TCC arqurbuvv + Compreendendo e projetando espaços corporativos à luz da neurociência aplicada à arq

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UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

GIOVANNA SPAVIER ZORZANELLI

COMPREENDENDO E PROJETANDO ESPAÇOS CORPORATIVOS À LUZ DA NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA

VILA VELHA 2021


GIOVANNA SPAVIER ZORZANELLI

COMPREENDENDO E PROJETANDO ESPAÇOS CORPORATIVOS À LUZ DA NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila Velha, como pré-requisito do Programa de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Melissa Ramos da Silva Oliveira Coorientadora: Laila Souza Santos

VILA VELHA 2021


GIOVANNA SPAVIER ZORZANELLI

COMPREENDENDO E PROJETANDO ESPAÇOS CORPORATIVOS À LUZ DA NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha-ES como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Aprovado em 01 de julho de 2021.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________ Arq. Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira Universidade Vila Velha-ES Orientador

________________________________ Arq. Ms. Laila Souza Santos Universidade Vila Velha-ES

___________________________________ Arq. Dr. Claudio Lima Ferreira Universidade Estadual de Campinas


AGRADECIMENTOS

Inicialmente, gostaria de agradecer a Deus, pela minha vida, por me permitir ultrapassar todos os obstáculos encontrados durante o curso e me proporcionar momentos de muito aprendizado profissional e pessoal com todos aqueles que participaram da minha vida acadêmica. A minha família, Luiz, Leonardo e Geisa, em especial aos meus pais, Giovani e Madalena, pelo amor, incentivo e apoio durante toda minha vida. A todos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado. A Prof.ª Dr. Melissa Ramos da Silva e Prof.ª M.Sc. Laila Souza Santos pela oportunidade, apoio e dedicação durante todo o processo de construção do Trabalho de Conclusão de Curso. Aos meus amigos de curso, com quem convivi intensamente durante os últimos anos, pela troca de experiências, pelo companheirismo e por toda a amizade. A todos os voluntários, que auxiliaram nas etapas de pesquisa, coleta de dados e testagem do resultado, o meu muito obrigada. Também a todos os professores de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha por todo ensino proporcionado.


"Nós moldamos nossos edifícios, e depois eles nos moldam." Winston Churchill


RESUMO O presente trabalho estuda conceitos da neurociência aplicada à arquitetura, relacionando estratégias projetuais com os impactos psicológicos e comportamentais e como afetam os usuários de um ambiente corporativo. Fatores como iluminação, cor, textura, formas, conforto térmico e acústico podem afetar direta ou indiretamente no processo das atividades realizadas no ambiente de trabalho, relacionadas ao bemestar, qualidade de vida, produtividade, criatividade e redução de estresse. A análise da evolução dos espaços de escritórios ao longo do tempo evidencia suas transformações e funcionalidades. A partir do instrumental da neurociência aplicada à arquitetura, esse trabalho propõe um projeto de intervenção em uma agência de comunicação de modo a contribuir para os aspectos funcionais (ergonomia, conforto térmico e acústico), produtividade (foco e atenção dos usuários) e bem-estar dos usuários. Quanto à metodologia, o trabalho teve uma fase de diagnóstico, onde foram realizadas análises físicas (com visita in loco, medição e levantamento fotográfico) e sensoriais a partir de questionários com os funcionários da agência. Após a execução do projeto, realizou-se a análise sensorial para averiguar quais elementos arquitetônicos funcionam como gatilhos para as emoções e sentimentos. Essa análise foi feita a partir de questionários e do rastreamento ocular com o dispositivo Eye Tracker. Os resultados obtidos apresentam que é possível promover positivamente e solucionar os variados conflitos existentes nos ambientes de trabalho através da aplicação de aspectos da neurociência aplicada à arquitetura e relacioná-los ao ambiente corporativo comprovando a eficácia das aplicações teóricas aos espaços construídos. Palavras-chave: neurociência aplicada à arquitetura, arquitetura corporativa, Eye Tracker, percepção física e sensorial.


ABSTRACT The present work studies concepts of neuroscience applied to architecture, relating projective strategies with psychological and behavioral impacts and how they affect users of a corporate environment. Factors such as lighting, color, texture, shapes, thermal and acoustic comfort can directly or indirectly affect the process of activities performed in the work environment, related to well-being, quality of life, productivity, creativity, and stress reduction. The analysis of the evolution of office spaces over time highlights their transformations and functionalities. From the instrumental of neuroscience applied to architecture, this work proposes an intervention project in a communication agency to contribute to the functional aspects (ergonomics, thermal and acoustic comfort), productivity (focus and attention of users), and well-being of users. Regarding the methodology, the study had a diagnostic phase, where a physical (with in loco visit, measurement, and photographic survey) and sensory analyses were performed from questionnaires with agency employees. After the execution of the project, sensory analysis was performed to determine which architectural elements function as triggers for emotions and feelings. This analysis was based on questionnaires and eye tracking with the Eye Tracker device. The results obtained show that it is possible to positively promote and solve the varied conflicts existing in the work environments through the application of aspects of neuroscience applied to architecture and relate them to the corporate environment proving the effectiveness of theoretical applications to constructed spaces.

Keywords: neuroscience applied to architecture, enterprise architecture, Eye Tracker, physical and sensory perception.


LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - ESCRITÓRIO SEDE DA CA COMUNICAÇÃO, BELÉM DO PARÁ (BR) 14 FIGURA 2 - ESCRITÓRIO SEDE DA APPLE, CALIFÓRNIA (EUA) ........................... 14 FIGURA 3 - CÉREBRO TRIUNO ............................................................................... 16 FIGURA 4 - GUARDIAN CHILDCARE & EDUCATION, BARANGAROO (AUS) ........ 19 FIGURA 5 - QUARTO INFANTIL ............................................................................... 19 FIGURA 6 - VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO NATURAL / HOSPITAL SARAH KUBITSCHEK SALVADOR (BR) ........................................................................ 20 FIGURA 7 - PROPORÇÃO ÁUREA EM CONCHA .................................................... 21 FIGURA 8 - PROPORÇÃO ÁUREA NO PÁRTENON ................................................ 21 FIGURA 9 - ESCRITÓRIO IT'S INFORMOV .............................................................. 22 FIGURA 10 - ESCRITÓRIO IT'S INFORMOV (SALAS DE REUNIÃO) ...................... 23 FIGURA 11 - TEMPERATURAS DE COR DA LUZ ARTIFICIAL ................................ 25 FIGURA 12 - LAYOUT DE ESCRITÓRIO (CADEIRA DO CHEFE) ............................ 26 FIGURA 13 - MÉTODO TAYLORISMO ..................................................................... 28 FIGURA 14 - PLANTA DO EDIFÍCIO LARKIN, NOVA YORK (EUA) - 1906 ............... 28 FIGURA 15 - ÁREAS DE TRABALHO PRIVATIVAS ................................................. 29 FIGURA 16 - INTERIOR DO EDIFÍCIO OSRAM, MUNIQUE (ALEMANHA) - 1962 .... 30 FIGURA 17 – PLANTA DO EDIFÍCIO OSRAM, MUNIQUE (ALEMANHA) - 1962 ...... 31 FIGURA 18 - PLANTA DO EDIFÍCIO ONE CHASE, MANHATTAN (EUA) -1961 ....... 32 FIGURA 19 – INTERIOR DO EDIFÍCIO ONE CHASE, MANHATTAN (EUA) -1961 ... 32 FIGURA 20 - PLANTA DO EDIFÍCIO 30 ST MARY AXE, LONDRES (UK) - 2003 ...... 33 FIGURA 21 - INTERIOR DO EDIFÍCIO 30 ST MARY AXE, LONDRES (UK) - 2003 ... 34 FIGURA 22 - ILUSTRAÇÃO DE USOS DE UM AMBIENTE DE ESCRITÓRIO .......... 35 FIGURA 23 - ILUSTRAÇÃO ESCRITÓRIO ABERTO ................................................ 40 FIGURA 24 - ILUSTRAÇÃO ESTAÇÃO LINEAR ....................................................... 40 FIGURA 25 - ILUSTRAÇÃO ESTAÇÃO CELULAR ................................................... 40 FIGURA 26 - ILUSTRAÇÃO ESCRITÓRIO INDIVIDUAL........................................... 41 FIGURA 27 - ILUSTRAÇÃO ESCRITÓRIO COMPARTILHADO ............................... 41 FIGURA 28 - ILUSTRAÇÃO ESCRITÓRIO DE EQUIPE ........................................... 41 FIGURA 29 - ILUSTRAÇÃO ESTAÇÃO TEMPORÁRIA ............................................ 42 FIGURA 30 - ILUSTRAÇÃO CABINE INDIVIDUAL ................................................... 42 FIGURA 31 - ILUSTRAÇÃO SALÃO DE TRABALHO ................................................ 42


FIGURA 32 - ILUSTRAÇÃO SALA DE REUNIÃO PEQUENA ................................... 43 FIGURA 33 - ILUSTRAÇÃO SALA DE REUNIÃO GRANDE...................................... 43 FIGURA 34 - ILUSTRAÇÃO ESPAÇOS DE REUNIÃO.............................................. 43 FIGURA 35 - ILUSTRAÇÃO SALA DE BRAINSTORM .............................................. 44 FIGURA 36 - ILUSTRAÇÃO PONTO DE REUNIÃO .................................................. 44 FIGURA 37 - ILUSTRAÇÃO COWORKING ............................................................... 45 FIGURA 38 - IMPLANTAÇÃO DA SEDE DO MERCADO LIVRE NO BRASIL ........... 47 FIGURA 39 - PLANTA BAIXA SETORIZADA DO PAVIMENTO TÉRREO ................. 49 FIGURA 40 - PLANTA BAIXA SETORIZADA DO MEZANINO................................... 50 FIGURA 41 - MEZANINO .......................................................................................... 51 FIGURA 42 - ESPAÇOS PARA ENCONTROS INFORMAIS (PONTOS DE REUNIÃO) ............................................................................................................................ 52 FIGURA 43 - ÁREA DE LAZER EXTERNA ................................................................ 53 FIGURA 44 - SALAS DE REUNIÕES INFORMAIS CIRCULARES. LAYOUT INTERNO: MESAS DE REUNIÕES. ................................................................... 53 FIGURA 45 - SALAS DE REUNIÕES INFORMAIS CIRCULARES. LAYOUT INTERNO: POLTRONAS E PUFES À ESQUERDA; MESA DE REUNIÃO À DIREITA.............................................................................................................. 54 FIGURA 46 - SALA DE REUNIÃO PRINCIPAL.......................................................... 54 FIGURA 47 - OBRAS DE ARTE NOS ESPAÇOS DE TRABALHO ............................ 55 FIGURA 48 - EIXO CENTRAL (PÉ-DIREITO ALTO) ................................................. 55 FIGURA 49 – ESTAÇÕES DE TRABALHO (PÉ-DIREITO BAIXO) ............................ 56 FIGURA 50 - ILUMINAÇÃO NATURAL...................................................................... 56 FIGURA 51 - OBRA DE ARTE NOS ESPAÇOS DE ARMAZENAMENTO ................. 57 FIGURA 52 - OBRA DE ARTE E ILUMINAÇÃO NATURAL NA BIBLIOTECA ............ 57 FIGURA 53 – CONEXÃO CENTRAL (USOS DE TEXTURAS E FORMAS) ............... 58 FIGURA 54 - TERRENO INSTITUTO SALK .............................................................. 59 FIGURA 55 – VISTA LESTE PARA O OCEANO PACÍFICO ...................................... 60 FIGURA 56 - EIXO INSTITUTO SALK, VISTA PARA OESTE.................................... 60 FIGURA 57 - PÁTIO INTERNO NO SUBSOLO (LIGTHWELLS)................................ 61 FIGURA 58 – EDIFÍCIOS INSTITUTO SALK ............................................................. 62 FIGURA 59 – FACHADA AGÊNCIA TEIA .................................................................. 63 FIGURA 60 – PLANTA BAIXA PAV. TÉRREO TEIA .................................................. 65 FIGURA 61 – SALA DE CONVIVÊNCIA E REUNIÕES INFORMAIS ......................... 66


FIGURA 62 – SALA DE CONVIVÊNCIA E REUNIÕES INFORMAIS ......................... 66 FIGURA 63 – COLAGENS - CORREDOR FIGURA 64 – COLAGENS - ESCADA ... 67 FIGURA 65 – PLANTA BAIXA PAV. SUPERIOR TEIA .............................................. 68 FIGURA 66 – SALA 01 – ATENDIMENTO E FINANCEIRO TEIA .............................. 69 FIGURA 67 – SALA 02 – CRIAÇÃO TEIA .................................................................. 69 FIGURA 68 – SALA 03 – ATENDIMENTO TEIA ........................................................ 69 FIGURA 69 – PAV. SUPERIOR – PORTA SALA REUNIÕES TEIA ........................... 70 FIGURA 70 – SALA REUNIÕES TEIA ....................................................................... 70 FIGURA 71– SALA REUNIÕES TEIA ........................................................................ 71 FIGURA 72 – ÁREA EXTERNA – ACESSO PRINCIPAL TEIA .................................. 71 FIGURA 73 – ÁREA EXTERNA – MESA PARA REFEIÇÕES TEIA ........................... 72 FIGURA 74 - PLANTA BAIXA PAV. TÉRREO TEIA - PROPOSTA ............................ 80 FIGURA 75 – PROPOSTA MODELAGEM 3D – ÁREA EXTERNA ............................ 81 FIGURA 76 – ACORDE CROMÁTICO “AMABILIDADE” E “AGRADÁVEL” ............... 82 FIGURA 77 - PROPOSTA MODELAGEM 3D – HALL/ENTRADA E ÁREA DE CONVIVÊNCIA ................................................................................................... 82 FIGURA 78 - PROPOSTA MODELAGEM 3D – SETOR CRIATIVO 1 ........................ 83 FIGURA 79 - PROPOSTA MODELAGEM 3D – SETOR CRIATIVO 2 ........................ 84 FIGURA 80 - PROPOSTA MODELAGEM 3D – SETOR CRIATIVO 3 ........................ 84 FIGURA 81 - PLANTA BAIXA PAV. SUPERIOR TEIA - PROPOSTA ........................ 85 FIGURA 82 – PROPOSTA MODELAGEM 3D – SETOR ADMINISTRATIVO E DE ATENDIMENTO 1 ............................................................................................... 86 FIGURA 83 PROPOSTA MODELAGEM 3D – SETOR ADMINISTRATIVO E DE ATENDIMENTO 2 ............................................................................................... 86 FIGURA 84 - PROPOSTA MODELAGEM 3D – NICHOS INDIVIDUAIS OU PARA PEQUENOS GRUPOS ....................................................................................... 87 FIGURA 85 - PROPOSTA MODELAGEM 3D – VISTA DA SALA DE REUNIÃO 1 ..... 87 FIGURA 86 - PROPOSTA MODELAGEM 3D – VISTA DA SALA DE REUNIÃO 2 ..... 88 FIGURA 87 - PROPOSTA MODELAGEM 3D – SALA DE REUNIÃO ........................ 89 FIGURA 88 – PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA – ESPAÇO DE CRIAÇÃO ........ 90 FIGURA 89 – PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA – ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA91 FIGURA 90 – PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA – ESTAÇÕES DE TRABALHO 1 ............................................................................................................................ 93


FIGURA 91 - PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA – ESTAÇÕES DE TRABALHO 2 ............................................................................................................................ 94 FIGURA 92 - PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA – SALA DE REUNIÃO .............. 95 FIGURA 93 - PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA – ESTAÇÃO DE TRABALHO 3 96 FIGURA 94 - PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA – ESPAÇO EXTERNO ............. 97 FIGURA 95 – MAPA DE CALOR GERADO PELO EYE TRACKING .......................... 99 FIGURA 96 – VOLUNTÁRIO OBSERVANDO AS IMAGENS DO PROJETO COM O DISPOSITIVO ................................................................................................... 100 FIGURA 97 – MAPA DE CALOR GERADO PELO SISTEMA DA PUPIL LAB .......... 100 FIGURA 98 – ANÁLISE MAPAS DE CALOR – CENA 1 ........................................... 101 FIGURA 99 - ANÁLISE MAPAS DE CALOR – CENA 2 ............................................ 102 FIGURA 100 - ANÁLISE MAPAS DE CALOR – CENA 3 .......................................... 103 FIGURA 101 - ANÁLISE MAPAS DE CALOR – CENA 4 .......................................... 104 FIGURA 102 - ANÁLISE MAPAS DE CALOR – CENA 5 .......................................... 105 FIGURA 103 - ANÁLISE MAPAS DE CALOR – CENA 6 .......................................... 106 FIGURA 104 - ANÁLISE MAPAS DE CALOR – CENA 7 .......................................... 107


LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - COMO VOCÊ AVALIA O AMBIENTE DE ONDE PERMANECE A MAIOR PARTE DO SEU TEMPO DE TRABALHO EM RELAÇÃO AO TAMANHO DO AMBIENTE? .............................................................................................................. 73 GRÁFICO 2 - COMO VOCÊ AVALIA O AMBIENTE ONDE PERMANECE A MAIOR PARTE DO SEU TEMPO DE TRABALHO EM RELAÇÃO A ACÚSTICA (BARULHOS, RUÍDOS)? ................................................................................................................. 73 GRÁFICO 3 - SE HÁ BARULHOS/RUÍDOS NO SEU ESPAÇO DE TRABALHO, SÃO RUÍDOS INTERNOS (DA PRÓPRIA EMPRESA/TELEFONEMAS/CONVERSAS) OU EXTERNOS (DA RUA)?............................................................................................ 74 GRÁFICO 4 - COMO VOCÊ AVALIA O AMBIENTE ONDE PERMANECE A MAIOR PARTE DO SEU TEMPO DE TRABALHO EM RELAÇÃO A TEMPERATURA (QUENTE/FRIO)? ..................................................................................................... 74 GRÁFICO 5 - COMO VOCÊ AVALIA O AMBIENTE ONDE PERMANECE A MAIOR PARTE DO SEU TEMPO DE TRABALHO EM RELAÇÃO A ILUMINAÇÃO? (MUITO CLARO/MUITO ESCURO)........................................................................................ 75 GRÁFICO 6 – COMO VOCÊ AVALIA O AMBIENTE ONDE PERMANECE A MAIOR PARTE DO SEU TEMPO DE TRABALHO EM RELAÇÃO AO CONFORTO? (O MOBILIÁRIO ATENDE SUAS NECESSIDADES/É CONFORTÁVEL) ..................... 75 GRÁFICO 7 - OS ESPAÇOS DE TRABALHO NA EMPRESA ATENDEM AS SUAS NECESSIDADES DIÁRIAS? MOBILIÁRIO TEM TUDO O QUE NECESSITA? ESTÁ TUDO AO SEU ALCANCE? ...................................................................................... 76 GRÁFICO 8 - COMO VOCÊ AVALIA O AMBIENTE ONDE PERMANECE A MAIOR PARTE DO SEU TEMPO DE TRABALHO EM RELAÇÃO AO VISUAL? (PAREDES/PISOS/MOBILIÁRIO É AGRADÁVEL) .................................................. 76 GRÁFICO 9 - SE SUA EXPERIÊNCIA FOI POSITIVA, QUAIS SENTIMENTOS DESCREVEM O SEU SENTIMENTO? ..................................................................... 78 GRÁFICO 10 – “QUAIS SENTIMENTOS REPRESENTAM O QUE VOCÊ SENTIU?” – ESPAÇO DE CRIAÇÃO ............................................................................................ 91 GRÁFICO 11 - “QUAIS SENTIMENTOS REPRESENTAM O QUE VOCÊ SENTIU?” – ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA .................................................................................... 92


GRÁFICO 12 – “QUAIS SENTIMENTOS REPRESENTAM O QUE VOCÊ SENTIU?” – ESTAÇÕES DE TRABALHO 1 .................................................................................. 93 GRÁFICO 13 – “QUAIS SENTIMENTOS REPRESENTAM O QUE VOCÊ SENTIU?” – ESTAÇÕES DE TRABALHO 2 .................................................................................. 94 GRÁFICO 14 - “QUAIS SENTIMENTOS REPRESENTAM O QUE VOCÊ SENTIU?” – SALA DE REUNIÃO .................................................................................................. 96 GRÁFICO 15 -- “QUAIS SENTIMENTOS REPRESENTAM O QUE VOCÊ SENTIU?” – ESTAÇÕES DE TRABALHO 3 .................................................................................. 97 GRÁFICO 16 - “QUAIS SENTIMENTOS REPRESENTAM O QUE VOCÊ SENTIU?” – ESPAÇO EXTERNO ................................................................................................. 98


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9 1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................. 9 2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 10 3 OBJETIVOS ................................................................................................. 10 3.1 OBJETIVOS GERAIS ............................................................................... 10 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 10 4 METODOLOGIA .......................................................................................... 11 5 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................... 12 1 NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA .......................................... 13 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA............................................................ 13 1.2 SENTIDOS ............................................................................................... 16 1.3 PERCEPÇÃO DO AMBIENTE .................................................................. 18 2 ESPAÇOS DE TRABALHO ........................................................................... 27 2.1 EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS DE TRABALHO ......................................... 27 2.2 OBJETIVOS DOS ESPAÇOS DE TRABALHO ........................................ 34 2.3 TIPOLOGIAS DE ESPAÇOS DE TRABALHO .......................................... 39 3 ESTUDO DE CASO........................................................................................ 47 3.1 ESCRITÓRIO MELICIDADE (MERCADO LIVRE), SÃO PAULO - BR ..... 47 3.2 INSTITUTO SALK, SAN DIEGO (EUA) .................................................... 58 4 TEIA COMUNICAÇÃO .................................................................................... 63 4.1 SOBRE A EMPRESA ............................................................................... 63 4.2 A SEDE TEIA ............................................................................................ 64


4.3 AVALIAÇÃO FÍSICA E SENSORIAL ........................................................ 72 5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA AGÊNCIA TEIA ................................... 79 6 ANÁLISE DO PROJETO ................................................................................. 89 6.1 PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA DO ESPAÇO APÓS PROJETO DE INTERVENÇÃO.......................................................................................... 89 6.2 ANÁLISE VISUAL DOS AMBIENTES - MÉTODO EYE TRACKING ........ 98 6.2.1 METODOLOGIA .................................................................................. 98 6.2.2 RESULTADOS .................................................................................. 100 CONCLUSÃO ................................................................................................... 108 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 109 ANEXOS ........................................................................................................... 115 ANEXO 1 ...................................................................................................... 115 ANEXO 2 ...................................................................................................... 118 ANEXO 3 ...................................................................................................... 125 ANEXO 4 (PDF A3) ...................................................................................... 139


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INTRODUÇÃO 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A tarefa essencial da arquitetura é acomodar e integrar, provocando todos os nossos sentidos simultaneamente, articulando a experiência de ser e fazer parte do mundo, intensifica nossa sensação de realidade e identidade pessoal. Não apenas meros objetos de sedução visual, a arquitetura projeta significados (PALLASMAA, 2011). Os elementos da arquitetura são capazes de influenciar o cérebro e o comportamento humano, vinculando às emoções, ativando memórias, podendo afetar nossa saúde e bem-estar dependendo dos estímulos desse ambiente físico. O convívio com a natureza, por exemplo, nos traz estímulos positivos como relaxamento e efeito de restauração pois nossos cérebros foram programados para isso (GONÇALVES; PAIVA, 2018). A arquitetura é uma combinação de diversas áreas de estudo incluindo as tecnologias de construções e materiais, ergonomia, estética, história e cultura, mas há também uma área de estudo do comportamento humano em ambientes construídos, relacionando disciplinas da arquitetura com a neurociência e psicologia, pelos mais diversos tipos de edificações, sejam estes para educação, hospitalares, moradias e até em ambientes urbanísticos. A neurociência aplicada à arquitetura é o estudo que aplica conceitos da neurociência, como sistema nervoso e funcionamento do cérebro humano, aos conceitos da arquitetura, compreendendo como o espaço e mente se relacionam em curto e longo período de permanência. A arquitetura corporativa é a área de projeto focada para ambientes de trabalho, visando a criação e disposição de espaços que estabeleçam melhor conforto e eficácia nas atividades realizadas. A definição de um espaço de trabalho não envolve apenas custos e um projeto funcional e esteticamente interessante, mas quando aplicados conceitos do comportamento do cérebro e seus estímulos, o projeto pode se tornar ainda mais eficiente, reforçando questões como produtividade, cultura, flexibilidade, bem-estar, felicidade dos funcionários, diminuição do estresse e até propor espaços para maior interação social e comunicação entre os usuários (MEEL, MARTENS e JAN VAN REE, 2014). Juntamente com os variados tipos de atividades desenvolvidas pelas empresas contemporâneas, pode-se relacionar cada uso com um layout


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apropriado. Considerando também, as novas adaptações das tipologias com a chegada da pandemia do novo Corona Vírus.

2 JUSTIFICATIVA Considerando que muitos funcionários passam grande parte do dia em espaços de trabalho do tipo escritório e o grande impacto psicológico e social que o meio pode proporcionar aos funcionários ao longo desse período, a escolha do tema se deu pelo fato da interessante relação entre estudos da neurociência e comportamento humano em associação aos espaços e como determinadas configurações arquitetônicas impactam nos nossos sentimentos, emoções e atitudes. Estudos dessa natureza possuem o potencial de trazer um novo modo de pensar espaços corporativos, tendo como foco a redução de estresse, aumento da produtividade, promoção de conforto, felicidade, motivação no trabalho e bem-estar. Ainda, questões recentes como a pandemia, as preocupações higiênicas e a consequente ampliação do trabalho remoto conduzem novas investigações e questionamentos a respeito do ambiente de trabalho no futuro e como esses podem ou irão impactar os funcionários. 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVOS GERAIS O objetivo geral consiste em desenvolver um projeto de um escritório corporativo para empresa de marketing Teia utilizando soluções de projeto que gerem impactos positivos sobre os funcionários, tanto psicológicos quanto sensoriais, baseando-se nos estudos da neurociência aplicada à arquitetura, tais como layout flexível, uso de cores, texturas, iluminação natural e a biofilia.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Apresentar e conceituar a neurociência aplicada à arquitetura, enquanto campo de estudo;


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2. Estabelecer relações entre layout de ambientes corporativos e os impactos psicológicos, sensoriais e comportamentais nos funcionários; 3. Apresentar a evolução dos modelos de escritórios ao longo do tempo, destacando as diferentes configurações de layout utilizados nos espaços de trabalho, estabelecendo relações o layout de ambientes corporativos e os impactos psicológicos, sensoriais e comportamentais nos funcionários; 4. Realizar um estudo de caso demonstrando espaços, layouts e uso dos ambientes. 5. Analisar a percepção espacial e afetiva dos usuários e como os mecanismos do cérebro humano reagem no ambiente corporativo; 6. Aplicar os conceitos neurocientíficos estudados no desenvolvimento do projeto; 7. Realizar a testagem do projeto com os usuários utilizando o equipamento Eye Tracker para captar a movimentação ocular e as reações voluntárias e involuntárias vinculadas ao comportamento; 8. Aplicação de questionários on-line para mensurar a percepção do projeto.

4 METODOLOGIA Como metodologia do trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre os temas em trabalhos de conclusão de curso, artigos científicos, dissertações de mestrado, livros e sites de pesquisa acerca dos temas neurociência aplicada à arquitetura, ambientes de escritórios e sua história. Também foi pesquisado e apresentado estudos de caso com vistas a ilustrar o conteúdo abordado e embasar a proposição de um projeto dessa natureza. Além da parte teórica, foi feito um levantamento métrico e fotográfico da edificação selecionada para o projeto juntamente com a realização de questionários a fim de melhor percepção espacial e funcional do espaço com os usuários remotamente devido a pandemia do COVID19. E por fim, a verificação do projeto a partir do método Eye Tracker, um aparelho que realiza o rastreamento ocular e permite que se avalie os mecanismos de foco e atenção.


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5 ESTRUTURA DO TRABALHO O primeiro capítulo discorre sobre o estudo da neurociência e sua relação aos aspectos arquitetônicos e de interiores, citando os principais princípios e aplicações. O capítulo dois apresenta a evolução do meio de trabalho e escritórios, citando principais características e mudanças dentre as tipologias e a relação da hierarquia ao longo das décadas, apresentando ao final uma breve expectativa para ambientes de trabalho em função da pandemia de COVID-19 e possíveis readaptações para volta ao trabalho presencial e para novos escritórios. O capítulo três discursa sobre dois estudos de caso, considerando sua setorização e organização espacial em conjunto com outros conceitos como iluminação, cores, espacialidade e texturas. O capítulo quatro apresenta a agência de publicidade escolhida para a proposta de intervenção, relatando seus espaços de trabalho, vivencias e resultado da percepção dos funcionários com a empresa atualmente para que no capítulo cinco seja mostrado a proposta a modo de resolver os conflitos mostrados no capítulo anterior. O capítulo seis mostra a análise de voluntários e funcionários sobre o ambiente projetado.


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1 NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA A Neurociência aplicada à Arquitetura, assim também chamada de Neuroarquitetura, é uma ciência interdisciplinar que aplica conhecimentos da Neurociência à relação entre o ambiente construído e as pessoas que dele fazem uso (GONÇALVES; PAIVA, 2018). A Neuroarquitetura, tema que está no início do seu desenvolvimento, está relacionado à criação da Academy of Neuroscience for Architecture1 (ANFA), em San Diego, na Califórnia (EUA), um dos poucos centros de pesquisa voltados para os estudos que conectam a arquitetura com a neurociência. A Arquitetura é uma disciplina híbrida, fundindo tecnologias de materiais, intensões, construção e estética, fatos físicos, crenças culturais, conhecimento e sonhos, passado e futuro, meios e fins (PALLASMAA, 2013). Assim, a arquitetura depende em parte de descobertas de outras áreas de pesquisa e conhecimento, como por exemplo da área da psicologia, psicanálise, linguística estrutural, antropologia, entre outros. Assim como na premissa da Neurociência, a área de estudo é o cérebro e com a descoberta da Neuroplasticidade possibilitou a afirmação de que os ambientes podem alterar o nosso cérebro. Lent (2008) define a neuroplasticidade como a propriedade de nosso sistema nervoso em alterar a sua função ou a sua estrutura em resposta às influências ambientais que o atingem. Essa capacidade de se moldar às adversidades do meio tem como finalidade se adaptar aos estímulos tanto internos como externos, podendo promover alterações comportamentais e psicológicas. O neurocientista do Instituto Salk, Fred Gage (apud GONÇALVES; PAIVA, 2018), apresentou na conferência do American Institute of Architects2 (AIA) suas descobertas relatando que mudanças no espaço mudam o cérebro, logo, nosso comportamento. Em um estudo realizado pela neuroanatomista Marian C. Diamond, (apud GONÇALVES; PAIVA, 2018), foram feitos experimentos com grupos de ratos submetidos a três tipos diferentes de gaiolas. O cérebro dos ratos que ficaram em um ambiente multissensorial e enriquecidos dinamicamente se desenvolveu muito mais do que os que ficaram em ambientes sem estímulos. Dessa forma, os atributos do

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Academia de Neurociência para Arquitetura, em português. Instituto Americano de Arquitetos, em português.


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espaço físico tem o potencial de alterar nosso cérebro, melhorando nosso processo de formação de memória, aprendizado, cognição e entre outros. De acordo com Medina (2008), (apud GONÇALVES; PAIVA, 2018), a retenção de informação e a criatividade tem um desempenho de 50% a 70% melhor em um ambiente multissensorial. Entre os arquitetos, não seria surpresa dizer que um ambiente multissensorial, como mostra na Figura 1, inspira momentos de criatividade mais intensos que ambientes mais monótonos, como ilustrado pela Figura 2. Ambientes de trabalhos mais dinâmicos fazem com que os colaboradores tenham um melhor contato entre eles, desenvolvendo empatia pelo local, produtividade e qualidade de trabalho. Figura 1 - Escritório sede da CA Comunicação, Belém do Pará (BR)

Fonte: Portal ArqSC (Acesso em 21/11/2020) Figura 2 - Escritório sede da Apple, Califórnia (EUA)

Fonte: Office Snaps (Acesso em 21/11/2020)


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Nosso cérebro constantemente se desenvolve e se adapta ao longo de nossa vida e é diretamente influenciado pelos nossos hábitos, pelo que fazemos e pela forma de como interagimos com o mundo ao redor, consequentemente, diferentes estímulos geram diferentes cérebros. Segundo Gonçalves e Paiva (2018), esses estímulos são resultados dos valores que nos são passados, da nossa criação, cultura, profissão, vida social, experiências pessoais, memórias entre outros. Na prática, exames de neuroimagem foram feitos em taxistas de Londres mostraram que o hipocampo3 (região responsável pelo armazenamento das memórias e na navegação espacial) é consideravelmente maior do que em outras pessoas. Isso é pelo fato de que os taxistas da cidade de Londres passam por um treinamento exigente para dirigir os famosos Black Cabs4. A capital tem uma malha bastante complexa e os taxistas devem estudar e conhecer cerca de 320 rotas, 25 mil ruas e memorizar cerca de 20 mil marcos e locais de interesse público, destinos turísticos a museus, parques, igrejas, teatros e escolas, segundo o jornal britânico The Sun (MICHAEL, 2017). Esses diferentes estímulos representam diferentes reações neurais que causam diferentes percepções das informações do mundo, logo, se as percepções são diferentes, certamente as reações também serão (GONÇALVES e PAIVA, 2018). O autor da tese do cérebro triuno, o neurocientista Paul MacLean (1970), afirma que o cérebro é composto por três grandes áreas que trabalham em conjunto. Estas áreas, surgidas em momentos sucessivos da evolução, são os sistemas reptiliano, límbico e córtex (Figura 3). […] pode-se afirmar que o cérebro é triuno, isto é, temos três cérebros distintos, tanto do ponto de vista fisiológico (e visual) quanto funcional. Mas esses três cérebros formam uma só mente, como a carruagem de Platão, puxada por dois cavalos e dirigida pelo cocheiro, quem quer que seja ele (GONÇALVES e PAIVA, 2018, p. 26).

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Hipocampo é uma estrutura do sistema límbico responsável por transformar informações novas em memórias profundas. 4 Táxis pretos, em português.


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Figura 3 - Cérebro Triuno

Fonte: Gonçalves; Paiva, 2018, p.30

Podemos associar cada uma das áreas do nosso cérebro com três diferentes forças (instinto, afeto e razão), ou seja, cada uma dessas forças predomina em um de nossos três cérebros. O sistema reptiliano estaria associado ao instinto e a interpretar os estímulos trazidos pelos nossos sentidos. No dia a dia nós recebemos um número enorme de estímulos captados pelo sistema reptiliano, mas muitos deles são descartados para não termos excesso de informação. Essa percepção não racional é muito importante para a interação entre cérebro e espaço. O sistema límbico está associado ao afeto e é responsável por nossas emoções, comportamentos sociais espontâneos e da memória profunda, aquelas que lembramos sem dificuldade. O córtex é associado à razão e à grande capacidade motora e de aprendizado, também responsável pelos processos conscientes, voluntários e cognitivos (GONÇALVES e PAIVA, 2018).

1.2 SENTIDOS A relação entre cérebro e ambiente externo acontece através dos nossos sentidos, não apenas visual, mas pela audição, olfato, tato e paladar, e cada sentido tem uma diferente ligação com cada um dos nossos três cérebros. Tanto a visão tanto quanto o tato, nos ajudam a perceber o ambiente ao redor em formas, texturas e temperaturas. Através do tato que é interligado ao nosso sistema reptiliano, nosso sistema primitivo e de impulsos irracionais. Por meio da audição, percebemos a acústica do ambiente que deve ser pensada para cada tipo de funcionalidade do espaço (escolas, hospitais, teatros e ambientes corporativos). O olfato é um sentido muito forte por causa de sua ligação com o reptiliano e o límbico, também é ativado


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pelas memórias por exemplo quando entramos em uma padaria ou lojas de perfumes. O paladar é o sentido em que menos em ligação com a interação com o espaço, mesmo assim temos fortes relações com a percepção do sabor (GONÇALVES e PAIVA, 2018). A arquitetura reforça a experiência existencial, nossa sensação de pertencer ao mundo, e essa é essencialmente uma experiência de reforço da identidade pessoal. Em vez da mera visão, ou dos cinco sentidos clássicos, a arquitetura envolve diversas esferas da experiência sensorial que interagem e fundem entre si (PALLASMAA, 2011, p. 39).

Além desses cinco sentidos, Gonçalves e Paiva (2018) citam outros dois sentidos que tem grande relevância para a percepção e interação com o ambiente: equilíbrio e wayfinding5. O equilíbrio é um sentido instintivo, quanto mais ativo menos terá atenção para os outros sentidos. O wayfinding5 é a capacidade de localização no espaço, este se relaciona muito com os três cérebros no processo de determinar seguir um caminho ou rota entre uma origem e um destino (GOLLEDGE, 1999). O propósito dos edifícios ainda é muito visto de forma restrita em termos de desempenho funcional, conforto físico, economia, representação simbólica ou valores estéticos. Todavia, a função da arquitetura vai além das questões materiais, funcionais e mensuráveis, e além mesmo da estética. Segundo Pallasmaa (2013), os edifícios não só fornecem abrigo físico ou facilitam atividades distintas, eles também abrigam nossas mentes, memórias, desejos e sonhos. Paisagens, ambientes construídos, casas e quartos são partes integrantes de nossa paisagem mental e consciência. Essa interação entre mente e espaço é representada em uma frase dita por Keiko Petäiä (apud PALLASMAA, 2013), “Arquitetura é um espaço mental construído” onde, na língua finlandesa, esta frase proporciona dois significados: a arquitetura é uma expressão materializada do espaço mental, e nosso próprio espaço mental é estruturado pela arquitetura. Afinal, o ambiente construído é primeiramente percebido emocionalmente (MALLGRAVE, 2013), assim estimulando diversas partes do nosso cérebro, tanto na questão sensorial, instintiva e cognitiva. Desde a antiguidade temos

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Orientação, em português.


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essas sensações em relação à arquitetura, tendo princípios a busca pela beleza, firmeza, proporcionalidade e harmonia, todos associados à percepção do indivíduo. As emoções são reações inatas do cérebro, ou seja, durante a evolução, nosso cérebro foi programado para apresentar emoções em resposta a determinadas situações que vivemos, e se expressam no rosto através das nossas expressões faciais, na linguagem corporal e também nas atitudes, afetando como as pessoas se sentem (consciente ou inconscientemente). Já os sentimentos são experiências mentais dos estados do corpo que acontecem quando o cérebro interpreta as emoções. De acordo com Damásio (2012), o papel das emoções é ajudar na regulação biológica, auxiliando a adaptação do corpo às mudanças do meio para a sobrevivência. E são essas reações que nos provocam mudanças no nosso comportamento, criatividade, capacidade de socializar, na memória e no bem-estar, assim, podemos afirmar que os ambientes construídos (igrejas, museus, ambiente de trabalho etc.) nos trazem certos tipos de emoções e sentimentos que também podem alterar a performance e o estado cerebral.

1.3 PERCEPÇÃO DO AMBIENTE A Neuroarquitetura vem estudando o comportamento do cérebro sobre diversos tipos de estímulos, sobre como determinados ambientes podem influenciar positivamente como negativamente no cérebro humano. Como por exemplo no processo de desenvolvimento das crianças, proporcionar ambiente ricos de estímulos, onde elas irão passar a maior parte do tempo como nas escolas (Figura 4) e em seus quartos (Figura 5), para contribuir com um processamento sensorial e desenvolvimento saudável, assim como em hospitais projetados para estímulo com a natureza e iluminação natural (Figura 6), constatam que a recuperação dos pacientes é muito rápida em comparação com hospitais comuns (PAIVA, 2020).


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Figura 4 - Guardian Childcare & Education, Barangaroo (AUS)

Fonte: Collins and Turner (Acesso em 21/11/2020)

Figura 5 - Quarto infantil

Fonte: Mindfully Gray: Home & Lifestyle (Acesso em 21/11/2020)


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Figura 6 - Ventilação e iluminação natural / Hospital Sarah Kubitschek Salvador (BR)

Fonte: Archdaily¹ (Acesso em 21/11/2020)

Inconscientemente, nosso cérebro faz julgamentos sobre o ambiente a nossa volta mesmo sem nos darmos conta. Percebemos o cheiro dos materiais, a textura de um tecido, a proporcionalidade, padrões, ritmos, escala, a acústica e a iluminação de um ambiente (MALLGRAVE, 2013). Estes por sua vez podem estimular e alterar nossos estados emocionais a cada momento. Dessa forma, nós não só podemos perceber o espaço e a situação como um todo de forma diferente, como isso também pode alterar nosso comportamento. A arquitetura “fala” diretamente com nosso emocional e este, por sua vez, influencia nossas escolhas, desempenho e decisões (PAIVA, 2020).

Na arquitetura há alguns elementos que podem afetar, direta ou indiretamente, na percepção do ambiente. Tyler (2000) apud Eberhard (2009), afirma que os conceitos de simetria, harmonia e proporção, atributos amplamente processados pelo sistema visual, são princípios importantes para os humanos, podemos detectar simetria em cerca de 0,05 segundo. Pode-se afirmar que a simetria, assim como a harmonia, proporção

áurea

e

fractal

são

elementos

que

influenciam

positivamente

inconscientemente no cérebro, captados pelos sistemas límbico e reptiliano, como ilustra a Figura 7 e 8. Os humanos se conectam fisiologicamente e psicologicamente com formas mais complexas do que com formas mais planas. Por exemplo curvas, diferentes texturas e detalhes nos provocam sensação de relaxamento.


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Figura 7 - Proporção áurea em concha

Fonte: Segredos do mundo - Portal R7 (Acesso em 21/11/2020)

Figura 8 - Proporção áurea no Pártenon

Fonte: Segredos do mundo - Portal R7 (Acesso em 21/11/2020)

Outro exemplo prático é o pé-direito, estudos realizados em universidades do Canadá e Estados Unidos (MEYERS-LEVY; ZHU, 2007, apud GONÇALVES; PAIVA, 2018) indicam que a altura do teto afeta tanto no comportamento quanto na habilidade de solucionar problemas. Um ambiente com pé-direito alto e salas amplas provocam a sensação de liberdade e podem nos deixar mais criativos, ativando o sistema límbico. Já pés-direitos baixos ajudam na concentração, ativando nosso córtex. Em ambientes corporativos, podemos situar equipes que tenham trabalho voltado para área criativa


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em ambientes mais amplos e equipes de áreas técnicas em salas pequenas, ambientes restritos para melhor concentração. Estruturas horizontais dão a sensação de movimento, de deslocamento ao longo do espaço e do tempo e, portanto, estão mais associadas ao córtex, área do cérebro responsável por nossas habilidades motoras. Estruturas verticais podem favorecer a reflexão ou o temor (GONÇALVES e PAIVA, 2018, p. 344).

A personalização do ambiente também é um fator fundamental para nosso cérebro para reconhecimento do terreno, assim nos sentimos mais confortáveis e, consequentemente, os níveis de estresse diminuem. Assim acontece em alguns ambientes de trabalho, influenciando positivamente no rendimento profissional. Um elemento de personalização é a incorporação da natureza nesses ambientes, fruto de uma relação inata, o conceito da biofilia diz respeito da necessidade do ser humano em estar conectado com a natureza. Browning e Cooper (2015) afirmam que se um ambiente construído tiver conexão direta (como parques e lagos) ou indireta com a natureza (elementos de design, cores semelhantes à natureza ou plantas de interior) pode ajudar na diminuição do estresse, aumento do bem-estar pessoal, produtividade e criatividade (Figura 9 e 10). Figura 9 - Escritório IT'S Informov

Fonte: Archdaily² (Acesso 22/11/2020)


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Figura 10 - Escritório IT'S Informov (salas de reunião)

Fonte: Archdaily² (Acesso 22/11/2020)

Uma pesquisa feita em 16 países, incluindo Brasil, reforçam o grande impacto que simples mudanças com a introdução da natureza no ambiente de trabalho na forma que os funcionários se comportam e se sentem no espaço. Além da produtividade e criatividade dos trabalhadores, notou-se felicidade, entusiasmo e motivação por essas simples incorporações. Segundo a pesquisa, um terço dos entrevistados dizem que o design de um escritório afetaria a sua decisão de trabalhar em uma empresa. Além de elementos naturais, dois terços dos entrevistados relatam que se sentem mais felizes ao entrar em ambientes de escritórios mais claros, com cores verdes, amarelas ou azuis (BROWNING e COOPER, 2015). As cores têm um papel fundamental na personalização dos ambientes e são conhecidas por gerarem efeitos psicológicos e estimularem reações nas pessoas. Elas estão associadas ao ambiente natural no qual nossa espécie surgiu, ajudado na localização de água e alimentos e na identificação e reconhecimento de caminhos. Apesar de muitas cores terem significados culturais, há evidências de que as cores podem causar respostas fisiológicas e psicológicas, como por exemplo, maior criatividade, melhor foco cognitivo ou um efeito de relaxamento (GONÇALVES e PAIVA, 2018). Um espaço com uma paleta de cores ligado à natureza traz ao ambiente a sensação de um ambiente saudável, um lugar para habitar, se sentindo estimulado ou acalmado.


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Há evidências de que a cor verde nos tons médios e escuros possam diminuir a frequência cardíaca e pressão arterial. O vermelho pode favorecer no envolvimento mental e atenção para tarefas exigentes, já a cor azul e alguns verdes médios ajudam na capacidade mental para atividades envolvendo criatividade (BROWNING; COOPER, 2015). A maioria dos projetos em ambientes corporativos tem base em uma paleta de cores mais neutras e com detalhes em cores fortes, equilibrando os tons e eliminando a monotonia. Relacionando tons aos sentimentos, Bencke (2018) cita que tons claros e pastéis transmitem tranquilidade e ampliam o ambiente, mas o excesso do mesmo pode tornar o local entediante e frio. Tons escuros expressam seriedade e são recomendados para ambientes espaçosos, e em ambientes pequenos, a aplicação da cor em apenas detalhes para não criar impressão de sufocamento. Já os tons vibrantes como vermelho e amarelo são relacionados à dinâmica, ideia de juventude e criatividade, mas o excesso deixa o ambiente cansativo. O conforto acústico e térmico são outros dois elementos que influenciam o ambiente. E espaços não planejados para determinada função, como escolas ou espaços corporativos, permitem que o barulho de ambientes próximos atrapalhe a concentração, o rendimento e até mesmo a interação entre as pessoas. O isolamento acústico e a presença de sons suaves promovem tranquilidade e conforto auditivo, o que é indispensável em escritórios para diminuição do estresse, mas não só isso, o volume dos ruídos no ambiente também é relacionado a saúde física do homem. Assim, para postos de trabalhos corporativos, são recomendados entre 60 e 65 decibéis. Na questão térmica, os extremos de frio e calor podem ser prejudiciais tanto em proporcionar bem-estar do homem, como performance e produtividade na execução de atividades. A busca pelo controle térmico deve ser compatível com as atividades e ocupação do ambiente em questão (BENCKE, 2018). A iluminação, seja natural ou artificial, afeta a capacidade do cérebro de processar informações sobre o ambiente. Sabe-se que a iluminação tem um impacto direto no nosso estado de alerta, influenciando nossa capacidade de prestar atenção. Estudos em escolas na Califórnia mostraram que o aumento do uso da iluminação natural nas salas de aula fez com que as crianças ficassem mais atentas, aumentando suas notas (EBERHARD, 2009, apud GONÇALVES; PAIVA, 2018).


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A iluminação natural é essencial para a organização temporal da fisiologia dos organismos. É ela que permite a sincronização do ritmo circadiano com os períodos de dia e noite do ambiente. O ritmo circadiano (ou ciclo circadiano) é chamado de relógio biológico. Ele abrange o período de um dia (24 horas) no qual se completam as atividades do ciclo biológico dos seres vivos e regula tanto ritmos fisiológicos como psicológicos, com impactos diretos no estado de vigília e de sono, na secreção de hormônios, função celular e expressão genética. Ou seja, é através da luz que nosso cérebro sincroniza grande parte do seu funcionamento com o mundo exterior (PAIVA, 2020).

Além da iluminação natural alterar nosso relógio biológico, a iluminação artificial também impacta diretamente a qualidade de vida. As luzes frias são as que mais impactam o ritmo circadiano por emitirem mais luz azul, que se assemelha à luz do sol de meio-dia, e essa exposição à noite provoca a desregulação do ciclo circadiano, afetando nosso sono, o controle de humor e stress e do sistema imunológico. Por isso, ambientes de longa permanência devem reconhecer a necessidade da passagem de tempo ao longo do dia, com utilização de janelas ou aberturas zenitais. Para projetos de iluminação, como ilustra a Figura 11, é importante ressaltar as diferenças entre as cores, enquanto a luzes de cores quentes, amareladas, nos acalmam e nos dão sensação de acolhimento e aconchego, cores frias como branco e azul, como por exemplo usados em salas de reuniões, geram efeito de clareza, transparência e atenção, muito efetivas para salas de escritório (BENCKE, 2018). Figura 11 - Temperaturas de cor da luz artificial

Fonte: Trattino Arquitetura (Acesso em 22/11/2020)


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Outro importante fator sobre a percepção e uso do espaço é como o layout está sendo disponibilizado. A ergonomia é primordial para a relação do ser humano com o ambiente, pois afeta tanto a saúde e bem-estar quanto seu desempenho no espaço. Essa adaptação ao meio procura reduzir consequências nocivas sobre o trabalhador, reduzindo fadiga, estresse e acidentes, tendo melhor resultado qualitativo e quantitativo das atividades realizadas (IIDA; BUARQUE, 2016). O fator da ergonomia combinado com o a disposição dos móveis em um ambiente de trabalho, quando aproveitados em seu potencial, como por exemplo em ambientes de escritório, podem influenciar na interação no dia a dia entre os funcionários, criar ambientes com mais privacidade e ambientes de descompressão, incentivando a criatividade e as relações que serão estabelecidas ali, como as trocas de ideias. Dependendo da configuração do layout, a posição da cadeira do chefe pode intimidar ou induzir a ter mais respeito por ele, como ilustra a Figura 12.

Figura 12 - Layout de escritório (cadeira do chefe)

Fonte: Adaptado de Camargo Corrêa (Acesso em 22/11/2020)

Em todos os casos, os espaços exercem influência direta sobre as pessoas que circulam por ele, favorecendo atitudes e tomadas de decisões mais impulsivas ou mais ponderadas, conscientes ou não (PAIVA, 2020).


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2 ESPAÇOS DE TRABALHO 2.1 EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS DE TRABALHO

Os primeiros ambientes coletivos de trabalho foram os scriptoriums, salas nas bibliotecas dos mosteiros dedicadas a leitura, cópia e tradução de manuscritos. Segundo Caldeira (2005) o termo “escritório” tem origem da peça de mobiliário escrivaninha. As atividades realizadas nesses gabinetes privativos eram amplamente consideradas como intelectuais e de alto valor, como escrita, contabilidade e projeto. Os espaços de trabalho, ao longo dos últimos séculos, passaram por diversas mudanças e ainda estão constantemente inovando em prol de novas facilidades tecnológicas, corporativas, sociais e culturais de cada empresa. Com o início da Revolução Francesa, em 1789, os ambientes passaram a ser diferenciados funcional e hierarquicamente entre os funcionários, de forma que os mais graduados ocuparam salas privativas com privilégios como janelas com vista para o exterior e lareiras, enquanto funcionários subordinados ficavam em salões coletivos (ver figura x). Com o passar das décadas a necessidade de ampliação da produtividade, para suprir a demanda de produtos e serviços, fez com que surgissem muitas contratações de funcionários para trabalharem em um mesmo local, com isso surgiram exigências por maior controle dos funcionários (CALDEIRA, 2005). Os espaços de trabalho se intensificaram cada vez mais, e ao longo da história vários sistemas de escritórios foram desenvolvidos, cada um adaptado às suas necessidades, surgindo assim, vários tipos de layouts e mobiliários diferentes. A organização desses espaços influenciam tanto na produtividade quanto na imagem corporativa e competitividade do mercado em que atuam. No fim do século XIX, surgiu o primeiro conjunto de critérios para uma nova concepção dos escritórios, o taylorismo. Frederick W. Taylor (1856-1915) desenvolveu a teoria administrativa científica propondo a segregação do espaço como meio de reafirmar a hierarquia, defendendo a padronização do mobiliário e a rigidez de layout como forma de garantir a disciplina dos funcionários e a linearidade do processo de trabalho. A disposição da planta industrial era um espaço único para os funcionários de baixo escalão com suas mesas enfileiradas supervisionadas pelo inspetor posicionado a


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frente, semelhante à disposição de uma sala de aula (FIGURA 13 e 14). Essas características refletem aos funcionários certa pressão ao fazer as atividades cotidianas, aumentando o estresse e reduzindo o bem-estar. Os operários, especializados em apenas uma única parte produtiva, não possuíam uma visão holística da organização e nem do produto final que os mesmos participavam, ocasionando desmotivação e exclusão nos processos de escolhas e nos resultados da empresa, impedindo a ideia de pertencimento (FONSECA, 2004).

Figura 13 - Método Taylorismo

Fonte: Conhecimento científico – Portal R7 (Acesso em 31/10/2020) Figura 14 - Planta do edifício Larkin, Nova York (EUA) - 1906

Fonte: ArqTeoria (Acesso em 31/10/2020)


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As salas privativas dos gerentes se localizavam ao entorno desse grande salão central, delimitadas por divisórias semi-envidraçadas, como ilustra a Figura 15, já as salas dos trabalhadores de alto escalão ficavam nos pavimentos superiores em salas confortáveis e privativas, com revestimentos internos de qualidade e vistas privilegiadas, favorecidos também pela iluminação natural. Figura 15 - Áreas de trabalho privativas

Fonte: Heinz Nixdorf Museus Forum – HNF (Acesso em 31/10/2020)

A produtividade dos funcionários era um ponto primordial no modelo, Taylor afirmava que a racionalização do trabalho dos operários eram baseados em estudos dos tempos e movimentos, e, definindo-se, assim, os tempos ideais para execução de cada tarefa, os espaços começaram a ser dimensionados e ajustados segundo padrões ergométricos (FONSECA, 2004). Pela primeira vez o design do mobiliário e dos equipamentos e a disposição de cada componente nos ambientes de trabalho, assim como das janelas, portas, corredores, ventiladores e luminárias, são regidos por critérios funcionais em detrimento da retórica estilística com finalidade ostentatória (CALDEIRA, 2005, p. 2).

Segundo Shoshkes (1976) apud Fonseca (2004), em 1930, arquitetos e designers de interiores começaram a se atentar com as condições projetuais inadequadas nos locais de trabalho e se dedicaram ao estudo e análise de questões relacionadas às formas de trabalho do ser humano e como esse ambiente poderia ser projetado, deste modo, descobrindo as necessidades para uma melhor qualidade de vida e bem-estar nestes ambientes.


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Em relação à arquitetura dos edifícios de escritórios, a Escola de Chicago (EUA) foi uma grande influência para a evolução da tipologia dos escritórios. A partir do movimento arquitetônico, iniciado ao final do século 19, surgiram edifícios verticais de estrutura de aço e concreto armado, possibilitando aberturas maiores nas fachadas e aumento das lajes, resultado da necessidade de racionalizar os pilares internos e aumentar a iluminação natural (CALDEIRA, 2005). Após a Primeira Guerra Mundial, Elton Mayo (psicólogo australiano) e o Movimento das Relações Humanas fizeram a primeira crítica ao modelo taylorismo, propondo a substituição do modelo rígido pelo uso da psicossociologia e da comunicação interna, estimulando que os funcionários se sintam satisfeitos e mais participativos nas decisões da empresa. Os irmãos Eberhard e Wholfgang Schenelle, líderes na empresa Quickborner Team (Alemanha), influenciaram uma evolução desse meio de trabalho argumentando que as salas privativas utilizadas eram barreiras entre os funcionários, dificultando a interação dos colaboradores. Dessa forma, foi criado o conceito de Landscape Office ou Escritório Panorâmico em 1958 (Figura 16). Com uma planta aberta, o layout foi organizado de forma orgânica, sem divisão interna. Desse modo, a forma de hierarquia entre os funcionários era diminuída pelo fato de compartilharem o mesmo espaço, com divisórias baixas, móveis e modulares que delimitavam subambientes individuais ou para equipes (CALDEIRA, 2005). Figura 16 - Interior do edifício Osram, Munique (Alemanha) - 1962

Fonte: ArqTeoria (Acesso em 31/10/2020)


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Apesar da flexibilidade dos mobiliários, o ambiente se tornava um pouco desorganizado, mesclando várias áreas de atuação (administrativas, contábeis e de atendimento, por exemplo) em uma mesma área de trabalho (Figura 17). Figura 17 – Planta do edifício Osram, Munique (Alemanha) - 1962

Fonte: ArqTeoria (Acesso em 31/10/2020)

Posteriormente, foram evidenciadas algumas carências sobre o modelo, pelo ambiente ser aberto, os funcionários estavam submetidos a altas chances de distração, provindo de conversas paralelas, toques de telefones e ruídos em geral, atrapalhando o desenvolvimento do trabalho individual. O ambiente também apresentava pouca privacidade e os trabalhadores não tinham condições de manusear a intensidade de iluminação e temperatura do local (FONSECA, 2004). Paralelamente, a proposta de um escritório em planta livre, ou Open Plan, foi considerada um avanço na concepção dos espaços. Semelhante ao escritório panorâmico, onde apresentava flexibilidade individual quanto em grupo e permitia o fluxo de comunicação entre os funcionários, o escritório em planta livre solucionava algumas carências do modelo citado. Sua configuração mais modular e era baseada na individualização da estação de trabalho, apresentando divisórios baixas ou


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biombos que possibilitava privacidade sem perder a integração entre as pessoas (Figura 18 e 19) (FONSECA, 2004).

Figura 18 - Planta do edifício One Chase, Manhattan (EUA) -1961

Fonte: ArqTeoria (Acesso em 31/10/2020

Figura 19 – Interior do edifício One Chase, Manhattan (EUA) -1961

Fonte: Skidmore, Owings & Merrill – SOM (Acesso em 22/11/2020)

A partir dos anos 80, a agilidade nos processos e o aumento da capacidade de produção se tornaram os principais objetivos das empresas com a introdução de novas tecnologias como a informática. A rápida evolução tecnológica nos últimos anos foi o principal responsável pelos novos conceitos de organização física dos escritórios, trazendo flexibilidade, podendo realizar as tarefas em outros espaços, proporcionando


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liberdade e troca de informações. Uma nova configuração se mostrava adaptável às particularidades das empresas trazendo, ocasionalmente, áreas com certa privacidade para áreas mais gerenciais e salas de reuniões, e áreas equipadas com máquinas de café e mesas para interação entre funcionários. Dessa forma, a arquitetura de locais de trabalho, do final de década de 90 e início de 2000, procura levar em consideração as crescentes necessidades tecnológicas, de um lado, e as crescentes necessidades de humanização, de outro (FONSECA, 2004).

No século XXI, a busca por um formato de ambiente corporativo mais aderente às necessidades atuais ainda continua. As estações de trabalho incorporam novos materiais e acabamentos, trazendo ambientes de qualidade e mais humanizados que agradem os profissionais para que eles se sintam mais estimulados e, consequentemente, mais criativos e/ou produtivos. O uso de iluminação natural se tornou um elemento importante para os novos escritórios (ver Figura 20 e 21), combinados com diferentes tipos de layouts para cada estação. Figura 20 - Planta do edifício 30 St Mary Axe, Londres (UK) - 2003

Fonte: The Gherkin (Acesso em 01/06/2021)


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Figura 21 - Interior do edifício 30 St Mary Axe, Londres (UK) - 2003

Fonte: Archdaily6 (Acesso em 01/06/2021)

2.2 OBJETIVOS DOS ESPAÇOS DE TRABALHO

O objetivo principal de um ambiente de escritório é dar suporte aos funcionários no exercício de suas funções diárias (ver Figura 20). Meel, Martens e Jan Van Ree (2014), citam alguns objetivos associados aos conceitos dos novos escritórios contemporâneos: •

Melhorar a produtividade;

Reduzir custos; aumentar a flexibilidade;

Incentivar a interação;

Dar suporte à mudança cultural;

Estimular a criatividade;

Atrair e reter pessoal;

Expressar a marca;

Reduzir o impacto ambiental.


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Figura 22 - Ilustração de usos de um ambiente de escritório

Fonte: Archdaily3 (Acesso em 04/11/2020)


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MELHORAR A PRODUTIVIDADE Equilíbrio entre os custos de ocupação do ambiente e sua contribuição para o desempenho dos funcionários; Respeitar as normas básicas de ergonomia e conforto ambiental (térmico, visual, aeróbico e acústico); O ambiente deve corresponder às atividades solicitadas: que exijam mais concentração ou que exijam mais criatividade. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) REDUZIR CUSTOS Os ambientes de trabalho são geralmente caros e não é aproveitada de forma tão eficiente quanto poderia ser. Aumentar a densidade de ocupação do escritório pode ajudar a reduzir os custos imobiliários. Usos de mesas compartilhadas reduz a necessidade das estações de trabalho e plantas livres possibilitam acomodar mais funcionários em proveito do espaço; As economias de recursos devem ser vistas em relação ao desempenho das pessoas, há um equilíbrio para que os gastos das despesas sejam eficientes para que os funcionários realizem as tarefas de forma eficaz. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) AUMENTAR A FLEXIBILIDADE É significativo a definição da dinâmica organizacional da empresa e nas mudanças que a empresa pode fazer. A flexibilização de layout para novos processos de trabalho é um meio de adaptação do meio às novas necessidades. Estas devem ser realizadas da forma mais simples, com o mínimo de custo e de transtorno nas atividades realizadas; A padronização de estações de trabalho e dimensões de mobiliários tornam os processos de mudanças mais simples e com menos custo;


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Há flexibilidade em questões construtivas (edificações podem ser facilmente ampliadas ou divididas), questões espaciais (mudanças de tipologia, como escritórios celulares para planta livre e vice-versa) e questões do local de trabalho (ambientes que podem ser multifuncionais, ou seja, utilizadas por qualquer funcionário, independentemente de sua função na empresa). (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014)

INCENTIVAR A INTERAÇÃO A interação entre os funcionários é fundamental para o desempenho organizacional, contribuindo para aprendizagem, trabalho em equipe, coesão social e troca de ideias; O layout pode tanto estimular quanto prejudicar essa interação. Layouts em planta livre com divisórias transparentes e ambientes comuns entre vários setores da empresa estimulam a troca de ideias e estimulam essa interação, diferentemente de layouts com barreiras físicas mais densas e/ou opacas; A conduta social, o comportamento e a cultura também interferem na comunicação entre os funcionários; Dependendo da necessidade da empresa, é fundamental o equilíbrio entre ambientes para interação e ambientes de concentração, para que os funcionários não fiquem dispersos nas atividades mais exigentes e com falta de privacidade social e visual. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) DAR SUPORTE À MUDANÇA SOCIAL Um projeto de escritório pode ser uma ferramenta para a mudança da cultura corporativa, tanto a edificação quanto seu interior são meios tangíveis para essa manifestação de mudança ou expressão cultural da empresa. Por exemplo, situar gerentes e funcionários juniores em um mesmo espaço é muito mais vantajoso do que simplesmente afirmar que a empresa tem uma estrutura hierárquica menos rígida;


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A empresa deve avaliar o tipo cultural e sua identidade para gerar essas mudanças de gerenciamento, layout e práticas no trabalho. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) ESTIMULAR A CRIATIVIDADE

A criatividade é um trabalho considerado cognitivo e social, requisitado por várias empresas atuais pela constante busca pela inovação; O layout e o design devidamente projetados criam espaços e promovendo rotatividade dentro dos escritórios a fim de proporcionar encontros casuais e troca de ideias e lugares para concentração. Uma tendência para essas áreas são o uso de formas, materiais diversos e cores, ambientes diversificados com equipamentos como mesa de bilhar, videogames e pufes. É fundamental a empresa conciliar essa necessidade com sua cultura, afinal, mesmo em ambientes mais cleans e supostamente monótonos, como laboratórios, podem ser criativos, desde que permitem a liberdade de pensar e agir dos funcionários. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014)

ATRAIR E RETER PESSOAL Disponibilizar um ambiente atraente, confortável e saudável de modo ergonômico (adequação de iluminação, condicionamento do ar e mobiliário) é um modo de comunicação da empresa para os funcionários que eles são valorizados e que prezam pela permanência. Observar critérios psicológicos e comportamentais dos usuários é essencial para determinar as necessidades de cada funcionário e oferecer a liberdade de escolha do local da atividade (seja ambiente mais reservado ou em mesas compartilhadas). (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014)


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EXPRESSAR A MARCA O branding de uma empresa é a imagem de seu serviço e produto, ela pode ser incorporada em um ambiente de trabalho de forma sútil (para não provocar distrações nas atividades diárias), transmitindo uma ideia de identidade ao local e até mesmo pertencimento. Já ambientes com acesso de clientes e visitantes podem ser uma interação mais direta e explicita à marca. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) REDUZIR O IMPACTO AMBIENTAL Edifícios de escritórios causam um grande impacto sobre o meio ambiente pela quantidade de matéria-prima em sua construção como em consumo de energia diariamente. O uso compartilhado de estações de trabalho reduz de forma significativa o impacto ambiental, com a diminuição do espaço físico, reduz o uso de arcondicionado, iluminação, limpeza, materiais e manutenção. Assim como a flexibilização do espaço de trabalho que reduz os impactos causados em mudanças organizacionais da empresa, gerando menos gastos e resíduos de obras; Aplicação de materiais sustentáveis exigem menos manutenção, os usos de fontes renováveis de energia favorecem a redução de carbono gerada. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014)

2.3 TIPOLOGIAS DE ESPAÇOS DE TRABALHO Em ambientes corporativos, são encontrados diversos tipos de espaços de trabalho que dependem do tipo de atividade a ser exercida, seja um ambiente para troca de informações e pesquisas em projetos grandes ou em ambientes mais reservados para ter uma melhor concentração e privacidade, ambas, se aplicadas corretamente, promovem um aumento na produtividade, criatividade e qualidade de vida. Essas tipologias são adequadas às necessidades de serviço de cada empresa, sua cultura, seu modo organizacional e suas metas.


40

ESCRITÓRIO ABERTO

Figura 23 - Ilustração escritório aberto

Trabalho individual colaborativo criativo que exige pouca concentração; Uso para dez ou mais pessoas; Flexibilidade

do

espaço

(pode

ser

configurada a disposição das mesas); Sem barreiras físicas para comunicação. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) Fonte: Adobe Stock¹ (Acesso em 04/11/2020)

ESTAÇÃO LINEAR Figura 24 - Ilustração estação linear

Trabalho individual colaborativo que exige média concentração; Uso para duas a oito pessoas; Relativamente flexível (divisórias de meiaaltura); Sem barreiras físicas para comunicação. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014)

Fonte: Archdaily3 (Acesso em 04/11/2020)

ESTAÇÃO CELULAR Figura 25 - Ilustração estação celular

Trabalho

individual

que

exige

média

concentração e interação média a baixa entre pessoas; Relativamente flexível (pode ser configurada a disposição divisórias/biombos); Espaço de trabalho semicerrado para uma pessoa. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) Fonte: Adobe Stock¹ (Acesso em 04/11/2020)


41

ESCRITÓRIO INDIVIDUAL

Figura 26 - Ilustração escritório individual

Trabalho individual que exige alta concentração (como análise de informações e tabelas); Privacidade visual e acústica (atividades que podem distrair outros funcionários); Espaço de trabalho fechado para uma pessoa, mas pode servir como sala de reunião quando não estiver em uso. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) Fonte: Adobe Stock¹ (Acesso em 04/11/2020)

ESCRITÓRIO COMPARTILHADO

Figura 27 - Ilustração escritório compartilhado

Trabalho colaborativo em pequenos grupos que exige média concentração (equipes de desenvolvimento e pesquisa); Uso para duas ou três pessoas; Espaço de trabalho fechado proporcionando privacidade entre o grupo; Controle climático.

Fonte: Adobe Stock2 (Acesso em 04/11/2020)

(MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) ESCRITÓRIO DE EQUIPE

Figura 28 - Ilustração escritório de equipe

Trabalho colaborativo fechado em equipe que exige comunicação interna e confidencialidade; Uso para quatro a dez pessoas; Controle climático; Estimula a livre circulação de conhecimento e troca de ideias nos trabalhos das equipes. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) Fonte: Archdaily3 (Acesso em 04/11/2020)


42

CABINE INDIVIDUAL

Figura 30 - Ilustração cabine individual

1Trabalho individual para atividades de curta

duração

que

exigem

alta

concentração

e

privacidade; Utilizada por funcionários de trabalhos flexíveis ou móveis que necessitam de uma base de trabalho reservada; (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014)

Figura 31 - Ilustração salão de trabalho

SALÃO DE TRABALHO Trabalho

individual

colaborativo

Fonte: Archdaily3 (Acesso em 04/11/2020)

para

atividades de curta duração que exigem pouca concentração (como leitura de revistas especializadas); Uso para duas a seis pessoas; Alternativa para estações fixas de trabalho. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014)

ESTAÇÃO TEMPORÁRIA

Fonte: Archdaily4 (Acesso em 04/11/2020)

Figura 29 - Ilustração estação temporária

Trabalho individual aberto para atividades de curta

duração

que

exigem

pouca

concentração (como verificação de e-mails); Utilizada por funcionários de trabalhos flexíveis ou móveis que necessitam de uma base de trabalho; Flexibilidade do espaço. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014)

Fonte: Archdaily3 (Acesso em 04/11/2020)


43

SALA DE REUNIÃO PEQUENA

Figura 32 - Ilustração sala de reunião pequena

Espaço fechado para reuniões informais e formais; Uso para duas a quatro pessoas; Quando não utilizada para reuniões, podem ser usadas como cabines individuais. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) Fonte: Adobe Stock¹ (Acesso em 04/11/2020)

SALA DE REUNIÃO GRANDE

Figura 33 - Ilustração sala de reunião grande

Espaço fechado para reuniões agendadas confidenciais e apresentações formais; Uso para cinco a doze pessoas; Possibilidade de ser utilizada para salas de brainstorm e área de trabalho para equipes de projeto, ambas quando devidamente equipadas. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) Fonte: Adobe Stock¹ (Acesso em 04/11/2020)

ESPAÇOS DE REUNIÃO Figura 34 - Ilustração espaços de reunião

Espaços abertos ou semiabertos para reuniões informais de curta duração, adequado para assuntos não confidenciais; Uso para duas a doze pessoas, dependendo da configuração das mesas; Possibilidade de ser utilizada como estações de trabalho informal, estações temporárias ou área de espera. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014)

Fonte: Archdaily4 (Acesso em 04/11/2020)


44

SALA DE BRAINSTORM Figura 35 - Ilustração sala de brainstorm

Espaços para reuniões fechado para cinco a doze pessoas; Adequada para sessões de workshops e brainstorming; Estimula criatividade e inovação quando projetada adequadamente. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) Fonte: Archdaily3 (Acesso em 04/11/2020)

PONTO DE REUNIÃO

Figura 36 - Ilustração ponto de reunião

Espaços abertos de encontro não confidenciais para reuniões breves; Uso para duas a quatro pessoas; Facilidade para encontros casuais. (MEEL, MARTENS E JAN VAN REE, 2014) Fonte: Archdaily4 (Acesso em 04/11/2020)

Além dos espaços de trabalho, um ambiente corporativo de escritórios necessita de espaços para apoio das atividades realizadas. As necessidades dos variados ambientes de apoio dependem do tipo de realidade realizada na empresa e de sua forma organizacional, por exemplo, se ela precisa de mais espaços para armazenamento de papel ou se a empresa trabalha com a maioria dos documentos em rede. Muitos desses espaços servem como ponto de encontro entre os funcionários, favorecendo a comunicação e o convívio social (MEEL; MARTENS; JAN VAN REE, 2014).


45

Espaços auxiliares que podem ser de muita utilidade para empresas são: depósitos de arquivos; almoxarifado; área de impressão e cópia; área de correspondências; área de alimentação (como copas ou cafeterias); área de descanso; área de guardavolumes; biblioteca ou área de estudo; sala de jogos; e área de espera (MEEL; MARTENS; JAN VAN REE, 2014). As preocupações atuais sobre o conforto e bem-estar dos usuários trouxe ainda novos ambientes como áreas de descompressão, que estimulem o convívio social e criatividade, buscando humanizar os espaços corporativos e reduzir o estresse e tensão dos funcionários. Embora muitas empresas não preveem a pausa para descanso no ambiente de trabalho, ela é estabelecida na norma brasileira NR-17: atividades que exijam sobrecarga muscular, devem ser incluídas pausas para descanso

(BITENCOURT;

BARUFFALDI,

2006).

Ambientes

de

jogos

e

entretenimento influenciam positivamente a motivação dos funcionários e a coesão social, atraindo colaboradores jovens à medida que expressa uma cultura informal e descontraída de uma empresa. Mais recentemente, a partir de iniciativas colaborativas a fim de corte de custos, surge o sistema de coworking: ambiente de trabalho compartilhado por diversos tipos de profissionais de diferentes áreas e empresas. Este formato de negócio, visando a partilha dos gastos com o local de instalação, abre diversas possibilidades de interação entre os usuários, sejam profissionais liberais ou grupos de empresas. O coworking traz a ideia de autogestão grupal, acessibilidade e participação dos processos. As constantes trocas de informações se dão pela flexibilidade do espaço e dos horários (SOARES; SALTORATO, 2015). COWORKING

Figura 37 - Ilustração coworking

Espaços colaborativos de encontro não confidenciais e média concentração; Uso para funcionários autônomos ou de diferentes empresas; Troca de ideias; Flexibilidade espacial. (MEEL; MARTENS; JAN VAN REE, 2014)

Fonte: iStock (Acesso em 04/11/2020)


46

Muitas das tipologias citadas tiveram de ser readaptadas ou mesmo deixadas de lado no ano de 2020 com a chegada da pandemia no novo Coronavírus. Com políticas de isolamento, empresas e colaboradores tiveram de readaptar os processos e sua organização por meio do Home Office6 e dos escritórios com menor capacidade, respeitando-se o distanciamento. Com a maioria dos trabalhadores exercendo suas atividades de casa, pode-se perceber vantagens e desvantagens em ambos os métodos de trabalho (presencial e online). O trabalho remoto reduz o tempo perdido em trânsito, reduz os gastos das empresas com energia e aluguel dos espaços, possibilita a liberdade de trabalhar mais à vontade em casa, entre outros. O home office6 trouxe para muitas pessoas a flexibilidade em sua rotina, sensação de autonomia e tomadas de escolhas, sendo esses, fatores influenciadores para o bemestar dos trabalhadores. Mas algumas características negativas também foram percebidas: falta de interação social, dificuldade em estabelecer boa conexão com as pessoas e até mesmo com a empresa de maneira virtual, diferenciação da área de trabalho com moradia, foco e produtividade baixa (PAIVA, 2020). […] mudança e estímulo ao movimento são duas qualidades do ambiente com forte impacto na plasticidade cerebral. Circular pelo escritório, andar até o carro ou até o metrô, ir até o restaurante na hora do almoço, todas essas atividades que podem parecer dispensáveis, no fundo são importantes para que a gente mantenha o cérebro estimulado (PAIVA, 2020).

Para que os ambientes de trabalhos possam ser reocupados e novamente utilizados eles devem ser readaptados para os novos cuidados higiênicos. Intensificar o uso de iluminação natural, circulação da ventilação natural e conectividade com a natureza podem melhorar a saúde e o bem-estar dos funcionários. Espaços ao ar livre, terraços e varandas que são negligenciados em edifícios de escritórios existentes, estão se tornando opções para os novos espaços. Reforçar a segurança física e psicológica, criar novos protocolos sociais e comportamentais para as novas atualidades são pequenos passos que as empresas começaram a dar para garantir um espaço trabalho mais seguro e ao mesmo tempo fornecer uma experiência que faça os funcionários se sentirem confortáveis e à vontade (MARSH; MANZER, 2020).

6

Escritório em casa, em português.


47

3 ESTUDO DE CASO

3.1 ESCRITÓRIO MELICIDADE (MERCADO LIVRE), SÃO PAULO - BR

Como estudo de caso, foi escolhido o escritório Melicidade, sede do Mercado Livre do Brasil, localizada em Osasco no estado de São Paulo, projetado pelo escritório de arquitetura Athié Wohnrath, em parceria com o escritório argentino Estudio Elia Irastorza (EEI) no ano de 2016 (ver Figura 36). O projeto foi escolhido devido as assertivas escolhas projetuais, priorizando o bemestar dos funcionários, dinamização e flexibilidade do espaço de trabalho, proporcionando espaços de descompressão e atividades extras que não envolvem a empresa em si. O uso de cores que estimulam a atenção e criatividade, materiais diversificados que determinam e delimitam ambientes mesmo que não haja barreiras físicas, possibilitam uma setorização menos rígida e uma permeabilidade visual. O nome “Melicidade” vem pela junção da sigla “Meli” (no qual a empresa é reconhecida na bolsa Nasdaq) e “cidade” pela ideia de configuração do novo escritório. Figura 38 - Implantação da sede do Mercado Livre no Brasil

Usos de apoio (restaurante, academia etc.) Escritório (bloco principal)

0 10 20

50

Fonte: Adaptado de Archdaily5 (Acesso em 17/11/2020)

100


48

O projeto é situado em um terreno de três hectares e com três galpões que seriam restaurados, mantendo as características industriais e estruturais do local e implementando o programa de necessidades em 17.000 m². O complexo inclui 140 salas de reunião, 11 salas de treinamento, auditório com capacidade para 200 pessoas e restaurante para 450 pessoas, como mostram as Figuras 37 e 38. Helisson Lemos, presidente do Mercado Livre no Brasil, destaca que o projeto teve base em três objetivos: “encantar talentos, aproximar-se de parceiros e clientes e promover sustentabilidade”.


49

Figura 39 - Planta baixa setorizada do pavimento térreo

0

Escritório aberto Pontos de reunião Salas de reuniões formais Salas de reuniões informais (circulares)

5

10

15

20

Auditório Espaços de apoio (cafeteria e biblioteca) Espaços de apoio (banheiros e armazenamento) Circulação vertical

Fonte: Adaptado de Archdaily5 (Acesso em 17/11/2020)


50

Figura 40 - Planta baixa setorizada do mezanino

Escritório aberto Pontos de reunião Salas de reuniões formais Sala de reunião principal

0

5

10

15

Auditório Espaços de apoio (banheiros e armazenamento) Circulação vertical

Fonte: Adaptado de Archdaily5 (Acesso em 17/11/2020)

20


51

Favorecendo a integração entre os colaboradores, o projeto conta com várias áreas de trabalho flexíveis, sejam compartilhadas, como uso de escritório aberto, salão de trabalho para reuniões menos informais de funcionários, ou como salas mais confidenciais ou individuais que exijam maior concentração, além de pontos de apoio como bibliotecas, cafeterias, armários para armazenamento pessoal e uma área de esportes e lazer chamada Meli Mall, incluindo academia, salão de jogos, salão de beleza, atendimento nutricional e massagem.

A sede otimiza o uso de recursos naturais, utilizando energia solar com 2.000 painéis fotovoltaicos instalados, gerando metade da energia que é distribuída no complexo e reaproveitamento de água da chuva para irrigação dos jardins e no uso de bacias sanitárias. Para harmonizar os galpões existentes e promover a integração com os ambientes externos, uma das primeiras ideias do projeto foi criar janelas laterais, aberturas zenitais para iluminação natural e uma alameda principal, com vegetação e árvores, por onde se tem acesso para diversas atividades da empresa. Foram adicionados mezaninos para aumentar as áreas de trabalho, abertos e conectados ao eixo central (Figura 39). Figura 41 - Mezanino

Fonte: Athié Wohnrath (Acesso 17/11/2020)


52

Com um espaço amplo, o complexo foi dividido em vários ambientes de área de trabalho e para cada equipe, foi nomeado as áreas de cada uma a partir de uma localização brasileira. Segundo a arquiteta do Estudio Elia / Irastorza (EEI), Milagros Irastorza, “O Mercado Livre dá muita importância à versatilidade de espaços. A ideia é a interação entre os funcionários, e que seja desenvolvido o senso de comunidade” (ver Figura 40). Figura 42 - Espaços para encontros informais (pontos de reunião)

Fonte: T2arquitetura (Acesso em 17/11/2020)

Na área externa, de 22.000 m², possui um jardim com redes, decks e uma quadra poliesportiva (Figura 41), na área interna dos galpões também possui interação com a natureza com os arbustos nas áreas centrais e nas vegetações nas coberturas das salas de reunião de formato circular feitos de madeira espalhadas ao longo do eixo central do galpão principal. Esses espaços de reuniões foram projetados para encontros informais, seja com clientes e fornecedores. Externamente são iguais, mas os mobiliários internos variam de mesas e projetores a poltronas e puffs para relaxar e ter uma conversa mais informal (ver Figura 42 e 43).


53

Figura 43 - Área de lazer externa

Fonte: Galeria da Arquitetura (Acesso em 17/11/2020)

Figura 44 - Salas de reuniões informais circulares. Layout interno: mesas de reuniões.

Fonte: Casa Vogue (Acesso em 17/11/2020)


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Figura 45 - Salas de reuniões informais circulares. Layout interno: poltronas e pufes à

esquerda; mesa de reunião à direita.

Fonte: Galeria da Arquitetura (Acesso em 17/11/2020)

A personalização de cada ambiente é uma das características do escritório, foram incorporadas em diversas áreas intervenções artísticas. As obras dos artistas, Timoteo Lacroze, Rimón Guimarães, Mart Aire e João Lelo, podem ser vistas tanto de áreas externas do complexo quanto das áreas internas do escritório, por exemplo nas salas de reuniões, trazendo cores vivas e artes mais abstratas, trazendo ideia de juventude, dinamismo e criatividade (Figura 44 e 45).

Figura 46 - Sala de reunião principal

Fonte: Athié Wohnrath (Acesso 17/11/2020)


55

Figura 47 - Obras de arte nos espaços de trabalho

Fonte: Living Gazette (Acesso 17/11/2020)

Em resumo, podemos falar de algumas estratégias propostas no projeto que são princípios da neurociência aplicada à arquitetura. O uso de pé-direito alto em ambientes de interação social mais dinâmica, como na cafeteria e nos espaços de encontros informais de puffs e mesas para reuniões rápidas (ver Figura 46), e uso do pé-direito baixo em ambientes que exijam mais concentração, como nos postos de trabalho e salas de reuniões (ver Figura 47). Figura 48 - Eixo central (pé-direito alto)

Fonte: T2arquitetura (Acesso em 17/11/2020)


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Figura 49 – Estações de trabalho (pé-direito baixo)

Fonte: Casa Vogue (Acesso em 17/11/2020)

O uso predominante da iluminação natural, com aberturas laterais e zenitais, é um fator importante que promove concentração e atenção, além de ser um fator primordial do relógio biológico humano aumentando a qualidade de vida e percepção do tempo dos usuários (Figura 48). Figura 50 - Iluminação natural

Fonte: Athié Wohnrath (Acesso 17/11/2020)


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A personalização do ambiente nas estações de trabalho em conjunto com as variadas obras de artes ao decorrer do escritório, garantem a ideia de territorialidade e pertencimento ao local. O uso das cores, mais coloridas e vivas, em pontos estratégicos favorecem o aumento da criatividade, foco cognitivo e diminuem o estresse (Figura 49 e 50). Figura 51 - Obra de arte nos espaços de armazenamento

Fonte: Athié Wohnrath (Acesso 17/11/2020)

Figura 52 - Obra de arte e iluminação natural na biblioteca

Fonte: Casa Vogue (Acesso em 17/11/2020)


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A setorização organizacional das áreas de trabalho, distribuídas de forma simétrica, trazem uma sensação de harmonia aos usuários, percebidas de forma não cognitiva. O uso de texturas (ripado, aço, tecido, piso cimentício, tapetes, vegetação etc.) e formas mais complexas, como os pontos de reuniões circulares, fazem com que o usuário crie uma conexão com o espaço melhor que com formas muito planas ou com uma complexidade mais desorganizada (Figura 51). Figura 53 – Conexão central (usos de texturas e formas)

Fonte: Living Gazette (Acesso 17/11/2020)

A Melicidade foi projetada para atender as necessidades espaciais da empresa e principalmente com o crescimento dos funcionários, presando bem-estar e qualidade de vida. Diversidade, sustentabilidade e integração foram os princípios básicos do projeto e que destacam um escritório que se preza a felicidade dos usuários e qualidade no trabalho trazendo ambientes mais humanizados.

3.2 INSTITUTO SALK, SAN DIEGO (EUA)

Um estudo de caso ligado diretamente a neurociência, é o Instituto Salk, centro de pesquisa nas áreas de biologia molecular, genética, neurociência e biologia das plantas. Localizada na cidade de San Diego, Estados Unidos, o Instituto foi fundado


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pelo Dr. Jonas Salk, inventor da vacina contra a poliomielite. Sua obra foi finalizada em 1965. Na década de 50, Jonas Salk passou um tempo na Itália e percebeu que toda vez que visita a Basílica de São Francisco de Assis, localizada na cidade de Assis e construída no século XIII, ficava mais criativo e inspirado. Inspirado, juntamente com o arquiteto Louis Kahn foi idealizado um ambiente colaborativo em que todos os pesquisadores pudessem explorar os princípios básicos da vida e contemplação, onde arte e ciência, funcionalidade e estética andassem lado a lado. Em um terreno de 27 acres, o projeto busca a simetria com dois edifícios idênticos espelhados e separados por um pátio vazio (ver Figura 54). O pátio por sua vez, é o espaço mais simbólico, levando um caminho d’agua em toda sua extensão direcionando a vista ao Oceano Pacífico. Figura 54 - Terreno Instituto Salk

Fonte: ArchDaily7 (Acesso 02/06/2021)

Cada edifício tem seis pavimentos, sendo laboratórios e áreas de apoio. As torres mais ao leste do terreno contêm sistemas de aquecimento, ventilação, entre outros, enquanto as torres ao oeste contêm seis pavimentos de escritórios e faceiam o oceano Pacífico, proporcionando uma vista para contemplação e mantendo um ambiente


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tranquilo e acolhedor marcado por um caminho de curso e espelho d’agua bem marcante no eixo das duas edificações (Figura 55 e 56). Figura 55 – Vista Leste para o oceano Pacífico

Fonte: ArchDaily7 (Acesso 02/06/2021)

Figura 56 - Eixo Instituto Salk, vista para oeste

Fonte: ArchDaily7 (Acesso 02/06/2021)


61

Apesar de dois pavimentos serem subterrâneos, devido ao zoneamento, o arquiteto projetou uma série de lightwells7, um pátio pequeno no interior do edifício, que atravessam todos os pavimentos até o subsolo para que os espaços de trabalho pudessem ter bastante luz natural (ver Figura 57), juntamente com a circulação semiaberta, as divisórias e esquadrias de vidro contribuem para a entrada de luz no ambiente. A planta interna dos pavimentos é livre, possibilitando adaptações das diferentes funções de cada departamento de pesquisa. Figura 57 - Pátio interno no subsolo (Ligthwells)

Fonte: Mariana M. C. (Acesso 03/06/2021)

Os materiais que o projeto são: concreto, chumbo, madeira, aço e vidro (Figura 58). A fim de promover o brilho natural do material, o concreto não teve acabamento, foi feito a partir de uma técnica da arquitetura romana. O piso do pátio central é de mármore travertino, que está relacionada a sua importância histórica e pela sua resistência ao clima e tempo, ressaltando que o instituto fica à beira mar.

7

Poços de luz, em português.


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Figura 58 – Edifícios Instituto Salk

Fonte: ArchDaily7 (Acesso 02/06/2021)

Apesar dos traços fortes e imponente do conjunto e sua materialidade, o projeto nos traz uma sensação convidativa, mais humana. Sua escala se relaciona com a escala do corpo humano, os caminhos ao qual podem se percorrer trazem tranquilidade pelos elementos naturais presentes como luz natural, a água e a relação com a paisagem externa. Considerado uma obra-prima da arquitetura moderna, o Instituto foi planejado para reunir cientistas de todo o mundo em uma atmosfera mais inovadora e acolhedora para o meio de pesquisas, a caminhada entre os blocos remete a caminhada ao altar da Basílica de Assis, como tanto desejou Salk em seu momento de inspiração. Jonas Salk sobre o instituto: O instituto é um lugar curioso, não é facilmente compreendido e a razão para isso é que é um lugar no processo de criação. Ele está sendo criado e se dedica aos estudos da criação. Não podemos ter certeza do que vai acontecer aqui, mas podemos ter certeza de que vai contribuir para o bem-estar e a compreensão do homem.


63

4 TEIA COMUNICAÇÃO 4.1 SOBRE A EMPRESA O escritório escolhido para a proposta de intervenção é a TEIA COMUNICAÇÃO, uma agência de publicidade situada em Vitória, Espírito Santo. Presente no mercado desde 2007, descrita pelo dono como uma empresa que busca se renovar a cada dia e seus objetivos são inovação e levar para o mercado um trabalho sério, dedicado e que tenha sempre verdade como objetivo final. O espaço físico da empresa, localizado na rua Sérgio Murilo de França Souza, no bairro Jardim da Penha, tem uma vizinhança de grande parte residencial unifamiliar. A própria edificação é uma casa adaptada para os usos rotineiros da empresa (ver Figura 59). Figura 59 – Fachada Agência TEIA

Fonte: Google Maps (Acesso 09/06/2021)

Desde o surgimento da TEIA, ela foi se moldando com o passar do tempo de acordo com as diferentes realidades vividas. Atualmente, por decorrência da pandemia, a equipe se adaptou ao modo home office com todos seus funcionários, mas mantendo também o espaço físico. Mesmo dividida por alguns variados departamentos, a empresa se organiza por três principais setores: Atendimento, Criação e Administrativo. Na atualidade, a agência busca um ambiente que não tenha muitas limitações e que mostre inovação tanto para


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quem trabalha no local quanto para quem visita as instalações pela primeira vez, prezando o conforto e transmitindo inovação, criatividade e tecnologia.

4.2 A SEDE TEIA Para avaliar a percepção afetiva e mensurar as experiencias, emoções e sentimentos dos funcionários sobre o espaço de trabalho, foi feita uma visita técnica ao local, para levantamento métrico e fotográfico, juntamente com questionários (ANEXO 1 E 2) para compreender a relação e dinâmica do ambiente. A edificação tem dois andares, onde se encontram 3 salas de trabalho, 1 sala para reunião, um espaço para convivência e área externa, além de banheiros, cozinha e área de serviço para atender as necessidades diárias da empresa (Ver Figura 60).


65

Figura 60 – Planta Baixa Pav. Térreo TEIA

0

1

2

Fonte: Autora (2021)

3

6


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A sala do pavimento inferior é a maior existente e a mais nova reformada, servindo de espaço para reuniões mais informais e área de convívio. Como as Figuras 61 e 62 mostram, apesar de todos os equipamentos que estão guardados na sala, os móveis coloridos e mais dinâmicos e a parede colorida ao fundo que servia de anotações de projetos, a sala remete ao lado criativo que a empresa busca. Figura 61 – Sala de Convivência e Reuniões Informais

Fonte: Autora (2021)

Figura 62 – Sala de Convivência e Reuniões Informais

Fonte: Autora (2021)

A partir da escada, corredores e nas portas das salas, foram feitas colagens feitas pela própria agência para dar autenticidade ao espaço (Figura 63 e 64).


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Figura 63 – Colagens - Corredor

Figura 64 – Colagens - Escada

Fonte: Autora (2021)

Fonte: Autora (2021)

No pavimento superior, as salas de trabalho têm cores mais sóbrias que na parte inferior da empresa (Figura 65). Apesar de diferentes departamentos (criação, atendimento e administrativo) o layout e a composição de materiais são os mesmos: mesas para quatro pessoas, paredes brancas, móveis e piso em madeira (Figura 66, 67 e 68).


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Figura 65 – Planta Baixa Pav. Superior TEIA

0

1

2

Fonte: Autora (2021)

3

6


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Figura 66 – SALA 01 – Atendimento e Financeiro TEIA

Fonte: Autora (2021) Figura 67 – SALA 02 – Criação TEIA

Fonte: Autora (2021) Figura 68 – SALA 03 – Atendimento TEIA

Fonte: Autora (2021)


70

A sala de reuniões também é recente reformada e tem uma característica marcante no espaço, não é apenas uma mesa com cadeiras dispostas como outras salas de reuniões formais (Figura 69). A agência decidiu tirar os convidados do conforto rotineiro da cadeira e optou por colocar um sofá no ambiente e puxar um banquinho que fica encaixado como decoração na parede, ver Figura 70 e 71. Apesar da frequência de clientes para reuniões serem poucas, quando recebem, são muito importantes. Figura 69 – Pav. Superior – Porta Sala Reuniões TEIA

Fonte: Autora (2021) Figura 70 – SALA REUNIÕES TEIA

Fonte: Autora (2021)


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Figura 71– SALA REUNIÕES TEIA

Fonte: Autora (2021)

A área externa de acesso ao ambiente de trabalho é uma área voltada para convivência e para refeição ao ar fresco, mais utilizada que a mesa presente na cozinha. O uso das cores da marca e o contato com a biofilia é presente tanto pela vegetação dentro do terreno quanto pela árvore de grande porte na calçada (ver Figuras 72 e 73). Figura 72 – ÁREA EXTERNA – Acesso Principal TEIA

Fonte: Autora (2021)


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Figura 73 – ÁREA EXTERNA – Mesa para refeições TEIA

Fonte: Autora (2021)

Conclui-se que os espaços de trabalho da agência TEIA são em tons neutros, o que não contribui para o desenvolvimento de atividades que necessitam criação. Ambientes de convívio e de reuniões demonstram mais criatividade e inovação pelo uso das cores mais vibrantes como amarelo, laranja e vermelho trazendo dinamismo com os mobiliários soltos. Ainda que, com todas as características relatadas, os ambientes de trabalho atendem às necessidades diárias dos funcionários.

4.3 AVALIAÇÃO FÍSICA E SENSORIAL

Para melhor compreensão do espaço, foi formulado um questionário de avaliação pósocupação (ANEXO 2), onde teve por finalidade obter a vivência sensorial e física do espaço. A fim de acessibilidade dos funcionários ao questionário, em meio ao decreto de isolamento social ocasionado pelo vírus COVID-19, foi desenvolvido de forma online pela plataforma Google Forms e enviado aos funcionários da empresa. Ao que se refere ao questionário feito ao dono (ANEXO 1), obtivemos uma percepção espacial e rotineira dos espaços. Ao início, é relatado que os espaços de trabalho atendem às necessidades diárias dos funcionários e que eles geram interação, troca de ideias e estimulam a criatividade. Ao questionar sobre pontos positivos e negativos do espaço, foi descrito que o pavimento térreo, além de ser amplo e novo, não é muito confortável para o trabalho rotineiro, já o pavimento superior com as salas mais privativas, é mais confortável, mas não mostra a inovação que a empresa quer passar


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e que o ideal seria um ambiente com uma mistura dos dois aspectos positivos: um ambiente inovador e ao mesmo tempo prático para o trabalho. O questionário feito para a avaliação dos funcionários (ANEXO 2), aborda questões mais rotineiras e relacionadas aos aspectos da neuroarquitetura: olfato, visão, iluminação, temperatura, ergonomia, entre outros. Ao total, obtivemos 5 respostas sendo: 2 funcionários do departamento de Atendimento; 1 funcionário da Criação; 1 funcionário do Social Media; 1 funcionário da Produção. Estes: criação, social media e produção, considerados do setor geral criativo. Na primeira pergunta relacionado ao espaço de trabalho foi: “Como você avalia o ambiente de onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação ao tamanho do ambiente?” (gráfico 1), todos responderam “bom” de 5 opções: Muito bom; Bom; Regular; Ruim; Muito Ruim. Na segunda pergunta está relacionado a acústica: “Como você avalia o ambiente onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação a acústica (barulhos, ruídos)?” (gráfico 2), obtendo duas respostas como “bom” (Produção e Social Media) e três respostas como “regular” (Atendimento e Criação). Gráfico 1 - Como você avalia o ambiente de onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação ao tamanho do ambiente?

Fonte: Autora (2021) Gráfico 2 - Como você avalia o ambiente onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação a acústica (barulhos, ruídos)?

Fonte: Autora (2021)


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Relacionada a pergunta anterior sobre a acústica do espaço, a terceira pergunta era: “Se há barulhos/ruídos no seu espaço de trabalho, são ruídos internos (da própria empresa/telefonemas/conversas) ou externos (da rua)?” (gráfico 3. Das respostas 80% (4 pessoas indicaram que os ruídos eram provenientes da própria empresa, assim relatados como sendo movimentação dentro da própria sala, conversas ao telefone com cliente, reuniões e conversas paralelas entre os funcionários. E os ruídos externos são de conversas de vizinhos, animais e carros passando na rua. Gráfico 3 - Se há barulhos/ruídos no seu espaço de trabalho, são ruídos internos (da própria empresa/telefonemas/conversas) ou externos (da rua)?

Fonte: Autora (2021)

A quarta pergunta se refere a sensação térmica do espaço de trabalho. Os funcionários responderam a “Como você avalia o ambiente onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação a temperatura (quente/frio)?” e três pessoas concluíram como “bom” e duas como “muito bom” (gráfico 4). Como observado, a temperatura interna dos espaços de trabalho é oriunda do arcondicionado, que é facilmente reajustado em ambientes menores. Gráfico 4 - Como você avalia o ambiente onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação a temperatura (quente/frio)?

Fonte: Autora (2021)

Sobre iluminação, tanto artificial quanto natural, a pergunta foi: “Como você avalia o ambiente onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação a


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ILUMINAÇÃO? (muito claro/muito escuro)”. Na resposta,60% (3 pessoas) consideram a iluminação do ambiente “muito bom” e os outros 2 participantes consideram a iluminação “boa” (gráfico 5). Gráfico 5 - Como você avalia o ambiente onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação a iluminação? (muito claro/muito escuro)

Fonte: Autora (2021)

Quanto à ergonomia no espaço de trabalho, foram formuladas duas perguntas sobre o tema: “Como você avalia o ambiente onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação ao conforto? (o mobiliário atende suas necessidades/é confortável)” (gráfico 6), 80% dos funcionários (4 respostas) indicaram como “bom” e 20% (1 resposta) como “regular”; E “Os espaços de trabalho na empresa atendem as suas necessidades diárias? Mobiliário tem tudo o que necessita? Está tudo ao seu alcance?” (gráfico 7), sendo 4 respostas como “sim”, atendendo as necessidades do usuário e 1 resposta para “não”. Gráfico 6 – Como você avalia o ambiente onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação ao conforto? (o mobiliário atende suas necessidades/é confortável)

Fonte: Autora (2021)


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Gráfico 7 - Os espaços de trabalho na empresa atendem as suas necessidades diárias? Mobiliário tem tudo o que necessita? Está tudo ao seu alcance?

Fonte: Autora (2021)

No sentido da visão, a pergunta foi mais direcionada ao ambiente quanto aos revestimentos, pinturas, mobiliários e decorações, se o agrada ou não. “Como você avalia o ambiente onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação ao visual? (paredes/pisos/mobiliário é agradável)” (gráfico 8) teve uma grande variação de respostas: duas pessoas consideram “muito bom” (setor de produção e atendimento); um funcionário do social media considerou o espaço “bom” visualmente; um funcionário do atendimento considerou “ruim”; e um funcionário do setor da criação considerou o espaço “muito ruim” visualmente. E todos acreditam que o ambiente físico influenciou em sua experiência. Gráfico 8 - Como você avalia o ambiente onde permanece a maior parte do seu tempo de trabalho em relação ao visual? (paredes/pisos/mobiliário é agradável)

Fonte: Autora (2021)

Baseado na experiência dos funcionários, foi questionado quais os aromas predominantes do local, entre eles se destacam o cheiro de produtos de limpeza e o cheiro de comida, pois a empresa serve almoço, então determinada hora do dia o aroma de comida era predominante. Em uma pergunta aberta, questionamos quais mudanças o usuário sugeriria para melhorar o seu espaço de trabalho e sobre a infraestrutura geral da empresa. Para


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os espaços individuais o setor geral de criação sugeriu mais mobilidade, espaço amplo para cada setor da agência e melhoria no visual interno das salas operacionais, como colorir as paredes, mencionando que a sala de reunião e a sala de convivência foram recentemente reformadas e tem um visual agradável. Já o setor de atendimento sugeriu otimizar as baias de trabalho, pois atualmente considera as mesas grande para a função e não possuem gaveta, trazendo um ambiente não muito agradável visualmente. Quanto à infraestrutura geral da agência, foi mencionado uma melhoria no layout interno em um estilo mais moderno aos espaços de trabalho, coloridas e com vegetação e móveis para descanso. Foi citado um uso de sistema de vedação das janelas, atualmente improvisado, as cortinas poderiam ajudar nos horários em que a iluminação natural ofusca a tela dos monitores de trabalho. Churrasqueira e área gourmet para receber clientes. Os funcionários da agência consideram que um espaço pensado de acordo com as suas necessidades específicas motivaria eles a trabalhar. A maioria (80% dos usuários) considera que os espaços de relaxamento dentro da empresa são essenciais para o bem-estar dos funcionários e a colaboração entre colegas de diferentes setores em um mesmo ambiente é um ponto positivo. Supondo que a experiência de trabalho na TEIA seja uma experiência positiva, pedimos os funcionários para selecionar quais dos sentimentos os descrevem (gráfico 9), estes: dois marcaram como “animado” e “motivado”; um como “atento” e “inspirado”; três usuários se consideravam “felizes”; e por fim, quatro funcionários (80%) consideravam “satisfeitos” com o ambiente de trabalho.


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Gráfico 9 - Se sua experiência foi positiva, quais sentimentos descrevem o seu sentimento?

Fonte: Autora (2021)

E por fim, em uma pergunta aberta, eles responderam como se sentiam no espaço de trabalho e todos responderam que se sentiam satisfeitos pois os espaços atendem todas as necessidades básicas diárias e que o fato da empresa se situar em uma casa traz tranquilidade aos funcionários, podendo almoçar ao ar livre que tira esse aspecto de empresa nos horários de descanso. E no geral, foi citado que pequenas melhorias deixariam o espaço melhor, principalmente no visual interno.


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5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA AGÊNCIA TEIA Após a análise das pesquisas e resultados obtidos da TEIA Comunicações, foi desenvolvida uma proposta de intervenção de reforma do escritório com base nos fundamentos da neurociência aplicada à arquitetura. O projeto dispõe-se de melhorar os ambientes de trabalho, favorecendo a troca de ideias, flexibilidade no layout e formação de novos espaços para promover a criatividade, vitalidade e o bem-estar dos funcionários, solucionando também os conflitos de ruídos e melhoria no visual da empresa. Em geral, destacam-se os três objetivos que a empresa pretende transmitir: criatividade, inovação e tecnologia. O escritório contém aproximadamente 150m² de espaço interno na edificação e 80m² de área externa. Com o objetivo de integração e um mobiliário mais flexível, foi possível reorganizar o layout interno e realocar os setores a fim de minimizar as interferências na produtividade. A ideia foi, além de melhorar o visual interno, promover a criatividade, inovação e alegria no espaço incorporando cores, elementos biofílicos e ao mesmo tempo remetendo seriedade de trabalho no espaço, conciliando inovação e conforto no trabalho rotineiro. Na nova configuração, identificou a necessidade de o setor criativo ficar distante dos outros setores em um ambiente mais reservado no pavimento térreo para os projetos internos sem a interferência sonora interna com conversas paralelas e telefonemas com clientes. Otimizando o espaço do pavimento térreo em relação às áreas de trabalho, convivência e de serviços de acordo com a necessidade de utilização e adicionando acessibilidade, com um banheiro para pessoas com deficiência (ver Figura 74).


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Figura 74 - Planta Baixa Pav. Térreo TEIA - Proposta

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Fonte: Autora (2021)

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6


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As áreas externas foram revitalizadas para descanso e descompressão, conectando os usuários de áreas com vegetação e ar fresco. A área de acesso à empresa, como mostra na Figura 75, traz além do contato com a natureza com a vegetação e horta verticais, a identidade da empresa com as cores da marca, demonstrando pertencimento. Figura 75 – Proposta Modelagem 3D – Área externa

Fonte: Autora (2021)

De acordo com Heller (2000), as cores afetam as pessoas, elas são assimiladas aos nossos sentimentos de vivências comuns que tivemos desde a infância, enraizadas em nossa linguagem e em nosso pensamento. Mesmo que cada cor possa produzir um efeito diferente, como o amarelo pode ter efeito caloroso ou irritante, os efeitos mais concretos são provindos de acordes cromáticos, um conjunto de várias cores. Um acorde cromático é composto por cada uma das cores que esteja mais frequentemente associada a um determinado efeito. Os resultados da pesquisa demonstram: as mesmas cores estão sempre associadas a sentimentos e efeitos similares. As mesmas cores que se associam à atividade e à energia estão ligadas também ao barulhento e ao animado. Para a fidelidade, as mesmas cores da confiança. Um acorde cromático não é uma combinação aleatória de cores, mas um efeito conjunto imutável (HELLER, 2000, pg.22).

Portanto, para cada ambiente foi pensado um acorde cromático para remeter o sentimento associado ao objetivo do espaço. No acesso para o ambiente interno, juntamente com a escada sendo um elemento marcante no projeto pois conecta os


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dois pavimentos e é o primeiro ambiente que um visitante olharia, os acordes cromáticos relacionados aos sentimentos desejáveis, em referência a Heller (2000) (ver Figura 76), seriam amabilidade e o agradável, contendo: amarelo, laranja, rosa (esses associados a alegria, sociabilidade, espontaneidade e criatividade), azul e verde (esses associados ao frescor, tranquilidade, esperança e natureza). Figura 76 – Acorde cromático “amabilidade” e “agradável”

Fonte: Heller (2000)

Assim, na escada foi pintada com essas cores formando um desenho abstrato dando dinamismo e alegria ao ambiente. Na área de convivência e descompressão, o uso de materiais mais claros, texturas, vegetação, cascata abaixo da escada e mobiliários soltos e coloridos remetem um ambiente mais aconchegante e fora do “ambiente de trabalho”. A iluminação natural predominante e os pontos de iluminação artificial com spots, pendentes e luminárias de piso com características mais contemporâneas na cor preta, remetendo tecnologia e sofisticação (Figura 77). Figura 77 - Proposta Modelagem 3D – Hall/Entrada e Área de convivência

Fonte: Autora (2021)


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O setor criativo foi realocado para o pavimento térreo em uma sala mais reservada sem que tenha interferência acústica, principalmente de outros setores. Sem que perca a permeabilidade visual do espaço, a sala é fechada com vidros, que mesmo que transparentes, garantem uma privacidade pela faixa fosca (ver Figura 78). De acordo com Heller (2000), um terço da criatividade consiste em influências ambientais, portanto é importante um ambiente estimulante para melhoria da produtividade e bemestar no meio criativo, para que não seja cansativo. Internamente, o uso do ripado e a madeira trazem texturas ao ambiente e as cores pintadas na parede remetem ao lúdico e criativo em conjunto com um mobiliário e divisórias internas flexíveis (Figura 79 e 80). Figura 78 - Proposta Modelagem 3D – Setor criativo 1

Fonte: Autora (2021)


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Figura 79 - Proposta Modelagem 3D – Setor criativo 2

Fonte: Autora (2021)

Figura 80 - Proposta Modelagem 3D – Setor criativo 3

Fonte: Autora (2021)

No pavimento superior teve a implementação de um apoio para cozinha, uma área de trabalho integrada para os setores de atendimento e administrativo com nichos reservados para reuniões pontuais e atendimento ao cliente quando necessário mais privacidade e acústica melhor. A sala de reuniões traz um layout ainda mais flexível e inovador para uma sala de reunião tradicional (Figura 81).


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Figura 81 - Planta Baixa Pav. Superior TEIA - Proposta

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Fonte: Autora (2021)

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A iluminação natural está presente no ambiente de trabalho, com a possibilidade remota de persianas que bloqueiam a incidência direta do sol e mesmo na melhor disposição dos monitores para evitar ofuscamento da tela. O ambiente traz uma paleta de cor mais concisa com as cores azul, preto, branco e o verde no jardim vertical, remetendo a seriedade, tranquilidade e concentração, um acorde cromático “tranquilizador” e “autonomia” (Heller, 2000). Tanto o elemento ripado ao teto em azul quanto o tapete delimitam o ambiente para que os usuários do espaço fiquem mais focados nas atividades ali desenvolvidas (Figura 82 e 83). Figura 82 – Proposta Modelagem 3D – Setor Administrativo e de Atendimento 1

Fonte: Autora (2021) Figura 83 Proposta Modelagem 3D – Setor Administrativo e de Atendimento 2

Fonte: Autora (2021)


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Os chamados “nichos” são baias para atividades individuais privativas ou em pequenos grupos, podem ser utilizados para atender telefonemas ou reuniões pequenas de projetos. O uso da madeira neste espaço traz aconchego e os usos das portas em vidro com perfil preto trazem um tom de modernidade ao local. As cores amarelo, azul, laranja e verde em conjunto com a madeira, remetem ao aconchego e o agradável no acorde cromático escrito por Heller (2000). Figura 84 - Proposta Modelagem 3D – Nichos individuais ou para pequenos grupos

Fonte: Autora (2021)

A sala de reunião se tornou mais permeável visualmente com envoltória em vidro, mas pode ser também privativa acionando a persiana remotamente (Figura 85). Figura 85 - Proposta Modelagem 3D – Vista da Sala de Reunião 1

Fonte: Autora (2021)


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A sala de reunião quando não utilizada para encontro com clientes, pode ser um espaço de trabalho mais dinâmico para trabalho individual ou em pequenos grupos que necessitam de um pouco mais de privacidade. Com o mobiliário flexível é possível a configuração do layout de acordo com a necessidade da atividade. A busca de texturas com o painel da TV, o forro e o piso em madeira, e o mobiliário mais diversos deixam o ambiente com uma identidade própria. Além das cores próprias da sala como o verde-claro, remetendo a tranquilidade e a cor azulesverdeado identificando a empresa, quando as cortinas abertas, a pintura colorida da escada envolve o espaço em um ambiente mais dinâmico, criativo e inovador (Figura 86 e 87). Quando as persianas fechadas buscando a privacidade da reunião o ambiente demonstra mais seriedade. Além das cores e materiais diversificados, a sala contempla uma janela com o visual para a rua, contribuindo com a luz natural na sala e a presença biofílica presente tanto com a árvore existente na calçada quanto a vegetação dentro da sala. Figura 86 - Proposta Modelagem 3D – Vista da Sala de Reunião 2

Fonte: Autora (2021)


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Figura 87 - Proposta Modelagem 3D – Sala de Reunião

Fonte: Autora (2021)

6 ANÁLISE DO PROJETO A partir da proposta de intervenção apresentada que teve como base os parâmetros da neurociência, foi desenvolvida dois métodos de análise distintos da percepção espacial e afetiva sobre o projeto. Os métodos foram: um questionário com imagens do projeto desenvolvido e perguntas sobre as relações espaciais e emocionais sobre o novo espaço com os funcionários da empresa TEIA e uma análise com o equipamento Eye Tracker8, um método para estudar a atenção visual do usuário em determinada imagem. As mesmas imagens utilizadas na análise em modo questionário foram utilizadas com o equipamento Eye Tracker para uma base comparativa entre os dois estudos.

6.1 PERCEPÇÃO ESPACIAL E AFETIVA DO ESPAÇO APÓS PROJETO DE INTERVENÇÃO A fim de entender a percepção dos usuários do ambiente físico da empresa, desenvolvido de forma remota devido à pandemia do COVID-19 pela plataforma Google Forms, foram elaboradas perguntas sobre a percepção em cada ambiente do projeto (ANEXO 3). Ao total 5 participantes responderam suas interpretações sobre 7 imagens selecionadas do projeto de intervenção.

8

Rastreador de olho, em português


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O primeiro ambiente escolhido foi o setor criativo da empresa, foi utilizada a imagem de Figura 88 para análise. A primeira questão foi “O que você sente ao olhar esse ambiente?” e as respostas dos funcionários foram: tranquilidade, leveza, dinamismo, felicidade e em paz, harmonia, conforto em um ambiente que foi pensado e decorado para o dia a dia. Um espaço acolhedor e que estimula a troca de ideias. Figura 88 – Percepção espacial e afetiva – Espaço de criação

Fonte: Autora (2021)

A segunda pergunta é “Algo te incomoda?” e dois funcionários responderam que não e outros três funcionários relataram que sentem falta de um espaço para objetos pessoais e ferramentas de trabalho como gavetas, pois ao dia-a-dia as mesas estariam cheias de papéis e canetas. A terceira pergunta é “O que o ambiente remete?” e a percepção dos funcionários foram: lugar calmo, casa aconchegante e moderna, empresa limpa e organizada, tranquilidade e conforto. A quarta pergunta é “Quais sentimentos representam o que você sentiu?”. Os funcionários tinham que marcar opções de sentimentos como alegre, agitado, aconchego, ansioso, atento, confortável, calmo, desconfortável, estressado, excitação, estimulado, incomodado, relaxado, satisfeito e tristeza. Dentre essas


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opções as que todos os usuários tiveram em comum foram “aconchego”, “confortável” e “relaxado” (ver Gráfico). Gráfico 10 – “Quais sentimentos representam o que você sentiu?” – Espaço de criação

Fonte: Autora (2021)

O segundo ambiente escolhido para análise foi o espaço de convivência, ver Figura 89. Em resposta a “O que você sente ao olhar esse ambiente?” os funcionários disseram que sentiram energia, conforto, encanto, espaço criativo, alegre e um espaço bonito. As características que mais chamaram atenção no projeto foram as cores e a integração da vegetação abaixo da escada. Quando perguntado se algo incomodava, duas das cinco pessoas citaram que os desenhos da parede podem enjoar aos olhos rapidamente, o restante (três funcionários) disseram que nada os incomodava. Figura 89 – Percepção espacial e afetiva – Espaço de convivência

Fonte: Autora (2021)


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Foi observado que o ambiente remete alegria, conversa, ideias fluindo, vida, orgânico, um lugar de jovens, descontraído, mas sem perder a elegância. Os principais sentimentos relatados ao ver esse ambiente foram “alegre” com 100% dos funcionários e “aconchego”, “confortável” e “estimulado” com 80% (4 votos) dos funcionários (ver Gráfico 11). Gráfico 11 - “Quais sentimentos representam o que você sentiu?” – Espaço de convivência

Fonte: Autora (2021)

O terceiro ambiente avaliado foram as estações de trabalho do pavimento superior, destinadas aos setores administrativos e de atendimento que necessitam de mais foco (ver Figura 90). Em “O que você sente ao olhar esse ambiente?” dois funcionários relataram que não remetem a boas experiências pois sentem que é um ambiente em que eles seriam 100% operacionais. Os outros três funcionários da empresa relatam que remete a produtividade, foco e aconchego. E o que mais chama atenção no projeto são: as portas e janelas que dão visão para o ambiente externo gerando luz natural, um usuário relembra que não tem essa característica na agência, e as cores. Quando questionado “Algo te incomoda?” três funcionários disseram que nada os incomodavam e outros dois funcionários disseram que a disposição de tantas mesas juntas acaba tirando um pouco de privacidade que necessitam em algumas etapas do processo e questão de organização interna: “Com a experiência de Teia que tenho, já vejo como as mesão serão extremamente bagunçadas e isso me deixa ansioso”.


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Figura 90 – Percepção espacial e afetiva – Estações de trabalho 1

Fonte: Autora (2021)

O ambiente remete a eles como um local de produtividade, moderno e de interação tanto quanto internamente (entre os funcionários) quanto externamente (com o ambiente externo ao escritório). Os sentimentos que mais representaram os funcionários ao ver o espaço projetado foram “agitado”, “atento” e “estimulado” (ver Gráfico 12). Gráfico 12 – “Quais sentimentos representam o que você sentiu?” – Estações de trabalho 1

Fonte: Autora (2021)

A próxima imagem apresentada é da estação de trabalho, mas mostra a relação com a sala de reunião (Figura 91).


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Figura 91 - Percepção espacial e afetiva – Estações de trabalho 2

Fonte: Autora (2021)

A primeira questão foi “O que você sente ao olhar esse ambiente?” e as respostas dos funcionários foram: estimulado, organização e interação, conforto e um funcionário ficou incomodado com o quadro apresentado na imagem e que foi o que mais chamou a atenção do mesmo. Os outros funcionários tiveram a atenção no ambiente amplo e aberto, as portas e a disposição das estações de trabalho e mobiliário livre. Um funcionário descreve que sente falta de algo mais animado e descontraído. Ao que o espaço remete foi descrito como “trabalho”, “espaço aberto”, “organização e dinâmica” e “escola de empreendedorismo”. Os principais sentimentos sobre o ambiente foram “atento”, “calmo” e “estimulado” ambos com 60% (Gráfico 13). Gráfico 13 – “Quais sentimentos representam o que você sentiu?” – Estações de trabalho 2

Fonte: Autora (2021)


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A quinta imagem do projeto mostra a interação entre a sala de reunião e a parede de pé direito duplo da escada (ver Figura 92). A primeira questão foi “O que você sente ao olhar esse ambiente?” e as respostas dos funcionários foram: aconchego, alegria, modernidade, conforto e tranquilidade, e um funcionário respondeu estranhamento pela falta de espaço para uma reunião com mais pessoas. A segunda questão era “O que mais te chama atenção no projeto?” e o que mais chamou a atenção foram as cores e o vidro da sala de reunião, gerando leveza. O que mais incomodou foram a falta de uma mesa maior e espaço para reuniões com mais pessoas. Figura 92 - Percepção espacial e afetiva – Sala de reunião

Fonte: Autora (2021)

O ambiente remete a ideias fluidas, dinamismo, criatividade sem perder a seriedade. Os sentimentos quem mais representaram os funcionários foram “aconchego”, “confortável” e “satisfeito” com 60% dos votos, total de três dos cinco participantes (ver Gráfico 14).


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Gráfico 14 - “Quais sentimentos representam o que você sentiu?” – Sala de reunião

Fonte: Autora (2021)

A sexta imagem refere-se as estações de trabalho de um outro ângulo, desta vez mostrando todas as estações (ver Figura 93). Como complemento as análises sobre esse espaço, as pessoas se sentem estimulados, focados e felizes e o que chama mais atenção na cena é a luz natural, a vegetação interna e as estações de trabalho. Dois funcionários se sentiram incomodados com a quantidade de cadeiras e mesas. Pelo ângulo da imagem, esta remete um toque mais aconchegante devido às plantas, mas em geral o ambiente remete a maioria dos funcionários a um local de trabalho operacional, funcional e dinâmico. Sobre a pergunta “Quais sentimentos representam o que você sentiu?”, 60% dos participantes responderam excitação como principal sentimento. Outros sentimentos como: agitado, atento, estressado, estimulado e satisfeito foram os segundos mais votados com 40% (ver Gráfico 15). Figura 93 - Percepção espacial e afetiva – Estação de trabalho 3

Fonte: Autora (2021)


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Gráfico 15 -- “Quais sentimentos representam o que você sentiu?” – Estações de trabalho 3

Fonte: Autora (2021)

A última imagem é da parte externa da agência (ver Figura 94), nele os funcionários descreveram que sentem tranquilidade e felicidade, remetendo a união entre todos da empresa, conforto, confraternização e descontração. O que mais chamou a atenção para alguns foram as cores e os móveis e para outros dois foram a vegetação presente e o perolado. Em resposta a “Quais sentimentos representam o que você sentiu?” os principais sentimentos votados por todos os participantes foram: alegre, confortável e satisfeito (ver Gráfico 16). Figura 94 - Percepção espacial e afetiva – Espaço externo

Fonte: Autora (2021)


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Gráfico 16 - “Quais sentimentos representam o que você sentiu?” – Espaço externo

Fonte: Autora (2021)

6.2 ANÁLISE VISUAL DOS AMBIENTES - MÉTODO EYE TRACKING 6.2.1 METODOLOGIA Um método utilizado para estudar a atenção visual dos usuários é o Eye tracking9, rastreamento ocular em português, com ele é possível determinar em uma imagem por quanto tempo e quais áreas foram as mais vistas e que chamaram atenção em uma imagem mostrada ao voluntário. Por permanecermos ¾ do nosso tempo dentro de um ambiente construído, esse desempenha um papel essencial para a formação do bem-estar físico, fisiológico e psicológico do ser humano. O artigo Where Do We Look?10 estudou o impacto das características do projeto arquitetônico na experiencia cotidiana do ser humano usando uma solução de rastreamento ocular móvel para capturar a atenção dos voluntários para várias características de design gerando mapas de calor, conforme Figura 95, onde as cores mais quentes (vermelho e laranja) indicam maior índice de atenção e as cores mais frias (verde e azul) indicam menor tempo de atenção. Os resultados do rastreamento ocular mostraram que os voluntários estavam mais focados em características positivas do ambiente (ZOU e ERGAN, 2018). Utilizamos esse trabalho como referência metodológica para nosso trabalho.

9

Rastreamento ocular, em português Para onde olhamos, em português

10


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Figura 95 – Mapa de calor gerado pelo Eye Tracking

Fonte: ZOU, ERGAN (2018)

Complementando a análise espacial do projeto de reforma da agência TEIA, utilizamos a tecnologia Eye Tracking juntamente com óculos Eye Tracker da marca Pupil Lab para captar os movimentos oculares para mapear os pontos do projeto que mais fixam os olhares dos voluntários, analisando assim a eficácia das decisões projetuais tomadas e se há relação entre o que foi relatado no questionário pelos funcionários e o comportamento ocular ao observar as cenas. Por razões do isolamento social por conta da pandemia do COVID-19, os voluntários não foram os funcionários da agência TEIA. Três participantes realizaram a pesquisa que consiste na observação de algumas imagens selecionadas do projeto de intervenção da agência. Após a calibração do aparelho, cada voluntário observou sete imagens (as mesmas imagens apresentadas no questionário de percepção espacial e afetiva) durante 10 segundos cada (ver Figura 96 e 97). Para a leitura adequada, cada imagem continha 4 QR Codes 11nas extremidades para mapeamento ocular.

11

QR Code é um código de barras


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Figura 96 – Voluntário observando as imagens do projeto com o dispositivo

Fonte: Autora (2021) Figura 97 – Mapa de calor gerado pelo sistema da Pupil Lab

Fonte: Autora (2021)

6.2.2 RESULTADOS

Como resultado da pesquisa foram gerados mapas de calor para cada uma das imagens apresentadas e para cada um dos voluntários, permitindo a compreensão dos locais que os olhos se fixaram por mais tempo. A Figura 98 demonstra a imagem


101

analisada em questão e os três mapas de calor gerados pelo Voluntário 1, 2 e 3, respectivamente. Pode-se perceber que cada um dos voluntários tiveram um foco em pontos diferentes: o voluntário 1 permaneceu olhando para o detalhe amadeirado no teto e na área de trabalho, já o voluntário 2 fixou o olhar na estação de trabalho à direita da imagem e o voluntário 3 observou o teto, os pufes e as estações de trabalho. Figura 98 – Análise Mapas de Calor – Cena 1

Fonte: Autora (2021)


102

No espaço de convivência nota-se que os elementos que mais se destacaram foram a vegetação abaixo da escada e a pintura colorida na parede da escada. O voluntário 1 observou por algum tempo o painel ripado de acesso ao banheiro e cozinha e o voluntário 3 observou também o mobiliário e a janela presente na cena (Figura 99). Figura 99 - Análise Mapas de Calor – Cena 2

Fonte: Autora (2021)


103

Na imagem das estações de trabalho o foco dos três voluntários se manteve em grande parte nos monitores, as variações foram que o voluntário 2 e observou o quadro e a vegetação presente na cena, o voluntário 3 observou a janela e o forro. Figura 100 - Análise Mapas de Calor – Cena 3

Fonte: Autora (2021)


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Na cena 4, o ponto focal em comum entre os voluntários foi a estação de trabalho, mais precisamente os monitores e mesa. Os voluntários 1 e 3 observaram a relação do forro com os acabamentos e pintura das paredes e os voluntários 1 e 2 fixaram o olhar no interno da sala de reuniões. Figura 101 - Análise Mapas de Calor – Cena 4

Fonte: Autora (2021)


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Na cena 5 nota-se que o mobiliário interno da sala de reunião foi o ponto focal de maior destaque dos voluntários 1 e 2, juntamente com o painel da TV e a janela presente no ambiente. O voluntário 3 teve mais foco na pintura colorida da parede da escada, mas percorreu visualmente o painel de TV, o forro de madeira e a porta de acesso à sala. Figura 102 - Análise Mapas de Calor – Cena 5

Fonte: Autora (2021)


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Nesta vista das estações de trabalho, o rastreamento ocular dos voluntários se concentra nas próprias mesas de trabalho por estarem em primeiro plano da cena. Os voluntários 2 e 3 direcionaram o olhar também para o jardim vertical presente no ambiente e as portas em arco dos nichos à direita. Figura 103 - Análise Mapas de Calor – Cena 6

Fonte: Autora (2021)


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Na área externa da agência, o voluntário 1 teve grande parte da atenção voltada ao jardim e horta vertical à esquerda e na janela na poltrona em balanço à direita da imagem, ambos também observado nos mapas de calor dos voluntários 2 e 3, mas com diferentes intensidades (diferentes tempos de observação). Figura 104 - Análise Mapas de Calor – Cena 7

Fonte: Autora (2021)


108

CONCLUSÃO

O estudo teve como objetivo apresentar e conceituar a neurociência aplicada ao ambiente físico construído e como os conceitos afetam direta e indiretamente o cotidiano do ser humano tanto positivamente quanto negativamente. Posteriormente a análise do processo evolutivo dos ambientes de trabalho ao longo das décadas, com a finalidade de entender melhor as vantagens e desvantagens de cada layout e a aplicabilidade delas. Para início da proposta, procurou-se identificar as emoções e sentimentos presentes nos usuários do espaço atualmente e pós a intervenção. Dependendo das características do ambiente de trabalho o usuário do espaço pode ter diferentes reações

emocionais e

comportamentais,

pode-se

demonstrar aumento

da

produtividade, redução de estresse e bem-estar. E dependendo da disposição do mobiliário, pode gerar aumento de estresse ou gerar troca de ideias entre funcionários de uma mesma empresa. Para o projeto de intervenção na agência foram incorporados, de forma consciente, soluções de projeto que gerem impactos positivos sobre os usuários, tais como layout flexível, uso de cores, texturas e iluminação natural, objetivando, por fim, promover a criatividade, produtividade, bem-estar e qualidade de vida. A partir das pesquisas realizadas com os funcionários da agência e de voluntários com o uso do Eye Tracker podemos perceber quais fatores chamaram mais atenção das pessoas analisadas, como: decisões projetuais que aumentam a criatividade e tornam o ambiente mais dinâmico ou se o foco tem que ser mais pontual para atividades que exigem mais concentração. Durante a análise dos resultados, foi possível concluir que, a partir dos estudos teóricos das cores e acordes cromáticos favoreceram o ambiente a trazer os determinados sentimentos, promovendo e intensificando reações positivas no ambiente de trabalho, não apenas as cores, mas também texturas, iluminação natural e o elemento biofílico. Por fim, adequar os ambientes de trabalho proporcionando flexibilidade dos mobiliários, janelas com iluminação e ventilação natural e ambientes externos possam ser o futuro dos novos escritórios após a pandemia do COVID-19.


109

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Adobe Stock¹: https://stock.adobe.com/pt/search?filters%5Bcontent_type%3Aphoto%5D=1&filters% 5Bcontent_type%3Aillustration%5D=1&filters%5Bcontent_type%3Azip_vector%5D=1 &filters%5Bcontent_type%3Avideo%5D=1&filters%5Bcontent_type%3Atemplate%5D =1&filters%5Bcontent_type%3A3d%5D=1&filters%5Binclude_stock_enterprise%5D= 0&filters%5Bis_editorial%5D=0&filters%5Bfree_collection%5D=0&order=relevance& serie_id=245965029 (Acesso em 04/11/2020) Adobe Stock2: https://stock.adobe.com/pt/images/id/218428853?as_campaign=Freepik&as_content


112

=api&as_audience=srp&tduid=9bc6b8934730d667f811c4615213ee54&as_channel= affiliate&as_campclass=redirect&as_source=arvato (Acesso em 04/11/2020)

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Athié Wohnrath: https://www.athiewohnrath.com.br/projeto/mercado-livre/ (Acesso em 17/11/2020)


113

Camargo Corrêa: https://www.ccdi.com.br/imoveis/salas-comerciais/jurubatubaempresarial (Acesso em 22/11/2020)

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Collins and Turner: https://www.collinsandturner.com/architecture/guardian-earlylearning-centre-barangaroo/ (Acesso em 21/11/2020) Conhecimento científico – Portal R7: (Acesso em 31/10/2020) https://conhecimentocientifico.r7.com/taylorismo/

Galeria

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Arquitetura:

https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/athie-

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iStock: https://www.istockphoto.com/br/search/stack/791351986?assettype=image (Acesso em 04/11/2020)

Living Gazette: https://www.livinggazette.com/2017/09/28/living-visita-sede-mercadolivre-em-sp/ (Acesso em 17/11/2020)

Mindfully Gray: Home & Lifestyle: https://www.mindfullygray.com/basementplayroom-reveal-mural-how-to/ (Acesso em 21/11/2020)

Office Snaps: https://officesnapshots.com/2012/02/27/exclusive-photos-insideapples-office/ (Acesso em 21/11/2020)


114

Portal ArqSC: https://arqsc.com.br/neuroarquitetura-e-tema-do-primeiro-marellimeeting-que-acontece-na-acate/ (Acesso em 21/11/2020)

Segredos do mundo (Portal R7) https://segredosdomundo.r7.com/numero-de-ouro/ (Acesso em 21/11/2020) Skidmore, Owings & Merrill – SOM: (Acesso em 22/11/2020) https://www.som.com/projects/one_chase_manhattan_plaza Trattino Arquitetura: http://trattinoarquitetura.com.br/temperatura-de-cor/ (Acesso em 22/11/2020)

T2arquitetura: https://www.t2arquitetura.com.br/conheca-o-escritorio-do-mercadolivre/ (Acesso em 17/11/2020)

The Gherkin: https://www.thegherkinlondon.com (Acesso em 01/06/2021)

Mariana M. C.: http://marianamagcosta.com/2016-1-25-salk-institute-louis-kahn-lajolla-california/ (Aceso em 03/06/2021)


115

ANEXOS ANEXO 1


116


117


118

ANEXO 2


119


120


121


122


123


124


125

ANEXO 3


126


127


128


129


130


131


132


133


134


135


136


137


138


139

ANEXO 4 (PDF A3)


FORMATO A3 • 420x297 MM

PLANTA BAIXA • PAVIMENTO TÉRREO ESCALA: 1/50

UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO

ALUNO

DATA

ARQUITETURA E URBANISMO

GIOVANNA SPAVIER ZORZANELLI

06.2021

DISCIPLINA

ASSUNTO

ESCALA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PLANTA BAIXA • PAVIMENTO TÉRREO

1/50

ENDEREÇO

R. SÉRGIO MURILO, Nº 111, JARDIM DA PENHA, VITÓRIA -ES

PRANCHA

01 04


FORMATO A3 • 420x297 MM

UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO

ALUNO

DATA

ARQUITETURA E URBANISMO

GIOVANNA SPAVIER ZORZANELLI

06.2021

DISCIPLINA

ASSUNTO

ESCALA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PLANTA BAIXA • PAVIMENTO SUPERIOR

1/50

ENDEREÇO

R. SÉRGIO MURILO, Nº 111, JARDIM DA PENHA, VITÓRIA -ES

PRANCHA

0204


FORMATO A3 • 420x297 MM

CORTE AA ESCALA: 1/50

UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO

ALUNO

DATA

ARQUITETURA E URBANISMO

GIOVANNA SPAVIER ZORZANELLI

06.2021

DISCIPLINA

ASSUNTO

ESCALA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PLANTA BAIXA • CORTE AA

1/50

ENDEREÇO

R. SÉRGIO MURILO, Nº 111, JARDIM DA PENHA, VITÓRIA -ES

PRANCHA

0304


FORMATO A3 • 420x297 MM

CORTE BB ESCALA: 1/50

UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO

ALUNO

DATA

ARQUITETURA E URBANISMO

GIOVANNA SPAVIER ZORZANELLI

06.2021

DISCIPLINA

ASSUNTO

ESCALA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CORTE BB

1/50

ENDEREÇO

R. SÉRGIO MURILO, Nº 111, JARDIM DA PENHA, VITÓRIA -ES

PRANCHA

04 04


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