Qual o texto Original do Novo Testamento?

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Qual o Texto Original do Novo Testastamento A HISTÓRIA DO TEXTO - O Fluxo da Transmissão

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ritário com, por exemplo, a forma de texto P75,B). Podemos ver um caso específico: em 1 Tm. 3:16 uns 600 MSS gregos (além dos lecionários) trazem “Deus”, enquanto somente sete trazem algo diferente. Dos sete, três têm leituras particulares e quatro concordam em ler “quem.”343 De sorte que temos que

343

As leituras, com os MSS que as atestam, são as seguintes: o-D

ω - 061 oj Qeoj - um cursivo (e um Lecionário) oj - ℵ,33,442,2127 (três Lecionários) Qeoj - A,Cvid,F/Gvid,K,L,P,Y, uns 600 cursivos (além dos Lecionários) (inclusive quatro cursivos que têm o Qeoj e um Lecionário que têm Qeou). Será observado que minha declaração difere daquela do texto UBS, por exemplo. Ofereço a seguinte explicação. Young, Huish, Pearson, Fell, e Mill no século XVII; Creyk, Bentley, Wotton, Wetstein, Bengel, Berriman, e Woide no século XVIII; e Scrivener tão tardiamente quanto em 1881; todos eles afirmaram, baseados em cuidadosa inspeção, que o Códice A traz "Deus". Para uma discussão completa, favor ver Burgon, que diz de Woide "O erudito e consciente editor do Códice declara que tão recente quanto em 1765 ele tinha visto traços do Θ que, vinte anos depois (a saber, em 1785), não mais lhe eram visíveis." (The Revision Revised, pag. 434. Cf. pags. 431-36). Foi somente após 1765 que os estudiosos começaram a questionar a leitura de A (através de desvanecimento e desgaste, a linha do meio do theta não mais é discernível). Hoskier devota o Apêndice J de A Full Account (o apêndice sendo uma reimpressão de parte de um artigo que apareceu em Clergyman's Magazine, Fevereiro 1887) a uma cuidadosa discussão da leitura de Códice C. Ele gastou três horas examinando a passagem em questão, neste MS (o próprio MS), e oferece evidência que mostra claramente, estou convencido, que a leitura original de C é "Deus". Ele examinou o contexto ao redor e observa, "A barra-de-contração tem freqüentemente se desvanecido completamente (de um exame superficial, creio que a barra desapareceu mais vezes que não), mas outras vezes está evidente e imposta da mesma maneira que em 1 Tm. iii.16" (Apêndice J, pag. 2). Ver também Burgon, Ibid., pags. 437-38. Os Códices F/G têm OC onde a barra-de-contração é um traço inclinado. Tem sido argumentado que o traço representa a aspiração de ος, mas Burgon demonstra que o traço em questão nunca representa aspiração mas é invariavelmente o sinal de contração, e afirma que "ος não é em nenhum outro local escrito OC em nenhum dos dois códices" (Ibid., pag. 442. Cf. pags. 438-42). Presumivelmente a linha cruzada no pai comum [aos dois MSS] tinha se tornado muito fraca para ser vista. Quanto ao cursivo 365, Burgon o procurou exaustivamente e não apenas não conseguiu encontrá-lo, mas não pôde encontrar nenhuma evidência que ele jamais tenha existido (Ibid., pags. 444-45). (Tratei do caso de 1Tim. 3:16, na primeira edição deste livro, unicamente para ilustrar o argumento da probabilidade, não como exemplo de "como fazer crítica textual" [cf. Fee, "A Critique", pag. 423]. Já que a questão tem sido levantada, adicionarei umas poucas palavras sobre o assunto). As três variantes significativas envolvidas são representadas nos MSS unciais antigos como se segue: O, OC, e ΘC, significando, respectivamente, "que", "quem" e "Deus". Ao escrever "Deus", se um copista omitisse (por pressa ou distração momentânea) as duas linhas [a que cruza o theta e a barra em cima] resultaria em "quem". Os Códices A, C, F, e G têm numerosas ocorrências onde uma das duas (a linha cruzante ou a barra contractante) não é mais discernível (a linha original pode ter desvanecido ao ponto de ficar invisível, ou o copista pode ter falhado em escrevê-la). A hipótese de ambas as linhas se desvanecerem, como aqui no Códice A, é presumivelmente um evento infreqüente. A hipótese de um copista inadvertidamente omitir ambas as linhas também seria um evento infreqüente, presumivelmente, mas deve ter acontecido pelo menos uma vez, provavelmente bem cedo no segundo século e em circunstâncias que produziram um efeito que se propagou amplamente. A colocação “o mistério ... quem” é ainda mais patológica em grego do que o é em português. Foi assim inevitável, uma vez que tal leitura surgiu e se tornou conhecida, que ação remediadora fosse tentada. Conseqüentemente, a primeira leitura acima, “o mistério ... que,” é geralmente considerada como uma tentativa de fazer a leitura difícil inteligível. Mas tem que ter sido um desdobramento antigo, por que domina completamente a tradição latina, tanto de versões como dos Pais, como também é a leitura provável das versões Syrp e Cóptica. Encontra-se somente em um MS grego, Códice D, e em nenhum Pai grego antes do quinto século. A maioria dos estudiosos modernos considera “Deus” como uma outra resposta terapêutica, para a leitura difícil. Embora domine os MSS gregos (acima de 98%), é certamente atestada por somente duas versões, a Geórgica e a Slavônica (ambas posteriores). Mas também domina os Pais Gregos. Ao redor de 100 DC há possíveis alusões em Barnabé "Ιησους . . . ο υιος του Θεου τυπω και εν σαρκι φανερωθεις" (Cap. xii), e em Inácio, "Θεου ανθρωπινως φανερουµενου" (Ad Ephes. c. 19) e "εν σαρκι γενοµενος Θεος" (Ibid., c. 7). No século III parece haver claras referências em Hipólito. "Θεος εν σωµατι εφανερωθη" (Contra Haeresim Noeti, c. xvii), Dionísio, "Θεος γαρ εφανερωθη εν σαρκι" (Concilia, i. 853a) e Gregório Taumaturgo, º "και εστιν Θεος αληθινος ο ασαρκος εν σαρκι φανερωθεις" (citado por Fócio). No 4 século há citações ou referências claras em Gregório de Nissa (22 vezes), Gregório de Nazianzo, Dídimo de Alexandria, Diodoro, as Constituições Apostólicas, e Crisóstomo, seguido por Cirílo de Alexandria, Teodoreto, e Eutálio no quinto século, e assim por diante (Burgon, Ibid, pags. 456-76, 486-90). Quanto à leitura gramaticalmente aberrante, “quem”, além dos MSS já citados, a mais antiga versão que a atesta é a gótica (quarto século). Para se ter uma clara testemunha patrística grega para esta leitura se exige a seqüência µυστηριον ος εφανερωθη, uma vez que depois de qualquer referência a Cristo, Salvador, Filho de Deus, etc. no contexto anterior, o uso de uma cláusula predicativa é previsível. Burgon afirmou que não tinha conhecimento de nenhum tal testemunho (e seu conhecimento do assunto provavelmente nunca foi igualado) (Ibid., pag. 483). Assim, parece que as leituras “Ocidental” e “Bizantina” têm atestação mais antiga que a “Alexandrina”. Todavia, se a leitura “que” surgiu para remediar a leitura “quem”, então a segunda tem que ser mais velha. A leitura “quem” é admitidamente a mais difícil, tanto assim que aplicar o cânon “escolha a leitura mais difícil”, face a uma tão fácil explanação transcricional [a omissão sem querer dos dois traços] para a leitura difícil, parece ser irrazoável. Como Burgon tão bem o disse: “Confio que pelo menos estamos de acordo que a máxima ‘proclivi lectioni praestat ardua,’ não enuncia uma tão tola proposição quanto que, ao escolher entre duas ou mais


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