Revista Lupa #6

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CIRCO URBANO

“Se ele veste um colete como o meu, ele é meu irmão, não importa de onde ele seja.”

Há tempos que as mulheres sairam das garupas

só subiu num jegue porque na época não tinha moto”.

Demônios realmente vermelhos _ Não tão receptivos ao primeiro contato como os frequentadores da Mariquita, nem tão espontâneos quanto o padre Gonçalves, os integrantes do motoclube Red Devils (Demônios Vermelhos) nos mostraram o outro lado da cultura em duas rodas. “A atitude pouco social faz parte da filosofia do grupo”, nos explicou Júlio César, um dos integrantes; “é o que chamamos de postura”, afirma. O motoclube dos demônios vermelhos é um dos poucos que não perambulam pelo Largo da Mariquita nas noites de quinta, nem estão registrado na AMO-Ba. Esse modo, digamos, singular de ser é demonstrado logo no lema da “Rock It Garage” (sede do motoclube em Brotas): ”Seja bem-vindo, mas não se sinta em casa”. _ Único motoclube internacional em Salvador, o Red Devils dá suporte ao Hells Angels (Anjos Infernais), maior e mais antigo motoclube do mundo. Ser motoclube suporte significa passar por etapas para “merecer ser” do motoclube original. “O mesmo processo de seleção que o integrante daqui passa, um Red Devils da República Tcheca também passa, então mesmo que nunca o tenha visto na vida, se ele veste um colete como o meu, é meu irmão. Não importa de onde ele seja. Não existem fronteiras”, explica Júlio César.

Politicamente incorretos...

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Fotos: Arquivo do Grupo Moto Livre

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A soliedariedade está estampada nas vidas dos motociclistas

O amor pelas duas rodas ultrapassa gerações

_ Outro motoclube nada convencional são os Cowboys From Hell (Vaqueiros do Inferno). Aparentando ter saído direto de uma festa heavy metal, os “cowboys” fazem questão de contrariar. Com um prazer particular em chocar, afirmam que são preconceituosos e machistas: no motoclube não entram nem mulheres nem homossexuais. Incansáveis “do contra”, os “cowboys” não gostam de ser comparados a “passeadores de final de semana”. _ Sem nenhum resquício do clima pacífico e “família” dos outros motoclubes, Barata, um dos integrantes do motoclube, afirma que o Cowboys surgiu a partir de um grupo de amigos que tinham em comum a paixão pelo heavy metal, por briga e por mulher - sem esquecer da loucura pelas motocicletas, é claro. Ao declarar o amor pelo motoclube, ele garante que “para tirar um colete de um motoqueiro, só o matando”, o que demonstra que, independente do perfil do motoclube, dos seus integrantes e das cilindradas das motos, o importante mesmo para pertencer a um motoclube é ter amor pelos companheiros e principalmente pelas duas rodas.


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