Caixa Mágica

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“caixa” pela sua forma no geral paralelipipédica - decorrente da solução estrutural escolhida - e diferentes porque os materais/componentes e sistemas não dependem apenas dos arquitectos mas sim das condicionantes “presentes” com as quais eles fazem questão de trabalhar. Outro elemento comum são os elementos técnicos - wc, cozinhas, elevadores, etc.estarem no geral agrupados, seja em blocos (quando dentro da mesma habitação) ou em altura (quando em edifícios plurifamiliares). Em alguns dos casos, principalmente em habitação unifamiliar, wc(s) e cozinha são agrupados num bloco ou então numa “faixa” de serviços. No caso das habitações plurifamiliares estes núcleos técnicos são associados por regras/leis de racionalização do funcionamento (por exemplo, associação de várias divisões para a mesma corete para reduzir o número de coretes e canalizações no edifício). Assim, vêmos associações de sobreposição, quando em torres, ou de proximidade, quando em blocos horizontais. Tanto uma como outra solução de disposição/associação dos elementos técnicos devese à racionalização espacial e construtiva. Estas por sua vez decorrem quer da vontade pragmática de reduzir o ”sofrimento” na concepção/construção/uso, quer da vontade de Ábalos & Herreros de actuarem de acordo com o “presente”, seja ele no contexto sócio-cultural ou nos elementos técnicos disponíveis. De qualquer modo, ambas as soluções ajudam a libertar o restante espaço de elementos técnicos como fios e canalizações, o que assegura liberdade para o utilizador poder alterar o espaço habitacional à posteriori. Se a estrutura é porticada, se existem sempre sistemas e seus componentes a revestir e a fazer funcionar o espaço, então é óbvio que a modulação é algo sempre visível em todos os projectos, seja nos materiais seja nas dimensões dos espaços que deles decorrem. Tudo somado, existe sempre flexibilidade espacial. O utilizador tem no final liberdade para se apropriar do espaço que habita no sentido largo da palavra. Isto é, ele adquire um “produto residencial” que está pensado e construído de modo a possibilitar alterações espaciais, e não apenas as comuns alterações de mobiliário ou então a consequente mudança de residência. Se nas últimas décadas a instabilidade e a incerteza sócio-profissional se têm instalado nas sociedades ocidentais, então as propostas de Ábalos & Herreros procuram dar-lhes uma resposta eficaz. As suas propostas asseguram um grau de adaptabilidade da habitação em relação ao habitante maior que a generalidade das habitações no mercado. Assim o utilizador pode obter maior satisfação dos seus sonhos/desejos/necessidades sem ter que os alterar pela necessidade de submissão às limitadas possibilidades de outra qualquer habitação. 041

A questão que a “caixa mágica” levanta é se a habitação não poderá conceder ainda mais liberdade ao utilizador. Aprofundando estes pontos comuns das obras de Ábalos & Herreros e talvez encontrando outras soluções que olhando para o presente possam ser de algum modo ainda mais eficazes.

1C _ Habitar Hoje

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