O beijo encantado - Eloisa James

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O Beijo Encantando – Eloisa James

Ele assentiu com a cabeça. — Ficção — declarou Kate. — Nenhuma mulher seria alguma vez tão estúpida. Acha que o lacaio consideraria impróprio o senhor abotoar-me a luva? Receio não ser capaz de abotoar sozinha todos estes botões. — O problema não é o lacaio, são as pessoas que estão; nos outros barcos. E melhor sentar-se ao meu lado para eu poder fazer isso sem que ninguém veja. Ela chegou-se para o lado direito do banco. Assim, Kate levantou-se e depois se virou rapidamente e sentou-se ao lado dele. Ele era muito grande e a perna pressionava-lhe a sua. Ela sentiu o rubor subir-lhe às faces. Aquela faísca voltou aos olhos do príncipe. — Bem? — disse. — Vamos lá à luva. Relutantemente, Kate virou a mão direita. Os minúsculos botões de pérolas da luva passavam-lhe do cotovelo. O príncipe inclinou-se sobre o braço dela. O seu cabelo não era tão escuro como ela pensara. Era castanho, raiado com fios mais claros, da cor de terra que foi revolvida para ser sulcada. Uma comparação não muito romântica, agora que pensava nisso. — Sabe — disse ele, apertando-lhe a última pérola —, as senhoras nunca se sentam ao lado de cavalheiros. — Nem de príncipes? — Só se estiverem à espera de se tornarem princesas. — Eu não estou — disse ela rapidamente. Ficou contente por ouvir na sua voz um tom de verdade. — Eu sei — disse o príncipe. — Kate, não é? — Sim, Vossa Alteza. — Gabriel. Não quer saber mais sobre Dido? — Não particularmente. Parece uma mulher extraordinariamente tonta. — Dido era uma figura literária — disse ele, ignorando a resposta dela. — Mas pode bem ter sido também histórica. E neste preciso momento um antigo professor meu, o Biggitstiff, está a escavar uma cidade antiga que pode ter sido a sua cidade de Cartago. Se tinha havido um tom de verdade na voz dela quando falou de casamento, houve um tom de verdadeiro anseio na dele quando se referiu a Cartago. — Bem, então vá — disse ela, espantada. — Não posso. Tenho este castelo. — E depois? — A menina não compreende. Quando o meu irmão Augustus limpou os estábulos, metaforicamente, mandou embora toda a gente que ele considerava ser menos que temente a Deus. — Incluindo o leão e o elefante? — perguntou Kate. — Compreenderia se ele se referisse à Coco, porque, obviamente, ela não adora quaisquer deuses, mas o elefante? E a macaca? — Acho que isso foi só porque a mulher estava farta do cheiro. Mas todos os outros... Lá vieram eles, de malas e bagagens, para ficarem ao meu cuidado. — Quer dizer que vai casar com uma princesa russa para poder sustentá-los a todos? — Sim — disse ele abruptamente. — Não só o seu dote é essencial, como também

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