Revista Daojia #11

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Daojia nº 11

Abr/Mai/Jun 2019

Estética Chinesa e Tai Chi Chuan: Análise dos Conceitos Estéticos Chineses no Tai Chi Chuan Tradicional e Moderno (Parte 2)

Por: Luís Gonçalves Mariguela

4. A Estética no Taiji Quan Tradicional

O conceito de Tàijí 太极 possui diversas traduções, mas de forma mais simples e geral, podemos traduzir como suprema unidade. O Tàijí 太极 é “o primeiro princípio que rege o universo e preside a união do Yin/Yang.” (DESPEUX, 2002, p. 37). O conceito de Tàijí 太极 aparece pela primeira vez no I Ching 易经 como fenômeno propulsor do dinamismo do Yin/Yang 阴阳, além do I Ching 易经, apenas Chuang-tse o menciona antes da era cristã, o que nos faz deduzir que o Tàijí 太极 ainda não era fonte de especulação metafísica. Em primeira instância o termo Tàijí 太极 aparece na cultura chinesa como parte do vocabulário filosófico/cosmológico chinês sem guardar relação alguma com práticas marciais. Após a segunda metade do século XIX, foi acrescido o termo quán 拳 que literalmente significa punhos cerrados e é utilizado para designar técnicas de combate de mãos livres. Assim no termo Tàijí quán 太极拳 temos a união de um conceito filosófico à um conceito prático, em suma, ele denota a intenção dessa arte marcial, onde a busca pela unidade (Tàijí) se dá por meio de técnicas de auto cultivo e exercícios de combate (quán). Os fundamentos da prática do Tàijí quán 太极拳 estão embasados nas teorias do Tàijí 太极 e do Yin/Yang 阴阳, uma vez que esses conceitos são indissociáveis. A prática dessa arte marcial não se reduz à métodos de combate baseados em princípios filosóficos, mas compreende também um vasto processo espiritual que busca

a unidade em todos os sentidos, primeiro, do homem consigo mesmo e depois do homem com o TAO 道. O Taiji quan, portanto, mais do que uma técnica corporal, é também uma prática que une o céu, a terra e o homem (...) Todos os elementos do Taiji quan estão classificados em Yin-Yang ou em termos complementares, seja nos movimentos, seja nos princípios básicos, seja nas partes do corpo. (DESPEUX, 2002, p. 54). O auto cultivo é desenvolvido através do refinamento do qi 氣, que engloba as esferas: espiritual, marcial e saúde. Embora cada uma dessas esferas seja independente da outra, no Tàijí quán 太 极拳 assim como nas artes marciais chinesas em geral elas se apresentam uníssonas durante a prática. O refinamento do qi 氣, geralmente conhecido como qigong 氣功 é um conjunto de práticas respiratórias aliadas a posturas corporais estáticas e dinâmicas que visam “...absorver os sopros aéreos externos, a fim de aumentar a própria vitalidade (...) pela troca com o sopro externo.” (DESPEUX, 2002, p. 58). É importante salientar que o qigong 氣功 não é uma prática exclusiva do Tàijí quán 太极 拳, nem das artes marciais chinesas, e sim, uma prática ancestral pertencente primeiramente à medicina tradicional chinesa. No entanto, nas artes marciais chinesas, o qigong 氣功 é explorado para além de sua eficácia para a saúde,sendo utilizado como ferramenta de aprimoramento espiritual e combativo de acordo com Wong Kiew Kit.


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