asilo padre cacique

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Segunda-feira, 14 de março de 2011

Empresas JC !"

Jornal do Comércio - Porto Alegre

& Negócios

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Asilo Padre Cacique oferece aulas de canto, artesanato, dança e informática a idosos em situação de vulnerabilidade social

Giordano Benites Tronco, especial para o JC

Não existe idade para parar de aprender. Pedro Viega de Freitas que o diga. Aos 75 anos, o residente do Asilo Padre Cacique dá agora os primeiros passos no mundo da informática. “Por enquanto estou aprendendo o teclado. Meu conhecimento de português é pouco e nunca usei máquina de escrever, mas aos poucos a gente vai pegando o jeito”, diz o aposentado, que, apesar da pouca experiência no mundo digital, tem muita vontade de aprender. A aula de informática é uma das diversas atividades que o Padre Cacique oferece para os seus 150 residentes, em sua maioria idosos sem conexões familiares. Rodas de chimarrão, jogos de cartas, bailes e passeios são outros dos programas proporcionados pela instituição, que existe desde 1892. “Mostramos as atividades e vemos de quais eles mais gostam”, relata a assistente social Juliana Rosa. Ela conta a história de um morador do asilo que apren-

deu a usar a internet nas oficinas. “Recentemente ele recebeu um email, onde a família disse que ele tinha virado bisavô.” O estabelecimento proporciona também atendimento médico, odontológico, psicológico e nutricional. De acordo com a diretora técnica do Padre Cacique, Cristina Mesquita, 60% dos moradores necessitam de cuidados médicos. “Temos só uma médica na casa. Se o morador precisa de um exame, é encaminhado para a rede pública de atendimento.” Os atendimentos odontológicos são feitos por alunos de Odontogeriatria da Ufrgs. O IPA possui uma parceria de estágio com a instituição para os alunos de Serviço Social, Nutrição e Fisioterapia. Mesmo assim, há ao menos um profissional contratado em cada uma das áreas. Para entrar no asilo, o idoso passa por uma triagem. É necessário ter mais de 65 anos, ganhar no máximo dois salários-mínimos por mês e dispensar cuidados especiais, como ajuda para ir ao banheiro. Mesmo para os que se enquadram nos pré-requisitos, há fila de espera, pois a falta de apoio financeiro impede a instituição de abrigar mais de 150 pessoas. Com exceção da Kalykin, indústria química que doa material de higiene, não há empresa com contribuição mensal fixa à instituição, o que faz com que esta dependa das doações de pessoas físicas. Os moradores do Padre Cacique vendem no local

FREDY VIEIRA/JC

Um lar de repouso e alegria

Há 15 anos, Loreni (d) ensina canto aos moradores da ins!tuição

os artesanatos, pães e cucas produzidos, cuja renda ajuda apenas a financiar os passeios. Alguns colaboradores preferem contribuir doando seu tempo e disposição e organizam atividades com os moradores. Um exemplo é a voluntária Loreni Agüero, que ministra há 15 anos a aula de coral, onde os idosos soltam a voz acompanhados por uma banda que inclui violão e outros instru-

mentos. Entre os instrumentistas está o morador do asilo, Gibrail dos Santos, de 68 anos. “Giba” toca meia-lua, mas diz que seu talento é cantar. Costumava se apresentar por diversão com grupos de bolero e tango, tendo cantado em bares não só no Brasil como em outros países. Ele nunca recebeu educação musical. Lembra, com muito orgulho, da vez em que um professor de canto da Ufrgs visitou

o asilo e ouviu-o cantar. “Perguntei se ele podia me passar umas lições. Ele respondeu que eu não tinha mais nada para aprender, eu é que deveria ensinar”, conta. Histórias como a de Giba são a recompensa dos voluntários. Loreni valida este pensamento: “Eles me contam as suas histórias e aprendo muito com eles. A gente aprende com os mais velhos, pois eles têm mais experiência.”

Os residentes do Padre Cacique tiveram um Carnaval especialmente animado neste ano. Eles desfilaram junto com a escola de samba Esporte Dá Samba no Carnaval de Porto Alegre, no Complexo Cultural do Porto Seco. A escola é ligada ao projeto social da Secretaria Municipal do Esporte de mesmo nome, que leva oficinas de bateria, mestre-sala e porta-bandeira a crianças de comunidades carentes. A Esporte dá Samba proporcionou um encontro de gerações ao convidar os idosos para desfilar

junto com crianças de 70 comunidades diferentes. A madrinha da escola foi a ginasta Daiane dos Santos. O tema do desfile foi Educação, mas os convidados do Padre Cacique estavam livres para usar as fantasias, maquiagens e enfeites que quisessem - a maioria adquirida através de doações. Elza Pacheco dos Santos, uma das que desfilaram, pediu uma fantasia de palhaço e a recebeu através de uma doação. “Queria fazer uns números de palhaço no desfile”, brinca.

MARCELO G. RIBEIRO/JC

Escola de samba leva idosos para o des!ile de Carnaval no Porto Seco

Residentes desÞlaram com fantasias doadas pela comunidade


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