Ministério Consolador

Page 137

MINISTÉRIO CONSOLADOR multidão se ajunte; porque terão ouvido que já és vindo. Faze pois isto que te dizemos: Temos quatro varões que fizeram voto. Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há naquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a lei. Todavia, quanto aos que crêem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da prostituição.” Atos 21:20-25. Os irmãos esperavam que, seguindo Paulo o procedimento sugerido, pudesse contrariar de maneira decisiva as falsas notícias concernentes a ele. Asseguraramlhe que a decisão do concílio anterior no tocante aos conversos gentios e à lei cerimonial, ainda vigorava. Mas o conselho agora dado não estava em harmonia com aquela decisão. O Espírito de Deus não ratificou esta instrução; foi ela fruto da covardia. Os líderes da igreja em Jerusalém sabiam que por se não conformarem com a lei cerimonial, os cristãos atrairiam sobre si o ódio dos judeus, e se exporiam à perseguição. O Sinédrio estava fazendo o máximo para deter o progresso do evangelho. Por ele foram escolhidos homens para seguirem os apóstolos, especialmente Paulo, e por toda a maneira possível opor-se a sua obra. Se os crentes em Cristo fossem condenados pelo Sinédrio como quebrantadores da lei, seriam levados a sofrer imediata e severa punição como apóstatas da fé judaica. Muitos dos judeus que haviam aceito o evangelho acariciavam ainda certa deferência pela lei cerimonial, e estavam demasiado dispostos a fazer desavisadas concessões, esperando assim ganhar a confiança de seus concidadãos, remover seus preconceitos e ganhá-los para a fé em Cristo como o Redentor do mundo. Paulo compreendeu que por todo o tempo em que muitos dos principais membros da igreja em Jerusalém continuassem a manter o preconceito contra ele, procurariam constantemente prejudicar sua influência. Acreditava que se por alguma concessão razoável pudesse ganhá-los para a verdade, removeria um grande obstáculo ao êxito do evangelho em outros lugares. Não se achava, porém, autorizado por Deus para ceder tanto quanto pediam. Quando pensamos no grande desejo de Paulo em harmonizar-se com seus irmãos, sua bondade para com os fracos na fé, sua reverência pelos apóstolos que haviam estado com Cristo, e

por Tiago, o irmão do Senhor, e seu propósito de tornar-se tanto quanto possível tudo para com todos sem sacrificar princípios - quando pensamos em tudo isto, surpreende menos que ele tenha sido constrangido a se desviar do caminho firme e decidido que até aí seguira. Mas em vez de alcançar o objetivo desejado, seus esforços pela conciliação apenas precipitaram a crise, apressaram os sofrimentos que lhe estavam preditos, e resultaram em separá-lo de seus irmãos, privando a igreja de uma de suas mais fortes colunas, e levando a tristeza aos corações cristãos em toda parte. No dia seguinte Paulo começou a executar o conselho dos anciãos. Os quatro homens que haviam feito o voto de nazireus (Núm. 6), cujo termo estava quase cumprido, foram levados por Paulo ao templo, “anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali até se oferecer por cada um deles a oferta”. Atos 21:26. Certos dispendiosos sacrifícios para a purificação ainda deveriam ser oferecidos. Os que aconselharam Paulo a dar esse passo não haviam considerado bem o grande perigo a que estaria assim exposto. Jerusalém estava nessa época regurgitando de adoradores vindos de muitas terras. Quando, em cumprimento da comissão que lhe fora imposta por Deus, Paulo anunciara o evangelho aos gentios, visitara muitas das maiores cidades do mundo, e era bem conhecido de milhares que, de terras estrangeiras, tinham vindo a Jerusalém para assistir à festa. Entre esses havia homens cujo coração se enchera de amargo ódio contra Paulo; e sua entrada no templo numa tal ocasião pública significava arriscar a vida. Por vários dias entrou e saiu entre os adoradores, aparentemente despercebido; mas antes do fim do tempo especificado, ao estar falando com um sacerdote a respeito dos sacrifícios a serem oferecidos, foi reconhecido por alguns dos judeus da Ásia. Com fúria de demônios precipitaram-se sobre ele, clamando: “Varões israelitas, acudi; este é o homem que por todas as partes ensina a todos, contra o povo e contra a lei, e contra este lugar.” E como o povo correspondesse ao pedido de auxílio, outra acusação foi acrescentada: “E, demais disto, introduziu também no templo os gregos, e profanou este santo lugar.” Atos 21:27 e 28. Ellen G. White - Atos dos Apóstolos, 389-407

137


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.