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Saúde | Fisiatria | Tendinopatia | Dra. Diana Ascenso
Dra. Diana Ascenso Médica Fisiatra/Especialista em Medicina Física e de Reabilitação na Policlínica da Benedita e na Clínica das Olhalvas

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Tendinopatia
Em que consiste e qual o seu tratamento
Certamente já ouviu falar de tendinopatia, tendinite ou até tendinose. Neste artigo explicam-se as diferenças e as formas de tratamento desta patologia dos tendões.
Os tendões são estruturas fibrosas, formadas por tecido conjuntivo, que conectam o músculo ao osso, transmitindo-lhe a força gerada pelo músculo.
Das lesões tendinosas, a tendinopatia é a mais frequente, a qual se caracteriza por dor localizada, habitualmente persistente e perda de função. Geralmente resulta de lesões de sobrecarga ou esforço repetitivo podendo, ocasionalmente, ter origem em traumatismo direto sobre o tendão. A sua prevalência tem aumentado, sendo frequente entre as lesões desportivas e as doenças profissionais. Os fatores de risco para este tipo de lesão podem organizar-se em extrínsecos e intrínsecos ao indivíduo. Os fatores extrínsecos relacionam-se com o desempenho de determinadas atividades profissionais, desportivas ou recreativas, que de alguma forma causa um stress repetido sobre o tendão. Os fatores intrínsecos incluem características físicas individuais como: género, idade, altura, peso, anatomia, amplitude articular, força muscular, genética, entre outros. Sabe-se ainda que certas doenças crónicas, a toma de alguns medicamentos e o tabagismo também contribuem negativamente para esta patologia.
Historicamente, o termo tendinite foi usado de maneira indiscriminada ao longo dos anos para descrever a dor no tendão. O sufixo “ite” indica inflamação. Contudo, múltiplos estudos demonstraram que o processo patológico da maioria dos tendões dolorosos parecia ser degenerativo e não inflamatório. Nesse sentido, múltiplos investigadores sugeriram que se substitui-se o termo tendinite por tendinose, que melhor caracterizava as alterações degenerativas dos tendões.

Contudo, estudos recentes vieram constatar que, para além deste processo degenerativo tendinoso, efetivamente poderá existir algum componente inflamatório associado. Por tudo isto, à luz do conhecimento atual, os termos tendinites e tendinose parecem ser questionáveis, devendo ser utilizada a terminologia tendinopatia.
Como foi referido anteriormente, as tendinopatias resultam, essencialmente, de esforços repetitivos com sobrecarga tendinosa que originam uma alteração estrutural do tendão, não havendo capacidade de cicatrização e reorganização estrutural, antes de nova solicitação do tendão.
Esta patologia tendinosa pode envolver qualquer tendão do corpo, contudo existem regiões anatómicas mais suscetíveis de lesão. A destacar: ombro (ex: coifa dos rotadores); cotovelo, punho e mão (ex: tendões flexores e extensores do punho e dedos); joelho (tendões quadricipital e rotuliano); tornozelo e pé (ex: tendão de aquiles); entre muitos outros.
O tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível. As tendinopatias são lesões crónicas de recuperação prolongada. O paciente deve ter uma boa adesão terapêutica e cumprir ativamente as diferentes etapas do Programa de Reabilitação e de exercício, aumentando dessa forma o sucesso do tratamento.
A estratégia terapêutica deve focar-se na reparação tendinosa, no fortalecimento muscular e no regresso do paciente às atividades profissionais, desportivas e recreativas. O paciente deve ser avaliado pelo médico que orientará as estratégias de tratamento de forma individualizada n
A primeira abordagem de tratamento é conservadora e pode passar pelas seguintes opções (medidas gerais):
• Redução da sobrecarga no tendão doloroso, evitando a progressão da doença; • Medicação analgésica e/ou antiinflamatória (estes últimos por um curto período de tempo); • Aplicação de gelo na área dolorosa e numa fase inicial por um período inferior a 20 minutos; • Eventual utilização de ortótese. • Integração em Programa de
Reabilitação, que consoante a situação clínica utilizará diferentes técnicas, nomeadamente: • Massoterapia (massagem transversal profunda, de fricção, entre outras); • Mobilização articular; • Técnicas de facilitação neuromuscular propriocetiva; • Alongamentos miotendinosos; • Fortalecimento muscular com especial destaque para o exercício excêntrico; • Agentes físicos como a termoterapia (calor/frio), ultrassom, laser, eletroterapia (correntes com fins terapêuticos), ondas de choque; • Técnicas infiltrativas com fármacos, hemoderivados ou punção seca poderão ser considerados em determinadas situações. Se estas medidas não forem eficazes e as queixas se mantiverem persistentes ao fim de 6 a 12 meses, o tratamento cirúrgico poderá ser equacionado. O tipo de cirurgia dependerá do local da lesão e da sua gravidade.