Publicação Latinidades 2010

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que bastava ser uma pessoa trabalhando com formação docente para enfrentamento do sexismo e da homofobia, porém tive um trabalho para explicar para as pessoas. É indispensável falar sobre racismo sempre, sempre e sempre, é muito triste que diversos setores de movimento negro ainda não tenham percebido que é indispensável falar sobre as homofobias sempre, sempre, sempre e sempre e é por isso toda essa história sobre o que aconteceu ontem, é para justificar a minha fala sobre algumas das interseccionalidades. Espero que vocês entendam, não que gostem nem nada. Quero conversar sobre quatro invisibilidades, a primeira é a violência. Apesar de a gente ter um Dia Internacional de Luta para Enfrentamento da Violência Contra as Mulheres e ter desde 2006 no Brasil uma lei específica que coíbe, pune, previne a violência contra as mulheres, enquanto mulher de movimento feminista lesbiana e outras mulheres de outros movimentos, temos encontrado muita dificuldade em pautar que o machismo é uma violência. E é muito recorrente, é muito invisibilizado. Por isso a gente é sempre questionada sobre a necessidade de existir uma lei que proteja as mulheres da violência, a gente precisa explicar que a violência existe mesmo, que a lei comenta ela em cinco formas, cada uma dessa formas tem suas peculiaridades e invisibilidades. Parece que a gente sempre tem que ficar lembrando que no Brasil o sexismo é excelentemente racista e o racismo é por excelência sexista. Foi

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assim que se construiu aqui, essa é a cara da nossa história, alguns tipos de violência, mesmo subvisibilizadas e tratadas com bastante indiferença, conseguem aparecer mais que outras. Dentro dessa grande definição de violência contra as mulheres algumas são mais invisíveis ainda. Parece que a violência contra a mulher negra é um problema que a gente não tem que enfrentar porque vive numa sociedade que é racialmente democrática em termos de gênero. Mas, dentro da violência invisibilizada, a violência psicológica é uma das mais graves. Por que interessa falar sobre isso para nós enquanto mulheres negras? Porque a violência psicológica tem sido uma das principais armadilhas para acabar com a nossa autoestima, com o nosso amor próprio, com a nossa saúde integral. No caso da violência psicológica tipificada dentro da Lei Maria da Penha, e invisibilizada socialmente, os danos que a violência traz à vida das mulheres que enfrentam situações de violência não física e não sexual, que são os tipos mais conhecidos pela gente, são internalizados de tal forma que resultam em outras coisas invisíveis. A segunda coisa invisível sobre a qual eu quero falar para vocês é a fibromialgia. Não sou pesquisadora da área de saúde, como falei com vocês eu trabalho com educação e principalmente com a palavra, sou formada em Português e realizo pesquisas sobre análise de discursos e mulheres negras. Eu não tenho dados e indicativos para comentar com vocês. Eu tenho as impressões que percebo ao lon-

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americana

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caribenha


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