Comunicação Digital Volume III

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COMUNICAçÃO DIGITAL VOL III: UM PANORAMA DA PRODUçÃO ACADÊMICA DO DIGICORP

público quando as duas esferas, pública e privada, passam a ser mais claramente diferenciadas” (LIMA; SANTIAGO, 2010, p. 25). A modernidade provocou ainda o fim da tradição da memória construída coletiva e espontaneamente. O homem passou então a organizar arquivos, fazer celebrações, criar monumentos e acumular objetos e quaisquer vestígios do passado, entre tantas outras práticas, para “fixar” a passagem do tempo, segundo Pierre Nora. Menos a memória é vivida no interior, mais ela tem necessidade de suportes exteriores e de referências tangíveis de uma existência que só se vive através delas. Daí a obsessão que marca o contemporâneo e que afeta, ao mesmo tempo, a preservação integral de todo o presente e a preservação integral de todo o passado (NORA, 1993, p. 14).

Segundo o historiador, inaugurou-se um novo regime de memória – a memória privada, que dá à “lei da lembrança” um intenso poder de coesão. Todos devem “se relembrar e reencontrar o pertencimento, princípio e segredo da identidade” (NORA, 1993, p. 18). Com o aparecimento da internet, aquilo que antes era privado pode ir para o espaço virtual em segundos. Nem todos compartilham na rede o que escreveriam em seus diários, mas, em um primeiro momento da popularização da web, a proliferação de blogs com relatos pessoais já mostrou uma postura diferente da sociedade em relação à privacidade. Além das narrativas escritas, a digitalização das fotografias também trouxe mudanças significativas para a forma como recordamos. Na era analógica, as fotos eram muito importantes para as lembranças autobiográficas. Na era digital, além desta função, elas são cada vez mais usadas para a comunicação (VAN DIJCK, 2007, posição 1987). 111


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