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QUINTA, SEXTA E FIM DE SEMANA DE 17 A 20 DE OUTUBRO DE 2013
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22:59 QUARTA-FEIRA
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Ponto Final
Você tem fome de que?
E
stamos na Semana Mundial da Alimentação e por mais que este assunto seja muito comentado pela mídia, ganhe diversos debates e ocupe grande parte dos discursos políticos, o problema está longe de ser resolvido. A fome mata mais que a AIDS, Malária e Tuberculose juntos em todo o mundo. São mais de 870 milhões de pessoas que passam fome diariamente, sendo que só no Brasil são cerca de 13 milhões de cidadãos. Por outro lado, 30% dos produtos para consumo humano são desperdiçados, ou seja, 1,3 bilhões de toneladas de alimentos por ano são jogados fora. Temos pessoas passando fome, enquanto outras desperdiçam, inconscientemente, o pão nosso de cada dia. Segundo estimativa da Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, uma família de classe média joga fora cerca de 182 quilos de comida por ano, o suficiente para alimentar uma criança por seis meses. O problema acaba sendo responsabilidade de todos, mas
apenas aqueles que estão à margem de políticas públicas sentem as reais consequências deste ciclo nada sustentável. A reflexão engloba toda cadeia produtiva do alimento que começa desde a produção, passando pelo transporte, até os alimentos que jogamos fora em nossas casas. Os primeiros entraves se encontram já na produção, que muitas vezes não é planejada corretamente. Problemas como ponto de colheita errado, embalagens inadequadas e o transporte dos alimentos são alguns dos fatores que colaboram para o desperdício. Além disso, muita comida é jogada fora diariamente por restaurantes e pelos nossos próprios lares. O consumo consciente passa longe do prato brasileiro e acaba alimentando ainda mais os lixões. Nestes locais, os resíduos dos alimentos perecíveis emitem metano, gás de efeito estufa que contribui para as alterações climáticas. Ou seja, o desperdício acaba por interferir em todo o meio ambiente. Um dos motivos que também
explicam o grande volume de comida jogada fora é a legislação, que responsabiliza o proprietário dos restaurantes por eventuais danos à saúde de quem consumir esses alimentos. Com isso os donos desses estabelecimentos podem responder civil e criminalmente por problemas oriundos do consumo de seus produtos, mesmo na hipótese de doação. Na tentativa de solucionar esse dilema, tramita no Congresso o Projeto de Lei do Senado (PLS) 102/2012 que visa modificar a lei acerca das normas básicas sobre alimentos (Decreto-Lei 986/1969) para prever a permissão de reutilização dos alimentos, desde que seja garantida a qualidade. No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral já sancionou a lei que cria o “Programa de Aproveitamento de Alimentos Não Consumidos no Estado do Rio de Janeiro”. De acordo com o texto, os restaurantes podem doar a comida que sobra, desde que ela não tenha sido servida à mesa. Já os alimentos industrializados, supermercados ou empresas poderão
distribuí-los desde que não tenham sido violados e estejam dentro da data de validade. A medida é louvável e merece atenção de todas as esferas do poder público, uma vez que restaurantes e lanchonetes desperdiçam um grande volume por dia de alimentos. Por que não transformar o desperdício em algo útil, saudável e, acima de tudo, torná-lo uma das atitudes mais sublimes do ser humano: o ato de doar. Obviamente nem tudo está ao nosso alcance para interferir em todo este processo da cadeia alimentar. Entretanto, atuamos diretamente em uma importante etapa: o consumo final. Saber o que e quanto consumir é o despertar para uma consciência maior e dar valor para o que está em nossa mesa. Não é aceitável que um terço do que é produzido tem como destino o lixo, enquanto que milhões de pessoas sofrem com a fome em pleno século XXI. Uma maior reflexão também nos leva a compreender que de nada adianta aumentar a produção agrícola do país sem di-
minuir as perdas, afinal, desse modo estaremos jogando fora cada vez mais produtos e nunca diminuiremos os custos a um nível compatível com a realidade econômica e poder aquisitivo da população brasileira. Resolver o problema da fome também não está apenas na redução do desperdício, uma vez que para isso é necessário que haja políticas sociais que incluem essas pessoas na sociedade através do trabalho. Entretanto, as mudanças são necessárias e envolvem uma rápida ação de todos os envolvidos. Por parte do governo, por exemplo, é necessário medidas que visem uma cadeia de produção mais sustentável e democrática. Já para os cidadãos deve-se fomentar ainda mais a importância da educação alimentar para que, assim, haja uma consciência ambiental sobre a escolha dos alimentos que são consumidos e, acima de tudo, como são consumidos. Somente com essa consciência que o lamentável hábito de desperdiçar alimentos será excluído de nosso cardápio.
Colunistas da próxima edição
EDUARDO LANDI
RENAN LEITE Colunistas
Cirurgiãodentista com especialização em periondontia.
Jornalista com experiência em coberturas esportivas.
LUCAS ARANTES
Escritor, jornalista e autor de diversos espetáculos.
ADRIANO PEIXOTO Advogado especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário.
NUNCA É TARDE DEMAIS PARA SER AQUILO QUE SEMPRE SE DESEJOU SER. - GEORGE ELIOT
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