 2020 vai construir uma cidade no Negev para 2.650 famílias.

AGENDA •

Adriana Justus Fischer e Marina Garcia estão na Mind Agência de Eventos. As novas contratadas cuidarão das contas de Nextel, Brookfield Incorporações, Nestlé, Unilever, Duo Pink e Motorola.

CHARLES TAWIL, EDUARDO EL KOBBI, JACK TERPINS, LUCIANA BRAJTERMAN E SASSON SAAD

7/11 – Uma Noite Brilhante, May Help Dinner 2012. Na Mansão França. Show com Paula Lima e a presença de Dan Stulbach. Coquetel, leilão, jantar. A renda reverterá para o Lar das Crianças da CIP e a Casa do Amparo. Informações, 2808-6225 9 a 11/11 – Congresso Territorial Wizo Brasil. No Rio de Janeiro. Hotel Windsor Plaza Copacabana. Informações, 32570100 wizobr@terra.com.br 13/11 – Às 14h30. Solenidade de Premiação do Concurso Wizo de Pintura e Desenho. Na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo 11 a 14/11 – Em Tel Aviv. Israel HLS 2012 - II Conferência Internacional em Segurança Pública. Informações, Missão Econômica de Israel no Brasil, 30323511, ilana.kohl@israeltrade.gov.il 13/11 – Às 19h. Festival de Música Judaica com os cantores Itzik Dadya e Micha Gamerman. Teatro Sérgio Cardoso. Informações, 3811-1318 22/11 – Uma Noite em Israel, na Mansão França. Realização, Projeto Ampliar 5591-1281 Até 10/12 – “Você sob o Prisma da Cabala.” Palestras com o rabino Avraham Steinmetz, no Banco

Daycoval. Informações, 3087-0319 e JLI. Brasil@gmail.com 28/12/2012 a 2/1/2013 – Réveillon com Perla’s Tour, em Pindamonhangaba. Pensão completa, seguro-saúde, gorjetas, ceia de Réveillon com baile à beira da piscina, Kabalat Shabat, monitores 29/12/2012 a 4/1/2013 – Réveillon em Buenos Aires com a B’nai B’rith. Seis noites no Hotel Meliá BA, city tour e seguro-viagem incluso. Reservas, 3082-5844, com Roberta ou Henrique 14/1/2013 a 7/2/2013 – Em Israel. Mashav – “Capacitación de Educadores en Áreas de Pueblos Originarios”. Curso em espanhol. Inscrições abertas até 25/11/2012. Informações sobre os cursos e as bolsas de estudos, embaixada de Israel (61) 2105-0507 ou dcm-sec@brasilia.mfa.gov.il 26/2 a 21/6/2013 – Estudos Ibero-Americanos e o Oriente Médio. Programa internacional de especialização acadêmica em espanhol para estudantes universitários, na Universidade Hebraica de Jerusalém. Inscrições até 30/11/2013. Informações, academic.huji@gmail.com, Skype, romance.latino


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COLUNA 1 Vice-presidente de criação da Energy, agência do Grupo Newcomm, Vítor Knijnik reuniu 99 crônicas publicadas em sua coluna na revista Carta Capital e editou Blogs do Além. Textos “psicografados” a partir de mensagens enviadas por personalidades que deixaram este mundo. Mao Tsé-Tung, Michael Jackson, Ovelha Dolly, entre eles, e Van Gogh assina a orelha do livro. Parceria de Leslie Markus e Marina Prado, o selo de fotografia paulistano Compota reúne trabalhos dos principais fotógrafos

do país em tiragens limitadas e numeradas com preços sugestivos. A primeira série foi lançada na Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim. E estão à disposição no endereço compotaonline.com.br/ produtos/carrinhoda-compota. Ouviram do Ipiranga – Fragmentos de uma Vida é o livro lançado por Jacob Murahovschi. Homenagem aos pais – Anna e Moysés – e aos judeus com quem conviveu no bairro do Ipiranga. Gabriel Jarovsky reuniu num só lugar www.lelecoleco.com. br informações sobre

PERFIL

Grajew é Cidadão Paulistano

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presidente emérito do Instituto Ethos e coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo Oded Grajew recebeu o título de cidadão paulistano por indicação do vereador Carlos Neder. “Dar o título de cidadão paulistano a Oded é uma redundância, pois não há cidadão mais paulistano do que ele. Oded tem a virtude de jamais ter pleiteado qualquer cargo ou posição”, disse Frei Beto, ao lado da presidente da Fundação Tide Setúbal Maria Alice Setúbal, do copresidente do Conselho de Administração da Natura Guilherme Leal,

o universo infantil, com dicas, trocas de experiência, lista de profissionais, serviços e fornecedores. É o primeiro megaagregador on line do universo infantil, que começa com mais de quarenta sites/blogs nacionais. Alegrias de Quintal (www. alegraisdequintal. com.br), dirigida por Marina Farkas Bitelman, é um espaço para mães e gravidas se sentirem acolhidas, compreendidas, ouvidas, onde tenham seus anseios compartilhados, seus medos e dúvidas respeitados

e se possível transformados em coragem e autoconfiança. Marina é mãe, educadora perinatal, moderadora de conversas grupais, cursou Ciencias Sociais na USP e mestrado de Administração Pública na FGV. Ithamara Koorax, terceira melhor cantora de jazz no mundo pela revista DownBeat, veio do Rio de Janeiro para apresentação com a Jazz Sinfônica, no Auditório Ibirapuera, e revisitou o repertório de João Gilberto com a regência do maestro João Maurício Galindo.

do padre Ticão, do Movimento Nossa Zona Leste e do senador Eduardo Suplicy. Para Grajew, ao agradecer, “tudo o que aconteceu na minha vida sempre foi porque outras pessoas estiveram juntas. Sempre foram projetos coletivos”. Na ocasião, Grajew lançou uma campanha para estimular o exercício da cidadania: “Eu sou Cidadão Paulistano” de modo a cada pessoa contribuir com suas ações e práticas diárias para São Paulo ser melhor. “Não desperdiço água”, “Respeito o pedestre”, “Não dirijo depois de beber”, “Não jogo lixo na rua” aparecem junto com o logotipo da campanha, uma mão levantada com a frase “Eu sou Ci-

∂ Marcelo Reibscheid na estreia do quadro “Vida de Mãe”, com Cátia Fonseca, apresentadora do programa Mulheres da TV Gazeta.

dadão Paulistano”. O objetivo de Oded é que a campanha cresça no início de 2013, quando será divulgada pelos meios de comunicação parceiros da iniciativa. Israelense naturalizado brasileiro, Grajew presidiu a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), criou a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente, integrou o Comitê Internacional do Conselho Norte-Americano das Fundações (Council of Foundation), participou da fundação do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, idealizou o Fórum Social Mundial e é um dos criadores do Movimento Nossa São Paulo, cujo objetivo é unir empresas, sociedade e governo em torno de metas capazes de minorar os graves problemas sociais da capital.


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1. Identidade cultural e étnica em pauta: Jayme Blay, rabino Iehuda e Gaby Gitelman, Marlene Mangabeira receberam Tzvi Bekerman, da Universidade Hebraica de Jerusalém, no Templo Beth-El; 2. Dudu Strumpf e Ana Figueiredo aplaudiram as criações Bertolucci; 3. A alegria dos noivos Karina Roistacher e André Frenk contagiou os amigos na Sinagoga Chabad Itaim; 4 e 6. Bete Arbaitman recebeu mais de quatrocentos amigos, entre eles Beth Szafir, no Tivoli Mofarrej, em Noite Musical beneficiando a Amem; 5. Ronald Lauder presenciou Jack Terpins entregar, em nome do Congresso Judaico Latino-Americano, o Prêmio Shalom ao presidente da Colômbia Juan Manuel Santos; 7 e 8. Dupla Jica y Turcão e os Shtetl Klezmer do México no Hebraica Meio-Dia; 9. José Pinus, Cláudio

Strumpf, Eduardo Oliveira e Gina Elimelek aplaudiram o lançamento da Coleção 2012 Bertolucci; 3 e 4. No kibutz Bror Chail, Tzvi Chazan recebeu a embaixadora Maria Elisa Berenguer e saudou o ministro Antônio Patriota durante jantar para os visitantes brasileiros; 5. Gente nova na equipe da Mind Eventos: Adriana Justus Fischer e Marina Garcia; 7, 8 e 9. Com Yaffa Zilbershats, da Universidade Bar Ilan, na Hebraica aplaudiram a advogada israelense; Ana Lúcia Livovschi e Roberto Zaclis, Roberto Podval e Milton Zlotnik; 10. Fernando Falkowicz, Maurício Dweik, Hen Gilad e Eduardo Tawil em sessão de autógrafos do livro Mãe de Primeira Viagem

Lottenberg e governador Geraldo Alckmin inauguram a Unidade Avançada Alphaville do Hospital Israelita Albert Einstein

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Foto Ramede Felix

1. Adina Worcman e sua escultura “A Força da Mulher”; 2 e 6. Ana

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1. Obra de Norma Grinberg mostrada no México, em evento da Aca-

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demia Internacional de Cerâmica; 2. Jewish IN reúne as amigas: Michele Rudnik, Dana Lilian Chayo, Patrícia Tawil, Leslie Sasson Cohen e Érica Hen Pianetti; 3, 5, 6 e 7. Kleztival reuniu a expressividade de Yair Dalal, a alegria de Michael Alpert, o ativismo idichista de Daniel Kahn, que veio de Berlim; outros tocaram pelo clube e quem aprecia uma harkadá divertiu-se; 4. A rica coroa acompanhou o traje da noiva berberisca, doação da cantora Fortuna ao Museu Judaico SP; 8. Chef Revelação Henrique Fogaça caprichou em sua aula no Espaço Gourmet; 9. Ministro Patriota recebido no Museu Adoniran Barbosa por Henrique e Dina Kuchnir e Edith Chazan, responsável pela criação do espaço no kibutz Bror Chail

ju ven tu de


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capa | juventude > festival carmel rinos. Esse show terá o nome de ‘Os Quatro Fantásticos’”, informa. Encerrado o show de sábado, os dançarinos serão convidados a se encaminhar para o Salão Marc Chagall, onde haverá a Maratona Carmel. “Há alguns anos instituímos uma comissão nacional que prepara as danças de roda e a maratona. Ao longo do ano, os markidim (‘professores de dança’) ficam em contato permanente e quando se aproxima a data do Festival Carmel, reúnemse e colocam em prática as ideias elaboradas via e-mail. Desse trabalho conjunto resulta, por exemplo, a decoração e os desafios da Maratona Carmel cujo tema deste ano será os super-heróis dos quadrinhos. Distribuiremos brindes e faremos brincadeiras em torno desse tema”, comenta a coordenadora.

COREOGRAFIAS

MASSIVAS SERÃO DESTAQUE NO

KABALAT SHABAT DE ABERTURA

Nos palcos, os heróis da resistência C

onsagrado como o segundo maior evento folclórico judaico do mundo, o Festival Carmel homenageará em sua 32ª. edição os heróis que, em várias épocas, batalharam pela preservação da tradição judaica e de outros valores humanos. Em 7 de dezembro, a abertura do evento terá grande Kabalat Shabat no Centro Cívico com a participação das lehakot da Argentina, Uruguai e Estados Unidos e Brasil. “Ainda dependemos da confirmação de grupos do México e Is-

rael, interessados em se apresentar este ano”, informa a coordenadora do Centro de Juventude Nathalia Benadiba. No fechamento desta edição, ela estava às voltas com planilhas, documentos e decisões de modo a finalizar os preparativos para o evento. “A maioria das comissões envolvidas com o festival trabalha desde fevereiro para adaptar as atividades à temática deste ano. Como resultado, por exemplo, a feira que ocupará a Praça Carmel e se destina a arrecadar

fundos para a viagem do grupo Carmel à Disney, em janeiro, será muito melhor do que a do ano passado e atrairá muito público”, garante Nathalia. A equipe responsável pela área de produção quer dedicar o Kabalat Shabat de abertura às danças massivas. “O propósito dessa noite é expressar a importância do coletivo para o povo judeu, que durante toda sua história encontrou formas de permanecer unido e vencer inúmeras dificuldades”, destaca Nathalia.

ABRAHÃO, MOISÉS, DAVID, THEODOR HERZL, HANNAH SZENES E TANTAS OUTRAS PERSONALIDADES QUE MARCARAM A HISTÓRIA DO MUNDO E DO JUDAÍSMO SERÃO TEMA DO 32º FESTIVAL CARMEL, DIAS 7, 8 E 9 DE DEZEMBRO

Quanto à programação, ela adianta que do show Giborim (“Heróis”), de sábado à noite, no Teatro Arthur Rubinstein, participarão cantores solistas, além das lehakot. “Já o tema do show de domingo à noite, será Anachnu (‘Nós’), pois nele os dançarinos expressarão o orgulho de pertencer ao povo judeu e a essa imensa comunidade. As coreografias enfocarão os heróis anônimos, aqueles que lutam cotidianamente pela preservação do judaísmo”, detalhou a coordenadora.

Ainda a respeito da grade de shows da 32ª edição do Festival Carmel, Nathalia garante repetir uma novidade introduzida no ano passado e aprovada pelos dançarinos. “Domingo à tarde, haverá um show exclusivo para grupos de movimentos juvenis. Será a oportunidade de dançarinos e público mostrarem lealdade e entusiasmo por uma ou outra tnuá. Também convidamos alguns coreógrafos para criar danças baseadas no humor para um máximo de quatro dança-

Desafios e renovação A comissão encarregada da Arena Carmel convidou bandas para entreter os dançarinos após a abertura, sexta à noite. Outra novidade é o Boteco Carmel, que será montado em frente ao Centro de Juventude e funcionará domingo à tarde. “Queremos oferecer mais um momento para integração dos dançarinos antes do último show e da despedida dos grupos que embarcam ainda naquela noite para seus locais de origem”, explica a coordenadora. Enquanto lida com logística e programação, Nathalia e a equipe de coreógrafos do Centro de Juventude cuidam também da participação das lehakot da Hebraica no Festival. “Os grupos trabalham em coreografias especiais para o 32º Festival. Como coordenadora do Centro de Danças, acompanho de perto a evolução do trabalho de cada grupo. Dos pequenos do Parparim, aos adultos do Ofakim, todos ensaiam danças inéditas ou remontam itens do repertório”, comenta. Nathalia cita a dança massiva elaborada para os grupos Kalanit e Shalom em homenagem a Janusz Korczak, a respeito das crianças do gueto. O Kalanit também trabalha em uma coreografia cujo tema é a festa de Chanuká, que geralmente coincide com o Festival Carmel. Já o >>


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PROGRAMAÇÃO Ͳ FESTIVAL CARMEL Ͳ HERÓIS

grupo Shalom traduziu em movimentos a obra do compositor e cantor sabra Shlomo Artzi, hoje muito popular em Israel. “Para nós, esses trinta dias que faltam para o Festival Carmel passarão tão rápido quanto uma hora”, brinca Nathalia. Apresentações na Disney Os dançarinos do grupo Carmel fizeram uma intensa campanha de vendas dos ingressos para o show Simchá (“Alegria”), apresentado em outubro. “O tema reflete o atual momento da lehaká, que está socialmente integrada. Os dançarinos saem juntos depois dos ensaios e se dão muito bem entre si. Isso se reflete na qualidade da atuação no palco”, explicou a coreógrafa Gaby Chalem, horas antes da estreia. A estratégia de divulgação do show foi bem-sucedida. Na plateia viam-se exdançarinos, amigos e familiares dos grupos de dança da Hebraica, especialmente do Carmel e do Shalom, que dividiram o palco no show Simchá como convidados. Além de protagonizar o espetáculo, os dançarinos assinaram o roteiro, texto, seleção de imagens e locuções, além de estrelarem o making of que há alguns anos se tornou marca registrada de todos os eventos do Centro de Danças. Logo na abertura do espetáculo, o pú-

“A DOR SHALEM, DORESH SHALOM” É DE AUTORIA DOS COREÓGRAFOS

ISRAELENSES DGANIT ROM E MOSHIK SARDINAS

DATA

HOR. INICIO

HOR. FINAL

7/dez

20h30 00h

23h 01h30

Noite de Abertura Ͳ o que é um heroi?? Centro Cívico Arena Carmel Pça Carmel

8/dez

8h30 9h30 11h 12h 12h 11h 14h30 15h30 17h 18h30 21h 23h 23h 1h

10h 11h 12h 14h 14h 17h 16h 17h 18H 20h 22h30 24h 04h 03h

Café da manhã Harkadá 1 + chug Show 2 Ͳ Coragem Almoço dos coreógrafos + Worshop Almoço Shuk Carmel Show 3 Ͳ Atitude Harkada 2 Workshop de body combat Jantar Show 4 Ͳ Guiborim Maratona Ͳ Super Heróis Show Especial Ͳ Quarteto Fantástico Arena Carmel

Espaço Adolpho Bloch Marc Chagall Teatro Arthur Rubinstein Kasher Espaço Adolpho Bloch Pça Carmel Teatro Arthur Rubinstein Marc Chagall Centro de juventude Espaço Adolpho Bloch Teatro Arthur Rubinstein Marc Chagall pça carmel Pça Carmel

9/dez

8h30 10h 12h 12h30 11h 12h30 14h 14h30 15h 16h30 18h 20h

10h 12h 12h30 13h30 17h 14h 15h 16h 17h 18h 19h30 21h30

Café da manhã Show 5 InfantoͲEscolar Ͳ Noah Harkada Infantil Ͳ pequenos herois show de magica Shuk Carmel Almoço Show 6 Ͳ Ativistas(Tnuot) Harkada 4 Ͳ Jacques Katarivas Boteco Carmel Show 7 Ͳ Perseverança Jantar Show 8 Ͳ Nós

Espaço Adolpho Bloch Centro Cívico Marc Chagall frente marc chagal Pça Carmel Espaço Adolpho Bloch Teatro Arthur Rubinstein Pça Carmel em frente ao C. J. Teatro Arthur Rubinstein Espaço Adolpho Bloch Centro Cívico

O SHUK CARMEL ARRECADARÁ FUNDOS PARA A VIAGEM DA LEHAKÁ À DISNEY

blico foi informado sobre a viagem do grupo Carmel à Disney em janeiro de 2013. Em seguida, os dançarinos apresentaram a primeira coreografia, Libeinu. O autor Alain Sinai e muitos dançarinos que trabalhavam com ele na época assistiram da plateia. Em seguida, dançarinos do Carmel e do Shalom se alternavam no palco, sempre em danças inspiradas em momentos alegres. Três momentos sensibilizaram o público: a coreografia Flash Mob, apresentada pelos integrantes do Shalom nas passa-

gens entre as cadeiras da plateia, o vídeo em que funcionários e sócios expressavam seus conceitos pessoais a respeito da alegria e o número final da qual participaram dançarinos das duas lehakot. “Agora que fechamos as cortinas, podemos nos concentrar totalmente no Festival Carmel. A viagem para a Disney fica como um sonho bem próximo”, disse Nathalia Benadiba, que, além de coordenar o Centro de Danças e o Festival Carmel, divide a direção do grupo Carmel com Gaby Chalem. (M. B.)

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juventude > festbandas

Para reunir cariocas, paulistas e portenhos OS MÚSICOS CARIOCAS DO GRUPO RIO NOVENTA LEVARAM O PRIMEIRO PRÊMIO DO JÚRI OFICIAL DO VII FESTBANDAS. FULL HOUSE, BANDA DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DO COLÉGIO ST. NICHOLAS, CONQUISTOU OS VOTOS DO JÚRI POPULAR

A

edição do FestBandas 2012 consagrou o dito popular segundo o qual os últimos serão os primeiros. A Banda Rio Noventa foi a décima-primeira da noite a se apresentar e arrebatou dois prêmios do júri: o primeiro lugar e o de melhor instrumentista para João Abadia. A banda gravará um cd demo com três músicas no Estúdio Loop, um dos patrocinadores do FestBandas, organizado pelo Centro de Música Naomi Shemer. A Giannini Instrumentos Musicais, empresa parceira do evento, presenteou cada premiado com um violão. O segundo lugar ficou com o grupo argentino The Chagalls, que também levou o troféu pela melhor – e única – canção em hebraico. The Pussycopats foi a terceira colocada. Cláudia Chakmati recebeu o troféu pela melhor composição da noite com Vem Dançar e um prêmio destaque do júri. Ariel Levy, da banda argentina La Morsa, foi considerado o me-

lhor vocalista da noite. O júri popular escolheu os garotos do Full House, banda formada por alunos do colégio St. Nicholas. O grupo recebeu um segundo troféu como destaque do júri oficial. Para todos os participantes, o evento vai muito além de uma simples competição. Trata-se de estimular algumas bandas novas a preparar uma composição e mostrá-la para o público. Os integrantes do Pussycopats apresentaram a canção Hoochie Coochie Man e foram aplaudidos pela plateia. Alunos do Centro de Música, os garotos aceitaram o desafio e foram recompensados com um prêmio do júri oficial. A maratona de ensaios e passagens de som antes do show colocou os músicos em contato uns com os outros. Para os argentinos das bandas Heisenberg, The Chagalls e La Morsa, o final de semana foi pleno de novidades. “Fomos muito bem recebidos. Não sabíamos

que existia um clube tão lindo. Ficamos hospedados aqui e a nossa permanência foi tão agradável como se tivéssemos ido para um hotel”, admirava-se Ariel Levy, do La Morsa, horas antes de ser premiado. A apresentação dos finalistas do VII FestBandas ocupou a quadra do Centro Cívico, onde foi montado um palco e instalados equipamentos de som e luz. Nos telões, o Departamento de Mídias Digitais exibia as fotos tiradas pelos jovens do público e publicadas no Instagram. Dessa forma, quem não estava na plateia acompanhava os momentos mais emocionantes pelas imagens captadas pelos espectadores. Depois da apresentação dos finalistas, o júri oficial se retirou para deliberar enquanto os músicos das bandas Big Bang Soul e Bocato ocuparam o palco e agitaram a plateia. Divulgados os resultados, os familiares dos músicos correram para abraçá-los. O professor de música Ney Carlos reservou os melhores elogios para os alunos do Full House. “Sou professor e coordenador da área de música na St. Nicholas, e esta é uma das bandas formadas na escola. Ainda bem que é sábado, porque vai ser difícil para essa garotada dormir depois de vencer o seu primeiro festival. Mas, pensando bem, acho que ainda na segunda-feira estaremos com esse sentimento de vitória”, orgulhava-se o professor. (M. B.)

Premiados do VII Festbandas Primeiro lugar – Rio Noventa Segundo lugar – The Chagalls Terceiro lugar– Pussycopats Júri popular – Full House Melhor instrumentista – João Abadia (Rio Noventa) Melhor composição – Cláudia Chakmati Melhor vocalista – Ariel Levy (La Morsa) Destaques do júri oficial – Cláudia Chakmati e Full House Música em hebraico – The Chagalls BANDA DOIS A DOIS BRILHOU NA NOITE DO CENTRO CÍVICO

ALUNOS DO COLÉGIO ST. NICHOLAS FORMARAM BANDA FULL HOUSE


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juventude > teatro

Próxima atração Dia 9 de novembro, às 21 horas, estreia no Teatro Anne Frank – em única apresentação – Non Grata, de Paulo Rogério Lopes, a mais recente montagem do grupo Gesto. Sob a direção de Heitor Goldflus, os atores assumem papéis múltiplos nas cenas aparentemente desconexas que têm em comum referências ao nazismo e à Segunda Guerra Mundial. Informações, na Central de Atendimento – fone 3818-8888/8889.

FIGURINOS E CENÁRIOS ENXUTOS MARCARAM A MONTAGEM DO GRUPO GESTO

As sete angústias da juventude COM FIGURINO E CENÁRIO ENXUTOS, A PEÇA NÓS – FRENTE & VERSO SE

APOIA NA QUALIDADE DA INTERPRETAÇÃO DOS JOVENS ATORES DO GRUPO QUESTÃO E TEMATIZA A COMPLEXIDADE DO UNIVERSO ADOLESCENTE

A

peça Nós – Frente & Verso começa e termina com o elenco arfando, como se todos os atores tivessem um nó na garganta. Para definir e explicar a ansiedade característica da adolescência, eles recorrem à percussão corporal, acrobacias em cena e aos monólogos que ora parecem ditos para a plateia, ora amplificados a partir da mente de cada um. Dirigidos por Marcelo Klabin, os quatorze integrantes do grupo Questão pinçaram sete angústias entre as muitas que vivenciam diariamente. Com

ajuda do dramaturgo Giuliano Tierno Si’Queira, relataram os conflitos com os pais, a dificuldade em ser autêntico em uma sala de aula sem “bater de frente” com a turma do fundão e outros momentos que quase todos, na plateia, já experimentaram. A ambiguidade das situações é representada no figurino em preto e branco. Ao longo da peça, os personagens se distinguem uns dos outros por meio dos pequenos detalhes na roupa. A cenógrafa e figurinista Luciane Strul reservou um

dos últimos ensaios para uma oficina de customização na qual cada ator deu um toque pessoal à roupa. Sob os focos de luz, os atores utilizavam expressões e olhares para pontuar o discurso e em geral, conquistavam a total concordância da plateia quando repetiam: “Acho que isso não é só meu. É de todo o mundo”. Destaque também para as cenas nas quais a atriz se vê obrigada a correr atrás do foco e a da classe na qual fica clara a contradição entre o que se fala e o que se pensa ou sente. A trilha sonora assinada por Daniel Tauszig cumpre muito bem o papel de interligar as cenas e é quase toda instrumental. (M. B.)

“Nós – Frente & Verso” Elenco – André Salem, Beatriz Gelman, Bruna Gouvêa, Dália Halegua, Daniela Piepszyk, Flávia Jablonka, Gabriela Aisen, Gabriel Salm, Ilana Mallak, Marcelo Kuhn, Michele Saidon, Samanta Wexler Blanc, Tatiana Steinecke e Victor Froiman Direção – Marcelo Klabin Dramaturgia – Grupo Questão e Giuliano Tierno Si’queira Preparação vocal – Bel Borges Cenografia e figurino – Luciane Strul Trilha sonora – Daniel Tauszig Criação e operação de luz – Gilson de Moura e Paula Hemsi


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juventude > espaço bebê AS FUTURAS MAMÃES

ENCONTRAM UM SERVIÇO DE ALTA QUALIDADE NO ESPAÇO BEBÊ

O equilíbrio da gestação bem cuidada A

equipe do Espaço Bebê cercou-se de todos os cuidados ao introduzir em sua grade de atividades um curso para gestantes. “Para ter sucesso e continuidade, escolhemos um serviço de alta qualidade, reconhecido e aprovado. Por isso convidamos Cláudia Passos e Natália Neder, duas profissionais com vinte anos de experiência no atendimento às gestantes”, afirma a coordenadora do Espaço Bebê Talita Pryngler. Quando descreve o curso ela enfatiza que não se trata apenas da yoga, mas de consciência corporal e massagem. “É por isso que as profissionais trabalham em dupla. Enquanto uma orienta a aula, a outra observa e indica a melhor postura para aquele estágio específico da gestação da aluna. Embora seja dada em gru-

O CURSO “YOGA, CONSCIÊNCIA CORPORAL E MASSAGEM” PARA GESTANTES NO ESPAÇO BEBÊ FOI CRIADO PARA AJUDAR AS ASSOCIADAS A LIDAR COM AS MUDANÇAS E SURPRESAS EM SEUS CORPOS E MENTES po, nessa aula as alunas recebem orientação individual”, explica Talita. Ela alerta que para se inscrever, a mãe precisa de autorização médica. “Gravidez é uma fase que exige todo cuidado. Em geral, as mulheres que sempre se exercitaram são liberadas mais cedo para atividades físicas na gravidez, mas em algum momento a maioria das futuras mamães são orientadas a fazer algum exercício”, afirma a coordenadora. O curso foi planejado como um trabalho contínuo, e que se inicia com a adesão da gestante ao Espaço. Após o nascimento do bebê, a dupla mãe-bebê per-

manece como usuária. “Antes do parto e logo nos primeiros meses do bebê, a sócia pode participar também dos cursos de dança materna e do ‘Minha Mãe Canta para Mim desde a Barriga e Eu Gosto’, este idealizado especialmente para o Espaço Bebê pela cantora Tânia Grinberg”, informa Talita. Com a criação do novo serviço para gestantes, o Espaço Bebê amplia o atendimento aos associados na primeira infância. “É uma forma de criar um vínculo entre mães, pais e bebês, que se mantém nos anos seguintes”, explica a coordenadora. (M. B.)


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juventude > fotos e fatos

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1. Dançarinos do Carmel e do Shalom 1. O ator Caco Ciocler foi ao Festbandas prestigiar o filho Bruno, da

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tiveram seus momentos de glória no show Simchá; 2. Superintendente Gaby Milevsky

Pussycopats; 2. Maioria de adolescentes entre as bandas finalistas

comemorou aniversário com bolo oferecido

do Festbandas; 3. Banda argentina The Chagalls comemorou os dois

pela Juventude; 3. Elenco de Chalabulá

prêmios recebidos em São Paulo; 4. Rio Noventa foi escolhida a melhor

encantou os jurados da Acesc; 4. Além de

da noite pelo júri oficial; 5. Cláudia Chakmati recebeu os troféus

dançar, Tamara Harpaz colaborou em muitos

das mãos do vice-presidente de Juventude, Moysés Gordon, e do

aspectos com o show Simchá; 5. Universo dos

coordenador do festival, Gustavo Kurlat; 6. Integrantes do Pussycopats

adolescentes na pauta do grupo Questão

são alunos do Centro de Música; 7. Rio Noventa durante a apresentação que lhe valeu o prêmio


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es por tes


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esportes > virada

A Hebraica varou dia e noite

O DEPARTAMENTO GERAL DE ESPORTES E A VICE-PRESIDÊNCIA DE JUVENTUDE JUNTARAM ESFORÇOS PARA BRINDAR O ASSOCIADO COM UMA SEQUÊNCIA ININTERRUPTA DE 24 HORAS DE ATIVIDADES

O

último final de semana de setembro foi um dos mais agitados deste ano na Hebraica. As quadras esportivas, piscinas, salas e concessionários registraram picos de movimento em vários horários e os serviços de limpeza e logística foram utilizados até o limite. A Virada Hebraica mobilizou profissionais e voluntários em atividades de lazer, competitivas e de capacitação que ocuparam praticamente todos os espaços disponíveis. “Registramos 1.800 participantes diretos, isto é, aqueles que

efetivamente se exercitaram. Somando as torcidas e acompanhantes, o número de pessoas envolvidas na Virada foi bem maior”, informou o gerente de Esportes Eduardo Zanolli. Enquanto os vice-presidentes Avi Gelberg, de Esportes, e Moysés Gordon, de Juventude, circulavam ouviam elogios pela iniciativa e sugestões para a próxima edição da Virada. No sábado, as piscinas foram utilizadas para aulas abertas de hidroginástica, jogos do Campeonato Brasileiro Juvenil

Corpos em movimento A participação da vice-presidência de Juventude na Virada Hebraica visou especialmente o público infantil. O Centro Juvenil Hebraikeinu foi responsável pela montagem de uma pista para skate, com direito a orientação e dicas de uma equipe de professores. Na Praça Carmel, vários consoles de Xbox atraíram meninos e meninas que disputaram um torneio de PES2013. No domingo, o Centro de Dança promoveu harkadot especiais: uma pela manhã, reunindo pais e dançarinos dos grupos Parparim Ktanim e Gdolim, da Hebraica, e Dorot Alef, do Colégio Renascença. Depois, os adultos formaram a plateia para o pocket show apresentado na quadra do Centro Cívico, e a harkadá reuniu sócios de todas as idades na Praça Carmel. Outra contribuição importante da vice-presidência de Juventude para a Virada Hebraica foi o churrasco sábado à noite e a confraternização entre os jogadores de polo aquático, judocas e atletas de outras modalidades.

de Polo Aquático e à noite para a prova 5 K, na qual 64 nadadores completaram os cinco quilômetros na piscina depois da meia-noite. Sob a iluminação de refletores, quatro sócios aceitaram o desafio de correr ou caminhar a mesma distância na pista de atletismo. Durante o dia, nas quadras de basquete, os times da Hebraica sub-12, sub-13 e sub-14 disputaram jogos contra equipes de Jacareí como parte do calendário de jogos da federação paulista da modalidade. O time sub-15 perdeu para o do Guaru por 63 a 55. Já os integrantes do super masters (60+) venceram os jogadores do Clube Atlético Juventus por 62 a 51. Nas quadras externas, um torneio amistoso de futebol society envolveu os craques sub-9 e sub-11 do Macabi, Hebraica Lusa e do Colégio Santo Américo. Já para os fãs dos esportes de raquetes, as opções eram os torneios de tênis de mesa, badminton e raquetebol. As novas quadras de squash, no segundo andar do Poliesportivo, foram inauguradas por atletas da Hebraica e do São Paulo Athletic Club, conhecido como o clube inglês Spac. Durante todo o final de semana diferentes setores do Departamento Geral de Esportes ofereceram atividades voltadas para o público interno, utilizando a infraestrutura da sinuca, judô e yoga. No sábado à noite, o Fit Center promoveu uma amostra da novidade do momento, o Spinning 3D. Com óculos especiais e montados em 25 bikes no Centro Cívico, os sócios aproveitaram um passeio virtual cheio de obstáculos e desafios pedalando sem sair do lugar. Bem perto dali, na sala de judô, cerca de 120 judocas confraternizavam no II Encontro de Gerações. Ostentando faixas de várias cores, alguns veteranos lutadores recordavam das aulas e treinos com o sensei Hirosi Minakawa, que introduziu a modalidade no clube e se orgulhavam de terem conhecido Edison e Miriam Minakawa em início de carreira. Hoje, o casal coordena a modalidade. Uma das razões do encontro era festejar a colocação dos novos tatames. Sobre eles, os judocas mais experientes reviam

ARQUIBANCADA DA PISCINA OLÍMPICA FICOU LOTADA DURANTE O CAMPEONATO BRASILEIRO JUVENIL DE POLO AQUÁTICO

amigos, enquanto os mais novos olhavam centenas de fotos de torneios, treinos e eventos passados. “Há onze anos o Departamento de Judô realizou uma reunião como esta e hoje temos aqui, no clube, três gerações de judocas”, comentou Miriam Minakawa, cujos irmãos mais velhos, o marido e os três filhos ajudavam a recepcionar os outros judocas. Ensino e conhecimento O IV Simpósio de Esportes manteve ocupados 150 professores e técnicos em salas de aula. Enquanto os sócios brincavam ou competiam nas quadras, os participantes acompanhavam demonstrações teóricas e práticas por especialistas em disciplinas como pedagogia do

futsal, nutrição e corrida, natação para crianças, fisioterapia esportiva e preparação física. A primeira palestra do Simpósio deu início à Virada e o final da última aula prática, às 18h30 do domingo, marcou o encerramento da maratona de atividades. Segundo os números finais da Virada Hebraica fornecidos pelo Departamento Geral de Esportes, nesta primeira edição, a Hebraica recebeu cerca de 4.200 pessoas durante o final de semana. Destas, 1813 se envolveram diretamente com o evento, sendo 1364 sócios e 449 adversários de equipes convidadas. Os cerca de dois mil restantes acompanharam os jogos ou seguiram atividades rotineiras no clube. (M. B.)

Círculo Militar na Hebraica A Copa Independência de Tênis, evento que marca uma antiga parceria da Hebraica com o Círculo Militar, foi agendada para a Virada Hebraica. Exatos 144 tenistas, sendo setenta representantes do Círculo, se enfrentaram nas quadras. Sábado, a diretora de Tênis Rose Moscovici homenageou a diretoria do Círculo e a cerimônia de entrega de placas comemorativas ocorreu durante almoço de confraternização no restaurante Casual 1000.


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esportes > virada 1.

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1. ATLETAS DE TRÊS GERAÇÕES SE ENCONTRARAM PARA INAUGURAR OS TATAMES DA SALA DE JUDÔ; 2. ATRAÇÃO INTERNACIONAL, A MEDALHISTA OLÍMPICA SUSAN POLGAR PARTICIPOU DE UMA SIMULTÂNEA E VENCEU 24 OPONENTES; 3. AULA ABERTA DE TRAMPOLIM FOI BASTANTE CONCORRIDA; 4. JOGO DOS SUPER-MASTERS EXIGIU MUITO FÔLEGO NA VITÓRIA DOS CESTINHAS DA HEBRAICA; 5. SEMINÁRIO DE ESPORTES TEVE WILTON SANTANA ENTRE OS PALESTRANTES


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esportes > polo aquático ram a arquibancada cheia durante todo o dia. No campeonato feminino, as atletas do Flamengo ficaram com o ouro. As paulistas do Sesi e Paineiras do Morumby ficaram com a prata e o bronze respectivamente. A Hebraica ainda não tem equipe feminina de polo aquático. Depois de uma temporada sem títulos, os atletas do Paineiras do Morumby ficaram em primeiro, a Hebraica em segundo e o Sesi em terceiro. Neste torneio, a Hebraica venceu o Paulistano por 12 x 0, e numa partida anterior superara o Paineiras por 4 x 3.

EQUIPE DE POLO JUVENIL DA HEBRAICA COMEMORA MAIS UMA CONQUISTA

A conquista da prata em casa PAINEIRAS DO MORUMBY E HEBRAICA DISPUTARAM GOL A GOL A FINAL DO CAMPEONATO BRASILEIRO JUVENIL DE POLO AQUÁTICO ATÉ QUE, NO ÚLTIMO MINUTO, O VISITANTE DESEMPATOU E LEVOU O TÍTULO

D

ois dias antes da Virada Hebraica, a piscina olímpica e a arquibancada principal foram tomadas por jogadores e fãs de polo aquático durante a disputa dos campeonatos brasileiro juvenil masculino e feminino. A equipe da Hebraica enfrentou os times juvenis (atletas nascidos em 1997) dos clubes Paineiras do Morumby, Esporte Clube Pinheiros, Paulistano, Jundiaiense, Sesi, Flamengo, Botafogo, Associação Bauruense de Desportos Aquáticos, Pacaembu e Grêmio Cief da Paraíba e ficou em segundo lugar, depois de quatro dias eletrizantes. “Ganhar ou perder é o menos importante. O que vale é o entusiasmo dessas

pessoas na arquibancada, especialmente porque é a nossa torcida, que não para de incentivar os garotos”, afirmava o técnico Leonardo Vergara, depois da partida final, na manhã de domingo. Já o jovem Vítor Vergara, atleta júnior (nascido em 1995) que recentemente foi campeão pan-americano com a seleção brasileira, assistiu só metade da final entre Paineiras e Hebraica. “A tensão é tão grande que estou passando mal”, revelou o jogador, que preferiu ficar num canto junto ao quadro de resultados e ouvir de longe a evolução da partida. Times masculinos e femininos se revezaram na piscina, em jogos que mantive-

Organização Há mais de um ano, Leo Vergara manifestou o desejo de trazer para a Hebraica uma edição do campeonato brasileiro da modalidade e sempre enfatizou o quanto a conquista de um título em casa divulgaria a modalidade. No momento em que o locutor citava o nome dos atletas e o vice-presidente de Esportes da Hebraica Avi Gelberg distribuía as medalhas de prata, muitos jogadores enxugavam as lágrimas e revelavam a tensão dos últimos dias. Ariel Levy era um dos mais entusiasmados durante o torneio. “Valeu termos nos desgastado tanto. A competição foi equilibrada e nosso time deu o melhor de si”, desabafou o jovem. Paulo Rogério, coordenador de seleções da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (Cbdn), elogiou a organização do torneio. “Nossa equipe de árbitros teve todas as condições para fazer um bom trabalho. Há muito tempo não vejo um nível tão alto de organização”, observou. Quinze dias depois, a equipe de árbitros de polo aquático da Cbdn reencontrou as equipes paulistas de polo em outro campeonato brasileiro, desta vez no Rio de Janeiro, na categoria júnior. Segundo Vergara, a agenda repleta de torneios é um dos atrativos da modalidade. “Os jogos são uma parte do fascínio que o polo exerce sobre os garotos. Eles também gostam de ficar com os amigos e de conhecer gente nova dentro e fora das piscinas”, avalia. (M. B.)


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esportes > handebol

Entre os quatro melhores do estado A HEBRAICA FICOU ENTRE OS QUATRO FINALISTAS DO CAMPEONATO PAULISTA ADULTO. A ÚLTIMA ETAPA, REALIZADA EM SÃO CAETANO DO SUL, INCLUIU AS EQUIPES METODISTA, TAUBATÉ E O ESPORTE CLUBE PINHEIROS

N

a semifinal contra os rapazes da invicta Metodista de São Bernardo do Campo, a diferença contra a Hebraica ficou em apenas dois gols nos últimos dez minutos da partida, quando os adversários superaram a Hebraica. Na disputa pelo bronze contra o

Taubaté houve equilíbrio entre as equipes mas o time do interior venceu por 35 a 25. Para o técnico da Hebraica, Álvaro Herdeiro, deve-se comemorar o resultado pois nas três equipes adversárias atuam atletas profissionais, que treinam

juntos diariamente em dois períodos e integram a seleção nacional. “A boa surpresa foi o nosso goleiro Alan Santos ter sido escolhido o melhor do torneio e incluído na seleção do campeonato”, destacou Herdeiro. Em mensagem aos atletas, o supervisor de Esportes Competitivos da Hebraica, Carlos Inglez, disse que 75% da equipe da Hebraica é formada por atletas e sócios e “os comentaristas da Espn elegeram o goleiro Alan Santos ‘atleta destaque’, enfatizaram várias vezes que a Hebraica dificultou a vitória da Metodista e do Taubaté”. Ele cumprimentou a equipe técnica formada por Álvaro Herdeiro, Alexandre Veras, Diogo Castro, Fernando Carvalho, Ruy Barbosa e Arnaldo de Mello. Em 2013, a equipe adulta de handebol disputa o Campeonato Paulista e participa da Macabíada Mundial, em Israel. (M. B.)

A EQUIPE DE HANDEBOL DA HEBRAICA ENFRENTA OS ATLETAS PROFISSIONAIS DA METODISTA EM SÃO CAETANO DO SUL


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esportes > curtas

Futsal em dois tempos

A Escola de Esportes promoveu a V Copa de Futsal em duas etapas. Os alunos de 5 e 6 anos foram os primeiros a ocupar as quadras do Poliesportivo e a vestir as camisas de Neymar, Kaká, Pelé, Rivelino, nomes dados aos times. Os garotos de 7 e 8 anos jogaram na segunda etapa. No total, 56 meninos participaram da edição deste ano.

∂ ∂

Campeão no gramado

O Centro de Ginástica Artística (CGA) foi sede do Torneio Estadual de Ginástica de Trampolim 2012 com a participação de equipes do Clube Atlético Paulistano, Prefeitura Municipal de Indaiatuba, Social Bom Jesus, Unítalo, Tênis Clube Paulista e Hebraica, num total de 120 atletas, dos quais vinte do clube. Na classificação geral, nossos ginastas ficaram em segundo lugar e as meninas em terceiro.

Enquanto isso, na Mongólia... Em sua mais recente atuação pela seleção brasileira de Judô, Camila Minakawa obteve bronze na Copa Mundial realizada em Ulaanbaatar na Mongólia. Ela perdeu a semifinal para uma judoca japonesa e venceu por ippon, o golpe perfeito do judô, a oponente coreana. (M. B.)

A

equipe sub-11 de futebol de base sagrou-se campeã da Copa Paulista de Futebol de Base (Taça de Prata) depois de sete vitórias, três empates e nenhuma derrota. Os garotos passaram na etapa final pela equipe Rivelino (2 x 0), Alphaville Tênis Clube (decisão por pênaltis 2 x 0) e chegaram ao pódio. Este mês os craques vão ao Rio de Janeiro disputar o Mundialito, evento que consta na agenda do Movimento Macabi.

CGA sediou torneio

O novo faixa preta

Daniel Halegua é o mais recente judoca passar no exame para faixa preta. As provas foram realizadas na sede da Federação Paulista de Judô e o jovem investiu tempo e treino para chegar ao primeiro nível do patamar mais almejado na modalidade. “Participei de alguns cursos específicos no primeiro semestre. Agora que sou faixa preta, posso me dedicar ao próximo desafio: passar no vestibular para administração”, planeja o judoca.


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espaço saúde

Atenção Domiciliar: Desospitalização com Qualidade e Segurança

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e recuperar em casa é uma das possibilidades que ganha espaço no Brasil nas duas ultimas décadas. Atualmente, grande parte da atenção que é oferecida no hospital também pode ocorrer no domicílio. Para que este tipo de serviço se torne cada vez mais viável e seguro em nosso meio, uma serie de requisitos são necessários, como, profissionais preparados, logística para a entrega de materiais, medicamentos e equipamentos, referencia de transporte para o hospital nos casos de urgência/emergência e um bom controle de todos estes itens de maneira coesa e em parceria com paciente e família/cuidadores. A atenção domiciliar comumente está indicada para pacientes portadores de doenças crônicas com alto grau de necessidade de cuidados técnicos continuados, mas também cresce em nosso meio, a oferta de atendimento para outras situações que demandam algum tipo de cuidado e ou orientação mais pontual, visando à prevenção de doenças e potencializando a saúde e o bem estar no conforto do domicilio. A oferta de Atenção Domiciliar é indicada para diferentes graus de necessidades e para todas as idades, desde o recém-nascido, visando à oferta de orientações e estímulo às puérperas para o aleitamento materno, controle de icterícia, ganho de peso, até serviço de acompanhantes de enfermagem para adultos e idosos, procedimentos como administração de soros e medicamentos injetáveis, curativos, sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocu-

pacional, avaliações nutricionais e consultas médicas, oferta de internação domiciliar, quando o paciente é mais complexo e necessita de cuidados continuados de enfermagem, através de plantões de 12 ou 24 horas, equipamentos mais sofisticados, além de coleta de exames ou o emprego de outros meios diagnósticos. Outro serviço cada vez mais difundido em nosso meio é o de cuidados paliativos domiciliares, oferecido por equipe multiprofissional especializada, para que o paciente com doenças terminais possa morrer em casa, com suporte clinico, dores controladas e toda a estrutura necessária para uma morte tranqüila, perto de seus pertences e familiares/cuidadores. No entanto, a indicação da alta hospitalar para qualquer uma das diferentes modalidades de atenção domiciliar deve sempre partir do profissional médico. Cabe a ele conversar com o paciente e a família para apresentar essa possibilidade. Afinal, ele tem o conhecimento e a responsabilidade técnica sobre o tratamento de seu paciente e a sensibilidade para perceber o quanto o domicilio, em muitos casos, pode ser bem mais confortável e propício para a continuidade dos cuidados e o alcance de uma pronta recuperação. Além de a atenção domiciliar contribuir de maneira expressiva para a desospitalização e continuidade de cuidados, oferece maior racionalização de gastos assistenciais, minimiza riscos de infecção, depressão e otimiza o conforto e a humanização do atendimento.

DRA. CHRISTINA APARECIDA RIBEIRO GERENTE MÉDICA DO SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR DO HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN

ma ga zine


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magazine > eleições EUA | por Ariel Finguerman, de Tel Aviv

Eleição americana, angústia israelense SE COMO NAS ELEIÇÕES ANTERIORES O VOTO JUDEU NÃO É MAIS TÃO IMPORTANTE PARA INFLUIR NA ESCOLHA DO PRESIDENTE DOS

ESTADOS UNIDOS, ELE É

FUNDAMENTAL PARA DEFINIR AS POLÍTICAS DO CHEFÃO NORTE-

AMERICANO EM RELAÇÃO A ISRAEL,

SEU PRINCIPAL ALIADO NO ORIENTE

MÉDIO. E, DE CERTA FORMA,

QUALQUER COISA QUE SE

RELACIONE A ISRAEL ATINGE OS

JUDEUS DO RESTO DO MUNDO. MAS O PRESIDENTE, LÁ, COMO AQUI, E NO RESTO DO MUNDO, SEJA NUM REGIME

PRESIDENCIALISTA OU

PARLAMENTARISTA, PRECISA

DE MAIORIA PARA GOVERNAR.

E NO MESMO DIA 7 DE

NOVEMBRO HAVERÁ ELEIÇÕES LEGISLATIVAS E NÓS CONTAMOS A CAMPANHA DO ÚNICO CANDIDATO EM BUSCA DO VOTO JUDEU, OBAMA CONDECORA SHIMON PERES ...

REPUBLICANO JUDEU À CÂMARA. IGUALZINHA À DAQUI.

E MITT ROMNEY PEREGRINA ATÉ

UM MURO DAS LAMENTAÇÕES EM

FORMA DE URNA

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magazine > eleições EUA >>

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qui em Jerusalém, as lojas da Cidade Velha vendem uma camisa estampada com aviões de combate da força aérea e os dizeres “America don’t worry, Israel is behind you”. Nunca vi alguém vestindo isto e duvido que alguém sensato acredite que a tranquilidade dos norte-americanos depende do poderio bélico do Estado judeu. É claro que a realidade é totalmente oposta. O Tzahal é, de fato, poderoso, mas para enfrentar os grandes desafios estratégicos de Israel, como um ataque contra instalações nucleares do Irã, é totalmente dependente dos EUA. Aqui não há produção de jatos, nem de bombas inteligentes que furem bunkers subterrâneos. Não há alimento nem soldados suficientes para guerras prolongadas. A camiseta mais próxima da realidade seria “Israel don’t worry, America is behind you” (no entanto, também duvido que alguém, pela banalidade, a usasse). Sem os EUA, Israel não conseguiria manter o status quo atual de hegemonia militar no Oriente Médio. Todos os anos o Estado judeu recebe centenas de milhões de dólares de “vale-cupons”, ou “bolsa armamento”, do Pentágono, que precisam ser descontados em empresas militares americanas. Também não teria meios de continuar ocupando (o termo é este mesmo, aliás reconhecido por Israel) os territórios palestinos. Sem apoio dos gringos nas Nações Unidas, ninguém aguentaria a pressão internacional para continuar na Cisjordânia. A cada quatro anos, os americanos reelegem ou mudam de presidente. Se o mundo todo se interessa pelo resultado, aqui em Israel é uma questão existencial. Todos querem saber se poderemos continuar numa situação de “don’t worry”, se o Tio Sam vai continuar por trás (“behind”), dando aquela força. Quanto a esse quesito, os dois candidatos, o democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney, não preocupam ninguém por aqui. Obama, embora filho (por parte de pai) de muçulmano, continuou a política tradicional americana de apoio decisivo a Israel. Ele diz, e ninguém realmente

O ATIVISTA PELA PAZ E CARTUNISTA ISRAELENSE

RONNY EDRY, PERSA DE ORIGEM, MOSTRA SUA ÚLTIMA CRIAÇÃO

duvida ou contesta por aqui, que foi um dos presidentes que mais ajudou o Estado judeu. Boa parte da sua assessoria mais íntima é formada por judeus e muito além de todos os boatos, ele é cristão (apesar de corajosamente ter assumido, coisa que muito político jamais faz, que a religião não fez parte de sua formação). Então por que boa parte dos israelenses desconfia de Obama? Há uns meses, ele disse numa entrevista que lamentava não ter conseguido fazer mais pela paz entre Israel e palestinos. Concluiu que ambas as partes não querem, de fato, se envolver num tal processo. É isto mesmo, acertou na mosca. Desconfio que sua ideologia pessoal o levaria a pressionar mais Israel a fazer concessões. Mas, como se sabe, política é a arte do possível. Ele enfrentaria uma crítica avassaladora, e fica a pergunta: para que ele precisa disto a esta altura do campeonato? Desconheço o que se passa internamente nos EUA, mas dizem que a postura geral do Obama é essa mesmo: gostaria de ter feito certas coisas, mas não conseguiu. A posição “esquerdista” de Obama é só a ponta do iceberg para entender a rejeição dele em Israel. O que mais pega é o medo, ou melhor, o pavor do israelense de que um dia um presidente americano force o país a fazer algo que não deseja. Trata-se de um horror real, de que um dia algum governo “gentio”, fora das nossas fronteiras, nos obrigue a dar um passo indesejado e perigoso. Quando Obama assumiu a presidência, este medo estava bem claro. Isso também aconteceu quando Bush, filho, começou seu governo – e me lembro bem pois já morava aqui – até que ele deixou evidente para Ariel Sharon sua intenção conservadora. Negociem, por favor Existe um pequeno grupo em Israel – e me incluo nesta turminha – que gostaria de ver uma certa pressão vinda de fora, no sentido de aproximar Israel e palestinos da mesa de negociações pois chegamos à conclusão de que, sozinhos, não conse-

ISRAELENSES E PALESTINOS NUMA ATIVIDADE CHAMADA “ESCALANDO PELA PAZ”, NO EVEREST

guiremos. Existe muito medo, sobra muita raiva e exala muito ódio, tudo isso somado a uma enorme pressão de radicais de ambos os lados que soltarão os cachorros em cima de qualquer um que estender a mão. Foi o destino pré-determinado de Sadat e Rabin. Seria necessária uma pressão exterior, empurrando israelenses e palestinos de volta às conversações. Mas aí entra o temor de que a situação fuja do controle. Há quatro anos Obama pareceu ir nesta direção, mas ele não tem vocação para mártir, do gênero Martin Luther King. Há quatro anos ele vem administrando a situação, sem nada fazer de concreto, da mesma forma que uma eventual reeleição o faça mudar de ideia, e de rumo. E se Mitt Romney vencer a parada? Sem dúvida, vão comemorar no gabinete de Bibi Netaniahu. É o nome in pectore do atual governo. Já declarou simpatia por uma Jerusalém unificada sob Israel. Tem a mesma visão de mundo cen-

tro-direita de Bibi e Ehud Barak. Isto significa a possibilidade de quatro anos de sentimentos ideológicos compartilhados em Washington e Jerusalém. Mas, como se diz, isto é bom – e quanto – para os judeus? A maioria dos israelenses responderia afirmativamente. É uma democracia, e o governo é de centro-direita porque a população atualmente é de centro-direita. Desde a segunda Intifada, nos anos 2000, a maioria se “endireitou”, após perder a (já pouca) confiança que tinha nas intenções árabes. Mas isto não leva necessariamente ao feliz final de um conto de fadas. Nestes dias quem circula pelos territórios palestinos volta falando de um ódio crescente, da falta de perspectiva e de uma renovada e cada vez maior vontade de lutar. Se não se der ouvidos nem respostas a esta situação mas continuar sendo ignorada como, aliás, vem acontecendo, será uma questão de tempo para tudo explodir, exatamente como aconteceu no ano 2000. Para quem não sabe, revolta palestina é pior que ataque iraniano. Guerra entre países duram dias ou algumas poucas semanas. Revolta popular é conflito sangrento, faz parte do diaa-dia, sem data para terminar e com homem-bomba. É desgastante, devasta empregos e derruba o nível de vida. É algo a ser considerado, enquanto vemos os norte-americanos se preparando para votar. >>

Seria necessária uma pressão exterior, empurrando israelenses e palestinos de volta às conversações. Mas aí entra o temor de que a situação fuja do controle


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magazine > eleições EUA | por Daniel Gordis*

Biniamin Netaniahu

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abandonou o discurso da cautela ISRAEL É AGORA MAIS UM DOS ASSUNTOS POLÊMICOS AMERICANOS – COMO O CONTROLE DE ARMAS, ABORTO, CASAMENTO GAY, ENTRE OUTROS – EM QUE, CADA VEZ MAIS, É POSSÍVEL PREVER A POSIÇÃO DE ALGUÉM A PARTIR DA FILIAÇÃO PARTIDÁRIA

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uem não assistiu ao vídeo no YouTube em que o prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa, tentava fazer os delegados da Convenção Nacional Democrata aprovarem duas mudanças na plataforma do partido, deveria. Dura poucos minutos, mas dissipará rapidamente qualquer ideia (ideia à qual o nosso primeiro-ministro ainda se agarra) de que o apoio a Israel é sólido em toda a América. Não é. Como todos sabem, Jerusalém foi omitida do projeto inicial da plataforma democrata. Os protestos que este fato desencadeou fez a liderança do partido trabalhar rapidamente para reescrever a plataforma, acrescentando Deus (que tinha sido omitido) e a capital de Israel de volta ao texto. Tudo o que Villaraigosa precisava era da maioria de dois terços dos delegados reunidos. Mais que a maioria, ele esperava unanimidade. Não conseguiu. Na primeira chamada para a votação por aclamação, quando disse: “Todos aqueles contrários, digam ‘não’”, Villaraigosa se surpreendeu com o coro de oposição. Atordoado, tentou novamente, e o “não” foi ainda mais alto. Tentou uma terceira vez e as vozes contrárias foram tão altas quanto aquelas a favor: então fez a única coisa que se poderia praticar em uma democracia – declarou a moção aprovada pela margem exigida de dois terços. O evidente desrespeito da intenção dos delegados foi quase cômico. Mas só quase. O nosso primeiro-ministro Biniamin Netaniahu e os que o aconselham deveriam considerar que a ideia de que existe uma sólida base de apoio a Israel em toda a América simplesmente não é mais verdadeira. Se essa votação tivesse ocorrido na Convenção Nacional Republicana, a moção teria passado praticamente por unanimidade. Na Convenção Nacional Democrata, no entanto, não passou. Infelizmente, Israel é agora mais um dos assuntos polêmicos americanos – como o controle de armas, aborto, casamento gay, entre outros – em que, cada vez mais, é possível prever a posição de alguém a partir da filiação partidária. O que é terrível para aqueles que se preocupam com Israel e o futuro do relacionamento com o seu aliado mais importante, porque o foco israelense deve ser não esta próxima eleição, mas a relação de longo prazo. Daqui a alguns anos, quando Barack Obama e Mitt Romney forem apenas lembranças, o legado de Israel como uma questão polêmica pode muito bem continuar, e ele vai nos assombrar. É claro que parte da mudança da sensibilidade americana

está além do nosso controle. Mas o governo de Israel tornou, involuntariamente, as coisas muito piores do que poderiam ser. Ao quase endossar a candidatura de Mitt Romney, o primeiro-ministro Biniamin Netaniahu colocou Israel nas questões internas americanas de uma forma que perturbou muitos de ambos os lados da política israelense, no mínimo e, em alguns casos, com nojo e raiva. Envolvimento temerário Os partidários do primeiro-ministro decidiram não dar atenção aos conselhos sugerindo cautela. “Podemos dizer claramente que nos últimos quatro anos o presidente Obama não foi amigo de Israel”, afirmou Danny Danon, vice-presidente da Knesset, deputado e membro do Likud. “Povo americano, ‘elejam quem quiser’, mas, em relação a Israel, queremos ver um tipo diferente de relacionamento com a Casa Branca.” Como se isso não fosse claro o suficiente, o primeiro-ministro agora apareceu em destaque em anúncios de TV na Flórida, no qual Netaniahu dizia: “O fato é que, a cada dia que passa, o Irã fica mais perto de uma bomba nuclear. O mundo diz para Israel esperar, que ainda há tempo. E eu digo, esperar o quê? Esperar até quando? O mundo precisa da força americana, e não de desculpas”. O anúncio não menciona nem Mitt Romney, nem Barack Obama, mas entre as observações de Danon e Netaniahu na TV, este governo israelense tem feito tudo menos endossar explicitamente Romney. Obviamente, o governo pesou as consequências disso. Para Netaniahu, se conseguir fazer os judeus votarem em Romney em estados inde-

finidos, como a Flórida, ele pode mudar a eleição e obter um amigo melhor para Israel na Casa Branca. Mas isso é um pouco como colocar o carro à frente dos bois. Como presidente, Romney poderia ou não fazer o que Netaniahu espera em relação ao Irã. Além disso, Romney pode muito bem perder a eleição. E se Obama ganhar? Sem se preocupar com a reeleição e esperando empatar o jogo, Netaniahu vai enfrentar alguém irritado. Se esta jogada falhar, podemos pagar um preço alto e por muito tempo. No entanto, já se notou um recuo. Em um artigo na Foreign Affairs intitulado “Netaniahu’s Chutzpá”, Michael Desch percebeu que o primeiro-ministro israelense afirmou: “Aqueles na comunidade internacional que se recusam a colocar limites para o Irã não têm o direito moral de colocar limites para de Israel”. “Mas são os americanos que deveriam ficar irritados com Netaniahu”, disse Desch. “Ao insistir em limites e ameaçar com um ataque unilateral à infraestrutura nuclear do Irã, Netaniahu tenta envolver os Estados Unidos em uma guerra preventiva em favor de Israel... Netaniahu também está se envolvendo em uma campanha presidencial dos EUA de forma sem precedentes para um líder de um aliado próximo dos Estados Unidos.” Desch erra em vários aspectos, sendo o mais importante deles a afirmação de que a questão iraniana é apenas um problema israelense. Se os EUA atacassem o Irã, seria em nome do futuro do mundo livre e não “em nome de Israel”. Houve época, há menos de um século, em que o Ocidente sabia no que acreditava e estava disposto a lutar por isso. A tragédia é que não existam Churchills por aí atualmente.

No entanto, seja como for, esta acusação do envolvimento sem precedentes de Netanyahu vai ser repetida por muita gente, principalmente se Obama ganhar. O primeiro-ministro faz muito bem em estar preocupado até ao desespero com a patética resposta da América ao Irã a respeito da falta de vontade do Ocidente de se defender e do fantasma de um regime iraniano com armas nucleares. É fácil compreender que ele deseja uma América diferente. Mas há um abismo enorme entre o desejo de que algo aconteça e tentar tornálo realidade. Ao cruzar essa linha, Netaniahu fez uma aposta arriscada. Se, como parece provável, Obama ganhar, nós e Netaniahu pagaremos o preço ainda por um bom tempo. Se Netaniahu tivesse resevado alguns momentos para meditação deveria ter começado pelo famoso aforismo com base na Ética dos Pais, capítulo 2: “Quem é sábio? Quem pode prever as consequências das suas ações”. Porque, se alguma vez houve um tempo para a sabedoria, este foi durante a campanha eleitoral. * Presidente do Shalem Center

SEGUNDO OS ESPECIALISTAS, NETANIAHU COMPROMETEU-SE DEMAIS COM MITT ROMNEY

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Se Netaniahu tivesse resevado alguns momentos para meditação deveria ter começado pelo famoso aforismo com base na Ética dos Pais, capítulo 2: “Quem é sábio? Quem pode prever as consequências das suas ações”


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magazine > eleições EUA | por Michael Barone*

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Como os judeus votam nos EUA

O VOTO JUDEU, QUE JÁ FOI FUNDAMENTAL NA POLÍTICA AMERICANA, AINDA É IMPORTANTE, MAS NÃO TANTO QUANTO ERA HÁ SETE DÉCADAS. NA DÉCADA DE 1940, OS JUDEUS SIGNIFICAVAM 4% DOS VOTOS NOS ESTADOS UNIDOS, DUAS VEZES MAIS DO QUE ATUALMENTE

E

tinha uma fatia muito maior do eleitorado do Estado de Nova York época em que, na política da primeira metade do século 20, a diferença que separava as votações dos dois partidos (Democrata e Republicano) em qualquer eleição presidencial era muito pequena. Nova York era, então, o maior estado do país, com direito a 47 votos no Colégio Eleitoral, e respondia por 13% dos votos populares dos EUA. Na eleição de 1944, foram exatos 7% dos votos populares, isto é, um em cada quatorze votos, dos cinco distritos da cidade de Nova York. Os eleitores judeus de Nova York não simpatizavam com o Partido Republicano, cuja base predominante no norte do estado era protestante, nem com a máquina do Partido Democrata, fortemente católica na cidade de Nova York. Os judeus estavam à esquerda de ambos os partidos em questões econômicas e culturais. Um dos seus políticos favoritos foi Fiorello LaGuardia, cuja mãe era judia, eleito nos anos 1920 para o Congresso do East Harlem como candidato dos partidos Republicano e Socialista. Elegeu-se prefeito em 1933 e em 1937, e reeleito em 1941, em oposição à máquina do Partido Democrata. Em 1933, LaGuardia foi eleito pelo Partido Republicano, e em 1937 e em 1941 pelo Partido Trabalhista norte-americano, de esquerda. Assim, a política dos eleitores judeus em Nova York e, em menor escala, em alguns outros grandes estados, incentivava os dois partidos a indicar candidatos liberais – muitas vezes um de Nova York –, e defensor de políticas liberais. Em todas as eleições presidenciais de 1924 a 1952, quando Dwight Eisenhower concorreu valendo-se da condição de presidente da Universidade de Colúmbia, pelo menos um grande partido teve um nova-iorquino no alto da lista dos seus candidatos. Nos pleitos de 1940 e 1944, ambos tinham. O duas vezes candidato Franklin Roosevelt era proprietário de uma casa na East 65th Street. O candidato dos republicanos em 1940, Wendell Wilkie, tinha um apartamento na quadra defronte ao Metropolitan, na Quinta Avenida; candidato republicano em 1944, Thomas E. Dewey morava na East 71st Street. Em 1948, Dewey, Harry Truman e o candidato do terceiro partido, Henry Wallace, enalteciam o apoio aos direitos civis. O alvo desse discurso não era o eleitor negro, porque ha-

via poucos naqueles dias, mas o voto judeu. Dewey ficou com 45% dos 47 votos de Nova York, enquanto Wallace ficou com 8%, obtendo quase metade dos seus votos em termos nacionais no estado de Nova York. As coisas mudaram e os eleitores judeus se tornaram democratas convictos após a eleição de 1960 e Nova York também. Depois da eleição de 1963, Nova York perdeu a condição de estado mais populoso dos Estados Unidos e agora deverá ser ultrapassado pela Flórida e cair para a quarta posição em população. Atualmente os judeus constituem 2% do eleitorado nacional, e não mais os 4% de 1940, em razão da baixa taxa de natalidade; da emancipação dos eleitores negros do Sul e da abolição da poll tax, imposto que deixava muitos eleitores brancos da mesma região do país longe das urnas, uma vez que exigia renda mínima dos mesmos. Desde então, segundo as pesquisas de intenção de voto, entre 64% e 80% dos judeus votaram nos democratas em quase todas as eleições presidenciais. A exceção foi a de 1980, em que houve queda no percentual. Na ocasião, 45% dos eleitores judeus votaram em Jimmy Carter e 39% em Ronald Reagan. Para surpresa de todos, em Nova York, Reagan teve 47% dos votos, contra 44% para Carter. Nas últimas quatro eleições, 78% dos judeus votaram em Bill Clinton (democrata), 79% em Al Gore e no vice judeu Joe Lieberman (democratas), 74% em John Kerry (democrata), e 78% em Barack Obama (democrata). Os candidatos republicanos nas eleições ganharam, respectivamente, apenas 16%, 19%, 25% e 21% do voto judeu. Menos, menos As pesquisas sugerem que, neste ano, Barack Obama terá dificuldade em repetir a margem de 2008, de 57% sobre o republicano John McCain. Pesquisa da Coalizão Judaica Americana (CJA), de setembro de 2011, avaliou negativamente Obama na economia e na “maneira como conduz as relações EUA-Israel”, e à frente de Mitt Romney, então

ainda provável candidato a candidato republicano, com 50% contra 32%. Em março de 2012, a mesma Coalizão Judaica Americana mostrou Obama com 61% e Romney com 28%, que ainda não sabia se seria indicado pelo Partido Republicano. No mesmo período, uma pesquisa do Public Religion Research Institute junto a eleitores judeus revelou que 62% dos judeus preferiam Obama e 30% um republicano. E, destes, 62% escolheriam Romney, 12% Rick Santorum, Newt Gingrich e Ron Paul cada um com 15%. Na fundamental primária republicana de Ohio, a vitória de Romney por 38% contra os 37% dados a Rick Santorum pode ser atribuído aos eleitores judeus republicanos, apesar de seu número relativamente pequeno naquele estado. Provas do declínio de Obama entre os eleitores judeus estão em avaliações do Pew Research Center a partir de pesquisas de identificação partidária. Assim, entre 2008 e 2012, a identificação dos judeus com o Partido Democrata caiu de 72% para 66%, e com o Republicano passou de 20% para 28%. Esta mudança dos eleitores judeus em favor dos republicanos foi maior do que a registrada em qualquer outro grupo religioso. Mesmo os republicanos continuando minoritários entre os judeus na relação de dois para um, isto significa que a vantagem democrata caiu cerca de um terço. Em recente pesquisa nacional do Investor’s Business Daily e do instituto de pesquisa TIPP (IBD/TIPP), 2% dos judeus davam uma vantagem de Obama sobre Romney por 59% a 35%. Embora o tamanho da amostra fosse provavelmente muito pequeno para ser significativo, o resultado é mais ou menos coerente com os outros números citados. O conjunto desses resultados aponta uma vantagem inferior de dois a um para Obama sobre Romney entre os eleitores judeus, re-

EM INGLÊS E ÍDICHE, UM COMITÊ DE

ROOSEVELT ENSINA JUDEUS A VOTAR NAS ELEIÇÕES DE 1935

produzindo a divisão do voto judeu em 1972, 1976, 1984 e 1988. A queda no percentual democrata entre os judeus poderia ser crucial, pois segundo a Coalizão Judia Republicana, em estados como Flórida, Pensilvânia, Ohio e Michigan – e, principalmente a Flórida, onde, em 2008, Obama ganhou nos municípios de Broward e Palm Beach, de forte presença judia, por mais de 390.000 votos de diferença, muito superior à vantagem estadual de exatos 236.148. Isto é, sem a grande diferença daqueles condados, Obama teria provavelmente perdido votos da Flórida. Há sempre a tendência de atribuir as mudanças nos padrões do comportamento do voto judeu a questões relativas a Israel. Sem dúvida a insatisfação com os responsáveis pelas políticas em relação a Israel respondeu pelo enfraquecimento do apoio judaico, comparado a outros democratas, como Jimmy Carter (45%) e ao recorde de queda em apoio dado a George H. W. Bush, em 1992 (11%). No entanto, as pesquisas da CJA sugerem que, sim, o declínio no apoio à posição de Obama pode ser atribuído a questões relativas a Israel, mas se deve mais a questões econômicas e a problemas de Obama com os eleitores em geral. Deve-se notar que essas pesquisas (exceto IBD/TIPP) foram realizadas bem antes da Convenção Nacional Democrata, quando a referência a Jerusalém como capital de Israel foi omitida da plataforma, e depois desajeitadamente reinserida. E realizadas antes das recentes declarações do premiê israelense Benjamin Netaniahu a respeito das linhas vermelhas e luzes vermelhas – a necessidade de os EUA estabelecerem limites ao programa nuclear iraniano. Resultado: parece que os eleitores judeus irão favorecer Obama na relação pouco inferior a dois a um, diferente de 2008, quando foi pouco menos de quatro a um. * Michael Barone é analista político sênior do Washington Examiner e membro do American Enterprise Institute >>


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magazine > eleições EUA | por Nathan Guttman

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Eric Cantor é o único candidato judeu republicano LEIAM O TEXTO ABAIXO E QUALQUER SEMELHANÇA COM CAMPANHA POLÍTICA NO BRASIL, COMO ESSA PARA PREFEITOS E VEREADORES, NÃO É MERA COINCIDÊNCIA

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a estrada que leva ao comício republicano em Richmond, Virgínia, dezenas de placas de apoio à candidatura de Eric Cantor à reeleição estão enfileiradas. Anfitrião do evento que combina feira do interior com reunião política – Cantor é considerado uma força poderosa para ajudar os candidatos republicanos em todo o país. Mas, este ano, Cantor, o único republicano judeu na Câmara dos Deputados, tem dedicado um pouco mais de tempo para a própria campanha e faz uma rara incursão no varejo da política, o corpo-a-corpo em busca de votos. Os republicanos são maioria na Câmara e Cantor, seis mandatos como deputado, é o seu líder no Congresso. Este ano ele aceitou debater com o candidato rival do Partido Democrata, algo pouco comum quando se é lider de bancada. “Sempre levamos a campanha eleitoral a sério”, diz a todos que lhe perguntam, pois confia que o distrito pelo qual se candidata continua muito conservador. De fato, segundo especialistas e as pesquisas eleitorais, o sétimo distrito do Congresso da Virgínia, que inclui partes da capital, Richmond, e seus subúrbios, sempre foi republicano e esta posição se consolidou com a redistribuição de distritos deste ano. Isso ficou evidente no comício republicano do início de outubro do qual participaram cerca de seis mil militantes partidários com as suas famílias, incluindo crianças que participaram de brincadeiras de quermesse, pintaram o rosto e, se fosse possível, tirar uma foto com o candidato. É assim também no Brasil. “Eu sou uma republicana conservadora e uma grande ex-liberal”, afirmou uma eleitora que se mudou para Richmond há quatro décadas vinda do Brooklyn. Forte defensora do Estado mínimo, ela admitiu que conhece poucos eleitores judeus que apoiam Cantor e “essa falta de apoio da comunidade judaica é uma desgraça”, lamenta exibindo adesivos de Cantor e Romney na camisa. Cantor posou para fotos e ouviu conselhos e preocupações dos eleitores. Gentil e educado, Cantor, 49 anos, sempre se apresenta como um congressista local, para prestigiar seu distrito e não usa o jargão do Capitólio ou qualquer sinal de sua posição de destaque na política interna do Congresso Republicano. “Este é um distrito que tem uma filosofia conservadora de bom senso, isto é, impostos mais baixos, menos regulação e revogação do Affordable Care Act, o Obamacare, ou o programa de saúde pública de Barak”, diz Cantor. Mas, pela primeira vez, em mais de uma década, haverá uma verdadeira disputa no distrito porque o advogado e ex-oficial do Exército, Way-

ne Powell, conseguiu despertar interesse na eleição e um sinal disso foi Cantor aceitar um debate público durante o qual o democrata Powell acusou Cantor de “distante da realidade” e responsável pelo corte dos gastos do governo generalizado. Apesar dos ataques, Cantor sente que sua liderança continua tão firme quanto o assento daquele distrito no Congresso é republicano e reconhece que Powell é um dos mais fortes adversários que já enfrentou. Ao se dignar a um debate direto com Powell provavelmente Cantor esteja olhando para além da eleição do distrito. Um bom desempenho no debate e na eleição ajuda a manter a liderança no Congresso e evitar que a mesa da Câmara “vire as costas para o cavalheiro da Virginia”, como o chamou um colunista de jornal de Richmond. No comício republicano havia promessa de cestas como prêmio aos vencedores de uma rifa, prática que, no Brasil, seria considerada crime eleitoral. A cesta contém um livro resumindo a plataforma de Cantor para um Partido Republicano conservador em termos fiscais. Uma grande vitória de Cantor no distrito poderia ajudar inaugurar uma nova fase da política de menos gastos e mais ênfase nos cortes no orçamento e de impostos. Inimigo em casa No entanto, este ano, o adversário de fato de Cantor pode vir a ser o próprio Congresso, visto por muitos como uma instituição cujo respeito está no fundo do poço. Segundo o Gallup, apenas 10% dos americanos aprovam o Congresso, mas o candidato tem uma explicação para isso: “Sabemos que o Congres-

MUITOS JUDEUS CONSIDERAM CANTOR UM ESTRANHO NO NINHO REPUBLICANO

O ADVERSÁRIO DEMOCRATA WAYNE POWELL FAZ UMA CAMPANHA BEM-HUMORADA

so sempre foi o bode expiatório da nação, mas verdadeiras obstruções foram de responsabilidade dos democratas que têm maioria no Senado, e não pelos Republicanos, que controlam a Câmara. E um dos objetivos de nossa campanha é justamente mostrar essa diferença”. Mas os eleitores do seu distrito mal sabem o significado de ser líder da Câmara, exceto que aparece mais na TV. Enquanto isso, a alguns quilômetros, o democrata Powell fazia o seu comício com cerca de cem participantes e poucos recursos. A família dele ajudou a colocar e retirar as cadeiras empilháveis e comentou que as pessoas não gostam das posições de Cantor a respeito de temas fiscais. Embora Powell se considere um “democrata que concorre como democrata”, o slogan de um recente anúncio da campanha na TV é “Wayne Powell, um democrata que pode ser o seu tipo de republicano”. Um dos seus assessores explica que “ser um democrata nestas áreas é difícil. Se confessar um democrata é como dizer que você é um pedófilo”. Os partidários democratas acreditam que para conquistar mais votos e reduzir a diferença de dois dígitos a favor de Cantor é tratar menos de impostos e gastos e mais das necessidades do distrito. O candidato republicano, ao contrário, focou o debate em temas nacionais como a ameaça nuclear do Irã. Powell é contrário à pressa para uma guerra com o Irã e “as opiniões de Cantor a respeito disso são irresponsáveis. Não gosto do conceito de guerra preventiva. Qualquer guerra dessas tem de ir muito além de simplesmente pensar que, você sabe, eles podem fazer algo”. Mas assim como para Cantor, o maior desafio de Powell está no próprio partido dele que parece não estar convencido de que ele seja um candidato viável e ideal. O Comitê da Campanha Democrata no Congresso, que financia as campanhas do partido, decidiu deixar Powell à míngua, sinal de que não acredita nas chances de vencer Cantor. “Mas eu sou um vencedor e eles não me conhecem muito bem”, costuma dizer Powell.


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magazine > comportamento | por Ariel Finguerman, em Yaffo

Era só o que faltava, a

cientologia em Israel A IGREJA DA CIENTOLOGIA CAUSA POLÊMICA PELO MUNDO, É A QUERIDINHA DE ASTROS DE HOLLYWOOD E ACABA DE ABRIR FILIAL EM ISRAEL. CURIOSAMENTE, FOI INSTALADA NUM ANTIGO CINEMA DE YAFFO

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o grande mercado que virou a religião no mundo ocidental, em que se experimentam novas fés como quem escolhe produtos em prateleiras de supermercados, a cientologia é um dos produtos em alta. Atacada em todos os cantos do mundo e defendida por astros de Hollywood como Tom Cruise e John Travolta, a igreja acaba de aportar em Israel. Numa grandiosa cerimônia com a presença de convidados de vários países, a Igreja da Cientologia inaugurou recentemente um endereço oficial em Israel, na principal via de Yaffo, a Rehov Yerushalaim. Segundo dados da igreja, já existem no Estado judeu “alguns milhares” de seguidores. A sede da igreja, a maior do Oriente Médio, é caprichada. Foi instalada num antigo cinema de Yaffo, que passou de mão em mão nas últimas décadas, até ficar completamente deteriorado. Foi totalmente renovado pelo mesmo arquiteto que recuperou a famosa praça do religioso de Yaffo, e com uma iluminação à noite candidata a se transformar na mais nova atração turística da Terra Santa. A cientologia foi criada há exatos sessenta anos nos EUA, por Ron Hubbard, escritor já falecido que iniciou a carreira viajando pelo mundo e escrevendo livros de ficção científica em papel barato, os pulp fiction. Na década de 50, escreveu Dianetics, livro de auto-ajuda, que ficou durante seis meses na lista dos best-sellers do New York Times. Este livro caiu nas mãos de uma jovem israelense de 22 anos, Hadar Burstein, moradora em Beer Sheva, e nove anos depois ela é a presidente da cientologia de Israel. “Nem me lembro de quem me deu, mas devorei o livro. Chamou a aten-

ção o conhecimento prático, as respostas para algumas questões que eu tinha. Experimentei aquilo na minha vida e percebi que funcionava”, diz em entrevista à revista Hebraica. Na época do lançamento. leitores como Hadar escreveram para Hubbard, o autor, dizendo que estavam tendo experiências que acreditavam ter ocorrido em reencarnações passadas. O norte-americano levou aquilo a sério e logo lançou as bases da cientologia, segundo a qual somos seres imortais que podem melhorar a vida se seguirmos certos métodos e regras. Cerca de trinta mil israelenses fizeram um dos cursos de autoconhecimento promovidos pela cientologia. A igreja tem um pé no Estado judeu desde a década de 1950, quando grupos de pessoas começaram a se reunir em residências particulares para discutir as ideias de Hubbard. Nos anos 1970, inauguraram uma sede, mas somente agora é que realmente mostraram a cara. E foi em grande estilo. No andar térreo do edifício computadores de última geração contam a história de Hubbard e os princípios da cientologia. Está claro que alguém colocou muito dinheiro por aqui. Por todo o lugar veem-se os principais livros e dvd’s da cientologia traduzidos para o hebraico e em edições luxuosas. >>

A INAUGURAÇÃO DA SEDE EM YAFFO FOI UMA GRANDE FESTA NUMA PACATA CIDADE DE MAIORIA MUÇULMANA

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magazine > comportamento

>> No primeiro andar, ficam as salas de aula e uma biblioteca. Os móveis vieram da Itália e os equipamentos brilham de novos. Para quem conhece o estilo da decoração israelense, que muitas vezes não agrada com a falta de cuidado nos detalhes, o contraste no edifício da cientologia é brutal. Falo disso com a presidente Burstein, mas ela desconversa. “Tudo aqui foi criado por nós, israelenses”, diz. Judeus por todo lado Yaffo já foi a maior cidade árabe na época dos otomanos e onde, até hoje, vive uma expressiva minoria muçulmana. Mas, por enquanto, quase todos os interessados na cientologia são judeus. E também as cerca de cem pessoas que trabalham no edifício são quase todas judias, principalmente as de origem russa. Como o segurança, por exemplo, que ao me ver fotografando a fachada do edifício, saiu do prédio, atravessou a rua e mandou que eu parasse.

ESTE É RON HUBBARD, CIENTISTA, FUNDADOR DA CIENTOLOGIA

A desconfiança tem sentido. A cientologia é criticada desde os primeiros passos de Hubbard, cujos métodos, ainda em 1950, a Newsweek considerou “não científicos e irrelevantes para se discutir”. Em 1991, a Time disse que a igreja se mantinha “intimidando seus membros e críticos ao estilo da máfia”. A cientologia respondeu com fogo. Num artigo pago publicado no International Herald Tribune, os atores Dustin Hoffmann e Goldie Hawn, e outras celebridades das artes norte-americanas, compararam os críticos da igreja à Alemanha nazista da década de 1930. Em Israel, a cientologia foi esperta e não buscou status de religião, o que certamente dificultaria as coisas, preferindo se registrar como uma “entidade de função pública”, atuando como instituição acadêmica. “Apesar de sermos mesmo uma religião. Acreditamos no sobrenatural, numa realidade além da material”, diz Burstein. A presidente muda de assunto a respeito das dificuldades que a cientologia enfrenta em diferentes países e espera que isto não aconteça em Israel. “Os judeus em sua história sofreram muito com boatos e perseguições religiosas, e seria desagradável se isto se repetisse aqui. Somos uma religião nova, e a resistência contra nós é algo esperado. Basta ver o que aconteceu nos primórdios de outras religiões. Há também um componente de inveja contra nós, contra os bem-sucedidos, é natural”, afirma. Um fator que ajuda a disseminar a cientologia é dispensar qualquer conversão ou abandono da tradição familiar. A presidente se considera judia, de família tradicional e religiosa. Não há qualquer conflito. “A cientologia é uma religião, mas não como as monoteístas para as quais se exige uma mudança drástica.” Prova da flexibilidade da nova igreja da Terra Santa é a adaptação aos horários locais. Apesar de estar localizada numa área secular do país, fecha ao entardecer da sexta-feira e só reabre sábado à noite. “Eu também quero estar na minha casa, com meu marido, para o Shabat”, diz a presidente.


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magazine > cuba | por Bernardo Lerer *, de Havana Fotos Reprodução Abrão Bober

a mulher Martha em Nuevo Vedado, uma expansão do antigo bairro Vedado, literalmente, “proibido”, em uma casa espaçosa, da qual aproveita somente o quarto de dormir e uma sala onde passa o dia entrevado, a cabeça de farta cabeleira branca caída para frente, sem quase poder falar, mas de ouvidos atentos à passarinhada em várias gaiolas. O codinome Angel Sierra foi escolhido a partir de consulta à lista telefônica nacional de 1955, e a origem de Sierra está no mesmo S de Shell. E o Angel foi escolhido mesmo a esmo, pois havia um lá na lista e serviu. Oltuski é conhecido entre os judeus de Havana, mas a referência ao seu nome é acompanhada de um gesto de desconsolo pelo fato de ter se desligado completamente da comunidade embora a tenha defendido sempre quando esteve no poder, logo depois da vitória da revolução.

AINDA NOS PREPARATIVOS DA REVOLUÇÃO, ENRIQUE, DE CAMISA XADREZ, AO LADO DE FIDEL. É O MAIS NOVO DO GRUPO

Guerrilheiro judeu, ministro de Fidel e vice de Che

ENRIQUE OLTUSKI ACOMPANHOU DE PERTO TODAS AS FASES DA REVOLUÇÃO CUBANA. ESTUDOU ENGENHARIA EM MIAMI, TRABALHOU NA SHELL, JUNTOU-SE AOS COMBATENTES DE SIERRA MAESTRA E TORNOU-SE MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES DE FIDEL CASTRO

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oucos sabiam quem era Angel Sierra. Ninguém o chamava por este nome nas ruas e estradas da região de Villas, portão de entrada da região conhecida como Oriente, em Cuba, onde a guerrilha

começou. Na Shell, onde era um aplicado funcionário, recebia o merecido tratamento de “engenheiro”. Na casa dos pais, se este nome fosse pronunciado, podiam imaginar que se tratasse de um novo jogador de beisebol. Até mesmo velhos integrantes do movimento revolucionário contam que era um personagem estranho, do qual somente se conhecia o codinome Sierra. Nunca passou pelos arquivos da polícia secreta de Fulgên-

cio Batista nenhuma fotografia sequer daquele engenheiro que usava ternos folgados de cor clara e um par de óculos que ocupava boa parte de um rosto anguloso, de cabelos castanho-claros e olhos quase transparentes. Mas Angel Sierra era, na verdade, Enrique Oltuski, até onde se sabe o único judeu que participou ativamente, com cargo de direção, do Movimento 26 de Julho, liderado por Fidel Castro, Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Hoje, aos 82 anos, Enrique vive com

Na Europa e nos EUA Enrique nasceu em Havana em 1930, e em 1931, ainda um bebê de colo, viajou com a mãe, Chassa, para Brest, na antiga Bielorússia, atual Belarus, onde ela e o marido, Bernardo, nasceram e se conheceram. Mãe e filho ficaram lá cerca de cinco anos. O pai não queria que passassem privações numa terra estranha e muito quente, e preferiu mandá-los de volta à Europa até as condições melhorarem. Isso aconteceu, de fato, em 1936, coincidindo com os ventos antissemitas que já sopravam da Alemanha depois da ascensão do nazismo, em 1933, e agradavam às manifestações antijudaicas que sempre existiram na Europa Oriental. No entanto, quando retornaram, o pai havia se mudado para Santa Clara, região de clima mais ameno, próxima das montanhas. Naquela cidade os negócios iam bem para Bernardo. Ele pertencia às levas de judeus que imigraram para Cuba nos anos 1920 e 1930 na esperança de uma operação triangular que facilitasse a entrada deles nos Estados Unidos, cujas fronteiras foram fechadas em 1921 por um decreto presidencial que, lá, recebe o nome de Act, e, no caso, Emergency Quota Act. Esses judeus, geralmente pobres, chegavam apenas com a experiência de barbeiros, sapateiros, alfaiates, contadores, pequenos comerciantes e vendedores de rua. Eram judeus ashkenazim e deixavam para trás uma Europa convulsionada pela Revolução Bolchevique e em crise econômica que o crack de 1929 só viria agravar. Bernardo era sapateiro. Enrique cursou as escolas regulares e em 1947, no equivalente ao colegial, conheceu Martha Rodriguez. Tinham quase a mesma idade. “Ele pôs os olhos em mim uma vez e não os tirou mais, até hoje”, conta ela, depois de servir um copo de água que o marido sorveu com um canudinho. Bom aluno, o pai juntou recursos para mandá-lo aos Estados Unidos, para estudar engenharia e arquitetura na Universidade de Miami. Naqueles tempos era fácil o ir-e-vir para os Estados Unidos e um diploma universitário de lá era uma espécie de garantia de emprego imediato em Cuba.

Não foi bem assim, e Enrique demorou meses até conseguir ser contratado pela Shell, como auxiliar de engenharia, em um escritório em Havana. Além disso, os pais imaginavam que um possível contato estreito com a comunidade judaica da Flórida pudesse reverter a decisão que tomou aos 15 anos: ser ateu. Bernardo e Chassa não eram religiosos, mas cumpriam as datas mais importantes do calendário mosaico. Ele celebrou o bar-mitzvá na sinagoga de Santa Clara. O professor era um velho chazan vienense que, já sem voz para entoar os cantos, tornou-se o responsável pela sinagoga e pelo encaminhamento religioso das crianças. As aulas de bar-mitzvá eram coletivas e as crianças o chamavam de “Maestro”, não apenas porque era, de fato, um maestro mas porque era inteligente e bem mais culto do que as famílias judias da cidade, a maioria originária de guetos da Polônia e da Rússia que deixaram a Europa sonhando com os Estados Unidos. Mesmo depois do bar-mitzvá, Enrique continuou frequentando a sinagoga, mas para conversar com o Maestro que, apesar de se valer de argumentos mais bem elaborados que os do pai dele, não conseguiu esclarecer “a lógica da religião e minhas inquietudes”, como conta em uma espécie de autobiografia, Gente del Llano (“Gente da Planície”). Com esse título, de certa forma complementa aqueles escritos por outros guerrilheiros e que tinham a serra (Sierra Maestra) como palco e ambiente. Em uma das viagens a Cuba, aproveitando as férias acadêmicas, Martha apresentou-lhe seu irmão Guillermo Rodriguez del Pozo, o Guillermito, dirigente do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), atuante grupo político disposto a derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista que tomara o poder com um golpe militar, em março de 1952. Ao cabo de uma conversa entre duas pessoas que pareciam se conhecer há muito tempo, Guillermito o recrutou para o MNR: “Troquei impressões com vários companheiros que te conhecem >>

Nunca passou pelos arquivos da polícia secreta de Fulgêncio Batista nenhuma fotografia sequer daquele engenheiro que usava ternos folgados de cor clara e um par de óculos que ocupava boa parte de um rosto anguloso, de cabelos castanhoclaros e olhos quase transparentes


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Deus. Você é um ser humano como eu. Tudo é falso, as ideias e as instituições que vocês representam. Segundo Martha, Enrique falava com paixão, e possivelmente com ódio. Depois se fez silêncio: Oltuski olhava pela janela, Martha não sabia o que fazer com as mãos e o padre parecia estar envolto em meditações, até que, de repente, reiniciou a conversa falando de fé, da necessidade de sentir fé, etc. O Enrique respondeu com certa agressividade e depois não se falou mais nada.

>> bem e imaginamos que você pode ser útil ao Movimento, primeiro mobilizando a opinião pública dos cubanos residentes em Miami e os estudantes universitários e, segundo, angariando recursos para a luta armada para derrubar Batista com uma força integrada pela oficialidade jovem do Exército e os estudantes”. Nos Estados Unidos, Enrique fora um estudante de regular para bom e dividia o tempo de academia com atividades políticas camufladas pela presidência da Fraternidade da escola, instituição comum nas universidades norte-americanas. No caso, ele presidia a Fraternidade de estudantes hispânicos. Oltuski ficou em Miami e nesses quase sete anos manteve contatos regulares primeiro com membros do MNR de Cuba nos Estados Unidos e no México e, depois de julho de 1953, com o pessoal ligado a Fidel Castro. Durante a primeira metade dos anos 1950, como presidente da Fraternidade, visitou países da América Latina e, tal como aquele que viria a ser um de seus melhores amigos, Ernesto Che Guevara, foi conhecer a realidade do continente. Ao retornar a Cuba, em 1955, o grupo mais atuante era o Movimento Revolucionário 26 de julho, dia e mês de 1953 em que Fidel e um grupo de jovens atacam a segunda mais importante fortaleza militar do país, o quartel de Moncada, na cidade de Santiago de Cuba. Com o currículo insurrecional de Oltuski enriquecido pela atuação no exterior, conquistando adeptos para lutar e juntando dólares para a compra de armas, logo foi chamado a integrar o Movimento.

DOIS ANOS DEPOIS DESSA FOTO PARA O BAR- MITZVÁ

ENRIQUE SE DIZIA ATEU;

ENRIQUE, À DIREITA, PARTICIPA DE UM EVENTO COM FIDEL.

ATRÁS, ENCOBERTA, MARTHA. AO LADO DE FIDEL, O PRESIDENTE DE CUBA

OSVALDO DORIRCÓS TORRADO

Diálogos ecumênicos Logo pediu Martha em casamento. Os pais dele foram contra. Martha não é judia e, pior, havia estudado em colégio de freiras. Foi uma época dura, de conflitos internos, e durante a qual, apesar da distância que se impôs à religião judaica, recusou-se, primeiro a se converter ao catolicismo e, depois, a casar na igreja como Martha e a família dela queriam. – Se você não acredita em religião, qual o problema de casar na igreja e depois esquecer do fato, como se nada tivesse acontecido?, argumentava ela. – Mas isso é desonesto. Além disso, se não estamos de acordo em relação a estas coisas como será quando tivermos filhos? Cada um tratará de influenciá-los e embora os deixemos escolher livremente a religião, bem sabemos que não seremos imparciais, respondeu ele. Ela concordou com os argumentos de Enrique e em uma das viagens semanais a Santa Clara para visitar os pais e a ela, Martha contou que esteve com o padre com quem se confessava. Nunes, o padre, sugeriu uma conversa a três e “mais

argumentos que nos ajudem a sair esta confusão”. O encontro ficou para o final de semana seguinte e é provável que o seu desenrolar, na forma e no conteúdo, tenha sido comum a vários casamentos mistos em Cuba. Eis como foi, tal como na sua breve autobiografia: – Martha me falou muito a teu respeito e queria te conhecer. – Obrigado, respondeu, sem se comprometer. – Vamos ao que interessa, disse o padre que andava de moto e jogava futebol com os alunos. Dois jovens se conhecem se amam e querem casar, mas a religião os separa. Como isso é possível se a religião existe para unir os homens? Você, Enrique, diz não acreditar em Deus. Mas estou convencido de que você acredita, sim, mas acontece que você o conhece por outro nome. Seu Deus e o nosso Deus são o mesmo Deus, não há mais que um. Você é engenheiro, estudou as ciências e sabe que do caos surgiu a ordem. Como? Por quê? Houve uma origem, aconteceu algo que ainda rege o nosso mundo. O que é? Nós chamamos de Deus, você poderá chamar de outro modo, mas é a mesma coisa. Então porque não chamá-lo de Deus e venerá-lo à nossa maneira? – Quem pode dizer qual é a origem? Certamente não é da maneira como relata a Bíblia. É como um conto. – Meu filho, a Bíblia se vale da parábola. – Mas não é assim como vocês a ensinam. Mas falemos de coisas mais terrenas. Como podem uns homens se apoderar da verdade da vida e interpretá-la para os outros? Não reconheço em você nada que me faça pensar que é representante de

JÁ NOMEADO VICE-MINISTRO DE CHE, PARTICIPA DE UMA REUNIÃO.

Da igreja para a sinagoga O padre convidou–os para uma nova rodada de conversa, na semana seguinte. Por educação, Enrique concordou. Mas não foi. Meses depois, a pedido da mãe, casou na sinagoga de Santa Clara lotada de amigos da política, de parentes e membros da comunidade. Mas a mãe, Chassa, não foi. O pai, Bernardo, sim, mas ficou distante. A partir daí, Oltuski só não se entregou totalmente à revolução porque tinha de trabalhar e, no escritório da Shell, contava com a boa vontade do chefe que, se não sabia bem o que seu subordinado fazia, podia imaginar. A casa deles em Havana virou um ponto de encontro e um dos locais de articulação daquela que se pretendia, em 1958, fosse uma greve geral, a maior da história de Cuba e que, no entanto, fracassou. O governo deflagrou uma fantástica caçada aos líderes do movimento, e Enrique, isto é, Angel Sierra, cuja existência a polícia desconhecia, escapou. A participação dele na organização da greve foi suficiente para ser alçado à condição de um dos coordenadores do Movimento 26 de Julho na região das Villas – Santa Clara, Cienfuegos e Santo Spiritu – e, por isso, participou de reuniões com a presença de Fidel, Che e Camilo Cienfuegos. No final de 1958, os combatentes desceram de Sierra Maestra, capturaram Santa Clara, área de atuação de Enrique, e deram início à revolução. Batista fugiu em 1º. de janeiro, exi>>


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Fotos Reprodução Abrão Bober

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NUMA FOTO MAIS RECENTE, COM RAUL CASTRO E O CUNHADO GUILLERMITO

Foto Bernardo Lerer

COLEGAS DO PRIMEIRO MINISTÉRIO: OLTUSKI E O DA DEFESA AUGUSTO MARTINEZ SANCHEZ

MARTHA CUIDA DO MARIDO DOENTE, DOS PASSARINHOS DELE E DOS NETOS DOS DOIS

lando-se em Portugal, e as forças de Fidel tomaram Havana em 9 de janeiro. Oltuski estava com eles. Havia combatido na organização da revolução no llano, isto é, na planície. Soube depois que outros judeus participaram, principalmente aqueles filiados ao Partido Comunista Cubano (PCC) na clandestinidade. Nas décadas de 1920 e 1930 muitos judeus se envolveram na fundação e organização do PCC, alguns foram presos e fuzilados, e outros, como Fabio Grobart, deportados. Fabio, que tem uma foto com destaque no Museu da Revolução, voltou do México para Cuba, nos anos 1920, mas foi recapturado e, aí, sim, fuzilado. Quando o primeiro – e único – governo foi criado, com o advogado Osvaldo Dorticós Torra como presidente e Fidel Castro primeiro-ministro, Oltuski foi convidado para o gabinete e se tornou Ministro da Comunicação. Sua tarefa: explicar as leis revolucionárias para o público interno e externo. Este Museu da Revolução expõe vários cartazes criados por orientação dele e aprovados pelo ministério. Como tinha ligações com Che, a quem conhecera e se ligara quando o guerrilheiro, chegou às montanhas de Escambray, à frente de um pelotão, foi seu vice-ministro de Indústria e na Junta Central de Planificação. O último cargo de Oltuski foi o de vice-ministro da Indústria Pesqueira, há muitos anos, quando finalmente se retirou. – O tempo e os males da idade o aposentaram – conta Martha, que o acompanhou em todas as ações, como esposa e companheira de luta revolucionária. – O governo aposentou-o em agosto último, pois não tinha mais utilidade. Agora me ocupo de cuidar dele e de receber as visitas dos quatro filhos e dos muitos netos. E de um jornalista brasileiro que me descobriu. * O jornalista Bernardo Lerer viajou a Cuba a convite e com apoio da MMTGapnet

Em 1947, no equivalente ao colegial, Oltuski conheceu Martha Rodriguez. Tinham quase a mesma idade. “Ele pôs os olhos em mim uma vez e não os tirou mais, até hoje”, conta ela, depois de servir um copo de água que o marido sorveu com um canudinho


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magazine > holocausto | por Anshel Pfeffer

A última escola judaica de Berlim DIAS ANTES DA ECLOSÃO DA SEGUNDA GUERRA, METADE DOS ESTUDANTES E PROFESSORES DA ESCOLA DA ORT DE BERLIM CONSEGUIU CHEGAR À GRÃ-BRETANHA. A OUTRA METADE FICOU PARA TRÁS, E ESPEROU ALGUNS ANOS ATÉ CONHECER O SEU DESTINO

E

m 29 de agosto de 1939 milhares de judeus lotavam as plataformas de estação de Charlottenburg, em Berlim. Todos tinham certeza de que uma guerra mundial estava prestes a começar, e quem tivesse visto para outro país fugia às pressas da capital alemã. A maioria dos trens já havia sido requisitada pela Wehrmacht, para transportar soldados para o leste, até a fronteira polonesa. Entre os que procuravam desperadamente um lugar em um vagão, havia 106 rapazes enfi leirados, entre 14 e 17 anos de idade, alguns acompanhados dos pais, tentando esconder os sentimentos, embora a maioria já tivesse dito adeus às famílias.

O GRUPO QUE ALCANÇOU A

INGLATERRA FICOU NO KITCHENER

CAMP E POSA FELIZ À ESPERA DOS QUE FICARAM EM

BERLIM E NUNCA CHEGARIAM

Os vagões do trem em que deveriam viajar para o oeste, em direção à Holanda, estavam trancados. Dois rapazes menores foram içados até a altura das janelas para quebrá-las e abrir as portas por dentro. Depois da meia-noite, o trem começou a jornada. Três dias antes do início da Segunda Guerra Mundial, metade do corpo estudantil da escola profissionalizante de nível médio ORT de Berlim conseguira deixar a Alemanha nazista e, em poucas horas, embarcava em um navio que levou os alunos em segurança para a Grã-Bretanha. Mas o caminho de cerca de cem estudantes judeus que ficaram na escola, e que deveriam sair uma semana mais tarde, foi bloqueado pela invasão da Polônia, em 1º de setembro, e pela declaração de guerra à Alemanha pela Grã-Bretanha e França dois dias depois. Os estudantes não tinham escolha a não ser voltar para o prédio da escola em Siemensstrasse, no bairro Moabit, em Berlim, e retomar as aulas, sem saber quanto tempo teriam permissão para continuar. A turma deles foi a última de uma escola judaica em operação na Alemanha nazista. A ORT Mundial, movimento internacional de educação, foi fundada em 1880 em São Petersburgo, na Rússia, para dar formação profissional e vocacional a jovens judeus. Em 1921, após a revolução bolchevique, a sede da organização mudou-se para Berlim com o objetivo principal de levantar fundos e apoio para filiais em outros países, onde os judeus tinham menos recursos. Na Alemanha mesmo a ORT Mundial não tinha escolas, pois os judeus do país – beneficiários do apogeu do sucesso material e cultural nos anos 1920 e início dos anos 1930 – não tinham necessidade de filantropia de outras comunidades judaicas. Os judeus alemães preferiram os ginásios de prestígio, onde poderiam educar os filhos em profissões liberais. No entanto, com a ascensão do nazismo ao poder, em 1933, a situação se inverteu, e os judeus alemães precisaram de ajuda externa. As crianças judias foram expulsas de escolas “arianizadas”, e >>

A ORT Mundial, movimento internacional de educação, foi fundada em 1880 em São Petersburgo, na Rússia, para dar formação profissional e vocacional a jovens judeus


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magazine > holocausto >> advogados, médicos, executivos e funcionários públicos judeus foram demitidos. Nos primeiros anos do regime nazista, a ORT se concentrava na formação profissional de adultos, para desenvolverem habilidades “práticas”, mas a tarefa principal era criar uma escola profissional de nível médio em Berlim. Mas as crescentes restrições impostas aos judeus, e, em particular, o confisco dos seus bens, tornaram extremamente difícil alugar um prédio e comprar o equipamento necessário. A solução foi usar os contatos internacionais da ORT e pedir à filial britânica da organização para comprar o prédio, os alojamentos e o equipamento mecânico para os alunos. Foi uma jogada astuta pois durante os primeiros anos de funcionamento da escola, os alemães heitavam em expropriar a propriedade de cidadãos estrangeiros, mesmo se fossem judeus. E mesmo depois de conseguir as doações da ORT do Reino Unido, a burocracia alemã, por meio de Adolf Eichmann, o funcionário da Polí-

O fato de a escola ser propriedade britânica deu à ORT de Berlim um certo grau de imunidade. Na noite de 9 de novembro de 1938 – a Kristallnacht –, quando grupos de desordeiros foram enviados para queimar e destruir sinagogas e outros edifícios judaicos, a ORT de Berlim foi um dos poucos prédios intocados. A escola treinava os alunos em engenharia mecânica, electricidade, hidráulica, soldagem e serralheria. A possibilidade de conquistar um conjunto de habilidades que lhes facilitaria a imigração fez muitos pais matricular os filhos na ORT. Famílias de cidades menores também exultavam em poder mandar os filhos para a escola, supondo que, em Berlim, com embaixadas e diplomatas, os nazistas seriam mais econômicos, evitando atacar os judeus abertamente. Um ano depois de fundada, a nova escola tinha mais de duzentos alunos.

ESCOLA ORT NO RIO DE JANEIRO, A ÚNICA QUE AINDA EXISTE NO BRASIL, EM FOTO DE 1971

cia de Segurança encarregado da imigração judaica, demorou ainda um ano e meio para autorizar a abertura da escola. Isso foi em abril de 1937, mas somente com as promessas feitas pela ORT de que todos os formados pela escola deixariam a Alemanha ao concluir os estudos.

ORT no Brasil A World ORT, uma as maiores redes não governamentais de ensino e treinamento tecnológico do mundo, existe há 132 anos, está presente em mais de cinquenta países e há 69 anos no Brasil. Atualmente, o Instituto de Tecnologia ORT Brasil funciona no Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo, tem trezentos alunos dos quais a metade judeus. Nos últimos quinze anos, o ORT classificou-se entre os vinte primeiros colégios nos exames para as principais universidades com seus alunos obtendo média de quase 100% de aprovação. O foco do Instituto ORT é tecnologia e ciência. A escola de Botafogo oferece cursos de ensino fundamental II (sexto ao nono ano) e de ensino médio técnico com especialização em biotecnologia, comunicação social, eletrônica e informática. O diretor Hugo Malajovich, há mais de trinta anos na escola, o ORT tem um campus avançado em Petrópolis, onde funciona o Núcleo Experimental de Estudos Ambientais (Nedea) em convênio com a colônia de férias Henrique Lemle. O Nedea fica em uma área verde de 850.000 metros quadrados com dois alojamentos e um laboratório de pesquisas onde os estudantes podem realizar trabalhos de campo em educação ambiental, ciência e tecnologia. A decisão de instalar o ORT no Brasil surgiu nos primeiros meses de 1943 com a proposta de treinar a mão-de-obra judaica que fugia dos horrores da guerra. Mas os judeus brasileiros consideravam os cursos profissionalizantes algo inferior e sonhavam fazer dos filhos doutores, não importa do quê. Imaginando que, com isso, eles poderiam alcançar fama, fortuna, posições na política e na alta burocracia. A escola que funcionava na rua Bresser fechou. Em 1985 houve um movimento pela recriação do ORT em São Paulo com um Comitê Organizador e, depois, uma diretoria presidida pelo empresário Max Feffer. Constituíam a primeira diretoria, além de Max Feffer, Jacques Nasser, Hélio Bobrow, Guilhermino Wasserman, Israel Sany Worcman e Dálio Sahm. A ideia era criar um Colégio de Ciência e Tecnologia ORT em São Paulo, mas com a morte de Max Feffer, em abril de 2001, o projeto perdeu seu grande incentivador e foi suspenso. (Bernardo Lerer)

A segurança, enfim Quem estudou na ORT de Berlim conta que foi um refúgio no meio da violenta capital nazista. “Apesar do que acontecia lá fora, podíamos aprender em relativa calma, nos deixaram em paz”, segundo Hans Futter, em um uma entrevista por telefone, de sua casa na Inglaterra. Ele tinha 15 anos quando se matriculou na escola, originário de Greifswald, na costa do Báltico. “Fui obrigado a partir porque expulsaram todas as crianças judias da escola. Cheguei à ORT depois do meu irmão, que lá começara os estudos nove meses antes. O nível de ensino era alto, mas era, principalmente, um lugar seguro, especialmente para os meninos das províncias, porque os judeus em Berlim tinham melhores contatos e normalmente podiam encontrar um emprego ou imigrar. Era muito mais difícil para nós, do interior.” “A vida na escola era calma”, diz Sydney Sadler, em entrevista por telefone da Inglaterra. Como Futter, era do grupo de 106 alunos que conseguiu fugir da Alemanha. “Mas sempre tínhamos medo de que fechariam a escola. Antes disso eu havia frequentado a escola judaica, mas eles a fecharam. Aos 15 anos, trabalhei como provador de chá, mas meu chefe foi detido e eu não sabia o que fazer até ser aceito pela ORT e comecei a estudar engenharia – isso me salvou.” Em 1939, quando a guerra parecia mais que provável, a liderança da ORT da Grã-Bretanha preocupou-se com o destino da escola e decidiram tentar evacuá-la, com seus 215 alunos mais os professores. Pressionaram o Ministério do Interior britânico que era, em princípio, contra dar vistos de entrada para os refugiados judeus. O pessoal da ORT argumentou que a Grã-Bretanha não podia permitir que equipamentos valiosos e jovens treinados ficassem à mercê da máquina de guerra alemã. Finalmente, o governo britânico concordou em dar vistos para alunos e professores – na condição de que os equipamentos da escola também fossem trazidos para o país. Em seguida, o diretor da escola, Werner Simon, iniciou uma romaria pelos escritórios da Gestapo para obter autorizações de saída da Alemanha. Em agosto de 1939, a ORT do Reino Unido enviou um dos seus dirigentes, o tenente-coro-

nel Joseph Levey, para Berlim. Levey, que durante a Primeira Guerra Mundial servira no regimento dos Guardas Escoceses, entrou no prédio da SS em Berlim usando uniforme do regimento, que incluía o kilt escocês, gritando ordens aos oficiais e funcionários. Quando parecia que os alunos não poderiam mais viajar, pois os passaportes não tinham o carimbo britânico, e os funcionários da embaixada já haviam sido retirados da Alemanha, Levey localizou um funcionário consular local, mandou abrir a embaixada e fez carimbar todos os passaportes. “O coronel Levey teve êxito onde todos os outros falharam, porque ele era imponente e os alemães ainda respeitavam figuras militares”, diz Futter. “Estávamos prontos para viajar”, lembra Sadler. “Duas vezes em junho nos disseram que iríamos, e também em julho”, acrescenta. “Quando isso aconteceu, tivemos duas ou três horas para nos preparar, pois apenas nos chamaram e disseram para irmos à estação. Foi um prazer tão grande partir que nem percebemos, no momento, que nunca mais veríamos nossos pais. Somente meu pai veio se despedir de mim e do meu irmão, porque minha mãe estava muito triste. A estação estava uma loucura, centenas de pessoas tentando embarcar nos trens, a maioria judeus. Tivemos de quebrar uma janela para entrar”, conta Futter. Os que restaram Vinte e quatro horas após a partida de trem de Berlim, 106 alunos, sete professores e suas mulheres – todos liderados pelo coronel Levey – chegaram a Harwich, na costa inglesa, depois da viagem por mar, a partir da Holanda. O segundo grupo de pouco mais de cem alunos, os professores que restaram e o diretor Simon deveriam chegar uma semana depois. O primeiro grupo foi levado para o campo Kitchener, em Kent, centro temporário para milhares de refugiados judeus, felizes por chegar à Grã-Bretanha pouco antes de a guerra eclodir. Eles permaneceram três meses no campo, até uma nova escola da ORT ser >>

Nos primeiros anos do regime nazista, a ORT se concentrava na formação profissional de adultos, para desenvolverem habilidades “práticas”, mas a tarefa principal era criar uma escola profissional de nível médio em Berlim


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SEDE DA ESCOLA DE SÃO PAULO NA RUA BRESSER, EM 1947

construída e equipada, em Leeds, com o apoio financeiro da comunidade judaica local e da ORT Mundial. Ao mesmo tempo ganhava força a sensação de que os alunos e professores do outro grupo foram presos em Berlim e não teriam autorização para sair, assim como o temor em relação a pais e irmãos que ficaram na Alemanha. Por meio da Cruz Vermelha Internacional, cada criança podia enviar mensalmente um cartão postal de, no máximo, vinte palavras, para a família na Alemanha, e receber um de volta. “Era muito difícil manter contato”, diz Futter, “e muito cuidado na escolha das palavras no cartão postal. Em algum momento meus pais foram mandados para um campo de concentração; seis meses depois chegou uma carta, e nunca mais.” Em dezembro de 1939, a escola de Berlim foi “reaberta” em Leeds, e Joseph Levey foi o diretor substituto. O coronel usava disciplina militar. Os refugiados-alunos eram proibidos de falar alemão fora dos quartos. A escola permaneceu em atividade até todos os alunos se formarem. Mas também na Grã-Bretanha a cega burocracia de guerra interferiu, e estudantes com mais de 16 anos que chegaram ao Reino Unido foram mais tarde internados como inimigos. Alguns foram até enviados para a Austrália, outros para a Ilha de Man. Os menores de 16 anos foram arrebanhados pelo Exército Britânico assim que terminavam a escola devido à grande procura por mão-de-obra altamente especializada. Enquanto isso, em Berlim, para surpresa geral, os professores que lá ficaram foram autorizados a continuar trabalhando na escola, embora essa fosse judia e propriedade de uma nação inimiga. Milhares de judeus em Berlim e em toda a Alemanha eram presos e enviados para campos de concentração, mas a escola da ORT, com alunos e funcionários, estava autorizada a funcionar quase sem problemas até 1943. A razão principal parecia ser o interesse dos alemães em manter um grupo de trabalhadores qualificados cujas habialidades poderiam vir a ser utilizadas no futuro. Pouco se sabe a respeito desses quatro anos. Os arquivos da ORT ainda mantêm trechos da correspondência com o

Ministério do Interior alemão e tribunais locais acerca dos detalhes técnicos do status legal da escola. Existe, por exemplo, uma carta, assinada por Eichmann, de março de 1941, na qual informa a ORT que a partir daquele momento ela fazia parte da “Associação de Judeus na Alemanha” – entidade sob o qual os nazistas abrigavam todas as organizações judaicas remanescentes no Terceiro Reich. O dr. Arthur Feige, uma das duas únicas pessoas do segundo grupo da ORT de Berlim (junto com um aluno) a sobreviver, escreveu em 1977 um breve relato do trabalho na escola. “Eu também tinha um visto e autorização de viagem, mas já era tarde demais e, juntamente com o diretor Simon e outros professores, retomamos o ensino em Berlim.” Apesar da nomeação de um inspetor de fora “que causou muitos problemas”, a escola continuou a funcionar nos dois anos seguintes aceitando mais alunos e até mesmo criando novos cursos para adultos. Em abril de 1941, as autoridades nazistas determinaram que a escola fosse fechada mas permitiu aos alunos permanecerem por lá sob a condição de que trabalhassem durante o dia em oficinas e fábricas militares nos arredores de Berlim. Para continuar a proteger os alunos, a escola tentava manter atividades com alguns cursos, e por mais dois anos a ORT de Berlim permaneceu um refúgio, mesmo que, segundo Feige, “a condição dos judeus se deteriorasse cada vez mais com agressões, ataques e prisões nas ruas, sinagogas e escritórios vandalizados, racionamento de comida e a obrigatoriedade de usar a estrela de David”. A Gestapo prendeu Feige em dezembro de 1942, mas ele conseguiu escapar do trem a caminho de Auschwitz. Dois meses depois, em fevereiro de 1943, em uma das últimas deportações de judeus de Berlim – segundo um relato, ou em junho, de acordo com outro –, a SS invadiu a escola, prendeu e deportou para Auschwitz cem alunos e os últimos professores da última escola judaica da Alemanha.

Em abril de 1941, as autoridades nazistas determinaram que a escola fosse fechada mas permitiu aos alunos permanecerem por lá sob a condição de que trabalhassem durante o dia em oficinas e fábricas militares nos arredores de Berlim


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magazine > religião | por Anthony Grafton

O estudioso da Bíblia que não sabia hebraico ELIAS BICKERMAN POUCO SABIA DE HEBRAICO E ARAMAICO. MESMO ASSIM, REINTERPRETOU TEXTOS E

ACONTECIMENTOS COM TAL CAPACIDADE DE SEPARAR O CERTO DO ERRADO QUE TRANSFORMOU O MODO COMO OS ACADÊMICOS ENTENDIAM A HISTÓRIA JUDAICA

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O GRANDE MESTRE DE BICKERMAN FOI O PIONEIRO DA HISTÓRIA INTERDISCIPLINAR MICHAEL ROSTOVTZEFF (FOTO), EM SÃO PETERSBURGO

uitos gigantes andaram pelas ruas de Morningside Heights nos anos 1960 e 1970: Salo Baron, Saul Lieberman, Paul Oskar Kristeller, Meyer Schapiro, Richard Hofstadter e Morton Smith. Morningside Heights é um bairro de Manhattan onde estão a Columbia University, o Barnard College, a Manhattan School of Music, o Bank Street College of Education, a Cathedral of Saint John the Divine, o Union Theological Seminary, o Jewish Theological Seminary of America, o Interchurch Center e o St. Luke’s Hospital. No entanto, nenhum dos citados acima foi mais alienado e chamou tanto a atenção no monótono cenário acadêmico americano do que Elias Bickerman. Esse historiador russo do mundo antigo nasceu em Kishinev (antiga Bessarábia, atual República da Moldávia), educou-se em São Petersburgo e Berlim, e foi professor em Berlim e Paris antes de imigrar para os Estados Unidos. Falava inglês com sotaque pesado e à falta de palavras que conhecia inventava novas. Bickerman não gostava dos estudantes americanos e era muito crítico em relação aos poucos que escreveram dissertações. Homem de direita, seu tema preferido era o fato de ter lutado contra os comunistas quando jovem oficial do exército branco, durante a guerra civil russa. Ele também estava convencido de que “as carreiras acadêmicas das mulheres sempre seriam dificultadas pela biologia”, uma afirmativa condenada a colecionar desafetos no liberal mundo universitário. E tinham pouco em comum com os exilados políticos alemães independentes que transformaram as humanidades, e mais com o personagem Pnin, de Vladimir Nabokov: o inútil acadêmico russo que anda por uma paisagem onde nunca podia se sentir em casa. Embora Elias Bickerman tenha trabalhado com mestres em estudos judaicos, recusava-se a aprender hebraico, mesmo quando, no final da vida, passava os verões em Bat Yam, perto de Tel Aviv. E apesar de não observar as festas judaicas e nem o Shabat, Bickerman ia à sinagoga do Seminário Teológico Judaico para a leitura do Livro de Esther, em Purim. Não tirava o talit apesar de saber que não se deve usá-lo à noite.

No entanto, esse especialista em algumas das áreas mais enigmáticas de estudos clássicos, que proclamava ter “perdido a língua sagrada”, foi reverenciado internacionalmente como um dos maiores historiadores dos judeus. Nada mais justo. E, de fato, uma recente biografia dele, assinada por Albert Baumgarten (Elias Bickerman como um Historiador dos Judeus: um Conto do Século 20) revela que nenhum acadêmico do século fez mais que Bickerman para conhecer a vida e o pensamento judaicos depois do retorno do exílio da Babilônia. Como outros grandes acadêmicos europeus da sua geração, gostava de contar histórias de si mesmo. Muitas eram exageradas, e algumas, falsas. Às vezes a presunção de Bickerman se apoiava na simples vaidade. Por exemplo, descrevia a sua suposta fuga dramática da Europa ocupada num avião, acompanhado por uma “amiga”. Na verdade, Bickerman cruzou o Atlântico no SS Nyassa, e com a mulher. Baumgarten sugere que a origem dessa história seja o filme Casablanca. Brilhante e mitômano Filho de um proeminente jornalista judeu russo e duro adversário dos bolcheviques, Elias Bickerman odiava o fato de muitos líderes da Revolução serem judeus e, tal como o pai, detestava tudo o que cheirasse a conspiração. Mesmo assim é pouco provável que o notoriamente antissemita exército branco permitisse que Bickerman o integrasse. Provavelmente serviu no exército vermelho. Além da confusão que o próprio Bickerman causava, os amigos, colegas e alunos também gostavam de contar histórias. Muitos deles foram infectados pelas mentiras e exageros de Bickerman, e >>

Enquanto alguns acadêmicos alemães montaram as carreiras duvidando dos documentos oficiais do historiador judeu Flavius Josefus e de outros, Bickerman comparou esses documentos aos papiros provando-os legítimos


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outros pelo tipo de elaboração secundária que, como ao redor dos santos, se forma ao redor de grandes acadêmicos. Embora admire Bickerman, Baumgarten que estudou com ele em Colúmbia, também conhece as fraquezas do grande homem. De todo modo, a pesquisa em arquivos públicos e privados e uma leitura cuidadosa de documentos em várias línguas resultaram em uma narrativa convincente das realizações e da vida de Bickerman. Como muitos dos grandes acadêmicos judeus que transformaram as universidades americanas e britânicas, Bickerman dedicou-se, quando jovem, ao grego e ao latim, em vez de ao hebraico e ao aramaico. Como outros colegas, fez do mundo da erudição alemã seu lar intelectual. Ele começou estudando história antiga em São Petersburgo com o pioneiro da história interdisciplinar Michael Rostovtzeff que o ensinou a combinar provas arqueológicas e históricas. A família de Bickerman trocou a Rússia por Berlim, e logo ganhou o respeito e o apoio do estudioso de papiros Ulrich Wilcken. Nas últimas décadas do século 19, os depósitos de lixo do Egito produziram uma grande quantidade de papiros em grego com textos de literatura, filosofia e documentos privados a respeito do cotidiano de gregos, judeus e egípcios. Bickerman aprendeu a datar, autenticar e ler esses textos ricos e difíceis porque tinha talento para decifrar os enigmáticos papiros. E, mais importante, avançava além desses textos porque conseguiu reconstruir com precisão a burocracia que os tinha produzido. E enquanto alguns acadêmicos alemães montaram as carreiras duvidando dos documentos oficiais do historiador judeu Flavius Josefus e de outros, Bickerman comparou esses documentos aos papiros provando-os legítimos. Segundo exílio No entanto, a trajetória da carreira de Elias Bickerman não foi fácil. O corpo docente de Berlim rejeitou o trabalho que submeteu para o degrau seguinte ao doutorado e que dava o direito de ensinar. Embora tivessem aceitado um segundo trabalho, e seus artigos já lhe garantissem reputação internacional, Bickerman tudo fez para encobrir o fracasso, e fingiu estar a ponto de ser nomeado professor na Alemanha, quando o nazismo o forçou a um segundo exílio. Admirado por seu trabalho pelos acadêmicos franceses e com o apoio da Fundação Rockefeller e da École de Hautes Études, preferiu ser doutorado francês em letras antes de conquistar um cargo mais duradouro. Apesar da derrota francesa e da ocupação de Paris manteve o vigor intelectual, continuou a pesquisar e a publicar trabalhos de qualidade excepicional. Finalmente, Michael Rostovtzeff, que lecionava em Yale, convenceu a Fundação Rockefeller a trazer Bickerman para os Estados Unidos. O historiador russo Rostovtzeff foi um dos maiores especialistas em história grega, iraniana e romana e o primeiro a estudar as economias antigas do ponto de vista do capitalismo e das revoluções. Ele só chegou à Universidade Columbia em 1952, depois de lecionar por um salário vil na The New School e na Universidade do Judaísmo, em Los Angeles. No novo lar acadêmico continuou a explorar o mundo judaico no período helenístico a partir de Alexandre, o Grande, e também o que chamava de “os livros estranhos da Bíblia” daquele período. Bickerman sempre se descreveu como um historiador antigo, espe-

cialista na interpretação de fontes gregas e latinas, e perito na história do mundo pagão antigo. Mas adorava o que ele descrevia como férias, período em que trabalhava em fontes especificamente judaicas. E, nas férias, notava coisas que outros não observavam. Em 1937, escreveu um magnífico livro, curto e polêmico, chamado The God of Maccabees (O Deus dos Macabeus). No segundo século antes da Era Comum, o rei selêucida Antíoco IV apoiou a introdução de costumes gregos, tais como a nudez na prática do atletismo e a adoração de ídolos em Israel. Claro, provocou uma revolução. Segundo Bickerman, Antíoco não fez isso para mudar o modo de vida dos judeus, pois essa não era a prática política dos selêucidas. O rei aceitou um convite dos judeus mais ricos e influentes interessados em que seu povo se tornasse cosmopolita. Portanto, quando os Macabeus resistiram estavam de fato preservando o judaísmo de uma ameaça interna, e não externa. Sem saber hebraico Muito mais tarde, Bickerman voltou as atenções para a genealogia da autoridade religiosa que aparece no início de Pirkei Avot: “Moisés recebeu a Torá no Sinai; e a entregou a Josué; Josué aos anciãos; os anciãos aos profetas; e os profetas aos homens da Grande Assembleia. Eles disseram três coisas: ‘Tenha cuidado ao julgar; conquiste muitos discípulos; e faça uma cerca para a Torá’.” Nos primeiros tempos, dizia Bickerman, os judeus não estudavam coletivamente e cabia aos sacerdotes interpretar a Lei. Na Grécia, ao contrário, desde muito cedo os filósofos independentes consideravam os debates essenciais à descoberta da verdade. Eles esboçavam esquemas descrevendo o modo como cada pensador tinha aprendido, e discordavam do professor. Bickerman dizia que os fariseus adaptaram essa visão grega de educação e passaram a se perceber como uma escola no sentido grego, embora continuassem a encontrar a verdade na Lei e em suas interpretações. Nesse, e em ou-

tros casos, as práticas intelectuais judaicas centrais emergiram menos de uma comunidade autônoma e mais de uma outra, cujos líderes sabiam estar vivendo em um mundo em mudança e procuravam meios e modos de atualizar e adaptar sua mensagem. Desde o início, a interpretação de Bickerman a respeito dos Macabeus evidentemente provocou críticas. Ele se apoiou principalmente em fontes posteriores, e não explicou porque o Livro de Daniel não menciona os rebeldes cosmopolitas contra a Lei que ele evocou. Mas até agora não surgiu tese melhor acerca do evento, e o livro God of Maccabees – que teria dado à editora de Salman Schocken mais prazer do que qualquer outro livro que publicou – continua provocador. A interpretação de Bickerman a respeito da tradição dos fariseus encontrou seguidores e ainda estimula novos trabalhos, assim como muitos outros argumentos que produziu acerca de textos judeus. O fato é que pouquíssimos colegas de Bickerman são lembrados nas pesquisas. Ele o é. E aqui está o verdadeiro mistério. Bickerman pouco sabia de hebraico e aramaico. Ele não tinha qualquer acesso direto à exegese nem à erudição em hebraico. Mesmo assim, reinterpretou textos e acontecimentos com tal capacidade de separar o certo do errado que transformou o modo como os acadêmicos entendiam a história judaica. Sabe-se que, no início dos anos 1930, historiadores da Universidade Hebraica de Jerusalém tradicionalmente críticos a ele teriam tentado atraí-lo para uma atividade. Enquanto viveu e mesmo depois de morto, acadêmicos judeus rejeitavam o seu trabalho. Albert Baumgarten não se arrisca a explicar esse mistério, mas deixa claro que o interesse de Bickerman pelos estudos judaicos teve origem em uma forte, embora peculiar, identidade judaica. Em um verdadeiro trabalho de detetive, Baumgarten liga a visão de Bickerman a respeito dos Macabeus aos que se lhe opunham. Antíoco e os helenizadores, dizia Bickerman, quiseram extirpar “tudo que era indício de separação, de ‘gueto’”: por exemplo, a observância do Shabat e as barbas. Os judeus antigos eram ridicularizados mais por se recusar a lutar no Shabat, e nunca por usar barbas. Mas na Rússia e na Alemanha do século 19, os judeus cosmopolitas aconselharam aos outros judeus que se barbeassem. E as condições dos tempos em que Bickerman viveu o inspiraram a explicar porque o martírio dos Macabeus valera a pena. Mais uma prova do compromisso dele com o judaísmo estava nos textos que ele escrevia no verso de velha correspondência, grande parte dela enviada por instituições beneficentes judaicas às quais ajudava. Para ajudá-lo, Elias Bickerman escolheu antigos mestres da tradição acadêmica como o especialista em Renascença Joseph Scaliger e o filólogo e judeu ortodoxo do século 19 Jacob Bernays, autor da biografia de Scaliger. Como Bickerman, esses homens nunca se apegaram a uma agenda clássica restrita. Eles estudaram um mundo antigo povoado por judeus assim como por gregos e romanos, e usaram textos judeus da mesma forma como fizeram com os escritos não judeus.

A lealdade de Bickerman a esses modelos era tão grande que ele deliberadamente equivocou-se a respeito deles, ignorando as muitas observações de Scaliger acerca da mentira de os judeus helenísticos terem se esforçado em interpretar fontes judaicas em hebraico, aramaico e grego colocando-as em um contexto capaz de supor que judeus e não judeus interagiram. Evidentemente, a autoimagem que Bickerman cuidadosamente construiu, obrigou-o a estudar os judeus, e gregos e romanos. De todo modo, parte do mistério se mantém. Aparentemente, Bickerman tinha uma espécie de capacidade natural oculta de ver os textos como eram e recriar as circunstâncias em que foram construídos. Quando Bickerman lia um texto judeu, começava a leitura como um amador, mas prosseguia como um historiador usando o tempo livre para conquistar um universo de textos e problemas. Um dos sábios do período do Segundo Templo, Antígono de Soco, ensinou: “Não sirva ao mestre em condição de receber um peras”. Maimônides e outros comentaristas tradicionalmente explicaram peras como uma recompensa além do que se ganha – o que fez de Antígono o patrocinador de uma lição de moral. Séculos depois, no entanto, em 1951, pouco antes de morrer, Bickerman garantiu na Harvard Theological Review que a interpretação tradicional estava errada. Antígono ofereceu aos judeus desesperados diante da perseguição uma dura lição de moral: deviam servir a Deus mesmo sem receber absolutamente nada em troca, nem mesmo uma vida simples. Pela insistência em visitar tanto a tradição judaica, e, quando de férias, o Estado de Israel, Bickerman entregou-se à história judaica quando já não tinha quase nada com que sobreviver, e nenhuma recompensa a esperar. E, de alguma forma, ele transformou a sua complexa erudição em uma forma inconfundível e recompensadora da vida judaica. * Anthony Grafton é professor de história da Europa e história da ciência em Princeton

Aparentemente, Bickerman tinha uma espécie de capacidade natural oculta de ver os textos como eram e recriar as circunstâncias em que foram construídos. Começava a leitura como um amador, mas prosseguia como um historiador usando o tempo livre para conquistar um universo de textos e problemas


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magazine > cinema | por Julio Nobre

A infâmia,

o ultraje e a vergonha RESERVE PELO MENOS CINCO HORAS DO TEMPO PARA MERGULHAR NO DOCUMENTÁRIO A TRISTEZA E A PIEDADE, (LE CHAGRIN ET LA PITIÉ) DO DIRETOR MARCEL OPHULS, UM EXEMPLAR SUBLIME DA ARTE DO DOCUMENTÁRIO, SOBRE A FRANÇA DURANTE A OCUPAÇÃO NAZISTA. VALE CADA MINUTO

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único defeito do dvd A Tristeza e a Piedade é a sua vastidão. O documentário de Marcel Ophuls lançado em 1969, com uma entrevista antológica do diretor para a CBS em 1972 e uma longa sequência de imagens sobre a libertação de Paris em 1944, narrada pelo dramaturgo Noel Coward, somam mais de cinco horas. No entanto, uma vez iniciada a longa sessão, o espectador não consegue mais tirar os olhos da telinha, tal a riqueza de imagens, a contundência dos depoimentos, o amargor e a dura realidade dos episódios históricos ali relatados. O documentário foi originalmente produzido para ser exibido na televisão alemã e suíça. Logo depois entrou em cartaz nas salas de cinema da França, onde foi recebido com reservas, desconfiança por ser uma produção alemã, e duramente criticado por ninguém menos do que Jean-Paul Sartre, que o acusou de frivolidade. Sofreu uma espécie de censura, o que alavancou o sucesso internacional do filme, tornando-o com todo mérito – durante meses – o assunto preferido das rodas intelectuais e dos jantares inteligentes. O caudaloso documentário rompeu paradigmas ao usar e abusar das imagens de arquivo dos cinejornais do período, retratando a perversidade da capitulação da França diante da Alemanha nazista. Se a Polônia foi subjugada em apenas quinze dias com todo o aparato bélico que os nazistas haviam testado na Guerra Civil espanhola, Paris levou somente trinta dias para se ver invadida, no verão de 1940 – um dos mais belos e tristes da história da França, segundo Ophuls. As imagens dos cinejornais são acompanhadas do áudio original com a repetitiva e assustadora ladainha das trilhas marciais. O documentário A Tristeza e a Piedade leva o subtítulo despretensioso de “Crônica de uma Cidade Francesa sob a Ocupação” e foi dividido em duas partes de 120 minutos cada, inti-

tuladas “A Queda” e “A Escolha”. “A Queda” trata dos primeiros dias depois da entrada das tropas alemãs em território francês, e o foco é a cidade de ClermontFerrand, na região do Auvergne – ironicamente o reduto do líder celta Vercingetorix na resistência contra a ocupação romana. São antológicas as cenas como a de Hitler percorrendo os pontos turísticos de Paris ao som de uma trilha triunfalista e as entrevistas com o ex-chanceler britânico Anthony Eden e ex-membros da Resistência. O documentário dá voz a gente comum como camponeses, comerciantes e ex-soldados da Wehrmacht, para quem a França era um território sem desafios se comparado ao front da Europa Oriental onde era travada uma guerra feroz contra os bolcheviques. Da primeira parte também consta uma longa entrevista com o ex-premiê francês Pierre Mendès-Frances, judeu de origem sefaradita. Ele era capitão da força aérea francesa na época da ocupação, foi acusado de deserção, e, por isso preso, julgado e condenado, com os mesmos ingredientes antissemitas do caso Dreyfus, cerca de cinquenta anos antes. Na entrevista à CBS, Ophuls revela que produziu sete horas de entrevistas com o ex-premiê e condensou todo o material num trabalho de edição que consumiu três meses. O trabalho de Marcel Ophuls é didático na explicação do processo que desembocou na criação do regime de Vichy, detalhando o papel desempenhado pelo chefe de Estado marechal Pétain – herói da Primeira Guerra Mundial em Verdun –, por seu premiê Pierre Laval, executado logo depois do fim da ocupação, e pelo chefe de polícia René Bousquet, responsável pelo cumprimento das leis raciais e pela repressão aos partisans. A segunda parte de A Tristeza e a Piedade reúne depoimentos de ex-membros da Resistência, formada por gente simples do povo e por militantes do Partido Comunista. Ophuls revela as tensões dentro grupo, opondo comunistas, católicos e jovens judeus como o escritor e

biólogo Claude Lévy, preso pela polícia francesa, entregue à Gestapo e enviado para um campo de concentração. Lévy sobreviveu para denunciar as atrocidades cometidas naquele período, como a detenção em massa de judeus no Vélodrome d’Hiver, em 16 de julho de 1942, quando 4.051 crianças judias foram separadas dos pais e enviadas para os campos da morte. Dois depoimentos chocam pela sinceridade crua e distanciada dos seus autores: o capitão da Wehrmacht Helmut Tausend, estacionado em Clermont-Ferrand durante a ocupação, exibe orgulhosamente as condecorações de guerra; e o aristocrático Christian de la Mazière, ex-integrante das forças francesas na divisão Charlemagne da Waffen SS, que vestiu uniforme nazista e lutou no front oriental, onde morreram mais de sete mil dos seus companheiros. A entrevista de Ophuls à CBS merece atenção especial porque o diretor dá uma verdadeira aula magna de como produzir um documentário. O copião tinha cinquenta horas de gravação, entrevistas com 45 testemunhas oculares da história e a colaboração de uma equipe de meia dúzia de pessoas. Ele também faz um balanço da repercussão do filme nos três anos depois do lançamento. Filho do cineasta Max Ophuls, Marcel nasceu na Alemanha em 1927 e mudouse para a França dez anos depois. Tinha apenas 12 anos quando aconteceram os episódios relatados no filme. O título A Tristeza e a Piedade se deve ao sentimento experimentado por muitos franceses durante a ocupação. Este documento merece lugar de destaque nas estantes ao lado de outras obras seminais a respeito do nazismo e da aniquilação do judaísmo europeu. A Tristeza e a Piedade – Crônica de uma Cidade Francesa sob a Ocupação, direção de Marcel Ophuls, 1969 Extras : Diário da Resistência e Entrevista de Marcel Ophuls a Perry Wolff, CBS, 1972 Coleção VideoFilms

CENA DO DOCUMENTÁRIO A TRISTEZA E A PIEDADE

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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com

Am Israel Chai

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O nome que não se fala

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Garotas da pesada

Moshav de boina vermelha

Êta nóis

Ironias da história

Não é só no Brasil que a sede desvairada por consumo leva pessoas inocentes a perceber, um belo dia, que sua conta bancária estourou. Nova pesquisa feita em Israel revela que um terço da população do país deve para o banco. Pior ainda: destes, cerca de 60% não têm a mínima ideia de quanto o banco cobra de juros para manter a conta ativa, embora no vermelho.

A foto é uma das mais emblemáticas na história moderna dos judeus: Theodor Herzl, no intervalo das sessões do V Congresso Sionista, debruçou-se na varanda do hotel Trois Rois, na Suíça, e ficou admirando o rio Reno. O que passou em sua cabeça, enquanto o olhar estava perdido, ninguém sabe. Mas a cena passou a simbolizar o sonho sionista. Pois é, agora o mesmo luxuoso hotel está à venda, incluindo a famosa suíte de Herzl, que tem uma placa comemorativa e é bastante solicitada. O mais curioso é que o comprador potencial é a Empresa Imobiliária Nacional do Qatar, da família real árabe, que já possui a rede de TV Al-Jazeera

Foi quase a mesma rotina sangrenta de sempre. No final de setembro, um grupo de quinze refugiados africanos cruzou a fronteira do Egito e entrou em Israel através de um pequeno trecho onde ainda não foi completada a cerca eletrônica entre os dois países. Quando um grupo de soldados foi receber os pobres coitados com um pouco de água, três terroristas da Jihad abriram fogo, matando o soldado Natanael Yahalomi. Só que desta vez a coisa foi um pouco diferente. A cem metros dali estava uma garota combatente, que reagiu rapidamente, mirou num dos guerrilheiros e o matou com um tiro certeiro. Os dois outros foram eliminados em seguida. Conheço pessoalmente algumas meninas que servem como combatentes no Tzahal. Quando se alistam são bonitas, algumas até delicadas. Se tivessem nascido em São Paulo, estariam agora cursando uma faculdade, passeando à tarde num shopping com iphone e tratando de arrumar um namorado. Aqui em Israel, se apresentam como voluntárias para um treinamento pesado, exatamente igual ao dos garotos combatentes. Depois de três anos, já estão musculosas. Em poucos países do Ocidente existe o fenômeno da garota soldado. Aquele terrorista morreu sem saber que foi liquidado por um ser que ele acredita deveria estar na cozinha.

Vista de longe, a Venezuela sob Hugo Chávez se tornou porta-voz dos piores sentimentos contra Israel na América Latina, além de madrinha dos aiatolás no continente. De perto, a coisa é diferente. Uma empresa israelense acaba de vencer uma licitação para construir, perto de Caracas, um mega-assentamento inspirado no conceito de moshav israelense. Num área de 150 quilômetros quadrados serão erguidas quinhentas casas, além de escola, parque e, claro, um curral para vacas leiteiras. O governo Chávez vai desembolsar quatrocentos milhões de dólares no projeto.

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Força do destino Mais uma loucura-violência típica dos EUA. No final de setembro, um empregado demitido pela manhã, voltou no mesmo dia para “acertar as contas” com o patrão e alguns desafetos do trabalho. Resultado: quatro mortos, além do assassino, que se suicidou. Só que desta vez houve uma conexão israelense. O patrão era Reuven Rahamin, 61, que nos anos 1970 trocou Israel por Minneapolis, depois de ter lutado na Guerra do Iom Kipur. Lá, abriu uma bem-sucedida empresa de cartazes em Braille. A família do empregado demitido disse que ele tinha problemas mentais.

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Será que rola? Para quem não sabe, o festival Lollapalooza é um megafestival do mundo pop criado em Chicago e que, hoje, também é realizado no Brasil e no Chile. Agora Israel tornou-se o quarto pretendente a sediar o evento que mistura astros do rock e novos talentos. A promessa é acontecer no próximo agosto, em 2013, durante três dias, no parque Yarkon, o Ibirapuera de Tel Aviv. Nunca o Estado judeu apresentou algo assim. Será que rola mesmo? Os produtores ainda estão atrás de cinco milhões de dólares que faltam para fechar os contratos.

9 Primeiro, a boa notícia Agora que terminaram os sete longos meses sem um pingo de chuva em Israel e aguardamos até com ansiedade – como todos os anos – as chuvas que vêm aí, convém saber a quantas anda a situação da água no país. O nível do Kineret vai bem, o melhor dos cinco últimos anos. As usinas de dessalinização instaladas a toque de caixa por toda a costa do país em breve serão responsáveis por metade do consumo e já agora fazem com que menos água seja bombeada do Lago da Galileia. Já a situação do Mar Morto vai mal. De acordo com o mais recente relatório, o lago salgado perdeu trinta metros nas três últimas décadas.

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Adeus ao jornalista

Aqui em Israel duvido que exista alguém que não pense no Irã e seu repugnante presidente pelo menos uma vez por dia. Digo “pense”, porque realmente ninguém fala a respeito do assunto. Ninguém quer conversar acerca desse tema, em casa, com amigos ou no trabalho. É muito deprimente. O “sapo barbudo” do Oriente Médio elevou ao máximo a ideia de que o antissionismo é o novo antissemitismo. Ahmadinejad é um aprendiz de Goebbels e sabe que se martelar numa mentira, acaba virando verdade. Eu, pessoalmente, acho que ele mente quando expressa dúvidas pessoais de que o Holocausto aconteceu. Ele sabe que ocorreu e que morreram seis milhões de judeus. É baseado nisto que ele ameaça Israel com tanta arrogância. Ele sabe que por trás do poderio bélico israelense, há uma fraqueza do povo judeu – numérica, territorial, política – que nos levou a ser massacrados há sessenta anos. Mas Ahmadinejad é também um ignorante cultural. Parece que nunca lhe contaram que os judeus, quando desafiados mortalmente em sua terra, se provaram destemidos: não deixaram o império assírio conquistar Jerusalém, resistiram aos babilônios por dezoito meses e, contra os romanos, quatro anos. Eles têm poder para nos machucar bastante, mas não sairão ilesos desta história.

10 notícias de Israel

A melhor resposta para a mediocridade antissemita é o povo judeu continuar vivendo e brilhando. Coisa que aconteceu na última premiação do Emmy, o Oscar da TV norte-americana, no final de setembro. Vindo de um país onde existem apenas três canais abertos e mesmo a oferta a cabo não é lá grande coisa, o israelense Gideon Raff (à esq. na foto) concebeu a série Hatufim, que em sua versão ianque Homeland, arrebatou o prêmio de melhor produção dramática. Na versão sabra, são soldados que voltam da Guerra do Líbano. Nos EUA, agentes lutando contra a Alcaida. Entre os fãs, o presidente Obama.

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Morreu Arthur Ochs Sulzberger, aos 86 anos, editor do mais influente jornal do mundo, o The New York Times. Comandou o diário por mais de trinta anos, mantendo uma objetividade inclusive em assuntos do Oriente Médio, que o fez a criar inimizades em Israel. Encabeçou a lista de grandes editores judeus ao redor do mundo, inclusive no Brasil.


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magazine > a palavra | por Neri Livneh

Oy Gevalt:

vocábulos alemães no hebraico A COLUNISTA DO HAARETZ ELABORA UM BREVE LEVANTAMENTO DA INFLUÊNCIA DO ALEMÃO NA CONSTRUÇÃO LEXICAL DO HEBRAICO MODERNO, E FAZ CONSTATAÇÕES MUITO BEM-HUMORADAS

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iquei feliz em receber uma cópia de The Ben Yehuda Strasse Dictionary: a Lexicon of Spoken Yekkish in the Land of Israel (“O Dicionário Ben Yehuda Strasse: Léxico Yekkish Falado na Terra de Israel”). O subtítulo alemão é “Sabre Deutsch” – alemão falado por nativos israelenses, e yekkes são judeus de origem alemã. Colaboraram na publicação deste simpático livro a Associação dos Israelenses de Origem Centro-Europeia e o Museu da Herança Judaica de Língua Alemã, no Parque Industrial de Tefen, na Galileia ocidental. Em casa nem uma palavra de alemão jamais foi proferida – não só porque era a língua “que seus nomes sejam apagados (do Livro da Vida)” –, mas principalmente porque minha mãe não tinha noção dessa língua nem da sua meia-irmã – o ídiche. O resultado foi que, apesar da boa educação que recebi no espírito dos valores dos meus pais, eu tinha vinte e poucos anos quando soube de uma pessoa a quem eu apelidara de Hansel – porque o nome da sua mulher era Gretel – numa referência à história infantil de João e Maria – que eu não tinha kinderstube (“boas maneiras”). “Mas eu tinha um quarto para crianças e mesmo pequenas poltronas e uma mesa feita para mim na oficina de carpintaria do kibutz”, eu disse. Mas me foi explicado que este era um termo emprestado, um uso (ou sinedóquico) metonímico para descrever a boa educação recebida por aqueles que, ao contrário de mim, tinham kinderstube. Como eu não tivera o privilégio de ter kinderstube, minha primeira relação com os costumes da tribo veio das piadas que minha mãe contava a respeito dos yekke-potzes. De suas descrições, imaginei a comunidade como uma coleção de tipos sem graça com modos rígidos (descrição em que se encaixa Hansel; ele se especializou em piadas aliterativas sobre compositores famosos), tipos estranhos que circulavam de terno mesmo no verão e usavam meias com sandálias, que falavam hebraico errado, mas eram donos de esplêndidas confeitarias em Haifa e Nahariya. Minha amiga Margalit tem me enviado mensagens de texto em alemão, escritas com caracteres hebraicos. Ela nunca aprendeu alemão, mas aprendeu ídiche em casa e adquiriu um domínio passável do alemão durante muitas visitas à Alema-

nha. Até começarmos essa correspondência, eu era completamente inconsciente de que ao longo dos anos eu tinha adquirido um léxico de centenas de palavras em alemão, mas incapaz de criar uma frase gramaticalmente correta. Como a maioria da minha geração, conheço palavras que me fazem tremer como “Transport,” “Aktion” e “Juden,”, que aprendi assistindo a filmes do Holocausto. Conheci palavras relacionadas a instrumentos musicais e obras. Uma proporção maior de palavras vem da minha familiaridade com os membros da comunidade. Por exemplo, adotei termos básicos de cozinha da língua alemã por influência da minha ex-sogra. Dela também aprendi a agenda diária, que inclui uma schlafstunde (“hora de dormir”) um kaffeestunde (“hora de tomar café”) e às vezes shpatziren (“passear”). Também alguns termos carinhosos e insultos. Mas a maior parte do meu léxico alemão vem do fato de que eu cresci aqui, na terra dos sabres (sabras). Uma passada de olhos no dicionário revela quantas palavras há no hebraico diário sem que se conheça sua origem alemã. Como muitos dos imigrantes yekkes adquiriram uma profissão prática na Palestina, a maioria dos termos hebraicos relacionados à carpintaria, mecânica e eletricidade têm origem no alemão. Uma longa lista que entraram para o hebraico e aparecem no novo dicionário – kompot, schnitzel, kaput, strudel, konsert, delikatess, tort, prinzip, shvitzer (“exibido”), tapet (“papel de parede”) e mostram que, mesmo que a primeira geração de yekkes tivera dificuldade para se adaptar a Israel, a língua hebraica ajustou-se a muitas das palavras trazidas por eles.


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magazine > memória | por Anshel Pfeffer

HOBSBAWM, QUE SE DIZIA UM JUDEU NÃO JUDEU, TRÊS SEMANAS ANTES DE MORRER

A luta de Hobsbawm com a sua identidade judaica ERIC HOBSBAWM (1917-2012) ESCREVEU SOBRE A HISTÓRIA DAS PRISÕES, SOBRE ANARQUISTAS E BANDIDOS, SOBRE A VIDA DA CLASSE TRABALHADORA E DO MOVIMENTO TRABALHISTA BRITÂNICO. ESCREVEU TAMBÉM SOBRE JAZZ E FOI O MAIS POPULAR HISTORIADOR MARXISTA DO SÉCULO 20

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le escolheu ser inglês e comunista, mas a identidade judaica do historiador lhe foi imposta. Talvez seja por isso que ele procurasse redefinir os termos da sua identidade de nascimento, negando sua conexão com um segundo país e uma ideologia concorrente. “Hobsbawm não era um historiador judeu, era um historiador que por acaso era judeu”, disse o professor Donald Sassoon, amigo, aluno e colega de Eric Hobsbawm (1917-2012), historiador britânico e marxista de uma vida inteira, que morreu em Londres, aos 95 anos.

O professor Hobsbawm inspirou e agradou a muitos da esquerda com a sua análise a respeito das falhas da sociedade burguesa e do nacionalismo, e enfureceu outros de um vasto espectro político em razão da lealdade engajada à União Soviética e ao comunismo. “Eu não deixei o partido, eles é que me deixaram”, costumava dizer, depois da dissolução do Partido Comunista da GrãBretanha, em 1991.

As dificuldades dos judeus do século 20 influenciaram a sua infância. Hobsbawm nasceu em 1917 em Alexandria, filho de pai britânico (funcionário público colonial dos correios) e mãe austríaca. No entanto, cresceu em Viena e Berlim, onde testemunhou, ainda quando era estudante colegial, a ascensão dos nazistas ao poder. Pouco tempo depois mudaram-se para Londres, onde ele completou os estudos antes de se matricular na Universidade de Cambridge e dedicar a vida inteira às pesquisa, aos livros e ao ativismo de esquerda. Apesar de origem secular e de ter evitado os estudos hebraicos quando criança, a mãe de Hobsbawm dizia sempre: “Não importa o que faça, nunca negue que é judeu”. Ele se agarrou a isso ao seu modo. Em vez de se autointitular um “judeu que se odeia”, Hobsbawm se considerava “um judeu não judeu” e preferiu valorizar as realizações dos judeus europeus desde a sua emancipação. Em Tempos Interessantes, a autobiografia de 2002, escreveu: “Não tenho nenhuma ligação emocional com as práticas de uma religião ancestral e muito menos com um Estado-nação pequeno, militarista, culturalmente decepcionante e politicamente agressivo que pede a minha solidariedade com base na raça”. “Costumávamos brincar a respeito do fato de ele ter nascido no Egito”, disse o professor Sassoon, “mas a sua formação real foi em Viena, Berlim e Londres. Ele era acima de tudo muito inglês. Ele se sentia inglês, era inglês, e, ao mesmo tempo, tinha um profundo interesse por tudo, por todos os campos. Era onívoro e nunca se impunha limites”. Isso explica o fato de Hobsbawm ter escrito a respeito de uma ampla gama de questões, da história das prisões aos anarquistas e bandidos, tratou da vida classe trabalhadora da Grã-Bretanha, do movimento trabalhista britânico, e chegou a ser crítico de jazz por uma década. Mas ele foi mais conhecido e elogiado, até mesmo por adversários políticos, por seus estudos acerca da história europeia. Nos textos de teoria política e da história europeia dos séculos 19 e 20, Hobsbawm foi especialmente crítico dos movimentos nacionalistas, entre eles, do sionismo. “Com certeza ele foi um antissionista”, disse Sassoon. “Hobsbawm usava essa palavra que, para ele, significava não compartilhar da ideia do nacionalismo judaico, segundo o qual deveria haver um estado etnicamente definido na Palestina. Para ele, ser judeu significava cosmopolitismo e antinacionalismo. Odiava qualquer tipo de nacionalismo, o judaico incluído, e era comunista porque sempre pensou no comunismo como um movimento internacional.” Herzl, um traidor Para Hobsbawm, “herança” e “história” eram formas contemporâneas feitas sob medida para se amoldar a necessidades políticas e sociais modernas. Portanto, o sionismo tal como idealizado por Herzl fora concebido da mesma forma, e não como uma continuação autêntica da antiga conexão judaica com a Terra Prometida.

Como considerava Theodor Herzl um traidor da causa da assimilação cultural judaica, Hobsbawm colocou o “projeto de Herzl de Estado-nação judeu” na última página da autobiografia, no meio das ideologias que ele considerava como más ideias. Na opinião dele, Herzl “teria feito melhor se continuasse escevendo no Neue Freie Presse como seu mais destacado colunista”. A crítica histórica e teórica que fazia ao sionismo avançava até as atuais políticas de Israel e lhe provocavam um sério descontentamento. Em fevereiro de 2007, Hobsbawm foi um dos signatários e fundadores do movimento Vozes Judaicas Independentes, constituído de proeminentes judeus britânicos para quem as autoridades judaicas silenciavam aqueles que criticavam as políticas de Israel em relação aos palestinos. Em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, em 2002, ele tentou ser mais moderado do que na autobiografia: “Nunca fui sionista. Uma vez que Israel passou a existir ou que os judeus foram viver lá, então não faz sentido a ideia de que deveriam desaparecer. Nunca fui a favor de destruir ou humilhar Israel. Eu sou judeu, mas ser judeu não implica apoiar o sionismo e menos ainda as políticas específicas seguidas pelo governo de Israel, que são ruins e desastrosas. São políticas que, é lógico, provocam a limpeza étnica dos territórios ocupados... Minha opinião é de que os judeus devem dizer que é possível ser judeu e não apoiar Israel”. Segundo os que conheceram Hobsbawm, apesar de denegrir muito do que é apresentado como herança inglesa, ele se sentia muito ligado ao país ao qual chegou em 1933, e “muito inglês”. Mas enquanto a Inglaterra era o seu santuário e o comunismo a ideologia que escolheu para si, a identidade judia se lhe foi imposta. Talvez por isso tenha sido, afinal, mais generoso e complacente com as suas duas identidades de escolha, buscando redefinir os termos daquela do nascimento e negar ligação com um segundo país e uma ideologia concorrente.

Para ele, ser judeu significava cosmopolitismo e antinacionalismo. Odiava qualquer tipo de nacionalismo, o judaico incluído, e era comunista porque sempre pensou no comunismo como um movimento internacional


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leituras magazine

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por Bernardo Lerer

O Segredo do Oratório Luize Valente | Editora Record | 313 pp. | R$ 39,90

Ou “A Saga de uma Família Cristã-Nova Traz à Tona as Raízes Judaicas no Brasil”, a partir da história da paraibana Ioná, que se descobre descendente de cristãos-novos e começa uma longa jornada no sertão nordestino, passa por São Paulo e chega a Nova York, mas conta a origem com a fuga dos judeus à Inquisição em Portugal com outros nomes como Pinto, Oliveira, Coelho, Pereira e outros dos quais descendem provavelmente milhões de brasileiros. Junto com Elaine Eiger, Luize Valente publicou Israel: Rotas e Raízes. Um livro que muitos brasileiros, judeus inclusive, devem ler.

Foco

Mestres e Comandantes Andrew Roberts | Editora Record | 795 pp. | R$ 89,90

Segundo o subtítulo, trata-se de um verdadeiro tratado a respeito das decisões de Roosevelt, Churchill, George Marshall e Allan Krooke que ganharam a guerra no Ocidente. O autor analisa as estratégias militares dos Estados Unidos e da Inglaterra durante a Segunda Guerra. Explica, por exemplo, por que os aliados atacaram antes pelo norte da África, contra a Sicília e Roma, para alcançar a Alemanha do que o mais simples que seria o noroeste da França. Para quem gosta de estratégias militares, uma obra-prima.

Luxúria Eve Berlin | Lua de Papel | 256 pp. | R$ 29,90

Este é o primeiro volume de uma trilogia erótica em que a principal personagem é Dylan Ivory, escritora de livros eróticos que, ao pesquisar para um novo livro a respeito de BDSM (bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo), conhece Alec Walker, dominante declarado, experiente e irresistível, percebe que o jogo de poder é muito mais complicado do que simples posições sexuais.

Arthur Miller | Companhia das Letras | 261 pp. | R$ 39,50

Luxo É Crime

Escrito em 1945, quando a fumaça da Segunda Guerra ainda estava no ar, é o primeiro e mais ousado livro a devassar o antissemitismo nos Estados Unidos, sempre orgulhoso de acolher as mais diversas etnias. O livro deu origem a um bom filme e conta a história de Lawrence Newman. Ele tinha os judeus como fingidores e impostores e fazia vista grossa para a violência e o preconceito, até se ver obrigado a usar óculos. E isso foi o suficiente para ser visto como um elemento espúrio. Uma obra-prima a respeito da intolerância, do preconceito e da discriminação.

Ângela Klinke | LeYa | 192 pp. | R$ 34,90

Os Sonâmbulos

Na nomenclatura dos textos, este é considerado um roman à clef, isto é, o leitor aciona a “chave” (clef, em francês) para definir o que é ficção e o que é realidade. Trata de um escândalo no mundo do luxo, no caso uma loja, reservada apenas à elite aparentando ser um império poderoso e inatingível mas que uma denúncia de sonegação leva os fiscais da Receita e os investigadores da Polícia Federal a uma fantástica devassa e revela crimes dos principais personagens. É ficção, sim. Mas nada nele é simples coincidência.

Terras de Sangue – A Europa entre Hitler e Stalin Timothy Snyder | Editora Record | 616 pp. | R$ 64,90

Thomas Mann escreveu: “Tenho a convicção de que a trilogia romanesca de Broch está entre as obras verdadeiramente importantes e convincentes ao dar testemunhos acerca de nossa época”. Broch nasceu judeu, converteu-se ao catolicismo, foi industrial, estudou matemática, filosofia e física na Universidade de Viena. O dilema dos personagens de Broch atribuiria às suas obras um cunho profético com o avanço do nazifascismo. Volume I, “Pasenow ou o Romantismo” (1888), II “Esch ou a Anarquia” (1903) e III, “Huguenau ou a Objetividade” (1918).

Se o The New York Times Review afirma que se trata de “uma abordagem direta e eloquente” e o Times Literary Supplement que é “um livro carregado de emoção que dá voz às vítimas”, é bom correr e comprá-lo para saber o que esses dois ditadores fizeram com as populações do leste europeu. Em maio de 1941, um mês antes de invadir a União Soviética, Hitler adotou um Plano de Fome que consistia em suspender o abastecimento de comida nas regiões que seriam conquistadas. E Stalin conseguiu matar de fome cinco milhões de pessoas com os projetos de coletivização da agricultura.

Fidel – O Tirano Mais Amado Do Mundo

O Dragão e os Demônios Estrangeiros

Humberto Fontova | LeYa | 352 pp. | R$ 39,90

Harry G. Gelber | Editora Record | 530 pp. | R$ 64,90

O autor só podia mesmo ser um cubano-americano. Parte dos auto-exilados cubanos a mais dura oposição ao fim do embargo dos EUA a Cuba e isso já explica este livro que lamenta o fato de o afundamento de uma embarcação na qual 74 cubanos tentavam fugir para Miami não foi noticiado no New York Times. O autor conta os “seus” bastidores da revolução cubana e mostra como e por que os Estados Unidos criaram o mito Fidel Castro e fizeram dele símbolo da luta pela igualdade e da defesa dos direitos humanos.

É provável que a leitura desse livro ajude a entender um pouco melhor a posição da China, hoje considerada a segunda potência do mundo, superada somente pelos Estados Unidos. Ele trata da China e o mundo desde 1100 antes da Era Comum até os dias atuais e é possivelmente a primeira obra a descrever a China de uma perspectiva externa e interna. Por isso, fala de Marco Polo, dos mongóis, de Gengis Khan, da Guerra do Ópio, da invasão da China pelo Japão, da revolução comunista de 1949, do massacre da Praça da Paz Celestial, até os dias atuais.

1961 – O Brasil entre a Ditadura e a Guerra Civil

Por Mares Nunca Dantes Navegados

Paulo Markun e Duda Hamilton | Benvirá | 384 pp. | R$ 39,90

Ronald J. Watkins | Editora José Olympio | 390 pp. | R$ 45,00

Markun e Hamilton juntaram tudo que havia de informação a respeito da renúncia de Jânio Quadros, em agosto de 1961, e transformaram numa fantástica reportagem a que se lê de uma sentada só. O livro fala principalmente do papel do então governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola e, por isso mesmo, tem uma entrevista inédita e reveladora dele a que os autores atribuem a condição de peça-chave daquele episódio que, infelizmente, caiu no esquecimento.

O livro conta as primeiras grandes descobertas marítimas feitas pelos portugueses que se aventuravam pelos, de fato, mares nunca dantes navegados e fizeram seus domínios se estender da China ao Brasil, boa parte da África e o sul da Ásia. O autor consultou mapas, diários de bordo dos marinheiros – a maioria deles voluntários, a origem dos instrumentos náuticos e conta que, além das especiarias e pedras preciosas os conquistadores também colonizavam, escravizavam e impunham o catolicismo aos não cristãos.

Hermann Broch | Benvirá | R$ 39,90 (cada)


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músicas magazine

HEBRAICA

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por Bernardo Lerer

Avinu Malkeinu

Ferrucio Busoni – Clarinet Chamber Music

Leonardo Gonçalves | Sony Music | R$ 19,90

CPO | R$ 34,90

Leonardo Gonçalves escreve na contracapa do cd que um dia se descobriu, meio por acaso, ter ascendência judaica. Isso bastou para juntar talento e recursos, vozes, instrumentos e arranjos para gravar este belo cd com doze faixas com uma extração média das músicas mais representativas do cancioneiro judaico, incluídas melodias conhecidas da liturgia, além, é claro, de Ierushalaim Shel Zahav, mas sem Hava Nagila e assemelhados. Leonardo canta muito bem. Vale a pena.

As obras deste compositor italiano, nascido no século passado e morto em 1924, fazem parte dos repertórios dos grandes intérpretes de instrumentos de sopro, notadamente clarineta. Ele era filho de pais músicos e considerado uma criança-prodígio que, já aos 7 anos, acompanhava os pais, responsáveis por sua educação musical, ao piano. Ferrucio foi aluno, por exemplo, de um dos melhores alunos de Felix Mendelsohn.

Mission Cecilia Bartoli | Decca | R$ 37,90

Apresentado como se fosse um filme de suspense no qual sobram política internacional, intrigas da Igreja, segredos diplomáticos e música sensacional, no caso excertos de óperas escritas por Agostino Steffani (16541728) um compositor já do final do barroco italiano, muitas delas inéditas. Bartoli é uma das maiores intérpretes de música vocal barroca que exige contorcionismos de voz.

De-Lovely

Sinfonie – Boccherini

Sony Music | R$ 17,90

CPO | R$ 29,90

Trata-se da trilha sonora do filme de mesmo nome e que conta a vida e os amores de Cole Porter com as canções escritas por ele interpretadas por artistas como Natalie Cole, Elvis Costello, Ashley Judd, Diana Krall, Alanis Morissette, Lara Fabian e Mario Frangoulis e outros. De todo modo, com quem quer que seja, as músicas dele são preciosas e fazem parte do cancioneiro norte-americano e universal.

Luigi Boccherini (1743-1805) é mais um exemplo de filho pródigo de pais músicos que se tornou ao mesmo tempo um grande compositor e admirado cellista. Ele está sendo redescoberto nos últimos anos e se percebeu nele as virtudes que, anos mais tarde, despontariam nos grandes compositores da segunda metade do século 18, principalmente em Viena. E este cd com três sinfonias são exemplos definitivos.

Ella Fitzgerald Sings the Duke Ellington Song Book

Symphonies & Cello Concertos

Verve | R$ 189,90

CPO | R$ 49,90

Quando os produtores fonográficos juntam esses dois monstros do jazz só se pode esperar o melhor da música norte-americana. Ella e Ellington pensavam em fazer isso em algum momento dos anos 1960, mas, de repente, em 1957, os dois surpreenderam os produtores e anunciaram que estavam prontos para entrar nos estúdios dando início às imortais gravações de song books.

Mais Luigi Boccherini, desta vez com sinfonias e concertos para violoncelo, executados pela Orquestra de Câmara de Stuttgart. O compositor italiano, nascido em Lucca, teve a vantagem de não se imobilizar em uma única cidade e, por esta razão, os estudiosos não sabem se alguma dessas sinfonias foi escrita em Paris ou em Madrid, de onde recebeu muita influência como, por exemplo, o fantástico Fandango, para guitarra.

Elvis Costello Originals

Le Saxophone Français

R$ 47,90

EMi Classics | R$ 99,90

Costello chama-se Declan Patrick McManus, o que serve para denunciar a origem irlandesa embora tenha nascido na Inglaterra, em 1954, filho de um band leader, o que acelerou nele a disposição para a música. Atualmente, Elvis tem um programa próprio em um canal a cabo. Aqui, ele revela, mais uma vez, a fantástica capacidade de escrever e compor conjuntos para executar as peças, às vezes muito complexas.

Com o Quatuor de Saxophones Deffaye, um dos mais importantes da Europa, um desfile do que de melhor se produziu para esse instrumento em suas várias tonalidades desde o final do século 19 até a segunda metade do século 20. Por esta razão, desfilam pelos três cd’s nomes como Paul Hindemith, Jacques Ibert, Claude Debussy, Antonin Dvorak, Nikolai Rimsky-Korsakov, Gustave Pierné e Villa-Lobos.

Rampal Plays and Conducts Mozart

Carl Maria von Weber

Jean-Pierre Rampal | CBS Records | R$ 49,90

Ondine | R$ 59,90

Jean-Pierre Rampal é considerado um dos principais responsáveis pela popularização da flauta transversal e até morrer, em 2000, era um dos maiores intérpretes do instrumento. Aqui, algumas peças de Mozart: uma para flauta e harpa, um rondó para flauta e um concerto para oboé do qual é regente, compostas entre 1777 e 1778, ao mesmo tempo em que se dedicava a escrever concertos e sinfonias. Afinal, ele viveu muito pouco.

Weber (1786-1826) foi pianista, guitarrista, maestro, crítico de música e compositor, um dos primeiros – e pioneiros – da escola romântica, e um dos primeiros autores da ópera romântica alemã e de que são exemplos Der Freischütz e Oberon. Mas ele se distinguiu principalmente pela composição de concertos para instrumentos solos, como estes dois concertos, um concertino e um quinteto para clarineta constantes deste cd,.

“Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena”


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magazine > com a língua e com os dentes | por Breno Raigorodsky

Nós queremos sal

kasher O SAL KASHER NÃO POSSUI QUALQUER ADITIVO ESPECIAL, SEJA VINDO DE SALINA MARINHA SEJA DE ORIGEM MINERAL. EM ALGUNS CASOS, USA-SE O TERMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA, QUANDO ELE SERVE PARA A CONSERVA DE DETERMINADA CARNE

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endo o livro a respeito do Manuscrito de Sarajevo, As Memórias do Livro, de Geraldine Brooks (Ediouro, Rio de Janeiro, 2008) – romance que trata da descoberta de uma Hagadá toda especial, carregada de iluminuras e encadernação com fi ligranas em ouro, guardada e protegida como um tesouro arqueológico pelas autoridades do país contra o massacre étnico que se deu na Bósnia, a partir do esfacelamento do Estado balcânico da Iugoslávia – deparei-me com um termo cada vez mais recorrente entre as receitas norte-americanas: sal kasher. Ele popularizou-se como sinônimo de sal com grãos grandes e puros, nada tão uniforme e refinado como o chamado sal de cozinha, e nem tão sofisticado como a flor do sal. Quando o autor da receita denomina o uso do sal kasher, ele quer dizer, na grande maioria das vezes, apenas e tão somente, sem qualquer carga religiosa, sal sem aditivos de qualquer espécie. Nada a ver com a flor do sal, feito da gema das salinas marinhas, produto de alto luxo, branco e irregular quando vindo das salinas francesas de Guerrande e Camargue, ou colorido como um coral vindo das ilhas do Pacífico. Mas no Brasil, sal kasher e flor do sal são parceiros da proibição, assim como são parceiros dos queijos de leite cru e outras iguarias do mundo da gastronomia, nas desventuras e desmandos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que cuida com tanto zelo da nossa saúde, que pretende ensinar ao mundo como se deve consumir uma série de pratos que se consomem há centenas de anos em seus países de origem, e mesmo no Brasil. Um caso igualmente típico de excesso de zelo é o do queijo da Serra da Canastra, um queijo de massa crua que não pode ser comercializado por não ser pasteurizado, como se somente os técnicos da Anvisa soubessem discernir o que faz bem e o que faz mal para o povo brasileiro. Em nome da saúde da população, apreende salames que contêm leveduras lácteas, como os tradicionalíssimos fuet espanhóis, proíbe o uso de utensílios como a tábua de madeira sem qualquer pesquisa séria sobre o assunto, impede a circulação de produtos de elaboração extremamente sofisticada e seguidores

de princípios de higiene bem mais rigorosos do que a própria lei, assinando assim um dos mais populares ditos brasileiros, aquele que diz que o inferno está pavimentado de boas intenções... No caso do sal, a questão é outra e, de certa maneira, bastante defensável. Decidiu-se, ainda no período da Segunda Guerra Mundial que o sal poderia ser o veículo ideal para acabar com a deficiência crônica de iodo na alimentação da população brasileira, elemento químico insubstituível, responsável – entre outros predicados aos mamíferos em geral e aos seres humanos em particular – pelo bom funcionamento da tireoide. A fala do rabino que aparece na página 277 do livro acima citado é basicamente a mesma que a Wikipédia apresenta quando se procura o termo sal kasher: “O sal kasher é puro, sem aditivos químicos, e empregado tradicionalmente pelos judeus para salgar alguns alimentos permitidos, de acordo com a tradição. Trata-se de um sal com grãos grossos em geral. Emprega-se no processo de sangria das carnes aprovadas (cordeiro, vaca, etc.), pois as normas kasher não permitem a ingestão de sangue e os animais devem ser sacrificados de modo a evitar a dor. O sal kasher não possui qualquer aditivo especial, seja vindo de salina marinha seja de origem mineral. Em alguns casos, usa-se o termo “sal kasher” na indústria alimentícia, quando o sal serve para a conserva de determinada carne. Sempre que qualquer um de nós, filhos, mudávamos de casa, lá ia dona Francisca, nossa mãe, levar seu pacote de sal e um pedaço de pão, para que nunca nos faltassem comida e tempero na vida. Mal sabia ela, tenho certeza, de que aquele pão continha bromato e o sal não era kasher.

Mas no Brasil, sal kasher e flor do sal são parceiros da proibição, assim como são parceiros dos queijos de leite cru e outras iguarias do mundo da gastronomia, nas desventuras e desmandos da Anvisa


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magazine > ensaio | por Reuven Faingold *

LEIBOWITZ MORREU BEM ANTES DE PODER DESMASCARAR JOSÉ SARAMAGO, A QUEM CONSIDERARIA UM ANTISSEMITA

Yeshayahu Leibowitz e o Holocausto PARA O FILÓSOFO YESHAYAHU LEIBOWITZ (1903-1994), O HOLOCAUSTO REPRESENTA UMA “NOVA RELIGIÃO”, ALGO NO QUAL DEVEMOS ACREDITAR PIAMENTE SEM NENHUM TIPO DE OBJEÇÃO OU QUESTIONAMENTO

P

ara Yeshayahu Leibowitz e seus discípulos, os professores Shraga Elam, Gilad Atzmon e Yoshua Shalev, a maioria dos judeus do mundo vive distante de valores judaicos, e alguns inclusive se autodefi nem ateístas. Assim, nestes últimos tempos, vários judeus optaram por adotar e difundir a tragédia do Holocausto como “uma religião constituída também por mandamentos”. Dito de outra forma, para Leibowitz o Holocausto perpe-

trado por Hitler e seus asseclas entre 1939-1945, rendeu museus que hoje são templos localizados em cidades, tem seus mandamentos e decretos, possui seus profetas e sacerdotes, detém santos e rituais, como também lugares sagrados de peregrinação. Todos são identificados não só como formas inspiradoras de misericórdia ou clemência, e lembram a necessidade de não esquecer, mas também trazem consigo a força da vingança. Assim, toda tentativa de questionar o duplo conceito Religião-Holocausto pode levar a consequências graves, inclusive à prisão. Os museus do Holocausto estão espalhados em metrópoles como Washington, Nova York, Miami, Londres, Vie-

na, Berlim e Buenos Aires. Os profetas do Holocausto são personalidades destacadas, ícones como Elie Wiesel, o escritor Primo Levi e o caçador de nazistas Simon Wiesenthal. Os mártires são figuras intocáveis, sagradas, que respondem por nomes como Anne Frank, Victor Frankel, Itzhak Katzenelson e os irmãos Bielski, entre outros. No entanto, para obter um panorama completo faltaria mencionar quais seriam os dez mandamentos dessa “nova religião” definida como Holocausto? Ei-los: Lembrar sempre o que fez Amalek, neste caso os não judeus e arianos. Nunca comparar o Holocausto do povo judeu com outros genocídios. Nunca equiparar os crimes nazistas àqueles cometidos pelo Estado de Israel. Nunca duvidar a respeito do número de vítimas judaicas, os “seis milhões”. Nunca duvidar que a maioria das vítimas foi exterminada em câmaras de gás. Nunca duvidar do satânico e decisivo papel de Hitler no extermínio judaico. Jamais questionar o direito de o Estado de Israel existir como “Estado judeu”. Jamais criticar as lideranças e o governo de Israel. Jamais criticar organizações judaicas e lideranças sionistas por abandonar seus irmãos judeus na Europa durante a Segunda Guerra. Acreditar seriamente nestes mandamentos e nunca duvidar de sua veracidade. O professor Leibowitz foi, ao mesmo tempo, o primeiro israelense a questionar estes dez mandamentos relacionados ao Holocausto e o primeiro acadêmico a definir a Shoá como religião. Ultimamente as controvertidas ideias de Leibowitz foram descontextualizadas e sofreram interpretações nocivas. Desde sempre os árabes teimaram em colocar a adoração a Deus acima de qualquer tipo de Holocausto, portanto, os ataques de 11 de setembro de 2011 não passam de uma armadilha, uma falsa bandeira orquestrada pelo Ocidente para lançar uma cruzada mortal contra o Islã. É fácil constatar esta premissa. Para os árabes,

da mesma forma que o Holocausto foi utilizado pelos judeus para se sentirem vitimizados, também os atentados às torres gêmeas foram usados pelos EUA para se vitimizar e, assim, vingar seus mortos dos perpetradores islâmicos. Uma das táticas mais perversas dos antissemitas, como o escritor José Saramago, por exemplo, é utilizar frases de impacto que os judeus pacifistas e humanistas adoram lançar contra Israel. Na subjetividade perturbada desses judeus, o Estado judeu encarna uma espécie de símbolo cruel para os seus próprios desencantamentos existenciais de caráter subjetivo, ideológico e utópico. É o que motiva, por exemplo, um sobrevivente do Holocausto a participar do movimento Free Gaza ou o cineasta Sílvio Tendler enviar uma carta aberta ao governo de Israel acusando-o de praticar uma política genocida. Com prazer sádico, os antissemitas fazem as frases venenosas dos judeus se voltarem duplamente não apenas contra Israel enquanto lar judaico, mas contra todos os judeus, incluídos os mais revoltados. José Saramago tampouco se furtou a usar essa tática perversa, citando contra Israel e os judeus frases deslocadas do velho mestre Yeshayahu Leibowitz e do escritor David Grossmann. Grossmann e Amós Oz consideraram escandalosos e irracionais os comentários do Prêmio Nobel português. Na ocasião, um velho amigo da comunidade judaica, o jornalista e historiador Luiz Nazário definiu muito bem a postura hostil de Saramago: “Não se limitando a escrever ficção indigesta, mas produzindo uma relevante produção de subliteratura partidária e militante, que exprimia mais que a própria ficção, o fundo escuro de sua alma; José Saramago resumiu, em textos dignos de citação e, portanto, de influência mais funesta sobre os homens desinformados, todos os clichês do antissemitismo contemporâneo, cada vez mais concentrado no ódio a Israel.” É realmente lamentável que o grande mestre Yeshayahu Leibowitz não estivesse vivo àquela hora para rebater os infundados argumentos do Nobel português. José Saramago morreu em 2010, mas suas palavras venenosas que comparavam os israelenses aos nazistas prejudicaram os judeus dentro e fora de Israel. As respostas dos interlocutores de turno oram imediatas mas até hoje tiveram pouca repercussão na nos meios de comunicação. Enfim, está na hora de colocar o debate em dia, refutar acusações infundadas, enquadrá-lo no seu contexto histórico e lhe dar as devidas dimensões. * Reuven Faingold é historiador e educador, PHD em história e história judaica pela Universidade Hebraica de Jerusalém. Professor do Colégio Iavne e titular da pós-graduação no Departamento de História da Arte da Faap em São Paulo e Ribeirão Preto, é também sócio fundador da Sociedade Genealógica Judaica do Brasil e membro do Congresso Mundial de Ciências Judaicas de Jerusalém

O professor Leibowitz foi, ao mesmo tempo, o primeiro israelense a questionar estes dez mandamentos relacionados ao Holocausto e o primeiro acadêmico a definir a Shoá como religião


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diretoria > sindi-clube

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diretoria > obras

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ABRAMO DOUEK DURANTE HOMENAGEM NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Hebraica é homenageada como pioneira A

Década do Esporte – nome do período iniciado este ano com a Olimpíada de Londres e que terá a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016, ambas no Brasil – levou o Sindicato dos Clubes de São Paulo (Sindi-Clube) a homenagear os dirigentes esportivos pelo serviço que prestam à sociedade na preservação da qualidade de vida e na formação de atletas que disputam torneios mundiais. O deputado estadual Fernando Capez acatou a sugestão e a proposta de uma sessão solene foi aprovada por unanimidade. Do evento participaram cerca de trezentos dirigentes de clubes paulistas no Salão Juscelino Kubitchek da Assembleia. Fundado em 1989, o Sindi-Clube tem hoje pouco mais de 1.300 entidades filiadas e entre os trezentos presentes, a Hebraica e o Clube Esportivo Monte Líbano de Ribeirão Preto receberam destaque especial por terem sidos os primeiros, na capital e no interior, a se associar ao sindicato. O presidente da Hebraica

A HEBRAICA E O MONTE LÍBANO DE RIBEIRÃO PRETO FORAM HOMENAGEADOS PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO E PELO SINDICADO DOS CLUBES DO ESTADO DE SÃO PAULO (SINDI-CLUBE), DURANTE EVENTO COM A MARCA DA DÉCADA DO ESPORTE Abramo Douek e o da regional do SindiClube Pérsio Marconi, representando o presidente da agremiação ribeirão-pretana, receberam placas comemorativas das mãos das autoridades. Na ocasião, o presidente do Sindi-Clube Cézar Roberto Leão Granieri referiu-se à coincidência de os dois clubes serem os pioneiros de um Sindicato que hoje oferece muitos serviços, entre eles uma universidade para capacitar dez mil funcionários, torneios esportivos e outros. “Muitas agremiações começaram a partir das colônias de imigrantes, como a judaica, aqui representada pela Hebraica, e a árabe, que criou o Monte Líbano em Ribeirão Preto. Agradecemos o empenho destes e de todos os dirigentes que se dedicam a manter e desenvolver o esporte

brasileiro. Grande parte dos nossos atletas com potencial olímpico é formada nos clubes associados ao Sindi-Clube e com certeza será dessas entidades que despontarão os nossos campeões na Olimpíada de 2016”, afirmou Granieri. Em seu emocionado discurso de agradecimento, Abramo Douek referiu-se ao esporte como um veículo de paz. “O fato de a Hebraica e o Monte Líbano de Ribeirão Preto serem os homenageados e seus representantes estarem hoje lado a lado é a prova das boas relações entre as comunidades de imigrantes que construíram e continuam trabalhando pelo país”, declarou. Terminada a sessão, todos os dirigentes de clubes receberam placas comemorativas durante um coquetel. (M. B.)

s tenistas acompanham com interesse a instalação da cobertura de material impermeável sobre as quadras 1 e 2, destinada a cumprir a mesma fi nalidade das canchas antes localizadas no Poliesportivo. Quem atravessa a passarela vê a nova estrutura, que deve satisfazer às exigências dos usuários. “Houve alguma preocupação com a possibilidade de a temperatura ficar muito alta sob o vinil, mas os praticantes da modalidade já nos informaram que o local fica bem fresco, mesmo em dias abafados”, comentou o chefe dos professores de tênis Vanildo Borges, há 22 anos no clube, período em que surgiu toda uma geração de tenistas e reclamações sobre as dificuldades de jogar em dias chuvosos. Além da nova cobertura, duas outras quadras ganharam um sistema para reduzir os problemas da umidade. “Às vezes as chuvas nos obrigavam a interditar as quadras de saibro por mais de um dia. Mas com a proteção de vinil a interdição não vai passar de meia hora”, informou Vanildo. Isso depende, no entanto, da rapidez com que serão cobertas as duas quadras com rolos de vinil. “Assim que o céu escurecer, nossa equipe de logística correrá para a quadra e desenrolará a cobertura impermeável sobre o saibro. Quando o tempo permitir, secamos e enrolamos o vinil para os tenistas voltarem”, concluiu o professor. Ainda nos esportes de raquetes, os jogadores de squash ganharam novas quadras no segundo andar do Poliesportivo, mas a entrega das quadras é apenas mais um item na longa lista de tarefas gerenciadas pelos engenheiros Luiz Henrique Ribas e Rogério Contreras, que trabalham na vice-presidência de Patrimônio e Obras. “A construção do novo bar da piscina será concluída em algumas semanas e ainda este mês iniciaremos a reforma das instalações do Departamento Geral de Esportes”, informam. (M. B.)

DUAS MEDIDAS PARA FACILITAR O USO DAS QUADRAS DE TÊNIS EM DIAS DE CHUVA

Deixa chover, deixa a chuva molhar...

COM A PROXIMIDADE DO VERÃO E DA ÉPOCA DAS CHUVAS, OS TENISTAS

EXPERIMENTAM ALGUMAS SOLUÇÕES PARA GARANTIR O USO DAS QUADRAS ENQUANTO CHOVE OU DEPOIS DOS TEMPORAIS

Doçaria foi renovada

A loja da doçaria Amor aos Pedaços foi reaberta com o mesmo visual das outras filiais da rede, iniciativa elogiada pelos seus clientes. A reforma do Amor aos Pedaços, custeada pelo concessionário, antecipa o projeto de remodelação da Praça Carmel que deve ser iniciado em breve.


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diretoria

Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014 PRESIDENTE

ABRAMO DOUEK

VOLEIBOL

SILVIO LEVI

DIRETOR SUPERINTENDENTE

GABY MILEVSKY

HANDEBOL ADJUNTOS

ASSESSOR FINANCEIRO ASSISTENTE FINANCEIRO ASSESSOR Ͳ OUVIDORIA ASSESSOR Ͳ ESCOLA ASSESSORA Ͳ FEMININO ASSESSOR Ͳ REVISTA ASSESSOR Ͳ REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL ASSESSOR Ͳ SEGURANÇA ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS ACESC ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS RELIGIOSOS DIRETOR DE CAPTAÇÃO DIRETOR DE MARKETING CERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS RELAÇÕES PÚBLICAS

MAURO ZAITZ MOISES SCHNAIDER JULIO K. MANDEL BRUNO LICHT HELENA ZUKERMAN FLÁVIO BITELMAN JOSÉ LUIZ GOLDFARB CLAUDIO FRISHER (Shachor) MOYSES GROSS RABINO SAMI PINTO JOSEPH RAYMOND DIWAN CLAUDIO GEKKER EUGENIA ZARENCZANSKI (Guita) DEBORAH MENIUK GLORINHA COHEN LUCIA F. AKERMAN MIRA HARARI PAULETE K. WYDATOR SERGIO ROSENBERG

JOSÉ EDUARDO GOBBI NICOLAS TOPOROVSKY DRYZUN DANIEL NEWMAN JULIANA GOMES SOMEKH

PARQUE AQUÁTICO POLO AQUÁTICO NATAÇÃO ÁGUAS ABERTAS

MARCELO ISAAC GUETTA FABIO KEBOUDI BETY CUBRIC LINDENBOJM ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN RUBENS KRAUSZ

VICEͲPRESIDENTE ADMINISTRATIVO

MENDEL L. SZLEJF

COMPRAS RECURSOS HUMANOS CONCESSÕES TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO MÉDICO CULTURAͲJUDAICA

HENRI ZYLBERSTAJN CARLOS EDUARDO ALTONA LIONEL SLOSBERGAS SERGIO LOZINSKY RICARDO GOLDSTEIN GERSON HERSZKOWICZ

VICEͲPRESIDENTE DE ESPORTES

AVI GELBERG

ASSESSORES

CHARLES VASSERMANN DAVID PROCACCIA MARCELO SANOVICZ YVES MIFANO

GERAL DE ESPORTES GESTÃO ESPORTIVA ESCOLA DE ESPORTES MARKETING/ESPORTIVO

JOSÉ RICARDO M. GIANCONI ROBERTO SOMEKH VICTOR LINDENBOJM MARCELO DOUEK HERMAN FABIAN MOSCOVICI RAFAEL BLUVOL

MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO

AMIT EISLER

RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS

ABRAMINO SCHINAZI

GERAL DE TÊNIS SOCIAL TÊNIS

ARIEL LEONARDO SADKA ROSALYN MOSCOVICI (Rose)

TÊNIS DE MESA

GERSON CANER

FITͲCENTER

MANOEL K.PSANQUEVICH MARCELO KLEPACZ

CENTRO DE PREPARAÇÃO FISICA

ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN

JUDÔ JIU JITSU

ARTHUR ZEGER FÁBIO FAERMAN

FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY)

CARLO A. STIFELMAN FABIO STEINECKE

GERAL DE BASQUETE BASQUETE OPEN

AVNER I. MAZUZ DAVID FELDON WALTER ANTONIO N. DE SOUZA

BASQUETE CATEGORIA DE BASE BASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS BASQUETE HHH MASTER

MARCELO SCHAPOCHNIK GABRIEL ASSLAN KALILI LUIZ ROZENBLUM

TRIATHLON CORRIDA

JULLIAN TOLEDO SALGUEIRO ALAIN CLEMENT LESSER LEVY ARI HIMMELSTEIN

CICLISMO

BENO MAURO SHETHMAN

GINÁSTICA ARTÍSTICA

HELENA ZUKERMAN

RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) BADMINTON

JEFFREY A.VINEYARD SHIRLY GABAY

TIRO AO ALVO

FERNANDO FAINZILBER

GAMÃO

VITOR LEVY CASIUCH

SINUCA

ISAAC KOHAN FABIO KARAVER

XADREZ

HENRIQUE ERIC SALAMA

SAUNA

HUGO CUPERSCHMIDT

VICEͲPRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS

NELSON GLEZER

MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO E OBRAS PAISAGISMO E PATRIMÔNIO PROJETOS

ABRAHAM GOLDBERG GILBERTO LERNER MAIER GILBERT RENATA LIKIER S. LOBEL

VICEͲPRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL GERAL SOCIAL E CULTURAL SOCIAL FELIZ IDADE RECREATIVO CULTURAL GALERIA DE ARTES SHOW MEIO DIA

SERGIO AJZENBERG SONIA MITELMAN ROCHWERGER ANITA G. NISENBAUM ELIANE SIMHON (Lily) SAMUEL SEIBEL MEIRI LEVIN AVA NICOLE D. BORGER EDGAR DAVID BORGER

VICEͲPRESIDENTE DE JUVENTUDE

MOISES SINGAL GORDON

ESCOLAS

SARITA KREIMER GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR ILANA W. GILBERT

SECRETÁRIO GERAL

ABRAHAM AVI MEIZLER

SECRETÁRIO DIRETORES SECRETÁRIOS

JAIRO HABER ANITA RAPOPORT GEORGES GANCZ

JURÍDICO

ANDRÉ MUSZKAT

SINDICÂNCIA E DISCIPLINA

ALEXANDRE FUCS BENNY SPIEWAK CARLOS SHEHTMAN GIL MEIZLER LIGIA SHEHTMAN TOBIAS ERLICH

TESOUREIRO GERAL

LUIZ DAVID GABOR

TESOUREIRO DIRETORES

ALBERTO SAPOCZNIK SABETAI DEMAJOROVIC YIGAL COTTER MARCOS RABINOVICH


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vitrine > informe publicitário S.O.S. PIZZAS

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condicionado, frigobar e uma paisagem deslumbrante. Central de Reservas 24 Horas Fone (11) 4813-8877 E-mail reservas@sanraphaelcountry.com.br Site www.sanraphaelcountry.com.br

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ma “Via Castelli em sua Casa”, no qual o restaurante leva até o cliente saborosos pratos, a escolher, com toda a estrutura para a festa. Via Castelli | Rua Martinico Prado, 341 Fone 3662-2999 Site www.viacastelli.com.br

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tante lavar muito bem a região com água corrente e proteger-se do sol. DSkin Laser e Novas Tecnologias Av. Arnolfo de Azevedo, 84 Fone 3873-3636 | E-mail dskin@dskin.com.br Site www.dskin.com.br


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indicador profissional ADVOCACIA

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indicador profissional ADVOCACIA

ARTETERAPIA

ALERGOLOGIA

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CIRURGIA PLÁSTICA

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DERMATOLOGIA

FISIOTERAPIA


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HEBRAICA

indicador profissional FONOAUDIOLOGIA

GINECOLOGIA/ OBSTETRÍCIA

NEUROCIRURGIA E COLUNA VERTEBRAL

GENÉTICA

NEUROLOGIA

NEUROPEDAGOGIA/REABILITAÇÃO

GINECOLOGIA

MANIPULAÇÃO

GINECOLOGIA

/ OBSTETRÍCIA

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indicador profissional

ODONTOLOGIA

ODONTOLOGIA


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HEBRAICA

indicador profissional ODONTOLOGIA

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indicador profissional ODONTOLOGIA

PEDIATRIA

OFTALMOLOGIA

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

PSICOTERAPIA

PSICOLOGIA

OTORRINOLARINGOLOGIA

PSIQUIATRIA

QUIROPRAXIA


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RPG/PILATES

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compras e serviรงos


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roteiro gastron么mico

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roteiro gastron么mico


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conselho deliberativo

Competência jurídica A Comissão Jurídica pretende terminar o ano de 2012 resolvendo a maioria dos casos a ela submetidos, emitindo sempre um parecer a respeito do assunto, informa o coordenador Carlos Gluckstern. Segundo ele, “estatutariamente, a Comissão Jurídica é a última instância à qual o sócio pode recorrer para modificar uma decisão emanada da Diretoria, principalmente dos processos vindos da Comissão de Sindicância e Disciplina com o sócio apenado em que ele não concorde com a punição que lhe foi imposta”, explica Glukckstern. “Quando recebemos um processo, revemos todos os passos anteriores e podemos ratificar a punição aplicada ou reformá-la. Para isso, precisamos redigir um parecer e submetê-lo à votação no Conselho Deliberativo”, completa o coordenador. Compete também, à Comissão Jurídica examinar, diretamente, eventuais recursos advindos das penalidades impostas a diretores ou conselheiros, bem como , os vários assuntos legais e jurídicos a ela dirigidos. Para dar cabo dessa tarefa, ele conta com os conselheiros Alan Bousso, Cláudio Weinschenker, Eugênio Vago, Eva Zimerman, Fábio Ajbeszyc, Jackson Ciocler, Maurício J. Abadi (relator), Moacyr Luiz Largman (secretário) e Symcha B. Berenholc, que se reúnem mensalmente para deliberar sobre novos processos. “Não é por acaso que a maioria dos conselheiros que se propõe a trabalhar na Comissão Jurídica milita profissionalmente na área. Os processos que chegam até nós são repletos de detalhes e exigem o conhecimento dos estatutos e muito bom senso na proposição ou substituição de sanções. Este ano o número de casos que exigiram nossa intervenção foi significativo, mas estamos em dia com o nosso trabalho”, avisa o coordenador. Cumprimentos Com muita satisfação, a Mesa do Conselho registrou a visita de autoridades estaduais e municipais aos serviços religiosos no clube durante as Grandes Festas. Da mesma forma, é importante reproduzirmos aqui uma relevante mensagem que a presidenta da República, Dilma Roussef, enviou à comunidade judaica em Rosh Hashaná. “Quero agradecer o trabalho que vem sendo feito pela coletividade em favor do progresso e da justiça social em nosso país. O exemplo de harmonia na pluralidade, que caracteriza a convivência de diversas culturas na sociedade brasileira, deve muito ao espírito dos judeus Faço votos de cque, neste novo ano, se tornem ainda mais fortes e profundos os laços que unem as diferentes comunidades que vivem em nosso querido Brasil.”

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2012 12 de novembro 10 de dezembro

Mesa do Conselho Peter Weiss Presidente Horácio Lewinski Vice-presidente Cláudio Sternfeld Vice-presidente Luiz Flávio Lobel Secretário Fernando Rosenthal Segundo secretário Sílvia Hidal Assessora da Presidência Célia Burd Assessora da Presidência Ari Friedenbach Assessor da Presidência



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