Teto Para Dois-Beth O'Leary

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que ela desistisse. Faço cara feia. A história da armadilha de repente não é mais tão engraçada. — Sério? Mas que filho da puta! Leon parece um pouco impressionado. — Falei alguma coisa errada? — pergunto. — Não. — Ele sorri. — Não, só surpreendente. De novo. Você ia ganhar do Whizz em um concurso de palavrões. Inclino a cabeça. — Ah, obrigada — digo. — E seu pai? Ele foi embora? Leon está quase na horizontal, como eu — estamos compartilhando a cadeira para os pés. Ele está com as pernas cruzadas na altura dos tornozelos e o copo de uísque na ponta dos dedos, girando o líquido à luz da vela. O restaurante já está quase vazio; os garçons limpam discretamente as mesas do outro lado do salão. — Ele foi embora quando Richie nasceu, se mudou para os Estados Unidos. Quase não me lembro mais dele... Só imagens aleatórias... — Ele balança a mão. — Uma coisa ou outra. Minha mãe nunca fala dele. Só sei que ele trabalhava como bombeiro hidráulico em Dublin. Arregalo os olhos. Não consigo imaginar não saber mais nada sobre meu pai, mas Leon fala como se não se importasse. Ele percebe minha expressão e dá de ombros. — Nunca liguei para isso. Não fazia questão de saber mais sobre ele. Essa história incomodava o Richie na adolescência, mas não sei o que ele fez com relação a isso. A gente não conversa sobre nosso pai. Parece que há mais a ser dito, mas não quero forçar a barra e estragar a noite. Toco o pulso dele por um instante; ele me lança outro olhar surpreso, curioso. O garçom se aproxima, talvez sentindo que nossa conversa não vai terminar nunca se ele deixar. Começa a retirar nossa mesa; só então tiro a mão do pulso de Leon. — A gente deveria ir dormir, não? — sugiro. — Provavelmente. — Ele se vira para o garçom. — Babs ainda está por aqui?


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