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HEBRAICA
| OUT | 2015
magazine > entretenimento >> também humorista da comunidade, Fábio Rabin, na Pista de Atletismo da Hebraica. Zukerman – Rabin, para mim, é o melhor humorista de stand-up da atualidade. Tem uma coisa do judeu que é ajudar uns aos outros. Então naquela conversa na Hebraica ajudei a trazê-lo para o “Pânico”, ele ficou um tempo no programa, mas saiu para seguir o próprio caminho. Quando você percebeu que podia trabalhar com humor? Você era o engraçado da turma? Zukerman – Sim, apesar de ter sido sempre tímido. Certa vez, quando eu tinha uns 11 anos de idade, voltei junto com uns amigos de táxi da Hebraica. Contei muita piada, fiz imitações. Quando chegamos, o taxista virou para meus amigos e disse que um dia eu iria trabalhar na TV. Eu nem me lembrava mais desta história, mas meus amigos me contaram. Acho que meu humor é judaico, irônico, não entrego pronto como no pastelão, não é explícito. Woody Allen faz isto, sem querer me comparar a ele. Nesta área de entretenimento em que você atua, o Estado de Israel vem sendo alvo de tentativas de boicote. Como você vê a situação de Israel? Zukerman – Acho que o público em geral tem pouca informação sobre o que se passa em Israel. E, quando aparece uma situação mais forte, como o conflito em Gaza no ano passado, surgem declarações antissemitas em portais de internet, de gente que nem sabe o que está acontecendo. Há ali um conflito territorial, numa terra considerada sagrada para ambos. Israel está defendendo o próprio território, ninguém está matando crianças porque gosta disto. Pouca gente sabe que têm árabes morando dentro de Israel e que querem continuar cidadãos do país. No ano passado, você se tornou pai pela primeira vez, de um menino. Você colocaria ele no I. L. Peretz, escola onde estudou? Zukerman – Sim. Foi muito legal estudar no Peretz, adorei. Até hoje meus melhores amigos são de lá. E da Hebraica, qual seu sentimento? Zukerman – Toda minha família sempre frequentou o clube, somos os sócios número 4073. Fiz natação, pólo aquático, joguei futebol soçaite e comi muito kalage no Bar do Pedrinho. Você, como humorista, como reage quando contam uma piada de judeus, por exemplo, numa reunião de pauta do “Pânico”? Zukerman – Olha, o pessoal do Pânico tem um grande respeito por meu judaísmo. O Emílio (Surita, diretor) é muito identificado com este tema, e como eu adoro história judaica, conversamos muito. Outro dia estávamos falando sobre os judeus recifenses que fundaram Nova York. Agora, na época da faculdade, foi diferente. Não gosto de piadas que transmitem preconceito, aí não dá e eu não gosto, tenho problema com o antissemitismo. Mas dependendo da piada, não “pego pilha”, temos de saber
brincar com nós mesmos, afinal esta é a base do humor judaico. Você convive no dia-a-dia com humoristas brasileiros de destaque, como Carioca, Guilherme Santana e Christian Pior. As reuniões de pauta são engraçadas ou muito profissionais? Zukerman – Nossa reunião de pauta acontece às terças, começa às quatro da tarde e não tem hora para terminar. Todos ali adoram o que fazem, mas somos workaholics, muito sérios na hora de trabalhar, mesmo que tudo aconteça ao redor de um churrasco. TV é algo muito incerto e o “Pânico” consegue se manter no ar há nove anos, é superdifícil. É um programa precursor, que quebrou uma estética da TV. E eu faço parte disto. Você se considera parte da nova geração de humoristas brasileiros, ao lado de Rafinha Bastos, Danilo Gentili, Fabio Porchat? Zukerman – Não sei se me considero um humorista. Me vejo mais como um comunicador da área de entretenimento. Em primeiro lugar, sou radialista, é de onde vim. Uma coisa legal é que você não mudou seu nome, não adotou um pseudônimo. Zukerman – Minha vida toda, quando eu me apresentava às pessoas e ouviam meu sobrenome, demonstravam admiração por meu avô (o neurologista Eliova Zukerman). Tenho orgulho do meu sobrenome. De verdade. Também me orgulho de ser judeu e gosto que as pessoas saibam que sou da comunidade. Uma vez, no “Pânico” na Band, tive de voar de ultra-leve para invadir a gravação do programa “Fazenda”, da TV Record. Rezei o Shemá Israel, sem pensar. Não quis fazer marketing com aquilo, tenho orgulho e quis divulgar a nossa cultura, que é legal. Sinto que as pessoas têm interesse e respeitam isto. Obrigado pela entrevista. Zukerman – De nada. Quero aproveitar e desejar Shaná Tová a todos.