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Análise técnica do cenário político nacional:
O Brasil sem Lula em 2018, quem ganharia e quem perderia no xadrez político?
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Lula, a maior potência eleitoral para as eleições de 2018, está aguardando uma decisão judicial para “virar pó”, caso o tribunal regional da 4° região confi rme a decisão de Sérgio Moro, que condenou o ex-presidente Lula a nove anos e meio de prisão, será o fi m do sonho do petista em subir pela terceira vez à rampa do Palácio do Planalto. A condenação pela corte faria dele fi cha suja, tornando-o inelegível, e de quebra o ex-mandatário ainda pode ser mandado para uma prisão, onde cumpriria pena em regime fechado. Atualmente ele lidera todos os cenários da última pesquisa eleitoral do “Datafolha”, com 30% das intenções de voto, seguido à distância por Jair Bolsonaro do PSC e Marina Silva do REDE. Agora o mundo político começa a analisar dois cenários possíveis para as próximas eleições: um com o ex-presidente e líder petista, outro sem ele.
Sem o ex-presidente na disputa, o PT teria que articular um plano B. Os nomes do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner são os mais cotados para a vaga. Nenhum deles, no entanto tem o carisma e a força política de Lula. Mesmo fora do pleito, a avaliação de especialistas é que o petista ainda é “o maior eleitor do Brasil”. E poderia emprestar sua imagem e prestígio entre os eleitores simpáticos ao PT para alavancar um de seus colegas de partido. “O fenômeno da transferência de votos é algo difícil de verifi car de antemão, mas provavelmente se Lula fi car de fora por algum impedimento jurídico, ele seria um forte cabo eleitoral”, de qualquer forma, em um cenário sem o ex-presidente, crescem as chances de a legenda abrir mão da cabeça da chapa para compor com alguma outra legenda.
“Se o julgamento dele se tornar inelegível, isso pode fomentar uma candidatura de aliança do PT com partidos do campo da esquerda, mas especifi camente com o PDT de Ciro Gomes, segundo o colega , cientista político Antônio La-

Sérgio Moro e Ex-presidente Lula
vareda da Universidade Federal do Pernambuco, caso o TRF 4° não tire Lula do páreo até julho ou agosto de 2018”. o professor acredita que o ex-presidente não apenas irá disputar, como usará a campanha como “estratégia de defesa”.
O Gomes, que é ex-governador do Ceará e ex-ministro, já sinalizou que não irá disputar caso Lula seja candidato, em junho deste ano ele chegou a afi rma que uma candidatura do petista seria “um desserviço ao País”, uma vez que “justa ou injustamente, ele (Lula) divide a sociedade brasileira em ódio, passionalismo e até violência”, isso de acordo com o petista, tiraria o foco das questões econômicas e sociais que devem ser pauta na campanha, uma estratégia possível de Gomes séria entrar na campanha contando com o cenário em que o ex-presidente seja condenado. “Ele quer se tornar herdeiro dos votos do Lula, então séria plausível o Ciro entrar na disputa no campo da esquerda e centro esquerdo, ele séria a melhor opção para o eleitor petista, tanto em vista que a Marina Silva apoiou o Aécio Neves em 2014”, diz Lavareda após a condenação de Lula por Moro.
“Gomes divulgou nota criticando a sentença por não trazer “uma prova cabal e simples”, mas também dispara contra o ex-presidente. Considerou o Lula o grande responsável político, pelo momento terrível pelo qual passa o país, foi traído, mas a ele e somente ele, nós devemos a imposição de um corrupto notório na linha de sucessão do Brasil o senhor Michel Temer.” Concordo com o professor e colega Lavareda ao não acreditar que a condenação em primeira instância vá afastar os eleitores petistas do partido, agora que os críticos do ex-presidente pretendem colar em defi nitivo o selo de corrupto em Lula.
“Grande parte dos eleitores do PT não enxergam esse estigma, e votam no Lula por motivos ideológicos, eles tendem a ser complacentes com o ex-presidente”, e o colega vai além, ele aponta ainda que “o PT convive com essas acusações de corrupção desde 2005, com o “Mensalão”, então o partido tem uma maior resiliência a este tipo de escândalo”, mesmo imenso nas denúncias desencadeadas pelo ex-deputado Roberto Jefferson, a legenda conseguiu reeleger Lula e eleger Dilma duas vezes, o que corroboraria a tese do colega professor Lavareda, mas o PT não seria o único partido com problemas pela frente caso Lula fi que de fora das eleições outros partidos, teriam desafi os pela frente com a ausência de um candidato petista competitivo. “O campo tucano terá, pela primeira vez em muitos anos, que aprender a fazer uma campanha sem o elemento de polarização contra o ex-presidente Lula”, até o momento o candidato tucano é uma incógnita o senador Aécio Neves, derrotado em 2014 por Dilma Rousseff, responde a processos no âmbito da operação Lava Jato que pode comprometer suas chances nas urnas, ele chegou a ser afastado do cargo pelo STF, mas foi reconduzido no início de junho, sua irmã Andrea está em prisão domiciliar, poucos analistas apontam que ele chegará a 2018 com força política sufi ciente para disputar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que seria outro postulante a vaga do PSDB, mas correndo por fora aparece o prefeito Paulista João Doria. O colega e professor Auristzer acredita que “independentemente de quem sejam os candidatos em 2018, a pauta “já está colocada” a campanha irá girar em torno de quem é a favor ou contra as reformas econômicas e da previdência” afi rma.
O governo Temer e seus aliados do PSDB têm defendido esta agenda prómercado e liberal no congresso e devem continuar a fazê-la no ano eleitoral, caso não consigam aprovar tudo neste ano. “Por parte do PSDB e do PMDB há pressa para aprovar tudo agora para não ter que tocar nesse assunto ano que vem, tendo em vista que são reformas impopulares”. Afi rma Cláudio couto, outro colega professor de ciência política da pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Já o campo oposicionista vai querer “desgastar os partidos da base do governo trazendo para o pleito estes assuntos desagradáveis”. Couto afi rma que é difícil prever a reação do mercado a uma candidatura de Lula: “Eu não vejo espaço hoje para uma esquerda mais dura, mais intervencionista, por falta de uma liderança forte”. Dentre os candidatos do campo oposicionista, Couto aponta que Marina Silva seria a que mais aguardaria o mercado. “Ela é menos avessa a interesse do mundo fi nanceiro do que Ciro Gomes, que pelo menos em teoria, tem um perfi l mais desenvolvido “mentista”.”.
Afi rma o professor que o ex-presidente Lula não é o único pré candidato bem colocado nas pesquisas que pode fi car de fora das eleições. O deputado Jair Bolsonaro PSC – RJ, que tem a segunda maior intenção de votos de acordo com o último levantamento Datafolha, é réu no Supremo Tribunal Federal sob a acusação de incitação ao estupro, em dezembro de 2014, ele disse à deputada Maria do Rosário PT – RS, que não a “estupraria” porque ela “não merecia” caso os ministros condenem o parlamentar, ele se tornaria inelegível a pesquisa do Datapoder360 divulgada no sábado, mostra Bolsonaro com uma tendência de alta, encontrado em Lula. O tribunal que pode prender Lula confi rma 54% das sentenças de Moro.
