Opet & Mercado 2014 - n. 21

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Publicação do Grupo Opet | Curitiba, Paraná | Número 21 | Ano XII | Circulação dirigida

Eleições na prática Entenda como diferentes profissionais podem se envolver num processo eleitoral

Economia O economista David Tavares explica as influências da Copa do Mundo e das eleições para o país nos próximos anos

Analisar cenários,

desvendar demandas

Rogério Bonilha, diretor do Instituto Bonilha, fala sobre o impacto das pesquisas de intenção de voto no processo eleitoral

Da ditadura à democracia Política brasileira completa meio século de paradoxos


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Editorial

Ano XII| Número 21 | 2014

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GRUPO EDUCACIONAL OPET

José Antonio Karam Presidente DO Grupo Educacional Opet

Diretor-Presidente

José Antonio Karam Superintendente Educacional Adriana Veríssimo Karam Koleski Superintendente Editorial Cristina Swiatovski Diretora de Operações Daniele Veríssimo Karam

Ano de eleições mexe não apenas com a política, mas também com a economia do país e toda a sociedade. Esta edição da revista Opet & Mercado traz uma análise de como funcionam as eleições a partir de diferentes pontos de vista. Tem a ótica do marketing, da administração, da contabilidade e assim por diante.

Sede Rebouças (Centro) Avenida Getúlio Vargas, 892 CEP 80230.030 Curitiba, Paraná

Entender a lógica do processo eleitoral e como ele envolve diferentes profissionais e mercados de atuação traz o assunto para mais próximo da nossa realidade. Essa foi a forma que encontramos para despertar o interesse dos nossos leitores sobre um tema que corriqueiramente deixa boa parte dos brasileiros cansados ou pouco empolgados.

Central de Atendimento Telefone (41) 3028-2828

Conversamos com um especialista sobre o assunto, Rogério Bonilha, que é diretor do Instituto Bonilha e referência em pesquisa de opinião, mercado e mídia. Ele é nosso entrevistado principal e, inclusive, estampa a capa da revista. Falamos também com professores, representantes de entidades de classe e outros profissionais que compartilham suas experiências e expectativas em relação a este momento de transição que representa as eleições.

Boa leitura!

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Eleições na prática

Entrevista

Rogério Bonilha, diretor do Instituto Bonilha

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Sede Centro Cívico Rua Nilo Peçanha, 1635 CEP 80520.000 Curitiba, Paraná

Opet&Mercado

Revista editada pela Editora Inventa Ltda – CNPJ: 11.870.080/0001-52 Rua Heitor Stockler de França, 356, Centro Cívico – Curitiba / PR Gerente de Mercado

Profissionais de diferentes áreas opinam sobre o assunto

Panorama

Projeções para a economia nacional em 2015

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Contexto histórico

Seleção

Da ditadura à democracia

Dicas de quem entende

Dani Moro

Jornalista responsável Marília Bobato (DRT/PR 6828) marilia@iemecomunicacao.com.br Reportagem e edição de textos IEME Comunicação Fotografia de capa Divulgação Instituto Bonilha

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Reflexo

Política x Setor Produtivo

Fotografia Geísa Borrelli e banco de imagem Opet&Mercado é uma publicação do Departamento de Mercado. Artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do Grupo Educacional Opet.

www.opet.com.br Tiragem 10.000 exemplares

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Cidade Mirim: um processo eleitoral democrático

Seja um empreendedor

Resenha

Na prática

38 Artigo

Marketing político: uma fábrica de candidatos?


ZOOM NOTÍCIAS DAS EMPRESAS CONVENIADAS AO OPET

Preferência dos jovens

A Petrobras perdeu a liderança do ranking de “empresa dos sonhos” dos jovens para trabalhar, posto que mantinha desde 2012. O Google recuperou a primeira posição na lista, elaborada pela empresa de recrutamento Cia de Talentos em parceria com a consultoria Nextview People. As duas companhias revezam a colocação desde 2008. A pesquisa foi feita com 52 mil jovens que têm entre 17 e 26 anos. A razão para os jovens escolherem cada empresa varia desde estabilidade até possibilidade de aprendizado. Os jovens que afirmaram não ter uma empresa eleita dizem que, para se destacar nos seus sonhos, uma organização precisaria oferecer a possibilidade de equilibrar trabalho e vida pessoal, além de um ambiente com bons relacionamentos de trabalho.

Itaipu completa 30 anos

A maior hidrelétrica do mundo em geração de energia começou a ser construída em 1974. Exatamente dez anos depois, passou a atender o Brasil e o Paraguai – sócio no empreendimento. No primeiro ano de operação, a produção era pequena, 0,27 milhão de megawatts/hora (MWh), o equivalente a 0,28% da média gerada pela usina nos últimos cinco anos – 95,5 milhões de MWh. Porém, foi estratégica para um país cuja população crescia rapidamente. A usina de Itaipu hoje é de vital importância para o sistema elétrico nacional. “O Brasil tem mais de 3 mil plantas de energia e Itaipu, sozinha, fornece 17,3% dos quase 530 milhões de MWh que o país consome, além de atender o Paraguai. Em 2013, a usina binacional estabeleceu o recorde mundial de produção, com a marca de 98,6 milhões de MWh”, diz o superintendente de operação, Celso Torino que está na usina desde o início das primeiras ações para geração de energia. Fonte: Gazeta do Povo

Fonte: Cia de Talentos

Oportunidade de estágios

A Nestlé busca candidatos com formação prevista entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016. São aceitos todos os cursos de graduação de acordo com o setor de atuação. Ter inglês no mínimo intermediário é pré-requisito. As inscrições podem ser feitas o ano todo no site www.ciadetalentos.com.br. Já na Votorantim Cimentos, as oportunidades de estágio são para estudantes de administração, economia, engenharia de produção, engenharia civil ou química. Mais informações e
inscrições no site www.vagas.com.br. Fonte: Exame.com 6

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BRDE financia R$ 15,5 milhões para relocalização da fábrica da Franke

O BRDE assinou contrato de R$ 15,5 milhões para financiar a relocalização da Franke Sistemas de Cozinhas do Brasil, em Joinville. A unidade sairá do bairro Floresta para o Distrito Industrial, onde a Franke já ocupa uma área estratégica às margens da BR 101. A operação de crédito tem carência de 24 meses e prazo total de pagamento de 15 anos. O plano de investimentos da Franke contempla a edificação de aproximadamente 15 mil m² destinados a abrigar as áreas de produção, administrativa, vestiários, bicicletário, utilidades/resíduos, subestação de energia, dentre outras.

Ambev anuncia construção de Centro de Inovação e Tecnologia A Ambev anunciou em agosto que irá construir um Centro de Inovação e Tecnologia para desenvolvimento de cervejas, chás, isotônicos, refrigerantes e energéticos na Ilha de Bom Jesus, na Ilha do Governador (RJ), e que irá empregar diretamente 50 pessoas no local. Segundo o presidente da companhia, João Castro Neves, a construção do centro vai custar R$ 180 milhões. Fonte: Exame.com

Fonte: BRDE

Construtora Baggio amplia atuação no mercado paulista

A Construtora Baggio, com sede em Curitiba e unidades em Campinas e em Belo Horizonte e há mais de 30 anos no mercado, é especializada na construção de casas e imóveis corporativos personalizados voltado para um público padrão de alta classe. A diretora comercial, Blanca Baggio, diz que a escolha de montar um braço da empresa em Campinas levou em conta, num primeiro momento, o perfil de público muito exigente e refinado que possui traços bastante similares com o público de Curitiba. “Outro fator foi a localização estratégica de Campinas para atender a região metropolitana que é rica em condomínios. A gente também quer montar uma sede em São Paulo para atender melhor os condomínios da região de Alphaville e as obras corporativas, porque além de obras residenciais somos fortes em obras hospitalares, escolas, clínicas”, conta. No estado de São Paulo, a construtora tem 40 obras residenciais sendo desenvolvidas na região de Campinas e, no mercado corporativo, a construção de um hospital na capital paulista e um projeto em negociação para mais uma obra desse mesmo hospital. Fonte: DCI

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COM O MERCADO Alunos encaminhados pela Opetplacement:

Nome| Danilo Barbosa Pereira Curso|Logística Onde trabalha Cosma do Brasil Produtos e Serviços Automotivos Ltda. Nome | Mariana Camargo Curso| Marketing Onde trabalha Editora Jota Nome| Bruno Rezende Mandello Curso|Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas Onde trabalha| IBM

Nome| Rodrigo Antunes Almeida Curso| Publicidade e Propaganda Onde trabalha| Multiloja

Nome| Pedro Paganni Lopes Curso| Ciências Contábeis Onde trabalha Votorantim Industrial S.A.

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Fotos: Divulgação Opet

Nome | Wellen Schuindt da Silva Novato Curso| Administração Onde trabalha | Paraná Previdência

Nome|Juliana Fischer Curso| Direito Onde trabalha Tribunal de Justiça do PR

Nome| Mayara Sufiane Souza Carmo Christmann Curso|Pedagogia Onde trabalha | Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus

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Entrevista

Analisar

cenários, desvendar demandas

Rogério Bonilha, diretor do Instituto Bonilha, fala sobre o impacto das pesquisas de intenção de voto no processo eleitoral

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Uma campanha eleitoral eficiente precisa seguir uma via de duas mãos. De um lado, comunicar bem e de maneira clara aos eleitores as propostas do candidato. De outro, ouvir o eleitorado para entender os anseios e opiniões de quem, nas urnas, decide o futuro político do país. No núcleo central de estratégias das campanhas e decisões dos eleitores, está a pesquisa política. Ao aliar recursos tecnológicos, humanos e metodologias adequadas, a pesquisa se torna uma importante ferramenta de análise qualitativa e quantitativa acerca dos fatos sociais, políticos e mercadológicos de determinados contextos. Assim, em época de eleições, contribui para a definição de planos de ação por parte das equipes de marketing político de acordo com o comportamento da opinião pública.

No Paraná, uma das principais empresas dedicadas ao ramo é o Instituto Bonilha, criado há mais de duas décadas pelo professor universitário e sociólogo, Rogério Bonilha. Com ampla experiência em planejamento e execução de pesquisas nas áreas mercadológica, política e de comunicação, Bonilha elaborou nos anos 1980, em parceria com alguns de seus alunos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), uma metodologia para a coleta e análise de informações sobre o cenário político brasileiro. Inovador à época, o trabalho desenvolvido pelo Instituto é hoje reconhecido pelos principais meios de comunicação e empresas do país. Na entrevista a seguir, Bonilha comenta a importância das pesquisas de intenção de voto e explica de que modo esses dados podem influenciar os resultados de uma disputa eleitoral.

Quando surgiu e o que motivou a criação do Instituto Bonilha? Se fosse hoje, usaríamos o termo startup para explicar o aparecimento de um instituto em uma época em que existia apenas o Ibope, o Gallup e outras duas ou três empresas de pesquisa no eixo Rio-São Paulo. O Instituto surgiu pelo ímpeto de se tentar algo inovador, a partir de algumas experiências bem-sucedidas na área de pesquisa de opinião, feitas enquanto eu era professor da Universidade Federal do Paraná. Dominava a teoria e a prática, era possível. Contando com a ajuda dos alunos de Métodos e Técnicas de Pesquisa e de Metodologia Científica, disciplinas ministradas por mim, fazíamos pesquisas, algumas bem motivadoras. Pensando bem, a UFPR foi o ponto de partida, mas a instituição carecia de infraestrutura, dispunha apenas de um grande computador, movido a cartões perfurados. Para usá-lo, havia fila de interessados e, para ganhar um lugar, somente com muitas justificativas. Depois, vários meses de espera para a finalização do serviço. Repentinamente tudo se resolveu com o surgimento dos microcomputadores. Desenvolvi especificações para um programa de processamento de dados específico para pesquisa e, com o apoio de um programador, em pouco tempo estava à frente de todos os institutos - não apenas em velocidade para a execução, mas em acertos. Os resultados das pesquisas eleitorais

eram os frequentemente errados por aqueles poucos institutos. Ao analisar as causas, consegui desenvolver algumas soluções para a redução do risco de falhas. As primeiras pesquisas ganharam destaque porque foram publicadas pela Folha de S.Paulo. Esse jornal referia-se a mim como o professor Bonilha e sua equipe. Certo dia, vejo a Folha mencionado o nome Instituto Bonilha. Batizaram a minha atividade. Ficou assim até hoje, desde os anos oitenta. De que modo as pesquisas de intenção de voto influenciam a disputa eleitoral? Nas duas pontas: candidatos e eleitores. O planejamento da campanha de um candidato é pautado por pesquisas. A começar pelo candidato que é levado a refletir incessantemente sobre os resultados provenientes da opinião pública. A pesquisa orienta as campanhas, do início ao fim, mostrando todas as possibilidades, os desdobramentos, as chances e os prováveis caminhos para a vitória. Sem elas é impossível desvendar a demanda e a analisar o comportamento dos eleitores. Estes, por sua vez, têm na pesquisa uma importante fonte de informação. Bem conduzidas elas levam ao eleitor uma visão geral sobre a evolução da campanha, as propostas mais valorizadas pelos outros eleitores e a imagem que a sociedade tem de cada candidato. mercado 11

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“A pesquisa orienta as campanhas, do início ao fim, mostrando todas as possibilidades, os desdobramentos, as chances e os prováveis caminhos para a vitória.” Como funcionam as pesquisas que o Instituto Bonilha realiza em época de eleições? Quais as metodologias adotadas? Pela origem acadêmica do Instituto e em razão da sua própria história, os estudos realizados têm um papel cada vez mais estratégico. Estratégia e inovação caminham de mãos dadas. As metodologias que usamos, para planejamento e análise, são semelhantes às praticadas no mundo todo, por grandes instituições de pesquisa. Fundamentam-se numa base consolidada de conhecimento científico que não pode ser ignorada. Temos resistido aos modismos, acompanhamos, mas não apreciamos muito o lado “fashion” das pesquisas. Entendemos que, comercialmente, funciona bem dar um nome atrativo para uma modalidade de investigação, no entanto, se ela não possuir alicerce científico, não garantirá segurança para quem quer tomar uma decisão séria com base em informação de pesquisa. O que fazemos permanentemente é acompanhar os avanços da Sociologia, da Estatística, da Informática, da Antropologia Cultural, da Psicologia, da Linguística e de outras ciências no que diz respeito aos avanços que podem ser incorporados na prática da pesquisa social. A inovação, assim, é obtida pela associação e introdução 12

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de diferentes campos na prática da pesquisa. Paralelamente, temos as técnicas e os processos. Estes são mais fáceis de serem atualizados. A coleta de dados, nas entrevistas feitas em campo, pode ser realizada em tempo real por meio de tablets, com processamento imediato de resultados. Isto possibilita relatórios preliminares online. Com a influência das mídias sociais e intensa circulação de informações, ainda é possível que as pesquisas de intenções de votos de fato revelem qual candidato deve ser eleito? O que tenho percebido é aquilo que chamo de fertilização cruzada de informação. A mídia social ampliou os canais de participação. Antes o eleitor que desejava propagar uma opinião, mandava uma carta para a redação do jornal e aguardava por vários dias a sua publicação. Hoje milhares de eleitores podem postar suas opiniões em tempo real, inúmeras vezes em múltiplos canais de comunicação propiciados pela internet. Em razão disto, o debate é intenso, contínuo e a opinião individual e pública é formada e reformulada velozmente. O eleitor pode ser enfático e convincente ao praticar o chamado ativismo de poltrona. Na maioria dos casos, as opiniões estão sujeitas a uma igualmen-

te rápida transformação, ante o bombardeio constante de informações e fatos novos. É como se olhássemos num caleidoscópio. A forma de pesquisar acaba sendo influenciada por esta transformação da comunicação. As técnicas de percepção e registro das intenções dos eleitores devem estar adequadas a uma situação muito volúvel em que tudo pode mudar a qualquer momento. Descobrir tendências, neste contexto, é um desafio para a estatística, agora indispensável na análise dos resultados que, obrigatoriamente, precisam ser provenientes de coletas diárias. A revelação mais segura ou menos segura de quem será eleito está condicionada à qualidade e ao volume de informações. Contribuem para isto a junção das pesquisas quantitativas, qualitativas e big data, ao lado de indicadores secundários. O Instituto Bonilha desenvolveu uma pesquisa que revela o índice de confiança do eleitor. As recentes manifestações, que levaram muitos brasileiros às ruas em junho de 2013, vêm de encontro aos índices obtidos nesta pesquisa? O brasileiro está descrente em relação ao poder público? Esta pesquisa ainda está em fase experimental. Sua metodologia está sendo ajustada. Há mais

de três anos está sendo testada. Procuramos realizar pré-testes na época das grandes manifestações de rua e, recentemente, por ocasião das polêmicas sobre a Copa. Faremos o mesmo no período eleitoral. É um instrumento que promete muito, será um termômetro para medir a saúde das instituições de forma bem detalhada. Aliás, é um projeto que está aberto a pós-graduados que tenham algum interesse no assunto. Outras pesquisas medem a satisfação com o poder público. A população está tão descontente com a falta de solução para as questões da segurança e saúde que já deixou de priorizar outros itens. A descrença, aí, abrange o executivo, legislativo e judiciário. Tais problemas envolvem diretamente todas as classes sociais, diferentemente do que acontecia a duas décadas, época em que os mais abastados eram menos afetados. Como vem sendo a participação dos brasileiros ao longo dos anos em relação às pesquisas eleitorais? É possível definir o perfil do eleitor brasileiro? Observa-se alguma mudança ou evolução significativa nesse perfil? Os eleitores ficaram mais experientes e mais desconfiados. Conhecem a dinâmica do mundo político: os mesmos de sempre e

os sucessores dos mesmos tratam dos mesmos interesses próprios, abandonando a população num plano secundário. Há consenso: para a manutenção dos privilégios, os políticos procuram manipular as opiniões pela propaganda governamental e pelo marketing político no período eleitoral. A maioria crê nisso. A forma de escolher varia: há os que procuram adivinhar quais candidatos podem oferecer alguma vantagem em troca do voto, há os que votam de acordo com a maioria, e há até os que votam pela aparência pessoal e simpatia do candidato. São modos de seleção ruins para a democracia. Não constituem maioria os que votam por uma ideologia, por propostas bem fundamentadas ou pelo preparo intelectual ou competência para governar do candidato. Copa do Mundo no Brasil e, no mesmo ano, as eleições presidenciais. Por meio de pesquisas, é possível dizer se um evento gera impacto no outro? O fato da seleção brasileira não ter saído vencedora da Copa tem influência nas urnas ou isso é mito? Período de muita emoção, a Copa parecia polarizar todos os aspectos da vida social, inclusive os políticos. A emoção passou e as vinculações do esporte com as outras áreas sociais enfraqueceram.

Ficou a discussão que talvez nem ganhe espaço nos debates eleitorais: se foi um investimento racional do ponto de vista econômico e social. A derrota diluiu-se entre outras derrotas diárias, como a do jogo por saúde e segurança, e entre vitórias, como a de participar de uma nova classe média. Teremos uma repetição nas Olimpíadas. Investimento semelhante com apoios e contestações em última hora. É o jeito brasileiro de fazer as coisas. Existe alguma fórmula para que uma campanha eleitoral seja vitoriosa? Quais critérios devem ser levados em conta? Há maneiras de ampliar as chances de vitória. A gestão da vida política de alguém ou de algum grupo interessado em política não se restringe ao período da campanha. É de tal complexidade que exige uma estrutura e um trabalho contínuo por longo período. Conhecer, compreender, experimentar e aplicar são praxes que compõem a rotina para se aproximar e motivar eleitores. Construir uma imagem de credibilidade, baseada em fatos valorizados pela sociedade, estabelecer um relacionamento franco e confiável com públicos-alvo, tudo isto requer o desenvolvimento de aptidões, de liderança, de técnica e apoio de profissionais bem preparados. mercado 13

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Em relação às eleições 2014 e de acordo com as pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Bonilha, como a de Tendências para a Economia em 2015, quais devem ser os principais temas que pautarão a disputa e, possivelmente, definirão o resultado? Existe uma pauta explícita que é imposta aos eleitores pelas campanhas dos candidatos. As questões são abordadas de forma genérica, por exemplo, a da segurança. É um tema que abriga meia dúzia de assuntos, como o das drogas, dos menores infratores, da falta de efetivos, do pequeno número de postos policiais e da necessidade de integração de todas as modalidades de polícia, a civil com a militar com a guarda urbana e assim por diante. Um problema como este, via de regra recebe tratamento global envolvendo soluções quantitativas: mais viaturas, mais policiais, mais, mais e mais. Contudo o eleitor quer, sim, quantidade, mas não se contenta com a frieza dos números. A situação do menor revela bem isto: a redução da maioridade é apenas uma parte da conversa. O candidato deve mostrar sensibilidade para o que as pesquisas qualitativas têm indicado: os menores “do bem” são tratados, tanto pela população como pela polícia, como sendo “do mal”, por precaução ou por preconceito. O candidato tem de mostrar mais empatia, como se estivesse no lugar do adolescente ou do jovem - andando num bairro pobre à noite, vestido num estilo alternativo, calçando sandálias, tatuado - mas voltando da escola ou do trabalho, vendo as pessoas se afastarem por

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receio ou sendo submetidos a uma revista padrão da polícia. O eleitor aprecia candidatos mais humanos, que revelam histórias como esta, mostrando maior proximidade e familiaridade com a vida cotidiana dos eleitores. O grande pano de fundo, o tema principal, imagino, deverá ser a urgência de reformas econômicas profundas, tarefa para

qualquer governo eleito, seja situação ou oposição, no plano nacional a partir de 2015. Assunto delicado em razão de apenas um terço dos eleitores do sul brasileiro quererem mudanças mais radicais, principalmente os mais jovens das grandes cidades. A maioria quer mudanças moderadas e até mesmo a continuidade com algumas correções.

“Antes o eleitor que desejava propagar uma opinião, mandava uma carta para a redação do jornal e aguardava por vários dias a sua publicação. Hoje, milhares de eleitores podem postar suas opiniões em tempo real.”

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Panorama

Projeções para a

economia nacional em 2015 O economista David Tavares explica as influências da Copa do Mundo e das Eleições para os rumos do país nos próximos anos

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Entre 2010 e 2014, a Copa do Mundo injetou cerca de R$142 bilhões à economia brasileira, segundo estudo solicitado pelo governo à Fundação de Estudos e Pesquisas Econômicas (FIPE), ligada à Universidade de São Paulo (USP). Ainda segundo a entidade, sediar o Mundial contribuiu também para melhoras no mercado de trabalho. Estima-se que, considerando a contratação de temporários, 900 mil empregos foram gerados no país. De acordo com balanço oficial do Tribunal de Contas da União (TCU), foram R$25,6 bilhões gastos em obras para o torneio, entre construção de estádios e investimentos em infraestrutura. Deste valor, 83,6% saíram dos cofres públicos, e R$4,2 bilhões vieram da iniciativa privada. A maior parte do dinheiro (R$12 bilhões) foi destinada à construção de corredores de ônibus, novos acessos a aeroportos e ampliação de vias. Os portos somaram 2,6% do total dos investimentos, enquanto a infraestrutura das telecomunicações recebeu 1,4%. Obras estas imprescindíveis para um tema que provocou manifestações por todo o país em junho de 2013: a mobilidade urbana. O legado positivo fica. Mas as dúvidas quanto ao rumo político-econômico do Brasil continuam: após encerrarmos a Copa do Mundo amargando uma quarta posição entre as seleções mundiais, damos início à disputa eleitoral. Para o economista, autor do livro Gestão de Finanças e Tributos, David

“Para os candidatos ao Governo Federal, persuadir o eleitorado quanto ao crescimento econômico do país nos próximos anos será peça-chave na decisão das eleições 2014.” Tavares, os gastos com o Mundial alimentaram a inflação. Atualmente, a inflação oficial do Brasil acumulada em 12 meses é de 6,52%,valor que ultrapassa a meta de 4,5% com a variação de dois pontos percentuais para mais ou para menos estabelecida pelo Banco Central. “Estes patamares de variação nos preços dos bens e dos serviços consumidos é mal visto aos olhos do mercado, principalmente no mercado financeiro, porque a elevação dos preços reduz os juros reais de rentabilidades das aplicações. No médio e longo prazo, isso ocasiona uma redução no retorno dos investimentos. Além disso, corrói o poder de compra da população e, consequentemente, pode exigir ações monetárias mais rígidas do BACEN (Banco Central do Brasil), como a elevação da taxa básica de juros da economia, a taxa SELIC, tendo como consequência uma redução da atividade econômica”, explica Tavares que também é professor de Economia na Faculdade Opet. Assim, para os candidatos ao Governo Federal, persuadir o eleitorado quanto ao crescimento econômico do país nos próximos anos será peça-chave na decisão das eleições 2014.

Legados Em 2010, sob o legado do ex-presidente Lula, o Brasil alcançou um crescimento econômico de 7,5%. Programas como o Bolsa Família, que incorporou cerca de 40 milhões de brasileiros à classe média, possibilitaram que todos consumissem mais e houve um aumento considerável da demanda por bens e serviços. Nos três anos seguintes, já no governo Dilma, a desaceleração foi evidente: em 2013, o índice foi de 2,5%. De acordo com Tavares, essa desaceleração se deve, principalmente, aos problemas de infraestrutura do país. “O aumento da demanda por bens e serviços revelou a infraestrutura precária que temos para o transporte de mercadorias entre os estados. Chamou a atenção também, a necessidade de mais organização nos portos e aeroportos para o controle mais eficaz das importações e exportações. Contudo, no Brasil pouco se investe em rodovias, ferrovias, aeroportos e portos, pois são ações de médio e longo prazo, o que ultrapassa o período de gestão de um ou outro partido político que esteja no poder. Como reflexo desse problema, há o aumento de custos para o empresário, o que promercado 17

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voca um fenômeno conhecido por inflação de custos, pois o empresário repassa, na grande maioria das vezes, o valor excedido ao preço da mercadoria final”, diz. A inflação, então, sobe e, para contê-la, o governo adota como medida preventiva o aumento da taxa básica de juros do Brasil, a taxa Selic. “Com a Selic maior, além de aumentar o retorno dos investimentos no mercado financeiro, o que provoca uma evasão de recursos produtivos para fundos de investimento atrelados a este índice (Selic), restringe-se também, a oferta de crédito no país, o que diminui a demanda por produtos, reduzindo consequentemente os preços e o volume de produção. No longo prazo, isso provoca um aumento do desemprego”, complementa Tavares. Em 2014, as instituições financeiras esperam pela manutenção da Selic em 11% ao ano. Para 2015, no entanto, há expectativa de elevação da taxa em um ponto percentual, encerrando o período em 12% ao ano. Já a estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, caiu de 2,2% para 1,8% em 2014, e de 2,5% para 2,2%, em 2015.

Investimentos Para engrenar, o Brasil precisaria de investimentos em infraestrutura e um aumento expressivo da qualidade de mão de obra no país. E para isso, é necessário melhorar os índices de educação. “Nos últimos 10 anos, percebeu-se que não tínhamos mão de obra qualificada para desenvolvimento de novas tecnologias, o que poderia provocar saltos de produtividade na infraestrutura nacional. Então começaram os investimentos na área educacional, com um aumento expressivo de bolsas de estudo, como o ProUni, investimento nas universidades federais e expansão das universidades privadas para tentar absorver esse hiato educacional. Mas, infelizmente, o governo é um péssimo gestor na distribuição dos recursos e ainda são poucos os bons resultados nessa área”, afirma o economista. Tavares diz que, além de investir em infraestrutura, o governo de oposição ou situação que vencer as Eleições 2014, precisa equilibrar as contas públicas para

manter o crescimento sustentável do país. “Nossa máquina pública é muito cara e ineficiente. São muitos funcionários públicos, muitos Ministérios e investimentos que, devido a uma má gestão, acabam não trazendo o retorno esperado”. Para atingir a meta de superávit primário, muito cobrada pelo mercado como fator de credibilidade do país e índice que mede o resultado positivo das receitas e despesas do governo evidenciando os valores necessários para o pagamento dos juros da dívida pública, a melhor estratégia política estaria, então, em três importantes fatores: reforma tributária, eficiente gerenciamento dos gastos e um eficaz controle da inflação. “Reduzindo a carga tributária, seriam favorecidos os pequenos e médios empresários, hoje os grandes geradores de emprego no país. Isso manteria uma estabilidade de crescimento econômico para os próximos anos e garantiria a manutenção do pleno emprego, ponto de extrema importância para o bem-estar da economia”, diz Tavares.

“No Brasil pouco se investe em rodovias, ferrovias, aeroportos e portos, pois são ações de médio e longo prazo, o que ultrapassa o período de gestão de um ou outro partido político.”

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Contexto Histórico

Da ditadura à democracia

Política brasileira completa meio século de paradoxos

As eleições de 2014 no Brasil serão a sétima desde que Tancredo Neves e José Sarney reiniciaram a jornada democrática com votos diretos. Nesse ano, em paradoxo, o golpe militar completa 50 anos de imposição da ditadura por longos 21 anos. Para o professor especialista em História Cultural, Thiago Felipe dos Reis, após meio século desse atentado à democracia, ainda são vistos os reflexos do sofrimento de um país que foi duramente reprimido pelos próprios

conterrâneos. “Necessitamos enxergar de uma maneira mais cuidadosa o atual estágio da política e da sociedade brasileira, que ainda vive alguns ranços desse tempo”. Dentre os marcos da época, Atos Institucionais foram impostos, sendo o AI-5 o mais severo. “Em 13 de dezembro de 1968, o que se viu neste país foi uma série de mandos e desmandos, com torturas, perseguições, prisões e fechamento de órgãos que legitimavam a democracia”, completa Reis.

Da herança ditatorial, ficou também para o Brasil uma dívida impagável. No final do ano de 1984, durante o governo de João Figueiredo, o país devia algo em torno de 53,8% do Produto Interno Bruto (PIB) para bancos estrangeiros. De acordo com dados disponibilizados pelo jornal Folha de São Paulo (edição 31/03/2014) a dívida externa nacional contraída pelos militares ultrapassa U$ 1,2 trilhões, em valores atualizados.

“Herdamos problemas gravíssimos deixados pelos militares: a concentração de renda, sustentada como política de estado, idealizada pelo Ministro da Fazenda Delfim Neto (“o bolo do crescimento”), contribuiu enormemente para alargar a fronteira entre os mais ricos e os mais pobres. A corrupção endêmica e silenciosa dos governantes, presente nas construções faraônicas da época do milagre econômico também corroboraram para esfacelar a economia brasileira”, explica o professor de História e Mestrando em História na área de Política e Movimentos Sociais, Denilton Novais de Azevedo. Para ele, evidentemente que esses legados negativos foram pagos pelas gerações vindouras, que tiveram de conviver com o crescimento descontrolado da inflação e com o aumento da desigualdade social.

Valores democráticos Apesar de todos os legados negativos deixados pelo período militar, a democracia ainda não é plenamente reconhecida como uma conquista pelos brasileiros. Prova disso é um estudo coordenado pelo Latinobarómetro, com participação de 18 países latino-americanos, que aponta que o Brasil tem a segunda menor taxa de apoio à democracia, perdendo apenas para a Guatemala. Os participantes tiveram que responder com qual frase mais concordavam: a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo; em algumas circunstâncias, um governo autoritário pode ser preferível a um democrático; tanto faz, um regime democrático e um não democrático dá no mesmo. Na média das pesquisas entre 1995 e 2013, 44% dos brasileiros

dizem que a democracia é a melhor escolha. Para 19%, um governo autoritário pode ser preferível em certas circunstâncias e, para 24%, não faz diferença. O restante não respondeu. No Uruguai, país com a maior média de apoio à democracia, 78% dizem preferir um sistema democrático; 15% defendem o autoritarismo e 10% são indiferentes. O Brasil perde apenas para a Guatemala, onde apenas 38% preferem a democracia a qualquer outro tipo de governo. Mais otimista, o professor Thiago Felipe dos Reis acredita que, mesmo com todas as contradições da sociedade brasileira, a democracia no país, apesar de jovem, está consolidada. “As eleições desse ano representam a maior manifestação que a população pode ter, o ato de manifestar a sua vontade ao escolher o seu governante”, defende.

Linha do tempo da política brasileira:

1968 Decretado o Ato Institucional 5, o qual censura a imprensa e fecha o Congresso Nacional. mercado

1964 Golpe militar e início da Ditadura no Brasil.

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1979 Início do movimento pela redemocratização, com greves e a Lei da Anistia.

1984 Movimento Diretas Já leva multidões às ruas reivindicando eleições diretas.

1985 Fim do governo dos militares e início da Nova República.

1986 Plano Cruzado I e II são instituídos a fim de derrubar a alta inflação.

1988 É lançada a Nova Constituição do Brasil.

1989 Fernando Collor é o primeiro presidente eleito pelo voto direto desde 1960.

1990 Plano Collor retém depósitos de conta corrente e poupanças.

1992 Collor renuncia antes de sofrer impeachment.

1994 Fernando Henrique Cardoso vence as eleições para presidente e Plano Real é lançado.

2002 Luiz Inácio Lula da Silva é eleito presidente.

2009 Escândalos, como o Mensalão, abalam a credibilidade dos políticos.

2010 Dilma Rousseff é eleita a primeira mulher presidente do Brasil.

2013 Cerca de 200 mil brasileiros vão às ruas protestar.

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Guia

Eleições na prática

Administrar um partido, coordenar uma campanha política, acompanhar a vitória de um candidato. Entenda como uma eleição pode envolver profissionais de diversas áreas É possível comparar o funcionamento de um partido político ao de uma empresa? Se você nunca fez essa alusão e prefere nem pensar no assunto eleições, tal comparativo pode levar a uma reflexão diferente. Isso porque o fato de comparar um partido a uma (boa) empresa envolve uma palavra de ordem: profissionalismo. Afinal, para se manter competitiva no mercado, qualquer empresa precisa atuar de forma profissional ou estará fadada ao fracasso. Para o partido político deve valer o mesmo, principalmente em ano de eleições que tem como objetivo final a conquista da vitória do candidato.

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Administração

Jornalismo

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Por Jefferson Fischer

Ciências Contábeis

Por Jeferson Born

26 Direito

Por Henrique Silveira

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E se é para funcionar como uma empresa, é importante que o partido siga uma série de regras e preceitos, sendo que a maioria deles é proveniente da Justiça Eleitoral. É importante também cuidar da imagem institucional, fazer uma propaganda adequada e um bom planejamento de marketing. Assim, se faz necessário contar com colaboradores gabaritados nestas diferentes áreas. A fim de entender de que forma algumas profissões e profissionais podem se envolver num processo eleitoral, a revista Opet & Mercado ouviu especialistas da Faculdade Opet que são destaques em suas áreas de atuação e traz neste guia diferentes pontos de vista sobre o assunto.

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Por Rodrigo Wolff Apolloni

Marketing Por Alceu Cruz

Publicidade

Por Mauro Bruno Pinto

ADMINISTRAÇÃO Jefferson Fischer | Coordenador dos cursos de Administração (Rebouças), Ciências Contábeis (Rebouças), Tecnologia em Comércio Exterior e Tecnologia em Gestão Financeira

Quais conceitos de Administração podem ser aplicados a uma campanha eleitoral? Praticamente os cinco conceitos básicos da Administração: previsão; planejamento; organização; direção e controle. Por exemplo: quantidade de eleitores, regularização dos títulos, planejamento de segurança, planos de contingência, apuração, tendências, evolução do candidato, estratégias, alianças, entre outros. Podemos fazer uma alusão comparando o funcionamento de um partido político ao funcionamento de uma empresa? Sim, um partido político é uma organização formal, portanto se submete às legislações brasileiras. Legislação tributária, trabalhista, civil e penal. Aliás, como qualquer outra organização formal brasileira. Fazer alianças é um ponto fundamental para qualquer político em campanha. Como gerenciar e superar conflitos com as equipes de trabalho? Num regime democrático, onde os desafios e ideologias são múltiplos, se faz necessário diversos tipos de alianças políticas para vencer ou pelo menos aumentar as possibilidades de vitória, como as empresas que muitas vezes constroem parcerias para conseguir atingir seus objetivos. E para gerenciar os conflitos e poder minimizá-los são necessárias as aplicações relacionadas a gestão de pessoas e psicologia organizacional. Matérias essas que fazem parte da matriz curricular do curso de Administração.

Como organizar uma campanha política para o candidato sair vitorioso? Quais princípios da Administração devem ser levados em conta? É preciso lembrar que a vitória não é uma receita de bolo, ou uma matéria exata, como a matemática. E que também existem outros candidatos, que cobiçam a mesma situação de vitória. Porém, as disciplinas relacionadas a Elaboração de Pesquisas, Marketing, Mercadologia e Direção e Liderança podem contribuir significativamente para o aumento exponencial da aceitação e sucesso de um determinado candidato. Podemos afirmar que em todos os países democráticos ocidentais, as campanhas eleitorais são coordenadas pelos chamados “Marqueteiros”, que nada mais são do que “Administradores de Campanhas”, altamente especializados no assunto em questão, e que utilizam todas as ferramentas administrativas para obter o sucesso em seus empreendimentos eleitorais. Enfim, é o maravilhoso mundo da Inteligência Empresarial (ou Business Intelligence) referindo-se ao processo de coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferecem suporte à gestão das campanhas políticas.

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CIÊNCIAS CONTÁBEIS Jeferson Born | professor do curso de Ciências Contábeis

Como o partido político deve organizar sua Contabilidade? A lei que dispõe sobre os partidos políticos é a Lei n.º 9.096 de 1995 e em seu artigo 30 é definido que o partido político deve manter escrituração contábil, de forma a permitir o conhecimento da origem de suas receitas e a destinação de suas despesas, por meio da publicação dos balanços na imprensa oficial e do envio de balancetes mensais à Justiça Eleitoral, no período de quatro meses antes e dois meses depois da eleição. Os demonstrativos contábeis devem conter a caracterização dos valores e a destinação dos recursos originários do fundo do partido, a descrição da origem e dos valores das contribuições e das doações, e a discriminação detalhada de todas as receitas e despesas realizadas. O controle da origem e da destinação dos recursos que pagam as campanhas eleitorais está cada vez mais rigoroso, sendo que os partidos políticos devem constituir comitês e designar quem serão os dirigentes partidários específicos, que serão responsáveis pela movimentação dos recursos financeiros durante a campanha eleitoral. Junto com essa constituição devem ser descritas as responsabilidades de cada um deles, pois os mesmos responderão civil e criminalmente pelas possíveis irregularidades que venham a acontecer. As campanhas eleitorais estão se tornando uma empresa em todas as suas atividades. A principal é a contabilidade da campanha, que pode fazer com que o candidato ganhe as eleições no voto e perca na hora de prestar contas das despesas efetuadas. Como o partido ou candidato deve agir para manter todo este processo de forma profissional e legal? É necessário que os partidos políticos e os candi24

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datos tenham a posse dos documentos comprobatórios de todas as entradas e saídas de dinheiro e dos bens recebidos e aplicados durante a campanha política por meio de escrituração contábil por no mínimo cinco anos. Essa escrituração deve ser realizada obrigatoriamente por contador ou técnico em contabilidade, registrados no Conselho Regional de Contabilidade, sendo que esses profissionais respondem por irregularidades nessa escrituração, podendo ser suspensos ou até mesmo cassados de suas atividades contábeis. A Contabilidade é muito importante para os candidatos e partidos políticos, pois será a base de comprovação das arrecadações e dos gastos eleitorais em todas as etapas da campanha. O descumprimento das regras impostas para cada candidato a eleição pode resultar ao infrator o pagamento de multa (de cinco a dez vezes a quantia que excedeu o limite estipulado para o gasto) que serão recolhidas em até cinco dias úteis contados da intimação da decisão judicial, ou até mesmo poderá ter o seu registro ou diploma cassado, podendo ficar inelegível pelo prazo de oito anos, pois sua ação pode ser considerada abuso de poder econômico. A Justiça Eleitoral é a responsável pela fiscalização da escrituração contábil e da prestação de contas do partido político, bem como das despesas de campanha eleitoral. A Justiça Eleitoral é responsável também em atestar se a escrituração contábil e a prestação de contas refletem adequadamente a real movimentação financeira e se os gastos e os recursos aplicados nas campanhas eleitorais são dignos de veracidade. Não apenas os partidos, mas também candidatos, vices e suplentes devem prestar contas a respeito da movimentação financeira de suas campanhas

eleitorais. A Resolução do TSE para as eleições 2014 fala em necessidade de assinatura do candidato e do profissional de contabilidade na prestação de contas. Isso deixa o processo mais confiável e transparente? O artigo 21 da Lei n.º 9.504 de 1997 estipula que o candidato é solidariamente responsável, em conjunto com a pessoa indicada por ele para realizar a movimentação financeira da campanha, pela veracidade das informações financeiras e contábeis que ocorrem durante a campanha eleitoral, obrigando ambos a assinarem a prestação de contas. Para essa movimentação é obrigatória a abertura de conta corrente bancária específica que registrará toda essa movimentação financeira. A Contabilidade é o embasamento necessário para a prestação de contas à Justiça Eleitoral, servindo de elemento de prova de fatos e atos praticados das origens das receitas e das aplicações das despesas em campanha, por isso é conveniente além de obrigatória, a assinatura do candidato em conjunto com o contador responsável pela elaboração de toda a contabilidade da campanha, tornando com certeza todo o processo mais confiável e transparente, promovendo segurança para os candidatos, para os partidos políticos e para a Justiça Eleitoral. Essa segurança vem da confirmação do profissionalismo, utilizando legislação pertinente e uniformidade na apresentação das demonstrações contábeis, combatendo também a corrupção. Quais as principais dificuldades que o contador enfrenta ou pode enfrentar em relação à prestação de contas de uma eleição? Uma das dificuldades encontradas pelo contador em relação à prestação de contas se deve às muitas mudanças na legislação que ocorrem nesse tipo de situação. Outra dificuldade em especial encontrada pelos contadores está na autonomia que os candidatos têm, pois nem a Justiça Eleitoral tem permissão de adentrar a essa autonomia. O contador fica limitado à análise apenas dos documentos que o candidato ou partido político entregaram para a escrituração contábil, sem saber em algumas situações, qual é a origem oficial desses documentos. Podemos citar também a restrição que existe na entrega das declarações, pois não é permitida em situação alguma a correção de declarações já entregues, ou seja, o candidato, independente se eleito ou não, pode ser alvo de representação na Justiça Eleitoral, podendo o contador ser responsabilizado em conjunto com o candidato. O que acontece com os candidatos que tiverem suas

prestações de contas rejeitadas? Que critérios levam a um real julgamento das contas de um processo eleitoral? A Justiça Eleitoral pode tomar a decisão de desaprovar (ou rejeitar) a prestação de contas de um candidato ou partido político quando verificar falhas que podem comprometer a regularidade dos valores e documentos apresentados. Vale lembrar que a ausência de prestação de contas parcial ou a prestação de contas parcial que não corresponda à efetiva movimentação de recursos podem caracterizar grave omissão de informação e poderão repercutir na regularidade das contas finais, desaprovando assim a prestação de contas. Outro motivo que pode causar a desaprovação da prestação de contas do candidato ou do partido é o uso de recursos financeiros para pagamentos de gastos eleitorais que não provenham de conta específica. A Justiça Eleitoral, quando rejeitar a prestação de contas de um candidato ou partido, deve remeter cópia de todo o processo ao Ministério Público Eleitoral. Os critérios citados podem ocasionar o impedimento da diplomação dos candidatos eleitos, enquanto durar a rejeição; pode ocorrer o cancelamento do registro da candidatura ou a cassação do diploma, caso já outorgado; pode ficar também o candidato inelegível para as eleições que se realizarem nos oito anos seguintes; pode ocorrer a suspensão do repasse de novas quotas do Fundo Partidário ou o desconto da importância apontada como irregular do valor a ser repassado pelo fundo; podem os candidatos e os partidos receberem punições legais e terem seus mandatos e suas vidas públicas comprometidas. Para os estudantes do curso de Contabilidade existe um mercado de trabalho a ser explorado – mesmo que de dois em dois anos – com as eleições municipais e federais? A informação da obrigatoriedade pelo Tribunal Superior Eleitoral da assinatura do contador nas prestações de contas dos candidatos a eleição trará benefícios à classe contábil, abrindo possibilidades da contratação dos contadores para a realização desse serviço. Tanto é verdade isso que o Conselho Federal de Contabilidade está capacitando contadores por meio de cursos, seminários, palestras e a criação de manual com orientações, que ajudarão esses profissionais a se familiarizarem com a prestação de contas eleitorais. Essas novidades estão reforçando a ideia do aparecimento do novo ramo na contabilidade, a “contabilidade eleitoral”, que trará possibilidades aos contadores de se aperfeiçoarem nessa atividade e terem um novo meio de ganhos financeiros. mercado 25

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Direito Henrique Silveira | coordenador do curso de Direito

Qual é o papel de um advogado em um processo eleitoral? Inicialmente, cumpre destacar que o trabalho do advogado está ligado ao amplo acesso à Justiça, buscando a realização dos ditos valores sociais, bem como os políticos que ensejam o verdadeiro sustentáculo do Estado Democrático de Direito, conforme previsão do Art 133 da CF. Outrossim, a atuação do advogado no Direito Eleitoral vai bem além da postulação em Juízo dos interesses das partes. Imperiosa se faz uma eficaz orientação jurídica, de forma preventiva, aqueles que estão envolvidos diretamente no processo. Destarte, este tipo de postura é fulcral para que a marcha eleitoral siga sem vícios e em estrito acatamento aos ditames legais. Qual é a sua opinião sobre a Lei Ficha Limpa? A Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº. 135/2010) representa um inegável avanço à moralização da nossa política brasileira. A Lei, importante frisar, atua como um importante filtro ao impedir, por exemplo, que candidatos com condenação criminal por órgão colegiado e por improbidade administrativa, entre outros casos, possam concorrer. De outra parte, a Lei, sozinha, não resolve o problema histórico brasileiro de acesso a cargos públicos de agentes cuja conduta não respeita o ideal pregado pela própria Constituição. O eleitor, em última análise, é quem pode, através do voto, impor uma barreira aos maus políticos. Em eleições anteriores, surgiram questões jurídicas polêmicas envolvendo a internet, como um direito de resposta no Twitter. Até que ponto a Justiça pode interferir no processo eleitoral? A legislação brasileira sobre o tema ainda é muito tímida, em que pese a propaganda eleitoral ter alcançado os principais mecanismos de comunicação na internet. Isto posto, os questionamentos sobre o tema vêm impulsionando a Justiça Eleitoral a exarar decisões sobre o 26

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uso de propaganda eleitoral por intermédio dessa nova mídia, regulando a matéria. Na última resolução do TSE, o entendimento é de que a propaganda na rede mundial de computadores é praticamente livre, sem as amarras típicas dos veículos de comunicação tradicionais. E como ficam os blogs nesse cenário? Uma pessoa que não esteja ligada ao partido e que não seja militante pode ou não expor sua opinião? Neste caso, por analogia, me permito citar a Ministra Cármen Lúcia, que assim se expressou: “O Twitter é uma conversa que, em vez de ser numa mesa de bar tradicional, é numa mesa de bar virtual. Nós vamos proibir que as pessoas se manifestem? Nós vamos impedir que as pessoas se sentem numa mesa de bar e se manifestem?”. Da mesma forma, entendo que é um direito do cidadão expor seu pensamento também nos blogs, mas como ocorre no dia a dia, dentro do princípio da razoabilidade. Nos últimos anos debateu-se muito sobre uma reforma eleitoral. Em 2013, a apelidada minirreforma eleitoral foi aprovada, porém não poderá ser aplicada nas eleições desse ano. O que perdemos com isso? O texto sancionado proíbe, em vias públicas, propagandas eleitorais em cavaletes e afixação de cartazes, mas libera o uso de bandeiras e de mesas para distribuição de material, contanto que não dificultem o trânsito de pessoas e veículos. A proposta também coíbe a substituição de candidatos a menos de 20 dias das eleições e obriga a publicação de atas de convenções partidárias na internet em até 24 horas. Salvo melhor juízo, essa mudança vem buscar disciplinar mais a propaganda eleitoral, contudo, entendo que poderá tornar mais difícil a promoção de novos candidatos, privilegiando aqueles que possuem mandato eletivo ou pertencem a grupos políticos tradicionais, pois os limites da publicidade eleitoral na rádio e TV.

JORNALISMO Rodrigo Wolff Apolloni | jornalista, cronista do jornal Gazeta do Povo, doutor em Sociologia (UFPR) e professor do curso de Jornalismo

Qual é o papel do Jornalismo durante a cobertura das eleições? Como a postura do jornalista pode ou não interferir no debate e na opinião pública? O Jornalismo cumpre o papel de levar informações que vão ajudar o eleitor a estabelecer seu próprio juízo sobre os candidatos “a”, “b” ou “c”. Isso é fundamental em uma democracia. Nesse contexto, os debates têm, também, grande importância, em especial porque eles são reveladores da segurança dos candidatos em relação às próprias ideias e diante do confronto com outros candidatos. Existe, sim, o risco de um mediador favorecer este ou aquele participante de um debate. É por isso, aliás, que os debates entre candidatos são cercados de um longo preparo e de negociações muito cuidadosas – a possibilidade de favorecimento, portanto, cai muito. Mesmo assim, é preciso ficar muito atento – o último debate entre Collor e Lula em 1989, por exemplo, foi fragorosamente manipulado pela edição da Rede Globo, e pesou favoravelmente ao candidato do então PRN. Com os jornais e revistas (veículos tradicionais) perdendo forças em termos de leitores e vendas, como é possível o público se informar sobre as eleições e os candidatos de forma imparcial? Os jornais e revistam perdem força, mas não seus ambientes na internet. Nesse nível, portanto, não penso que haja grandes problemas. O problema reside, sim, na enorme quantidade de informações, nem sempre fidedignas, que chegam ao usuário da internet. A saída é comparar fontes e, principalmente, tentar ser mais crítico do que ligeiro nas leituras e interpretações.

A força da comunicação online será testada mais do que nunca nas eleições em outubro deste ano. Como candidatos e partidos devem agir neste sentido? Os candidatos mais ricos ou mais bem preparados dispõem de uma boa infraestrutura de marketing na internet e nas redes sociais. Eles sabem se comunicar pelas redes sociais (ou têm quem faça isso com competência por eles), usam recursos como o de sabatinas eletrônicas e podcasts – e transformam os próprios sites em repositório de recursos para a militância (banners, toques de telefone, jingles, filmes etc.). Os sites, aliás, devem ser os mais amigáveis, até porque o eleitorado não tem paciência para procuras demoradas. Como escolher as mídias ideais para se comunicar com os eleitores e qual é a linguagem mais adequada para um candidato usar? As mídias eletrônicas são essenciais, mas, penso eu, não dispensam a mídia mais básica, a “pré-mídia”: o corpo a corpo, o tapinha nas costas, o pingado no balcão do boteco e, principalmente, a escuta. Em outras palavras: 1) – candidato “virtual”, sozinho, não funciona; 2) – em política, por mais que não queiramos, a demagogia é uma arma poderosa.

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MARKETING Alceu Cruz | professor de Marketing

Como o marketing pode atuar na construção da imagem de um candidato? O Marketing pode ser considerado um conjunto de estratégias individuais para atrair e desenvolver contatos e relacionamentos interessantes do ponto de vista político, para dar visibilidade a características, habilidades e competências relevantes prospectando a aceitação e o reconhecimento por parte de um público-alvo. Se usado de forma competente pode elevar o seu nível de notoriedade e imagem, obtendo assim recompensas. Qual a importância de uma ferramenta como o mídia training para preparar um candidato? Os políticos são considerados os porta-vozes de suas campanhas. Em situações de relacionamento com a imprensa, mídia e público, precisam estar preparados para expor suas ideias de maneira correta. Para tal, devem evitar enganos, distorções, omissões e assim, aumentar a capacidade para a conquista da credibilidade, imagem e reputação pessoal necessária durante sua vida política. Esta ferramenta fará o candidato ser capaz de ser compreendido pelos públicos e dialogar com os jornalistas e veículos de forma profissional e eficaz. Existe diferença entre marketing político e marketing eleitoral? O Marketing Político é legítimo e exercitado permanentemente. São suas atitudes diante do público e comportamentos com o objetivo de cristalizar uma imagem a ser explorada na conquista do apoio necessário ao cumprimento dos objetivos sociais e políticos. Já o Marketing Eleitoral é pontual e imediatista, realizado apenas nos meses ou semanas que antecedem as eleições. 28

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Em caso de uma gestão de crise envolvendo um candidato ou partido, como o responsável pelo marketing pode agir para reverter a situação? Hoje com as mídias sociais, existe um risco maior de crises? O gerenciamento de crises durante o período eleitoral é sem dúvida uma das maiores preocupações de todos os profissionais de Marketing e relacionamento em mídias sociais. Todo trabalho de construção de imagem do candidato pode ir por água abaixo de um momento para outro se uma crise envolvendo o candidato não tiver a condução adequada e o acompanhamento necessário. Algo que precisa ficar claro, as crises acontecem e em vários casos são inevitáveis. Porém existem alguns passos que devem ser tomados imediatamente ao acontecer uma crise: 1. Crie um plano de ação, seja em qual ambiente a crise acontecer. 2. Resolva antes que cresça, não tomar notoriedade é o grande resultado positivo que uma crise pode evitar. 3. O tempo é seu aliado, fazer rápido não quer dizer que a ação seja precipitada. 4. Leve o problema para um ambiente privado, não deixe que atritos aumentem a exposição do candidato. 5. Em caso de erro o candidato deve assumir, negar o óbvio é simplesmente estupidez. 6. Assunto encerrado é assunto FINITO. Não precisa provar que no final das contas o staff estava certo. 7. Bonificar o reclamante de alguma forma, irá criar uma impressão de gentileza e reconhecimento. 8. Encerrada a crise ataque o foco, seja departamental ou o próprio candidato, pois a situação não pode ser repetida. 9. A crise oferece a possibilidade de um aprendizado constante e por isso é necessária uma análise detalhada dos acontecimentos.

PUBLICIDADE Mauro Bruno Pinto | professor do curso de Publicidade e Propaganda. Especialista em Design de Embalagens pela UTFPR

Muitos brasileiros optam em desligar a TV ou rádio na hora da propaganda eleitoral obrigatória. Por que este comportamento é tão recorrente e como, então, chegar aos eleitores por outros meios? Como o colunista e jornalista José Simão comenta frequentemente: “Eleições no Brasil tomam ar de espetáculo”. De fato isso ocorre quando permitem registros de campanhas com alcunhas, no mínimo, de gosto duvidoso. Os Tribunais Eleitorais são órgãos extremamente competentes e em plena vigília, contudo a organização e a boa conduta não devem partir de um órgão fiscalizador, e sim da moral da sociedade: eleitores, candidatos, veículos e profissionais de Marketing e Comunicação. Quando parte da população é permissiva e se diverte com os espetáculos, nomes e apelos praticados nas campanhas eleitorais coloca esse senso de moral social em xeque. Ao desligar a TV somos indiferentes e, portanto, não mais éticos e de mesmo consenso moral que os espectadores do horário eleitoral gratuito. A Justiça Eleitoral permite ao candidato sua divulgação por meio de site e propaganda eleitoral obrigatória. Por outro lado, proíbe outdoors, contratação de artistas em comícios e distribuição de brindes ou outros bens materiais para eleitores. É bem diferente de gerir uma campanha publicitária de uma empresa ou produto. Como o publicitário pode criar e desenvolver ações respeitando os limites exigidos por lei no caso das eleições? As campanhas eleitorais, atualmente, são planejadas de maneira diferenciada de campanhas publicitárias, contudo utilizam-se profissionais experientes e de técnicas desenvolvidas pelas agências de Publicidade e Propaganda. E dessa maneira as agências e seus profissionais devem ter um comprometimento com a

Propaganda - difusão de ideias, posicionamento político e propostas. O que não se deve fazer é Publicidade: apresentar candidatos como vendáveis, persuadir a compra da imagem idealizada. Algo pouco praticado no país. Vendem-se projetos, imagens. Parte dessa inversão se deve a esse pluripartidarismo exagerado. Como identificar a posição ideológica em meio a dezenas de legendas? Os brasileiros podem votar a partir dos 16 anos. Como um candidato pode ser comunicar com este público tão novo e passar também a mensagem para um senhor de 60 anos, por exemplo? Minha opinião, parte da resposta está na ação de se fazer Propaganda e não Publicidade. Ideal não tem credo, etnia, idade ou gênero. São consensos do que é bom para o grupo, independente nas opiniões mais pessoais sobre um ou outro tema muito específico. O que muda é a linguagem a ser usada, aí sim as técnicas de Publicidade podem ajudar: cores, formato de texto, tamanho de fontes e eleição dos meios de divulgação. Tudo conta! Por que muitos candidatos insistem em estratégias que incomodam e é causa de reclamações entre os cidadãos, como folhetos jogados no chão e artifícios que poluem – inclusive, visualmente – a cidade? Analisando de maneira muito cética, poderíamos concluir que se o mix de peças promocionais continua a ser repetido é porque ainda tem resultado ou é aceito. Mas isso seria uma conclusão muito superficial. Isso envolve: situação de comportamento de manada, vícios de setor, falta de pesquisa específica sobre a eficiência dos meios de divulgação e fiscalização. mercado 29

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Seleção

Dicas de quem entende

Confira as indicações dos professores do Opet para quem quer saber mais sobre eleições

Eleição é Guerra

O livro Eleição é Guerra, de Carlos Augusto Manhanelli, da editora Summus, pode mudar a sua visão em relação às eleições. O autor exemplifica a jornada histórica da persuasão pré-eleição, desde o coronelismo, os currais eleitorais, o clientelismo até chegar às técnicas utilizadas hoje por políticos na luta pelo poder. As campanhas e estratégias consagradas e constantemente utilizadas, independente de partidos, são questões abordadas e enfatizadas. Letícia Fischer Campos – Coordenadora dos cursos de Administração e Ciências Contábeis.

Lincoln O filme Lincoln (2012), baseado no livro de mesmo nome – de Doris Goodwin, editora Record -, ganhador de prêmios e aclamado pela crítica, conta como Lincoln chegou ao poder nos EUA e, por ele, aboliu a escravatura e acomodou concorrentes em seu próprio gabinete. Uma lição de liderança e boa administração.

Getúlio

Outro filme é Getúlio (2014), também inspirado em livro – de Lira Neto, Companhia das Letras. Drama e protagonizado por Tony Ramos, descreve como foram os 19 anos finais do ex-presidente do Brasil. Desde as eleições, as duas décadas de governo e, por fim, o suicídio, o filme reconstitui o clima político da época e da falta de eleições, por ter um ditador durante 8 anos. Jefferson Fischer – Coordenador dos cursos de Gestão Financeira, Comex, Administração e Ciências Contábeis.

O Candidato Um advogado, jovem e subestimado, ganha as eleições para o Senado dos Estados Unidos com ajuda de uma incrível campanha publicitária. Esse é mote principal de O Candidato. Apesar de ser um pouco antigo, de 1972, o ótimo roteiro – ganhador de Oscar – continua atual e o protagonista é o consagrado Robert Redforfd. Como funciona – e pode ser manipulada – a opinião pública, o convívio com corruptos, o desenvolvimento da campanha eleitoral e a relação com os eleitores são, de forma crítica, debatidas no filme. Direito Eleitoral

Ainda no tema eleições, se você quer aprender mais na área do Direito de forma técnica e didática, o livro indicado é Direito Eleitoral, de Marcos Ramayana, da editora Impetus. Henrique Natal da Silveira – Coordenador do curso de Direito.

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Reflexo

Política x setor produtivo Representantes de entidades de classe do Paraná explicam o que as eleições desse ano podem significar para os negócios “O processo político é fundamental para o aprimoramento da atividade comercial, tendo em vista que a Federação do Comércio é uma entidade de representação legal e institucional, formada por empresários do comércio, unidos por meio de sindicatos patronais de todos os segmentos do comércio de bens, serviços e turismo. Logo, precisamos ter uma representação político-eleitoral que atue de acordo com os interesses das nossas entidades, para o desenvolvimento empresarial, institucional e, principalmente, dos cidadãos. As expectativas são no sentido de que os eleitores saibam escolher representantes que estejam preparados para administrar as imensas complexidades do estado e do país, encaminhando as reformas necessárias e demonstrando visão de futuro para planejar o Paraná e o Brasil para as próximas décadas.”

“As eleições deste ano serão decisivas para o futuro do país. Precisamos que o Congresso Nacional se debruce sobre as reformas Tributária e Fiscal, Trabalhista e Previdenciária. E, acima de tudo, sobre a reforma política, que é a mãe de todas as reformas. Precisamos eleger pessoas realmente comprometidas com as reformas e com o desenvolvimento do Brasil. Para contribuir com esse movimento, a Fiep está lançando duas iniciativas. A primeira é a elaboração da Agenda da Indústria do Paraná. Vamos criar um mecanismo de acompanhamento das gestões dos eleitos, para cobrar deles os compromissos assumidos em campanha. Além disso, com articulação da Fiep e em parceria com mais de 30 entidades representativas e de classe paranaenses, vamos lançar o projeto Eleições Transparentes. Em uma plataforma web, serão utilizadas informações de fontes oficiais para apresentar os perfis pessoais e políticos de todos os candidatos que vão concorrer nas eleições deste ano no Paraná.” Edson Campagnolo, presidente da Fiep - Federação das Indústrias do Paraná, composta atualmente por 109 sindicatos industriais, que representam as mais de 47 mil indústrias instaladas no estado.

Darci Piana, presidente do Sistema Fecomércio PR, com 60 sindicatos filiados em todo o estado e representante de 500 mil empresas.

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“Para a nossa profissão a política assume a governabilidade do país, propiciando um desenvolvimento sustentado, criando as condições para maior empregabilidade, implantando ações para mais competitividade da nossa produção, enfim, propiciando um fluxo de desenvolvimento em todos os setores. Dessa forma, os nossos profissionais podem aplicar seus conhecimentos na obtenção de melhores resultados para as empresas. A gestão por nós executada é hoje fator de diferencial competitivo nas empresas, tanto públicas como privadas. As expectativas com relação às eleições são que possam ser definidas pelos poderes constituídos uma reforma tributária profunda e que se efetue formalmente um choque de gestão e principalmente a identificação da corrupção nos poderes públicos, diminuindo desta forma a impunidade que tanto desestimula os cidadãos brasileiros.”

“A agropecuária é o mais dependente dos setores econômicos de decisões políticas. Por exemplo: recursos para financiamento; taxas de juros; política cambial; obras de infraestrutura são problemas que dependem de decisões do governo e é necessário exercer pressão política. A agropecuária vê na política uma forma de defender os seus interesses junto aos governos e aos parlamentos. Faz parte da democracia a busca de decisões que amparem os produtores nas situações de dificuldade ou na busca de medidas que facilitem o seu desenvolvimento. O agronegócio brasileiro é a única atividade econômica que vem mantendo um crescimento constante e segurando a ‘barra’, como se diz, da balança comercial (exportação x importação) e do pequeno crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país nos últimos anos. Nós queremos governos – federal e estadual – que atendam nossas reivindicações, porque historicamente damos resposta ao desenvolvimento nacional. E queremos parlamentos que se preocupem com legislação, que deem suporte ao nosso desenvolvimento, garantam a segurança jurídica das propriedades e estimulem mecanismos de equilíbrio de renda ao produtor.”

Gilberto Serpa Griebeler, presidente do Conselho Regional de Administração do Paraná - CRA-PR, que representa 1.475 empresas registradas.

Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP, representante de 185 sindicatos rurais patronais do Paraná, que congregam cerca de 74 mil produtores rurais.

Murilo Borges – ex-aluno do Opet.

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Resenha

Cidade Mirim

CÂMARA DE VEREADORES MIRINS É o órgão que exerce o poder legislativo da cidade. É composta por um número variável de vereadores e suplentes, de acordo com a lei orgânica da cidade, mas nunca com menos de 15 membros.

um processo eleitoral democrático

Toda criança tem o direito de aprender o sentido da cidadania na sua concepção mais ampla. Portanto, é dever da família, da escola e da sociedade ensinar e agir fundamentada nos princípios da democracia, da ética, da responsabilidade social, do interesse coletivo, da identidade cultural e da própria condição humana. A cidadania é uma busca, uma conquista. Desenvolver a cultura do respeito à convivência pautada na observação ética dos direitos e dos deveres depende de ações que levem ao despertar da consciência para o bem comum. É com esta nobre intenção de transformação do mundo através da educação que nasceu o Projeto Educação e Cidadania e o Projeto Cidade Mirim do Colégio Opet.

A Cidade Mirim é um recurso pedagógico de alta funcionalidade educativa que cria condições para que as crianças vivenciem situações com as quais provavelmente se depararão no futuro, como adultos, mantendo seu caráter lúdico pedagógico e vivencial. Promover eventos, administrar recursos financeiros, pensar no bem da coletividade, cumprir as normas e leis estabelecidas numa sociedade, respeitar os direitos dos cidadãos, conduzir uma campanha política, preservando os valores morais, são algumas das situações que os alunos experienciam. A Cidade Mirim é composta por polos integrados à proposta pedagógica Opet e cada casa representa um espaço de interação e aprendizagem. Biblioteca Mirim,

Atribuições: Dar posse ao prefeito e vice-prefeito eleitos, em sessão solene e mediante compromisso formal deles de bem dirigirem a cidade; votar o orçamento semestral de emprego das rendas auferidas; proceder à tomada de contas do prefeito; apreciar o seu relatório no fim do seu mandato; elaborar seu regimento interno; debater e aprovar as leis que regulam a estrutura e o funcionamento da Cidade Mirim, como o funcionamento dos órgãos da Cidade como banco mirim, rádio comunitária, jornal mirim, patrulha mirim, código disciplinar, etc. Funcionamento: A função de vereador não é remunerada. A Câmara se reunirá ordinariamente de 15 em 15 dias e, extraordinariamente, sempre que necessário, podendo solicitar a assistência da coordenadora. As decisões são tomadas por maioria simples de votos, obedecido ao “quorum” mínimo para votação.

PROCESSOS POLÍTICOS MIRINS

Casa da Família, Prefeitura, Câmara de Vereadores, Fórum, Posto de Saúde, Brinquedoteca são alguns dos espaços que compõem os polos da cidade, que é gerida por um grupo de representantes eleitos pelos próprios alunos.

1º Escolha do partido: Existem duas opções. PSM - Partido Social Mirim – Garantir a todos os cidadãos o direito de ter livre acesso às regras existentes em uma determinada sociedade; PEM - Partido Ecológico Mirim – Respeito à vida na Terra. Fica estabelecido o princípio da fidelidade partidária, pelo qual perderão o mandato os vereadores que mudarem de partido. 2º Filiação e Candidatura. 3º Campanha eleitoral. 4º Comício. 5º Treinamento para os mesários.

Anualmente são eleitos os dirigentes da Cidade Mirim em um processo eleitoral democrático. Os eleitos legislam por um ano em prol da comunidade educativa eleitora. Entenda como funciona:

PREFEITURA DA CIDADE MIRIM É a sede de governo da Cidade Mirim. É composta pelo prefeito, vice-prefeito e seus vereadores.

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Atribuições do prefeito e vice-prefeito: O prefeito deve exercer o poder executivo para governar a cidade de acordo com as leis votadas pela Câmara de Vereadores Mirins. Para isso, baixa ordem de serviço, portarias e instruções para todas as demais unidades da comunidade mirim. Fiscalizar o funcionamento de todas as unidades, exceto o da Câmara de Vereadores, que é independente; apresentar relatório no fim do seu mandato; sancionar ou vetar (total ou parcialmente) os projetos de lei votados na câmara; etc. Cabe ao vice ser o substituto do prefeito quando houver necessidade e pode até vir a ser seu sucessor.

datos e cidadãos mirins presentes. 9º Diplomação: Acontece no Tribunal Regional Eleitoral no início do ano subsequente as eleições, com a presença dos familiares dos políticos. Estes recebem os diplomas das mãos do Presidente do TRE e assim já podem tomar posse. Este evento é marcado e organizado pela coordenação da Cidade Mirim juntamente com o TRE. 10º Posse: Evento realizado nas dependências do Colégio Opet, que conta com a presença de autoridades políticas de Curitiba e Região Metropolitana, pais e fami-

liares dos políticos mirins e alunos do Colégio. 11º Exercendo o mandato: Duas vezes por semana o prefeito, seu vice, vereadores e suplentes, atendem os cidadãos mirins na prefeitura. Ouvem e anotam críticas e sugestões, percebem os problemas e as necessidades de cada cidadão. Depois, nas reuniões com a Coordenação da Cidade Mirim, decidem que ações realizarão para o bem comum. Resenha escrita por Edna Percegona, diretora de Educação Básica do Colégio Opet.

6º Aprendendo a votar: Os cidadãos mirins recebem treinamento para utilizarem a urna eletrônica do TRE. 7º Eleições: No dia estipulado pela coordenação da Cidade Mirim em concomitância com a direção do Colégio, acontecem as eleições. Neste dia, cada casa da Cidade Mirim se transforma em uma zona eleitoral. 8º Apuração dos votos: é feita eletronicamente pelo TRE e enviada à coordenação da Cidade Mirim. A divulgação do resultado é feita na Cidade Mirim com todos os candimercado 35

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Na prática

Adriane Sampaio Torres

COORDENADORA DO OPETPLACEMENT

Seja um empreendedor Ano de eleição normalmente mexe com a economia do país. Independente do cenário, o empreendedor que está preparado e de olhos bem abertos, perceberá as oportunidades de negócios que surgirem. Explorar as possibilidades ofertadas no ambiente do ensino superior pode auxiliar (e muito) neste processo. A fim de oferecer as melhores oportunidades, a Faculdade Opet realiza periodicamente projetos que auxiliam o estudante a amadurecer o desejo de empreender. Conheça alguns desses projetos: Escola de Líderes - direcionada aos representantes e vice-representantes de classe, realiza workshop a cada três meses com o intuito de capacitar os acadêmicos no desenvolvimento das competências interpessoais e na reflexão dos seus projetos para a vida profissional. É um projeto que desenvolve nos alunos as habilidades de comando e liderança. Os alunos participam de palestras, estudos de casos e debates com profissionais do mercado. Feira de Empregabilidade e Profissões - é o momento do estudante refletir sobre o futuro profissional. É o evento perfeito para quem está buscando o primeiro emprego, 36

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desde a faculdade quem deseja recolocação profissional, ou está interessado em se aproximar das grandes empresas e das melhores práticas em gestão de pessoas e carreira.

Testes Vocacionais - aplicados durante a Feira de Empregabilidade e Profissões também procuram auxiliar o estudante a avaliar seu perfil e facilitar na escolha da área de atuação. Além dessas oportunidades pontuais, o estudante que deseja se tornar um empreendedor de sucesso deve aproveitar o ambiente de sala de aula da forma mais produtiva possível, seja no contato com os professores, material didático, seminários ou palestras. Mas vale lembrar que o ambiente de aprendizado vai muito além da sala de aula. É durante a vida acadêmica que o aluno deveria refletir sobre quais são seus reais interesses profissionais. Estes podem estar associadas aos seus hobbies, a temas e atividades que conhece ou gostaria de conhecer e praticar, ou ainda assuntos em que se sinta constantemente desafiado. Outra dica é analisar cada disciplina do curso e tentar perceber como cada disciplina poderia ser transformada ou aplicada em um possível negócio.

Se o aluno for capaz de realizar essa análise e encontrar a relação entre suas paixões, seus conhecimentos e as necessidades de mercado, muito provavelmente encontrará boas oportunidades para empreender. Pensar além da sala de aula, conversando com professores de diferentes áreas de especialização sobre as ideias para ter opiniões e diferentes pontos de vista. Durante a faculdade é a hora de conhecer possíveis parceiros e apoiadores, que podem ser os colegas ou até mesmo professor. Participar de organizações estudantis, grupos de trabalhos voluntários e de cursos extracurriculares também agrega muito. Ficou animado com as dicas? Saiba que alguns dados comprovam que este é o caminho correto a seguir. Uma pesquisa realizada em 2013 pelo Instituto de Pesquisas Data Popular, revelou que quase um milhão e meio de brasileiros que estão na faixa de 16 a 24 anos já são donos de seus próprios negócios. Muitos desses jovens começam a empreender quando ainda estão na faculdade, onde entre outras oportunidades, podem contar com a ajuda de incubadoras, empresas juniores, professores orientadores e centros de empreendedorismo. mercado 37

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Artigo

Gilberto Musto

consultor político, autor dos livros Mapa do voto e Estratégias políticas para redes sociais

Marketing Político:

No auge das eleições e com o agravante da súbita subtração de um dos candidatos do cenário eleitoral, as vertentes do marketing político e eleitoral, e a mobilização da opinião pública se destacam veementemente frente a algumas semanas que sucedem o pleito eleitoral. Conceitualmente, o Marketing em cenários políticos e eleitorais se divide em três partes bastantes distintas: O marketing político, eleitoral e pós-eleitoral. O marketing político deve estar impetrado no candidato como forma de interação junto aos seus amigos, colegas e parceiros e até companheiros de agremiação. Exige-se uma forma de conduta de liderança absoluta e que se transforme em ídolo natural onde milita. Para isso, técnicas de comportamento, falas em público, estratégias de negociação, e conquistas são primordiais. O cuidado com a imagem ganha espaço ímpar neste processo, pois é daí que frutificarão todos os bônus para ser o candidato ideal numa campanha, e não o possível candidato. O marketing político, na realidade, dura pela vida toda da pessoa. O marketing eleitoral já se diferencia no período de desenvolvimento, quando, entre julho e outubro do ano das eleições, ganha maior relevância e respeita, de acordo com os critérios do marketing político, todos os resultados 38

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EDITORA OPET. DANDO PÁGINAS À IMAGINAÇÃO. EDUCAR É DAR

uma fábrica de candidatos?

dos estudos do ambiente onde o candidato se lançará. Neste tempo, são produzidas peças de propaganda, ajustes e alinhamentos de comportamento e fala, baseado em pesquisas que dão o norte para produção de todo esse complexo aparato de divulgação que em 90 dias deve conscientizar o eleitor e persuadi-lo que o candidato em questão é melhor que seus adversários e assim conquistar seu voto. O marketing pós-eleitoral trabalhado apenas por políticos profissionais. Os aspirantes acham que, ao ganhar as eleições, tudo se resolveu. Por isso, 55% deles não se reelegem. Aí que entra a habilidade dos profissionais de comunicação de tornar o político que acaba de ser eleito relevante em frentes de atuação, ocupando maior espaço possível no cenário no qual foi eleito, seja majoritariamente ou proporcionalmente, mas que informe, atue com ideias, ocupando importante espaço que o adversário poderá ocupar e se tornar grande num futuro próximo. O marketing eleitoral, alicerçará o político em sua carreira futura e não apenas na gestão de seu mandato. Para que tudo isso dê certo e se concretize, tornando o político uma pessoa de alta credibilidade pelo trabalho desenvolvido e lhe dê suporte as bases que o sustentaram até agora, utiliza-se mecanismos de mobilização de massa e

ASAS À IMAGINAÇÃO. É transmitir valores capazes de fazer

formação da opinião pública. Tudo pela melhor gestão de comunicação possível. Desde as redes sociais como jornais, TVs, revistas e rádios, até as redes sociais digitais como a internet e suas plataformas de atuação de grande massa como Facebook, YouTube, Twitter, Instagram e tantas outras. A mobilização da opinião pública depende de quatro valores absolutamente complementares na formação de conceitos. Primeiro, o contato pessoal com o político, que forma a opinião de cada indivíduo participante desta interação, sem viés ou ruído. O segundo é a mídia, que difusa de uma só vez para uma grande parte da sociedade o fato em questão. Em terceiro, a atuação de pessoas, em grupos segmentados, como alunos de faculdades, participantes de uma religião, atletas de uma equipe esportiva, amigos de um clube de serviços, enfim, são pessoas que falam em nome do político, atacando-o ou defendendo-o. E em quarto, as mídias sociais, que atuam entre pessoas, num ambiente virtual, promovendo também a mobilização da opinião pública, como os tradicionais meios. É importante percebemos que todos os ajustes descritos, têm como objetivo do marketing político a técnica de alterar a imagem e promover ajustes nos candidatos e nunca mudar a sua personalidade.

com que as futuras gerações vivam em uma sociedade mais pacífica, solidária e sustentável. Para isso oferecemos soluções educacionais desenvolvidas por pedagogos, especialistas de diferentes áreas, artistas e gestores. Soluções que, hoje, fazem parte da vida de milhares de pessoas em todo o Brasil. Vivemos um momento especial, de grandes transformações. Juntos, repensamos nossos conceitos para melhorar o mundo. Venha conosco dar asas e páginas à imaginação de seus alunos.

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