Ministério Consolador

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MINISTÉRIO CONSOLADOR Sabia que encontraria poucos amigos e muitos inimigos. Estava-se aproximando da cidade que tinha rejeitado e matado o Filho de Deus, e sobre a qual agora pairavam as ameaças da ira divina. Relembrando quão amargos tinham sido seus próprios preconceitos contra os seguidores de Cristo, sentia a mais profunda piedade por seus iludidos compatriotas. E no entanto, quão pouco podia ele esperar ser capaz de fazer para ajudá-los! A mesma ira cega que inflamara outrora o seu coração, ardia agora com inaudito poder no coração de toda uma nação contra ele. E ele não poderia contar com a simpatia e o auxílio de seus próprios irmãos na fé. Os inconvertidos judeus que lhe haviam tão de perto seguido os passos, não haviam demorado em fazer circular em Jerusalém os boatos mais desfavoráveis sobre ele e sua obra, tanto por carta como pessoalmente; e alguns, mesmo dentre os apóstolos e anciãos, tinham tomado esses relatos por verdadeiros, nada fazendo para contradizê-los, e não manifestando desejo de se harmonizarem com ele. Se bem que assaltado de desânimo, o apóstolo não se desesperara. Confiava em que a voz que lhe falara ao próprio coração ainda falaria ao de seus concidadãos, e que o Mestre a quem os condiscípulos amavam e serviam uniria ainda seus corações ao dele na obra do evangelho.

Paulo Prisioneiro “E logo que chegamos a Jerusalém, os irmãos nos receberam de muito boa vontade. E no dia seguinte Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali.” Atos 21:17 e 18. Nesta ocasião, Paulo e seus companheiros formalmente apresentaram aos dirigentes da obra em Jerusalém as contribuições enviadas pelas igrejas gentílicas para o sustento dos pobres existentes entre os irmãos judeus. A arrecadação dessas contribuições havia custado ao apóstolo e a seus coobreiros, muito dispêndio de tempo, profunda ansiedade e intenso trabalho. A importância, que excedia de muito à expectativa dos anciãos de Jerusalém, representava muitos sacrifícios e mesmo severas privações da parte dos crentes gentios. Essas ofertas voluntárias traduziam a lealdade dos conversos gentios para com a obra de

Deus organizada em todo o mundo, e deviam ter sido por todos recebidas com grato reconhecimento; entretanto, era manifesto a Paulo e seus coobreiros que, mesmo dentre aqueles diante de quem agora estavam, havia alguns que eram incapazes de apreciar o espírito de amor fraternal que prodigalizara as ofertas. Nos primeiros anos da obra do evangelho entre os gentios, alguns dos irmãos dirigentes de Jerusalém, apegando-se a anteriores preconceitos e modos de pensar, não haviam cooperado sinceramente com Paulo e seus companheiros. Em sua ansiedade por preservar umas poucas formas e cerimônias insignificantes, tinham perdido de vista as bênçãos que poderiam advir a eles e à causa que amavam, mediante um esforço para unir numa só todas as partes da obra do Senhor. Embora desejosos de salvaguardar os melhores interesses da igreja cristã, tinham deixado de manter-se a passo com as progressivas providências de Deus, e em sua humana sabedoria tinham procurado entravar os obreiros com muitas restrições desnecessárias. Dessa maneira surgiu ali um grupo de homens que não estavam familiarizados pessoalmente com as circunstâncias mutáveis e peculiares necessidades enfrentadas pelos obreiros em campos distantes, e que entretanto sustentavam ter autoridade para levar seus irmãos nesses campos a seguir certos e determinados métodos de trabalho. Julgavam que a obra de pregar o evangelho pudesse ser levada avante em harmonia com suas opiniões. Vários anos haviam passado desde que os irmãos em Jerusalém, juntamente com representantes de outras igrejas principais, tinham dado cuidadosa atenção às perturbadoras questões que haviam surgido com respeito a métodos seguidos pelos que trabalhavam entre os gentios. Como resultado deste concílio, os irmãos tinham sido unânimes em fazer definidas recomendações às igrejas concernentes a certos ritos e costumes, inclusive a circuncisão. Foi neste concílio geral que os irmãos foram também unânimes em recomendar Paulo e Barnabé às igrejas cristãs como obreiros dignos da inteira confiança de cada crente. Havia entre os presentes a essa reunião, alguns que haviam criticado severamente os métodos de trabalho seguidos pelos apóstolos sobre quem repousava o principal encargo de levar o evangelho ao mundo gentio. Mas durante o concílio, sua visão do propósito de Deus se tinha

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