Comunicação, Jornalismo e Fronteiras Acadêmicas

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INTRODUÇÃO

Neste artigo a preocupação consiste em examinar as fotografias sobre a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, tendo como objetivo uma breve reflexão sobre uma parcela da representação fotográfica do conflito. Para tanto, a proposta será de identificar o significado de cada fotografia, seus pontos em comum, suas contradições e os temas de que os fotógrafos nos acampamentos aliados lançaram mão para representar a guerra. A metodologia empregada para interpretação das imagens é a iconologia1, proposta por Erwin Panofsky, que se preocupa em buscar os significados implícitos na imagem e não se debruçando apenas sobre o aspecto formal da fotografia. Em primeiro lugar, cabe ressaltar que as fotografias se materializaram entre os carte-de-visite2 que os estúdios ofereciam para as centenas de soldados que iam para a guerra com finalidade de lembrança e recordação daqueles que muitas vezes não voltavam. Em segundo lugar, têm-se as imagens panorâmicas sobre as paisagens dos acampamentos militares aliados, sendo que o espaço registrado pelos fotógrafos privilegiou a ação armada. Algumas fotos representam a tecnologia empregada na guerra, como é o caso das fotos da frente de batalhas mostrando a ação bélica que se desenvolvia no campo e o poderio aliado com seus canhões enfileirados para conter e atacar as ações inimigas Outra representação comum nas fotografias são os assuntos religiosos, padres, igrejas e procissões que aparecem nas imagens para destacar a devoção das tropas e pedir proteção aos céus. Pouco destaque para o papel feminino na guerra, salvo algumas exceções, como foi o caso da brasileira que se incorporou às tropas imperiais disfarçando-se de homem3. 154 | Comunicação, Jornalismo e Fronteiras Acadêmicas

Panofsky, Erwin. Significado nas artes visuais. São Paulo: Perspectiva, 2009. 1

Retrato no tamanho de 6x9cm inventado por Disderi, na França, em torno de 1850. Este tipo de retrato foi um sucesso devido aos baixos valores cobrados pelos estúdios na época, o que tornava a fotografia mais acessível à pequena burguesia. 2

Sobre o fenômeno Jovita Alves Feitosa ver a pesquisa de Pedro Paulo Soares. A Guerra da Imagem: Iconografia da Guerra do Paraguai na Imprensa Ilustrada Fluminense. (Dissertação). UFRJ/IFCS/Programa de Pós-Graduação em História Social, 2003. No quarto capítulo o autor se debruça sobre a mulher que se incorporou ao exército para lutar no Paraguai e a propaganda imperial que forjou ampla rede de informações para incentivar os homens ao alistamento. 3


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