Fátima, inteligência a serviço de boas causas
Fátima Pacheco Jordão, eu tendo a concordar com pessoas que dizem isto, é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço. Essa inteligência se revelou mais uma vez na sua sensibilidade política ao se empenhar na publicação desta sétima edição do Dossiê Herzog. Entendeu com a perspicácia de sempre, há cerca de dois anos, o rumo que as coisas haviam tomado no país e se lançou à tarefa de promover uma nova divulgação dos fatos expostos por seu falecido marido, Fernando Pacheco Jordão, sobre o assassinato de meu pai, Vlado. Foi dentro da visão de mundo e de Brasil da Fátima que esse relançamento nasceu. Outro tema que marca a trajetória da Fátima é a luta pelas mulheres. Ela é uma feminista histórica. Às vezes até exagera... Mas a provocação da Fátima pela causa da mulher é muito importante. Ela foi uma das fundadoras do Instituto Patrícia Galvão. Influenciou muito o Instituto Vladimir Herzog. Fizemos em 2015 o I Seminário Internacional sobre Cultura de Violência contra a Mulher. Um evento belíssimo. Trouxemos dez pessoas de fora do país. Durante dois dias, mil pessoas participaram na plateia. A cultura e a argúcia política da Fátima vêm embaladas por uma qualidade incomum: ela não é arrogante. Dialoga de igual para igual com qualquer pessoa. Ouve, sem afetar desprezo ou irritação, ideias com que pode não concordar, mas que faz questão de ponderar. Entra numa argumentação com o objetivo não de vencer, mas de simplesmente dizer o que pensa. 13