Revista Gir Leiteiro | Ed. Novembro 2010

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Hora da Genética Atualmente, mesmo diante de várias oportunidades com inúmeros touros participantes do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro, PNMGL, a endogamia ainda é recorrente em alguns planteis. Isso se dá porque a endogamia fixa principalmente algumas características ligadas à conformação dos descendentes. No entanto, segundo o diretor técnico da ABCGIL e médico veterinário, Aníbal Eugênio Vercesi Filho, a utilização de acasalamentos endogâmicos é desaconselhável. Os efeitos da consanguinidade em populações selecionadas já são estudados há muito tempo. Dentre eles, o prejuízo em praticamente todas as características de importância econômica, como produção de leite e seus constituintes, efeitos indesejáveis nas características reprodutivas, diminuição na vida útil, diminuição nas características ponderais, entre outros. “O principal problema em longo prazo é a diminuição da variabilidade genética na população, o que acarreta em prejuízos ao processo seletivo e pode, inclusive, numa situação extrema, levar a população à extinção. Por isso, como não existe um nível seguro de consanguinidade, deve-se evitá-la dentro do possível, trabalhando-se com o máximo de ganho genético e um mínimo de endogamia”, atentou o diretor técnico. Para Jordane Silva, gerente do

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alor Genético?

O Valor Genético é uma importante ferramenta de seleção para o criador. Com ele pode-se comparar fêmeas de idades e épocas diferentes dentro do próprio rebanho, para fins de multiplicação das melhores matrizes ou descarte. Na avaliação dos touros no teste de progênie, todos os animais que forem avaliados, tendo filhas em múltiplos manejos e rebanhos, podem ser comparados entre si.

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tradicional criatório de Gir Leiteiro, a Fazenda Calciolândia, que seleciona a raça desde 1962, consanguinidade é coisa séria. “Tratamos a questão com atenção muito especial porque sabemos que é um processo muito danoso para a seleção quando o que se busca é a produtividade”, afirmou. E para conseguir o sucesso na seleção de seus animais, que hoje estão presentes em inúmeros planteis por todo o País, a

O principal problema em longo prazo é a diminuição da variabilidade genética na população, o que acarreta em prejuízos ao processo seletivo e pode, inclusive, numa situação extrema, levar a população à extinção. propriedade tem trabalhado algumas linhagens buscando não só manter o ganho genético auferido, mas, principalmente, ampliando esse ganho por meio da introdução de uma linhagem provada para precocidade. “Sabe-se que o encurtamento no intervalo entre as gerações é muito importante para o ganho genético. Por isso, em alguns casos específicos, toleramos no máximo até 6% de endogamia”, completou o gerente. A fazenda passou a dar ainda mais atenção para a endogamia quando, no passado, enfrentou alguns problemas em uma linhagem que apresentou

indivíduos com lábio leporino proveniente desses acasalamentos consanguíneos. Desta forma, o PNMGL está tomando as providências técnicas necessárias para o monitoramento da endogamia. A primeira medida foi a abertura das vagas para animais “nova opção” no teste de progênie, seguida pela disponibilização aos associados do programa CAZAL que, entre outras informações importantes, fornece ao usuário o coeficiente de endogamia do acasalamento que foi proposto. Outra medida é uma informação que deverá ser disponibilizada nos sumários a partir de 2011: o coeficiente de parentesco dos touros provados e em teste com a população ativa de vacas puras que fazem parte do programa. “Desta forma o selecionador poderá escolher touros provados ou em teste que sejam pouco aparentados com as suas matrizes. Essa importante decisão ajuda no controle da endogamia na população”, ressaltou o diretor técnico. Já o programa CAZAL, desenvolvido pela ABCGIL e distribuído para todos os seus associados neste ano, auxilia no processo de acasalamento por meio do coeficiente de endogamia dos acasalamentos propostos. O selecionador pode escolher dentre os touros que ele pretende utilizar nas suas matrizes aqueles que produzam uma progênie equilibrada em valor genético e endogamia. “E é exatamente isso que se procura hoje na seleção: um equilíbrio entre o ganho genético e a monitoração da taxa de endogamia. É muito importante e salutar para a raça que os selecionadores utilizem touros provados para as características de interesse econômico e que estes produzam progênies não endogâmicas. Em uma população pequena como a do Gir Leiteiro, essa atitude é fundamental para a sustentabilidade do programa a longo prazo”, finalizou.


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