Mulher de 50: muito além da concepção da sociedade
* Dulce Melo O dissabor é tão somente a convicção de que ainda falta muito para a mulher se libertar desses olhares devoradores que tentam afunilar a sua capacidade de ser, após o primeiro contato com a sua carteira de identidade. É incrível como avaliam, julgam e condenam: são velhas, cansadas, incompetentes e não devem ter espaço. Contudo, precisa-se aprender que, aos poucos mais de 40 e 10, é possível ignorar as repressões impostas por uma sociedade inconsequente e que costuma definir o que serve para esse público especial e que muito já contribuiu com o país. Inconcebível é permitirmos que condicionem a mulher a um etarismo açodado, capaz de afetar diretamente sua saúde física e mental, fazendo-a absorver a ideia de que é inútil. Os cabelos brancos, as rugas no rosto ou outros sinais perceptíveis não podem ser elementos tomados como base para pesar o grau de intelectualidade tampouco as condições de produzir e de interagir de alguém. O mundo evoluiu e estamos em pleno século XXI onde uma lista imensa de conquistas femininas pode ser exposta e apreciada, porém, não podemos afirmar jamais que nos livramos do machismo porque, nitidamente, ou veladamente, ele está impregnado. Além dele, ainda somos vítimas de uma sociedade mentecapta e falso moralista que nos cobra tudo com rigor e é cheia de princípios quando age, na surdina, contrariamente. Ser madura é indeferir olhares reprovadores e críticos e valorizar sua capacidade de ser e de fazer. O campo minado pelos medos em suas tantas variações exige dessa mulher, que se redescobriu, uma verdadeira blindagem e é proibido retroceder. Confeccione uma placa : PROIBIDO RECUAR e segure firme. Seriamente falando não há o que temer porque o “enta” chegou. Afinem-se com ele e tracem ideias que possam lhes induzir a caminhos confortáveis sem que se maltratem por antecipação. Lógico, a mulher tem de se precaver, ter cuidados, procurar ficar bem em todos os aspectos incluindo o físico também, mas não para ser submetida à escolhas e sim para a promoção do seu bemestar, bem-querer.
*Jornalista, poeta, escritora
Porém, quando as rugas se apresentarem devem encarálas na maior naturalidade da mesma forma que os homens, com seus barrigões e mamilos arreados, acham-se gostosos e sedutores. Há meninas bem mais novas que se amam com seus quilos de celulites, vestem shortinhos desfiados, fio dental e não querem saber se os olhares são por apreciação ou críticas. E daí? A autoestima elevada é indispensável para as mulheres se olharem no espelho e se acharem fantasticamente arrasadoras. O exercício diário do 'EU ME AMO' é quem vai fortalecer as mentes e provocar reações e ações positivas que as façam conquistar mais espaços e manter a prova da competência. Vive-se num mundo ainda extremamente machista mesmo que tenhamos detectado os avanços do tempo. Nós, mulheres, sempre fomos colocadas sob avaliação sem que conhecessem nossos potenciais e entendessem as nossas atitudes. O sistema custou, mas começou a entender a perspicácia feminina e tem a obrigação de agora se inclinar à competência da mulher que tem como garantia o seu potencial, capacidade de produzir sem receio, de se identificar como Maria ou Joana, independendo da idade, raça e cor. *jornalista, poetisa e escritora * C o m t r e c h o s d o s e u l i v r o : “MULHERES, PODEMOS TUDO APÓS OS 40". 27























