Jornalismo do século XXI: as novas tecnologias nas redações

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Introdução

A teoria Diversos pesquisadores apresentam a discussão sobre o impacto das tecnologias no “fazer jornalístico”. Talvez uma das teorias modernas mais importante foi introduzida pelo filósofo Pierre Lèvy, considerado o maior pesquisador de mídia cibernética. Em 1990 ele apresentou uma pesquisa que propôs estudar a internet como um fenômeno cultural na obra “Cibercultura”. Esse termo é considerado pelo autor como o “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Lèvy também cita a criação de um ambiente cada vez mais concentrado na troca de informações. Este se dá pela interconexão, pela inteligência coletiva e pela criação de sociedades virtuais. O autor também reflete sobre a relação do homem (e das sociedades como um grande universo de pesquisa) com a informação e o conhecimento, uma vez que está inserido em um ciberespaço e uma cibercultura. Quer entender um pouco mais sobre as teorias da comunicação e sobre a teoria de Lèvy? Veja o vídeo produzido por alunos de Comunicação Social da UFRN:

com que as mensagens sejam entregues de maneira ainda mais versátil (por diversos formatos, como imagens, vídeo ou texto) e rápida. O jornalista teve de se adaptar. Antes, o repórter era responsável apenas por entrevistar as fontes e produzir o texto. Ele era acompanhado por um fotógrafo para registrar o momento e, depois de tudo pronto, um revisor iria editar o que fosse preciso e o diagramador era encarregado de colocar tudo no formato adequado para a página do jornal ou da revista. Isso não existe mais, ou, se existem, são pouquíssimos. O jornalista do século XXI precisa ser multifuncional. Ele precisa gravar a entrevista, mesmo que não seja uma reportagem de rádio, para produzir um podcast. Além disso, com seu smartphone já pode gravar drops de vídeo para o site e tirar fotos para compor sua matéria. Ele também precisa ter noções de html para subir seu material para edição. Tudo isso, é claro, com o tempo muito curto. Com isso, nos questionamos e refletimos, junto com os nossos entrevistados, se isso faz parte do papel do jornalista. As tecnologias são vistas, ao mesmo tempo, como vilãs e também como auxiliadoras do processo de produção das notícias. Enquanto existem jornalistas que acreditam que o novo formato ao qual os profissionais estão sendo obrigados a aderir é um retrocesso e responsável por textos mais superficiais e sem investigação, outros veem que as tecnologias chegam para propiciar a criação de novos formatos jornalísticos e que esse processo de aprendizagem e mudança é o preço que se paga para se continuar relevante. Para entender melhor esse momento de transformações e mudanças

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conversamos com jornalistas de diversos setores e que possuem diferentes opiniões sobre o momento pelo qual o jornalismo atual está passando, de forma a garantir uma pluralidade de opiniões e respeitando um dos preceitos básicos do jornalismo: entender todos os lados e trazer a maior diversidade de fontes possível. Dessa maneira, dividimos o nosso livro em cinco capítulos, cada um abordando as tecnologias que estão transformando o dia a dia do jornalista, ou que ainda o vão fazer. São eles: banco de dados e a técnica de reportagem assistida por computador (RAC), inteligência artificial e o jornalismo automatizado, realidade virtual e as câmeras 360º, realidade aumentada e, por último, um capítulo que retoma as conclusões percebidas ao longo do desenvolvimento deste livro. Entrevistamos jornalistas conceituados, tais como Fernando Rodrigues (ICIJ e Poder 360), Tadeu Jungle (Academia de Filmes), Alexandre Salvador (Veja), Telma Marotto (Bloomberg), Marco Tulio Pires (Google News Lab) e Rafael Sbarai (Globoesporte.com), reunindo opiniões e percepções sobre as redações dos maiores veículos de comunicação do país, como Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, Bloomberg, entre outras. Este livro reúne, sobretudo, tudo de mais interessante que encontramos nesses últimos meses de trabalho em um livro reportagem reflexivo e de linguagem informal.


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