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ENTREVISTA
A maior arma contra o preconceito é a informação
Com o objetivo de abordar temas relacionados ao segmento LGBTQIA+ (sigla que inclui lésbicas, gays, bissexuais, transexuais etc.), a Revista Singular bate um papo com os coordenadores do Coletivo da Diversidade Sexual de Itu – CODISEI, criada em 2018, Felipe Cavalheiro e Ana Flávia Toni.
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Entrevista
As cidades do interior têm por características o conservadorismo e o tema LGBTQIA+ ainda enfrenta resistência ou tem evoluído nos últimos anos de forma consistente?
Ao dizer que não houveram evoluções nos últimos anos estaríamos sendo radicais, mas continuamos dando passos de formigas e enquanto isso estamos morrendo diariamente, seja por agressões físicas ou psicológicas.
Com a criação do Coletivo da Diversidade Sexual da Itu – CODISEI, em maio de 2018, que através de ações, eventos, palestras e debates fez com que a cidade acolhesse a diversidade e assim foram surgindo os primeiros apoios, mostrando que atividades voltadas a esta população não podem se resumir apenas à Parada do Orgulho.
Inclusive, tivemos grandes avanços como a aprovação da Inclusão da Semana da Diversidade e Parada do Orgulho no calendário oficial de eventos da cidade de Itu, o governo estadual e municipal sempre apoiaram e continuam apoiando a diversidade ituana.
Qual a importância dos posicionamentos do Papa Francisco sobre o tema, inclusive com a afirmação que “Os homossexuais têm direito a formar uma família”, no documentário sobre a vida dele.
A Igreja Católica sempre afirmou que somos julgados individualmente segundo nossas ações, o evangelho de João proclama que Deus é Amor; portanto, se Deus não faz diferença entre seus filhos, por que nós faremos? A identidade do cristão é esse mesmo Amor, que com tal marca sela o humano com o divino na presença de Jesus, o Amor encarnado. Um outro Francisco, há 800 anos, no caso o de Assis, já disse que o Amor não é amado, o que nos reme - te a uma lição de casa a fazer, sendo fraterno aos outros que não são iguais ou que não pensam iguais a nós, e acolhê-los.
O Papa Francisco tem mostrado uma Igreja mais solidária com os desamparados; é um pastor a um rebanho de mais de 1,5 milhões de ovelhas que necessitam de uma palavra de conforto, principalmente em temas que a sociedade sempre tomou como tabu, mas que vêm se desconstruindo aos poucos. Não é nada fácil guiar uma multidão como essa e nem deve ser a intenção dele agradar a todos, mas a ala conservadora da Igreja mostra-se cada vez mais crescente, o que implica em falas mais contundentes para mostrar qual o caminho os católicos do mundo todo devem seguir.
Um posicionamento com esse, de um líder religioso mundialmente conhecido e respeitado, salva vidas. Se para alguns, a Lei dos homens é contraria a lei de Deus, cabe-nos respeitar o maior ensinamento dos preceitos cristão: o amor e respeito para com o próximo.
Ao mesmo tempo, qual a relevância da participação de artistas como Pablo Vittar e Glória Groover em TV Aberta e em rede nacional para a derrubada do preconceito?
Em uma definição simples, diversidade é aquilo que é variado, que é diferente. E entendemos aqui, ser tudo aquilo que seja diferente do modelo que a sociedade construiu como padrão. Padrão esse que pode ser entendido como: magro, branco, cisgênero e cristão.
De modo que, as opressões e preconceitos com a diversidade se sobrepõe e se intersecionam. E em resumo: uma coisa é sofrer algum tipo de preconceito por ser mulher. Outra coisa é ser uma mulher gorda. Outra coisa é ser uma mulher gorda, preta, lésbica, ou mesmo uma mulher preta, periférica e trans.