Irresistíveis Cretino Irresistível # 5

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hesitei um pouco antes de abri-las, ponderando se eu estava na melhor posição mental para reviver as memórias. Arrisquei mesmo assim. A primeira havia sido tirada no dia em que chegamos à casa de Will e Ziggy, todos sorridentes entrando na van. Havia fotografias nossas em diferentes degustações e jantares e trilhas. Havia fotos tiradas sem sabermos enquanto ríamos de alguma coisa que outra pessoa tinha dito. Era interessante observar a progressão das minhas interações com Pippa por meio das fotos. Tínhamos começado muito educados – coluna ereta, sorrisos amigáveis, muito espaço pessoal. Mas isso havia desaparecido completamente quando chegamos a Vermont. Eu já não encontrava nas fotos essa distância segura que a gente mantém dos desconhecidos; em seu lugar estava a familiaridade de amigos que viraram amantes, de abraços e dedos entrelaçados. Era quase doloroso perceber a forma como eu olhava para ela, e, quando abri uma imagem na qual Ruby tinha nos flagrado saindo da floresta – olhos brilhando e bochechas coradas, cabelos e roupas desgrenhados –, fechei o aplicativo de e-mail. Já era difícil demais ter essas memórias; eu não queria revivê-las também na tela. — Por volta de uma da tarde, reuni minhas coisas e segui para a grande sala de reuniões no segundo piso. Meu estômago roncou quando o cheiro de café se espalhou pelo corredor, e então me dei conta de que eu não tinha comido nada desde o café da manhã. Eu estava pegando uma banana na mesa quando senti uma mão em meu braço. Era John, o assistente do meu chefe. – Doutor Bergstrom, o doutor Avery quer conversar com você no escritório dele antes da reunião. Ajeitei a postura e observei enquanto ele me lançava um sorriso educado e dava meia-volta, caminhando na direção que eu devia seguir. Pelo caminho, o suor brotava em minha nuca. Havia poucos motivos para Malcolm Avery querer me ver antes da reunião, especialmente quando já era para estarmos lá e todos já tomavam seus assentos. – Jensen – Malcolm me chamou, fechando o arquivo no qual estava trabalhando. – Entre. Eu gostaria de alguns minutos para conversarmos antes da reunião. – Claro – concordei, entrando em sua sala. Ele acenou para a porta atrás de mim. – Feche-a, por favor. O formigar dos meus nervos se transformou em uma onda de suor. Um milhão de coisas percorreram minha mente – todas as coisas que eu talvez tivesse feito erradas ao longo dos últimos meses. E enfim pensei na bagunça em Londres. Droga. – Sente-se – Malcolm convidou, ajeitando alguns papéis à sua frente antes de sentar-se outra vez na cadeira. – Como estão as coisas? – Tudo bem – respondi, e mentalmente repassei os casos nos quais estava trabalhando, pensando nas atualizações que ele pudesse querer ouvir. – O Walton Group deve terminar no fim desse mês, o caso da Petersen Pharma talvez seja concluído ao fim do ano. – E Londres? – ele quis saber. – Surgiram alguns problemas com o escritório em Londres – admiti. Ele assentiu e eu engoli o nó na garganta. – Nada que não possamos reparar, só vai dar um pouco mais de trabalho do que eu


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