J d robb série mortal 06 vingança mortal

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— Isso vai depender dela, não é? — Roarke deu uma tragada longa e se sentou na beira do console. — Não vou deixá-la investigando às cegas, Summerset. Não quero deixá-la nessa posição, nem por mim, nem por você. — O pesar voltou aos seus olhos enquanto ele olhava para a brasa na ponta do cigarro. — ...E nem pelas recordações. Fique preparado porque vem chumbo grosso pela frente. — Não sou eu que vou pagar, se a lei significar mais para ela do que para você. Sei perfeitamente que o que você fez precisava ser feito... tinha que ser feito, e deveria ser feito. — Eve também vai chegar a essa conclusão — disse Roarke, com a voz mais baixa. — Antes de planejarmos qualquer coisa, precisamos reconstituir os fatos. Quanto você se lembra daquela época e das pessoas que estavam envolvidas? — Não me esqueci de nada. Roarke avaliou o queixo firme de Summerset, seus olhos duros, e concordou com a cabeça, dizendo: — Era com isso que eu estava contando. Mãos à obra, então.

As luzes no monitor piscavam como estrelas. Ele adorava olhar para elas. Não importava que o cômodo fosse pequeno, sem janelas, nem que houvesse um ruído baixo e constante da máquina que trabalhava, pois a luz daquelas pequenas estrelas o guiava. Já estava pronto para seguir em frente e dar início à próxima rodada. O menino que ainda vivia dentro dele adorava competições, e o homem que se formara a partir do menino se preparava para realizar o trabalho sagrado. Suas ferramentas já estavam cuidadosamente preparadas. Abrindo o frasco com água que fora benzida por um bispo, espargiu-a com reverência sobre a arma a laser, as facas, o martelo e os pregos. Instrumentos de vingança divina, equipamentos de retribuição. Atrás deles estava uma imagem da Virgem, esculpida em mármore branco como símbolo de sua pureza. Seus braços estavam abertos, como se abençoasse o que estava diante dela, e seu rosto era lindo e sereno, demonstrando aceitação. Ele se inclinou e beijou os pés de mármore. Por um momento pareceu ver um brilho de sangue em sua mão, que estremeceu. Impressão apenas. Sua mão estava limpa e branca. Já lavara todo o sangue de seu inimigo. A marca de Caim era uma maldição sobre os outros, mas não sobre ele. Afinal, ele era um cordeiro de Deus.


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