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Introdução
from Blondie
BLONDIE – Vidas Paralelas
Este livro conta a história de Debbie, Chris e seus parceiros no Blondie, com riqueza de detalhes e revelações surpreendentes. E a lista de coadjuvantes impressiona: Iggy Pop, David Bowie, David Cronenberg, Nile Rodgers, H. R. Giger, John Waters, Andy Warhol, Joey Ramone, Patti Smith...
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Todos orbitaram, em situações diversas, a galáxia de Debbie e Chris, e esses encontros renderam histórias sensacionais, que estão escondidas em algum canto deste livro.
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“Talvez estivéssemos em um reality show antes de estes existirem”, observou Chris Stein durante uma conversa telefônica, alguns anos atrás. Claro, Chris referia-se ao Blondie, o grupo que ele havia formado com Deborah Harry cinco décadas antes, e que, a partir de um início bem pouco promissor, abriu caminho por entre as ruínas da Downtown de Nova York para tornar-se um fenômeno global.
Hoje, o Blondie é devidamente reconhecido como um dos grupos mais influentes e inovadores do século XX, tendo à frente uma das mais imitadas vocalistas femininas de todos os tempos (embora inigualável). Impulsionado pelo sucesso de “Denis”, de 1978, o Blondie disparou uma rajada de hits inovadores que, entre outros, incluíam “(I’m Always Touched by your) Presence Dear”, “Hanging on the Telephone”, “One Way or Another”, “Sunday Girl”, “Heart of Glass”, “Atomic”, “Call Me”, “The Tide Is High” e “Rapture” – este último como uma homenagem ao Chic, que transformou a revolução do hip hop de Nova York em mainstream.
A beleza deslumbrante de Debbie não permitiu que ela escapasse de se tornar uma pin-up à moda antiga, porém ela fez com que isso acontecesse dentro de suas próprias condições. Logo ficou evidente que ela era uma mulher determinada, inteligente e culturalmente articulada, que
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BLONDIE – Vidas Paralelas
abriria as portas para que gerações sucessivas de mulheres cantoras assumissem o controle de seus próprios destinos. Ao demonstrar que era possível ser inteligente e bela, ela iluminou um caminho que vai de Madonna a Lady Gaga. Sua recusa em ser manipulada por qualquer autoridade que não a sua estabeleceu um ideal pós-feminista que inspiraria mulheres como Shirley Manson, do Garbage, Gwen Stefani e Pink. Da mesma forma, o movimento contestatório grrrl, fugaz, mas dinâmico, derivou de Debbie e de seu espírito de independência.
Como o dínamo criativo e o coração pulsante do Blondie, Debbie e Chris podem ter constituído a parceria mais idiossincrática e vibrante que emergiu da era punk de Nova York. Mas eles também enfrentaram o desafio de manter um relacionamento em meio às pressões incessantes de liderar uma banda de primeira grandeza, assediada por pesadelos empresariais e guerras de ego entre bandas, tudo isso agravado pelas drogas. Estes e outros fatores combinaram-se para desgastar a primeira fase do Blondie, com a enfermidade debilitante de Chris constituindo o último prego no caixão da banda.
Felizmente, o Blondie retornou em 1998, quando Debbie, Chris, Clem Burke e Jimmy Destri chegaram novamente ao topo das paradas com “Maria”. Novos membros foram incorporados para ampliar o legado do grupo e firmá-lo como parte integrante e popular do circuito de festivais de verão. Em virtude da magia atemporal das músicas e graças ao fascínio por Debbie, as novas gerações acolheram a banda, enquanto os fãs de longa data relembravam o passado com carinho.
A história do Blondie está entre as mais vibrantes do mundo do rock’n’roll. Por um lado, ela diz respeito ao amor e à criatividade compartilhados por duas pessoas ímpares. No entanto ela igualmente é sobre Nova York, a cidade que impregnou a banda com sua energia, sua atitude e seu entusiasmo. Poucas outras bandas equivalem tanto a um sinônimo de sua cidade natal, ou são tão evocativas dela, quanto o Blondie. Mesmo no auge de sua popularidade global, Debbie e Chris mantiveram-se atentos às ruas de Nova York e com os pés fincados nas variadas cenas que floresciam em meio ao epicentro de arte underground e por entre os movimentos paralelos do punk, da disco e do hip hop. No caso deste último, eles foram o primeiro grupo branco a propagar o revolucionário novo
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Introdução
estilo, obtendo um tremendo sucesso com “Rapture”. Durante quatro dos cinco anos em que estiveram no foco dos holofotes da mídia, Chris e Debbie garantiram sua participação regular no programa semanal de Glenn O’Brien, TV Party, da televisão a cabo.
Somando-se ao fluxo constante de material novo, sempre muito aguardado, a influência do Blondie pode ser vista o tempo todo, com suas músicas que aparecem na trilha sonora de programas de TV, filmes e comerciais; e o beicinho de Debbie é sempre imitado pela mais recente cantora loira de cabelos revoltos. Como ela própria hoje reflete, “O Blondie foi parte de uma cadeia de eventos, parte de uma cena de Nova York que de fato sentimos e vivemos. O Blondie fez o que fez antes que qualquer um soubesse o que estava acontecendo e lançou bases importantes para outras bandas que vieram depois. Nós surgimos cedo demais. Acho que a indústria da música acabou nos alcançando, mas eles não gostavam de nós quando começamos. Nós nos sentíamos como outsiders invadindo o establishment”.
Este livro é o segundo dos autores da trilogia New York Stories (Histórias de Nova York) – o primeiro foi Trash!, uma história do “antes, durante e depois” do New York Dolls, cujas façanhas infames se mesclam à vida de Debbie na parte inicial da narrativa deste livro.
Há também uma ligação pessoal entre o Blondie, a arquetípica banda de Nova York, e o coautor Kris, que a promoveu desde o princípio, quando era editor da revista Zigzag. Como conta Kris:
Algum tempo atrás, sempre que me chamavam para escrever matérias sobre a vida no olho do furacão Blondie ou para aparecer em documentários, a pergunta sobre um livro ressurgia. O trabalho nestes projetos já havia me colocado de novo em contato com Chris e Debbie, com quem eu não falava fazia mais de vinte anos. Conversar com Chris sempre foi um prazer; sua fala arrastada e mansa vagueando dos primeiros dias do Blondie até seu selo Animal Records – além de, inevitavelmente, a inexorável mudança da cara de sua amada cidade de Nova York. Nós discutimos sobre a necessidade de um livro que descrevesse a crônica da cena musical de Nova York e até de um filme biográfico do Blondie, mas nunca um “livro do Blondie” – no entanto, quando este projeto finalmente teve
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