01 como eu era antes de voce jojo moyes

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— Na verdade — disse eu —, vim aqui pedir ajuda a vocês. — Ajudo no que quiser, gata. — A frase foi acompanhada de uma piscadela lasciva. Os colegas ficaram balançando ao redor dele como plantas aquáticas. — Não, sério. Preciso que vocês ajudem a um amigo. Lá no estacionamento. — Desculpe, não sei se estou em condições de ajudar, gata. — Preste atenção. Vai começar o próximo páreo, Marky. Você apostou nesse? Acho que eu apostei. Eles se viraram para a pista, já perdendo o interesse em mim. Olhei por cima do meu ombro para o estacionamento, vendo a gura curvada de Will, com Nathan puxando inutilmente a cadeira. Imaginei-me voltando para casa e contando aos pais de Will que tínhamos largado a caríssima cadeira de rodas num estacionamento. Foi então que vi a tatuagem. — Ele é soldado— falei, alto. — Ex-soldado. Um por um, eles se viraram para mim. — Foi ferido. No Iraque. Nós só queríamos que ele tivesse um bom dia ao ar livre. Mas ninguém nos ajuda. — Ao falar isso, senti lágrimas brotarem nos meus olhos. — Veterano? Você está brincando. Onde ele está? — No estacionamento. Pedi a várias pessoas, mas elas simplesmente não quiseram ajudar. Tive a impressão de que eles levaram um ou dois minutos para processar o que eu dizia. Depois, se entreolharam, admirados. — Vamos, rapazes. Não vamos assistir a esse páreo. — Passaram por mim em uma la nada reta. Eu podia ouvi-los comentar entre eles, murmurando: — Malditos civis... não têm ideia de como é isso... Quando alcançamos o estacionamento, vi Nathan ao lado de Will, cuja cabeça estava en ada na gola do casaco por causa do frio, apesar de Nathan ter colocado mais uma manta no ombro dele. — Esses simpáticos cavalheiros se ofereceram para nos ajudar — expliquei. Nathan olhou as latas de cerveja. Preciso admitir que era preciso se esforçar para imaginar algum deles em uniforme militar. — Querem levar ele para onde? — perguntou um. Os outros rodearam Will, saudando-o com a cabeça. Um deles ofereceu a cerveja, provavelmente incapaz de notar que Will não podia segurá-la. Nathan indicou o nosso carro. — Queremos colocá-lo no carro. Mas, para fazermos isso, temos de levar a cadeira até o suporte e depois dar marcha a ré até ele. — Não precisa fazer isso — disse um deles, dando um tapinha nas costas de Nathan. — Podemos carregá-lo até o carro, não é, rapazes? Um coro de vozes concordou. Eles começaram a se posicionar ao redor da


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