LIVE Especial Obstetrícia e Ginecologia 2021

Page 1

Diogo Ayres de Campos é o novo presidente da FSPOGObstetrícia e ginecologia

live E

Publicações

diretor: José Alberto soares fevereiro 2021 | 3 euros

www.justnews.pt PublicaçãoHíbrida

Fátima Palma

Daniel Pereira da Silva

Presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia (2018-2021)

Nuno Clode

Presidente da SPDC

Presidente da SPOMMF

Pedro Xavier

Teresa Mascarenhas

Presidente da SPMR

Presidente da SPG

“Procurei sempre estabelecer pontes entre os mais novos e os mais velhos e entre as diversas regiões do país”

fevereiro 2021

1


21

live E Obstetrícia e ginecologia

OUTUBRO 2014 – ENTREGA DA 2.ª EDIÇÃ

AC

Publicações

www.justnews.pt

LIVE Congresso

2

Fevereiro 2021

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA

PARA O ESTUDO CLÍNICO DA

SIDA

Jornal Obstetrícia ORL GINECOLOGIA LIVE

E

LIVE

Otorrino

laringo logia

LIVE

Alergologia E IMUNOLOGIA CLÍNICA

Público HOSPITAL A PARTILHA DE BOAS PRÁTICAS CONGRESSO


Obstetrícia e ginecologia

live E

ÃO DO PRÉMIO FSPOG DE MÉRITO CIENTÍFICO A ANTÓNIO PEREIRA COELHO (FOTO NUNO BRANCO)

REDITAR LIVE

LIVE

MedicinaInterna

DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

MedicinaReabilitação Física e de

H

OSPITAL Público

A PARTILHA DE BOAS PRÁTICAS

WOMEN’S MEDICINE

oração asos DEPARTAMENTO DE CORAÇÃO E VASOS DO CH UNIVERSITÁRIO LISBOA NORTE

e

LIVE

Psiquiatria E SAÚDE MENTAL

fevereiro 2021


live E Obstetrícia e ginecologia

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

4

Fevereiro 2021


Obstetrícia e ginecologia

live E

fevereiro 2021

5


live E Obstetrícia e ginecologia

sumário Entrevistas

Eventos

10 Carlos Freire de Oliveira “Sentíamos a necessidade de se manter um elo de unidade na promoção e defesa da saúde da mulher em vertentes médicas específicas”

12 2 1.º Congresso de Obstetrícia e Ginecologia Coimbra, 1 a 4 de junho 2017

16 Teresa Mascarenhas “No final, é precisamente a mulher portuguesa que vai beneficiar mais com o trabalho da Federação” 22 Pedro Xavier “A área da Medicina da Reprodução extravasa muito a Ciência, detendo um caráter social bastante forte” 26 Daniel Pereira da Silva “Procurei sempre estabelecer pontes entre os mais novos e os mais velhos e entre as diversas regiões do país, para se evitar grandes discrepâncias” 36 Fátima Palma “É muito importante para a especialidade que a FSPOG tenha congregado todas as sociedades que tratam da saúde sexual e reprodutiva da mulher” 44 Nuno Clode “A nossa especialidade é reconhecida na Europa muito graças ao papel da FSPOG, que tem uma visão além-fronteiras”

14 7 .ª Reunião Nacional da SPDC Matosinhos, 22 e 23 de setembro 2017 18 1 89.ª Reunião da SPG Ílhavo, 10 e 11 de novembro 2017 19 R eunião Científica da SPOMMF Porto, 24 e 25 de novembro 2017 19 R eunião da Primavera da SPOMMF Lisboa, 13 e 14 de abril 2018 24 1 90.ª Reunião da SPG Guimarães, 19 e 20 de janeiro 2018 30 X XXVI Jornadas Internacionais de Medicina da Reprodução Figueira da Foz, 4 e 5 de maio 2018 32 XIV Congresso Português de Ginecologia Vilamoura, 7 a 10 de junho 2018 33 8 .ª Reunião Nacional da SPDC Carvoeiro, 21 e 22 de setembro 2018 33 9 .ª Reunião Nacional da SPDC Lisboa, 20 e 21 de setembro 2019 34 X EMIGO – Encontro de Médicos Internos de Ginecologia e Obstetrícia Coimbra, 28 e 29 de setembro 2018

38 1 91.ª Reunião da SPG Peniche, 9 e 10 de novembro 2018 40 Reunião Científica da SPOMMF Braga, 30 de novembro a 1 de dezembro 2018 41 192.ª Reunião da SPG Porto, 11 e 12 de janeiro 2019 42 R eunião da Primavera da SPOMMF Lisboa, 12 e 13 de abril 2019 43 7 .º Congresso Português de Medicina da Reprodução Porto, 8 a 11 de maio 2019 46 1 93.ª Reunião da SPG Carvoeiro, 6 a 8 de junho 2019 47 X I EMIGO – Encontro de Médicos Internos de Ginecologia e Obstetrícia Costa de Caparica, 11 e 12 de outubro 2019 48 1 94.ª Reunião da SPG Torres Vedras, 8 e 9 de novembro 2019 49 V Congresso Nacional da SPOMMF Figueira da Foz, 28 a 30 de novembro 2019 50 1 95.ª Reunião da SPG Peniche, 17 e 18 de janeiro 2020

Informação 20 Miguel Coelho Melhorar a saúde feminina: um compromisso decisivo e irreversível

Uma revista ao serviço da Ginecologia/Obstetrícia

6

Fevereiro 2021


Obstetrícia e ginecologia

live E

fevereiro 2021

7


live E Obstetrícia e ginecologia notícias

LIVE Especial Obstetrícia e Ginecologia A Just News assinalou o final do 1.º mandato de Daniel Pereira da Silva como presidente da FSPOG com uma edição especial da LIVE Obstetrícia e Ginecologia, em junho de 2017. Recordamos aqui a capa dessa revista, onde se pode verificar que os vice-presidentes da Federação eram, nessa altura, outros: Luís Graça (SPOMMF), Teresa Bombas (SPDC), Teresa Almeida Santos (SPMR) e Fernanda Águas (SPG).

APDPN é o novíssimo 5.º membro da FSPOG

FSPOG

A Associação Portuguesa de Diagnóstico Pré-Natal (APDPN) integra a FSPOG desde o dia 30 de janeiro de 2021.

Órgãos Diretivos 2021/2023

A Jubilação de José Martinez de Oliveira

Direção

Não foi um grande evento de qualquer uma das sociedades agregadas da FSPOG, ou da própria Federação, mas foi um acontecimento que merece ser noticiado. 20 de fevereiro de 2019 foi o dia da Jubilação de José Martinez de Oliveira, um nome de referência da Ginecologia/Obstetrícia, professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade da Beira Interior e ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, nascido a 12 de fevereiro de 1949. Muitos amigos o quiseram acompanhar na sua Última Lição, incluindo as ex-presidentes da SPG Teresa Osório e Fernanda Águas.

Presidente Diogo Ayres de Campos Secretária-geral Teresa Almeida Santos Tesoureira Filomena Nunes Vice-presidentes Fátima Palma Nuno Clode Pedro Xavier Teresa Mascarenhas Vogais Cristina Nogueira-Silva José Teixeira da Silva Margarida Martinho Teresa Bombas

Diogo Ayres de Campos, o novo presidente da FSPOG

Assembleia-Geral Presidente Daniel Pereira da Silva Secretárias Ana Rosa Costa Ana Luísa Areia

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

Conselho Fiscal Esta edição da LIVE Obstetrícia e Ginecologia dá notícia de todas as principais reuniões das quatro sociedades que até agora têm integrado a FSPOG e que foram acontecendo ao longo do período que abrange o 2.º mandato de Daniel Pereira da Silva, mas recuando a junho de 2017 e ao 21.º Congresso de Obstetrícia e Ginecologia.

Foto de capa Daniel Pereira da Silva fotografado, agora em fevereiro, nas imediações da sua casa, em Coimbra.

Presidente Carla Ramalho Secretários Ricardo Santos Luísa Pinto

Diogo Ayres de Campos tomou posse como presidente da FSPOG no mesmo dia em que foi eleito, em assembleia-geral que teve lugar, em modelo virtual, no último sábado de janeiro de 2021. É diretor do Serviço de Obstetrícia do CHULN, professor associado da FMUL e presidente eleito da European Association of Perinatal Medicine. Na foto, de junho de 2017 (21.º Congresso da FSPOG), o então secretário-geral troca impressões com Daniel Pereira da Silva (agora ex-presidente) e Carlos Calhaz Jorge (ex-tesoureiro).

LIVE Especial Obstetrícia e Ginecologia Diretor: José Alberto Soares Assessora da Direção: Cláudia Graça Redação: Maria João Garcia, Miguel Anes Soares, Raquel Braz Oliveira Fotografia: Joana Jesus, Nuno Branco - Editor Publicidade e Marketing: Ana Paula Reis Diretor de Produção Interna: João Carvalho Diretor de Produção Gráfica: José Manuel Soares Diretor de Multimédia: Luís Soares Morada: Alameda dos Oceanos, Nº 25, E 3, 1990-196 Lisboa LIVE Especial Obstetrícia e Ginecologia é uma publicação híbrida da Just News, com uma versão impressa e em formato digital (e-paper), dirigida a profissionais de saúde, isenta de registo na ERC, ao abrigo do Decreto Regulamentar 8/99, de 9/06, Artigo 12º nº 1A Preço: 3 euros Depósito Legal: 399405/15 Impressão e acabamento: TYPIA – Grupo Monterreina, Área Empresarial Andalucia 28320 Pinto Madrid, España Notas: 1. A reprodução total ou parcial de textos ou fotografias é possível, desde que devidamente autorizada e com referência à Just News. 2. Qualquer texto de origem comercial eventualmente publicado nesta revista estará identificado como “Informação”.

8

Fevereiro 2021

geral@justnews.pt agenda@justnews.pt Tel. 21 893 80 30 www.justnews.pt

Contactos Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia Morada: Edifício Cruzeiro, n.º 4 – 2º andar, sala 32, Largo de Celas 3000- 132 Coimbra Tel: +351 239400248 E-mail: geral@fspog.com Site: www.fspog.com

Publicações

K


Obstetrícia e ginecologia

live E

ÃO

N

IC

A A P LI C A

Ç

CÁP S

AL IN G

MOLE VA LA U

fevereiro 2021

9


live E Obstetrícia e ginecologia entrevista

Carlos Freire de Oliveira, 1.º presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Gin

“Sentíamos a necessidade de se manter um e defesa da saúde da mulher em vertentes Recolhido em casa, em consequência da pandemia, nesta entrevista, Carlos Freire de Oliveira recorda a criação da FSPOG e fala das mais-valias deste projeto em cuja criação esteve tão envolvido. “É difícil ser o pai de uma ideia.” É desta forma que Carlos Freire de Oliveira reage quando se lhe pede para relembrar a criação da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia (FSPOG), da qual foi o primeiro presidente. Descarta a ideia de que seja ele próprio “o pai” da Federação pela qual fez questão de lutar, apesar das “muitas resistências de alguns nomes importantes” da Obstetrícia e Ginecologia. O especialista prefere falar nos “vários pais” que levaram ao seu surgimento, um objetivo que já tinha algum tempo. “Não foi fácil, porque os grandes nomes da especialidade, que integravam a Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia (SPOG), que nascera nos anos 1950, não aceitavam a ideia.” Em 2005, devido ao “empenhamento” das direções da SPOG, da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), da Sociedade Portuguesa de Medicina da

“Era importante ter uma estrutura de coordenação superior das atividades e ações e de fazer face aos novos desenvolvimentos e às atuais especificidades que competem às distintas sociedades.”

10

Fevereiro 2021

Reprodução (SPMR) e da Sociedade Portuguesa de Menopausa (SPM) foi possível alterar os estatutos da SPOG, transformando-a na Federação das Sociedades da Área da Medicina da Mulher e do Feto (FSMMF). Foi, entretanto, constituída a Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno Fetal (SPOMMF), que, em 2007, em conjunto com a SPG, a SPMR e a SPM, foram os membros fundadores da FSPOG. A SPOG acabou por ser extinta em janeiro de 2008 e a FSMMF nunca foi registada. Carlos Freire de Oliveira, que tinha sido convidado, juntamente com outros colegas – nomeadamente Daniel Pereira da Silva e Diogo Ayres de Campos –, para assumir a Direção da FSMMF, continuou a pugnar pela ideia de se criar um organismo que representasse todas as sociedades da especialidade a nível nacional e internacional. “Sentíamos a necessidade de se manter um elo de unidade na promoção e defesa da saúde da mulher em vertentes médicas específicas, ou seja, seria importante ter uma estrutura de coordenação superior das atividades e ações e de fazer face aos novos desenvolvimentos e às atuais especificidades que competem às distintas sociedades”, refere. Na prática, nenhuma delas deveria prevalecer, mantendo-se todas ao mesmo nível, preservando a sua autonomia e sendo representadas por uma entidade que as unisse. “Estamos a falar de questões muito concretas e relevantes, como evitar que houvesse sobreposição de eventos, que poderiam, de alguma forma, pôr em causa a participação dos ginecologistas e obstetras em formações do seu interesse, ou até garantir o patrocínio dessas reuniões por parte da

Carlos Freire de Oliveira faz um balanço positivo da FSPOG, considerando que o objetivo de unir os seus

indústria farmacêutica”, explica Carlos Freire de Oliveira. Foi assim que se avançou para a criação da FSPOG, concretizada em 2007, que tinha ainda outro propósito, “garantir a representação nacional integrada e concertada junto de organismos e entidades nacionais e internacionais”.

O responsável diz mesmo que, no panorama internacional, este é o melhor modelo: “Nos outros países também há federações e Portugal tinha necessidade de poder igualmente contar com uma entidade que representasse além-fronteiras os interesses da especialidade.”


Obstetrícia e ginecologia

live E

entrevista

necologia (FSPOG):

elo de unidade na promoção médicas específicas” “Nos outros países também há federações e Portugal tinha necessidade de poder contar igualmente com uma entidade que representasse além-fronteiras os interesses da especialidade.”

membros foi conseguido

O mesmo acontece a nível interno, quando é necessário definir orientações gerais junto de algumas entidades, como a Direção-Geral da Saúde: “Quando são temas mais gerais vai um representante da Federação, mas nas questões mais concretas, relativas à atividade específica de determinada Sociedade, conta-

mos também com a participação do seu presidente.” Ao longo destes anos, testemunhou a constituição da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno Fetal (SPOMMF) e da Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC), além de ter assistido à extinção da Sociedade Por-

tuguesa de Menopausa, que passou a ser uma Secção da SPG. Carlos Freire de Oliveira faz um balanço positivo da FSPOG, considerando que o objetivo de unir os seus membros foi conseguido: “A família dá-se muito bem. As ‘pequenas guerras de capoeira’ que existiram inicialmente nunca passaram disso mesmo.” Quanto ao mandato de Daniel Pereira da Silva, só pode dizer: “Excelente!” E acrescenta: “Há muitos anos que trabalhamos juntos no que diz respeito à atividade em sociedades e também do Colégio da Ordem dos Médicos e é das pessoas em quem mais confio.” Quanto ao futuro, acredita que a FSPOG vai manter-se bem, acreditando que o segredo para obter bons resultados está na continuação do trabalho que tem gerado frutos, como a criação da Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa, e em projetos novos que podem sempre surgir com o avançar do tempo.

À espera de poder juntar os filhos e netos em 2021 Confinado em sua casa, Carlos Freire de Oliveira dedica-se à Filatelia, à leitura e a ver a mulher a pintar. Tendo celebrado 77 anos no passado dia 25 de dezembro, espera que 2021 seja o ano em que possa juntar novamente os dois filhos, as duas noras e os cinco netos. “Como não pudemos estar juntos no Natal, dia do meu aniversário, este ano vou fazer 77 e 78 anos!”, diz, sorrindo. Nasceu em Ponta Delgada, a 25 de dezembro de 1943, e é filho de dois professores, sendo o seu pai natural de um local próximo de Coimbra e a sua mãe dos Açores. Tal como o pai, formou-se na cidade onde sempre tem vivido. Está reformado desde 2010, após 40 anos de serviço nos Hospitais da Universidade de Coimbra, onde foi diretor do Serviço de Ginecologia. Professor catedrático da FMUC durante cerca de 15 anos, recebeu o Prémio de Mérito Científico de Obstetrícia e Ginecologia 2017. Entre os vários cargos que desempenhou, presidiu à Direção Nacional da Liga Portuguesa contra o Cancro e ao Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Foi ainda presidente da Comissão de Coordenação da Subespecialidade de Ginecologia Oncológica da OM. É casado há 54 anos com Maria Helena Saldanha, também professora catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, que tem um vasto currículo nas áreas da Medicina Interna, Nutrição e Geriatria.

fevereiro 2021

11


live E Obstetrícia e ginecologia evento

21.º congresso de obstetrícia e Ginecologia coimbra, 1 a 4 de junho 2017

convento de s. francisco recebeu evento para sempre recordado em selo dos ctt “Hoje, somos uma Federação que representa, a nível nacional e internacional, todas as disciplinas médicas da área da saúde da Mulher”, afirmou Daniel Pereira da Silva, presidente da FPSOG, ao intervir na sessão de abertura do 21.º Congresso de Obstetrícia e Ginecologia, que decorreu no Convento de São Francisco, em Coimbra. Aquele responsável dirigia-se à assistência e a quem consigo partilhava a mesa de abertura: Carlos Freire de Oliveira, presidente de honra do evento, Miguel Guimarães, bastonário da OM, e Diogo Ayres de Campos e Carlos Calhaz-Jorge, secretário-geral e tesoureiro da FSPOG, respetivamente. Encontrando-se, na altura, no último ano do mandato de três como presidente da FSPOG, fez questão de expressar

Diogo Ayres de Campos, Carlos Freire de Oliveira, Miguel Guimarães, Daniel Pereira da Silva e Carlos Calhaz Jorge

O presidente da FSPOG expressou o seu reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo corpo de editores da revista Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa.

o seu reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo corpo de editores da revista Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa, “instrumento de grande

12

Fevereiro 2021

importância para a formação da especialidade”, na figura do ex editor-chefe, Nuno Clode, e da sua sucessora, Carla Ramalho.

Entre outros momentos marcantes, como o anúncio de criação de um carimbo pelos CTT - Correios de Portugal alusivo ao 21.º Congresso de Obstetrícia e Ginecologia, quem esteve presente na sessão de abertura teve ainda oportunidade de assistir à atuação do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra.


Obstetrícia e ginecologia

live E

YODAFAR 200 microgramas comprimidos e 300 microgramas comprimidos, contendo 262 ou 393 microgramas de iodeto de potássio, equivalente em cada comprimido, a 200 ou 300 microgramas de iodo. Indicações terapêuticas: Adultos: correção de deficiências nutritivas: Gravidez e Aleitamento: correção de deficiências nutritivas e prevenção de defeitos do tubo neural e de distúrbios neurológicos do feto. Posologia e modo de administração: Adultos: 120-150 microgramas/dia. Gravidez e aleitamento: 200-300 microgramas/dia. Não é adequado para crianças com menos de 12 anos de idade. Contraindicações: Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos outros excipientes. Bronquite aguda. Hipertiroidismo sintomático. Hipertiroidismo latente se a dose for superior a 150 microgramas/dia. Adenoma da tiroide. Insuficiência renal. Advertências e precauções especiais de utilização: O iodo urinário deve ser usado para avaliar o grau de carência em iodo bem como monitorizar e avaliar a sua correção. A quantidade adequada de iodo na dieta deve ser de, pelo menos, 150-300 microgramas por dia. O iodeto de potássio deve ser usado com precaução, no início do tratamento. Doentes que sofram de vasculite hipocomplementémica, bócio ou doença autoimune da tiroide apresentam risco de sofrer efeitos indesejáveis, consequentes da administração de iodo. Deve-se tomar especial precaução ao iniciar o tratamento em caso de doença renal, hipercaliémia, bócio ou tuberculose ativa. Deve-se tomar especial precaução se os sais de potássio forem administrados concomitantemente com diuréticos poupadores de potássio, pois pode ocorrer hipercaliemia. Os iodetos podem afetar a glândula da tiroide e, portanto, a administração destes fármacos pode interferir com os testes da função tiroideia. Efeitos indesejáveis: Os efeitos secundários pouco frequentes (podem afetar entre 1 e 10 em cada 1000 pessoas) são: bócio, hipertiroidismo e hipotiroidismo, púrpura trombocitopénica trombótica, náuseas e dor abdominal, sabor metálico e aumento de salivação, urticária, angioedema e erupções exantematosas, periarterite fatal, edema (incluindo edema facial e da glote), reações de hipersensibilidade, sinais e sintomas semelhantes à doença do soro: febre, artralgias, crescimento dos gânglios linfáticos e eosinofilia. Data da revisão do texto:12/2019 Apresentação: YODAFAR 200 mcg, cx.50 comprimidos; YODAFAR 300 mcg, cx.50 comprimidos Comparticipação: Portugal - Yodafar 200 69% (RG);84% (RE); Yodafar 300 (Não comparticipado). Medicamento sujeito a receita médica. Consultar o RCM completo para informação detalhada. Para mais informações relacionadas com o medicamento e questões médicas contactar a Secção de Assuntos Médicos de BIAL - Portela & Cª., S.A: Tel.: +351 229866100 Em caso de suspeita de um acontecimento adverso ou de outra informação de segurança, contactar o Gabinete de Farmacovigilancia de BIAL - Portela & Cª., S.A: Tel.: +351 229866100, email: farmacovigilancia@bial.com Titular da AIM: Bialport - Produtos Farmacêuticos, S.A - À Av. da Siderurgia Nacional • 4745-457 S. Mamede do Coronado- Portugal • NIPC 504404512 DDVSAM200102 FOLICIL, comprimidos doseados a 5 mg de Ácido fólico. Indicações terapêuticas: Tratamento ou prevenção da deficiência em ácido fólico, especialmente na gravidez, aleitamento e períodos de rápido crescimento. O tratamento com ácido fólico está também indicado na prevenção das malformações do tubo neural (espinha bífida, meningocelo, anencefalia) especialmente em mulheres com história prévia de filho (ou feto) com estas malformações. Tendo em conta que a administração prolongada de barbitúricos, anticonvulsivantes, antimaláricos, laxantes, contracetivos orais e alguns agentes quimioterápicos podem causar deficiência iatrogénica de folatos, recomenda-se a administração de FOLICIL nestas situações. Posologia e modo de administração: Adultos: ½ a 1 comprimido, uma ou duas vezes por dia, de acordo com a situação clínica. Prevenção das malformações do tubo neural: ½ comprimido por dia, um mês antes da conceção e durante o primeiro trimestre da gravidez. Crianças: Metade da dose do adulto. Contraindicações: Hipersensibilidade ao ácido fólico ou a qualquer dos excipientes. Efeitos indesejáveis: As reações adversas listadas por frequência (muito frequentes:≥1/10, frequentes: ≥1/100 a <1/10, pouco frequentes: ≥1/1,000 a <1/100, raros: ≥1/10,000 a <1/1,000, muito raros: <1/10,000), incluindo relatos isolados; frequência desconhecida (não pode ser calculada a partir dos dados disponíveis) foram as seguintes: Doenças do sistema imunitário: Raros - Reações de hipersensibilidade, que se manifestam por eritema, febre, prurido ou broncospasmo. Frequência desconhecida: reação anafilática. Data da revisão do texto: 08/2018. Apresentação: cx. 20 e 60 comprimidos. Comparticipação: Portugal - 37% (RG), 52% (RE). Medicamento sujeito a receita médica. Consultar o RCM completo para informação detalhada. Para mais informações relacionadas com o medicamento e questões médicas contactar a Secção de Assuntos Médicos de BIAL - Portela & Cª., S.A: Tel.: +351 229866100. Em caso de suspeita de um acontecimento adverso ou de outra informação de segurança, contactar o Gabinete de Farmacovigilancia de BIAL - Portela & Cª., S.A: Tel.: +351 229866100, email: farmacovigilancia@bial.com. Titular da AIM: Bialport - Produtos Farmacêuticos, S.A. - À Av. da Siderurgia Nacional - 4745-457 S. Mamede do Coronado – Portugal • NIPC 504404512 • DDVSAM181015 FOLIFER, comprimido revestido por película, contendo 1 mg de ácido fólico + 90 mg de Ferro (sob a forma de sulfato ferroso). Indicações terapêuticas: Prevenção e tratamento dos estados de carência em ferro e ácido fólico na gravidez, no aleitamento e no puerpério. Posologia e modo de administração: 1 comprimido por dia, antes das refeições ou durante as refeições, dependendo da tolerância gastrointestinal. Os comprimidos não devem ser chupados, mastigados nem mantidos na boca, devendo antes ser engolidos inteiros com água. Contraindicações: Hipersensibilidade ao ácido fólico ou ao ferro ou a qualquer um dos excipientes. Excesso de ferro no organismo (ex. hemocromatose, hemossiderose). Doentes submetidos a transfusões de sangue repetidas. Anemia megaloblástica por deficiência de vitamina B12. Terapêutica parentérica concomitante com ferro. Efeitos indesejáveis: As reações adversas listadas por frequência (muito frequentes: ≥1/10, frequentes: ≥1/100 a <1/10, pouco frequentes: ≥1/1,000 a <1/100, raros: ≥1/10,000 a <1/1,000, muito raros: <1/10,000, incluindo relatos isolados; Frequência desconhecida (não pode ser calculada a partir dos dados disponíveis) foram as seguintes: Doenças gastrointestinais: Frequentes: dor abdominal, pirose, náusea, vómitos, obstipação ou diarreia (relacionados com a ingestão de ferro). Fezes escuras (relacionadas com a excreção de ferro). Frequência desconhecida: ulceração da boca (no contexto de administração incorreta, quando os comprimidos são mastigados, chupados ou mantidos na boca). Doenças do sistema imunitário: Raros - Reações alérgicas, especificamente, broncospasmo, eritema, rash cutâneo ou prurido. Frequência desconhecida: reação anafilática. Data da revisão do texto: 08/2018. Apresentação: cx. 20 e 60 comprimidos. Comparticipação: Portugal - 37% (RG), 52% (RE). Medicamento sujeito a receita médica. Consultar o RCM completo para informação detalhada. Para mais informações relacionadas com o medicamento e questões médicas contactar a Secção de Assuntos Médicos de BIAL - Portela & Cª., S.A: Tel.: +351 229866100. Em caso de suspeita de um acontecimento adverso ou de outra informação de segurança, contactar o Gabinetefevereiro de Farmacovigilancia de 2021 BIAL - Portela & Cª., S.A: Tel.: +351 229866100, email: farmacovigilancia@bial.com. Titular da AIM: Bialport - Produtos Farmacêuticos, S.A. - À Av. da Siderurgia Nacional - 4745-457 S. Mamede do Coronado – Portugal • NIPC 504404512. DDVSAM181015 FO/DEZ20/PT/009

13


live E Obstetrícia e ginecologia evento

7.ª Reunião Nacional da SPDC Matosinhos, 22 e 23 de setembro 2017

Organização envolveu, pela primeira vez, um Serviço de Ginecologia e Obstetrícia Subordinada ao tema “A contraceção na sociedade atual”, a 7.ª Reunião Nacional da SPDC foi organizada, pela primeira vez, em colaboração com um Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, mais precisamente o da ULS Matosinhos - Hospital Pedro Hispano, dirigido por Pedro Tiago Silva. “O planeamento familiar, infelizmente, não é propriamente algo cativante na especialidade de Ginecologia e Obstetrícia. Ao envolver um Serviço na organização da Reunião, é uma boa maneira de aumentar o interesse por esta área e também de se sentirem mais envolvidos”, destacou Teresa Bombas, presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção, em declarações à Just News. Na mesa da sessão de abertura, para além de Teresa Bombas, estiveram presentes David Rebelo, presidente da Mesa da AG da SPDC, Pedro Tiago Silva e Daniel Pereira da Silva, presidente da FSPOG. No evento, foram abordados temas da atualidade, como, por exemplo, o efeito da contraceção no peso corporal e na

O presidente da CO Local, Pedro Tiago Silva, com elementos da organização

doença vascular, assim como o planeamento familiar em pacientes com distúrbios alimentares, a esterilização histeroscópica, a contraceção intrauterina e os métodos de contraceção de longa duração.

“O planeamento familiar, infelizmente, não é propriamente algo cativante na especialidade de Ginecologia e Obstetrícia”, afirmou Teresa Bombas.

Mesa da sessão de abertura: Daniel Pereira da Silva, Pedro Tiago Silva, Teresa Bombas e David Rebelo

14

Fevereiro 2021


Obstetrícia e ginecologia

live E evento

fevereiro 2021

15


live E Obstetrícia e ginecologia entrevista

Teresa Mascarenhas, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG):

“No final, é precisamente a mulher port que vai beneficiar mais com o trabalho Teresa Mascarenhas mostra-se satisfeita por a SPG ter realizado diversas iniciativas ao longo do último ano, apesar da atual conjuntura, dominada pela pandemia. Falando sobre a FSPOG, realça a sua importância e o caráter consensual do presidente. À frente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia desde 2019, Teresa Mascarenhas destaca o trabalho que é feito por muitos dos seus membros. ”Todos os que contribuem para o desenvolvimento da SPG”, diz. Das várias iniciativas já realizadas durante o seu mandato, que termina agora em 2021, faz questão de realçar a publicação das “Recomendações da SPG, suas Secções e Núcleos de Interesse para Triagem de Pacientes com Patologia Ginecológica e da Mama no Contexto da Pandemia por SARS-CoV-2”. Este documento contou, inclusive, com a revisão e aprovação das direções dos colégios da Especialidade de Ginecologia-Obstetrícia e da Subespecialidade de Ginecologia Oncológica da Ordem dos Médicos. “Face à atual conjuntura sanitária, a SPG preocupou-se em delinear orientações para os profissionais que se encontram no terreno. É fundamental saber o que fazer”, afirma. Contudo, como ressalva, “a decisão final deve ser tomada num contexto multidisciplinar, considerando a opinião de outras especialidades e as condições particulares de cada instituição”. Num momento em que está em cima da mesa a discussão do impacto do novo coronavírus nos doentes não-covid, Teresa Mascarenhas acredita que “todos os ginecologistas têm dado o seu melhor no que diz respeito à saúde da mulher”. E esclarece: “Os nossos especialistas e internos também foram chamados para ajudar no combate à pandemia e, inevitavelmente, temos que ter em conta que alguns serviços possam ter tido mais dificuldades por

16

Fevereiro 2021

causa da elevada incidência do vírus em determinada fase.” Pensar nos profissionais e na literacia da mulher portuguesa Numa Sociedade que conta, atualmente, com cerca de 1300 sócios, Teresa Mascarenhas realça a particularidade da existência de secções e de núcleos de interesse: “Somos todos ginecologistas, mas cada um está mais direcionado para determinada vertente. Isto permite a realização de eventos ou iniciativas que permitem a todos nós, nomeadamente os mais novos, aprendermos sobre as mais variadas áreas da especialidade.” Recorde-se que a SPG conta com as secções de Ginecologia Oncológica, Endoscopia Ginecológica, Colposcopia e Patologia do Trato Genital Inferior, Uroginecologia e Menopausa. Os núcleos de interesse são também vários: Mastologia, Ginecologia da Infância e da Adolescência, Estudos Clínicos, Medicina Sexual, Ginecologia Psicossomática e Ecografia. Já este ano, foi criado mais um Núcleo, o de Comunicação. “Pensamos que é importante poder ter uma equipa de médicos que possa contribuir para a manutenção do site, atualizando-o e tornando-o mais rico e dinâmico, além de se preocuparem com conteúdos específicos para os sócios, mas também para a mulher”, justifica Teresa Mascarenhas. Desde que foi decretada a pandemia, a SPG tem apostado em webinars, onde foram apresentados documentos importantes: “Consensos em Ginecologia Oncológica” – também em livro – e “Consenso Nacional para a Menopausa”. “Não podemos parar a atualização de conhecimentos. A formação contínua

Teresa Mascarenhas: “Todos os ginecologistas têm dado o seu melhor no que diz respeito à saúde da mu

e a investigação são essenciais para qualquer ginecologista, sobretudo para os internos”, frisa. No caso do internato, a médica relembra que houve ainda a preocupação de os internos apresentarem trabalhos, garantindo que “a SPG sempre valorizou a formação dos futuros especialistas, nomeadamente, nesta época de covid-19”. Sendo académica, releva também a atribuição do Prémio de Investigação SPG, “uma tradição da Sociedade”. Mas a atividade da SPG não se limita aos ginecologistas, dando ainda primazia à mulher: “Foram lançadas iniciativas que visaram, sobretudo, alertar e informar sobre as patologias ginecológicas, porque somente capacitando a mulher

vamos conseguir ter sucesso no diagnóstico e no tratamento precoces.” Exemplo disso foi a campanha, em 2019, “Mulheres como Eu”, para falar sobre doenças como endometriose, miomas uterinos, pólipos, hemorragias uterinas anormais e cancro uterino, assim como outras ações, nomeadamente sobre menopausa. “A literacia faz toda a diferença, principalmente quando se trata de doenças com um peso significativo na nossa sociedade e que podem, em alguns casos, comprometer a saúde da mulher”, afirma Teresa Mascarenhas. Em 2020 foi a vez da campanha “Na Bexiga Mando Eu”, para alertar a população feminina para o problema da bexiga hiperativa, com repercussões significa-


Obstetrícia e ginecologia

live E

entrevista

uguesa o da Federação” a filiação à FIGO - International Federation of Gynecology and Obstetrics e tem “um contributo muito relevante” no apoio à publicação da investigação que se faz em Portugal com a revista Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa. Questionada sobre o mandato de Daniel Pereira da Silva, a presidente da SPG só tem palavras de elogio. “Teve um papel de excelência à frente da FSPOG!” Nada que não estivesse à espera, já que “a palavra que define o Dr. Daniel é consensual, sendo uma pessoa com um espírito de missão muito grande e de enorme valor, um exemplo para todos nós.”

SPG – Sociedade Portuguesa de Ginecologia

Corpos Sociais 2019-2021

lher”

“Não podemos parar a atualização de conhecimentos. A formação contínua e a investigação são essenciais para qualquer ginecologista, sobretudo para os internos.”

tivas na qualidade de vida da mulher, afetando-a a nível pessoal, familiar, social e profissional. “Um contributo muito relevante” Quanto à Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, Teresa Mascarenhas não tem dúvidas de que faz todo o sentido a sua existência: “É extremamente importante, conseguindo congregar todas as sociedades na área da saúde sexual e reprodutiva da mulher. Aliás, no final, é precisamente a mulher portuguesa que vai beneficiar mais com o trabalho da Federação.” Além de permitir uma maior organização na realização de eventos, conta com

Direção Presidente: Teresa Mascarenhas Secretária-geral: Margarida Martinho Tesoureira: Liana Negrão Vice-presidentes: Almerinda Petiz José Alberto Moutinho Fátima Faustino Vogais: Pedro Vieira Baptista Nuno Nogueira Martins José Reis Assembleia-Geral Presidente: Alberto Fradique Secretárias: Graça Ramalho Eunice Capela

uma pessoa de família realizada pessoal e profissionalmente Licenciada e doutorada pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Teresa Mascarenhas, 63 anos, sempre sonhou em ser médica e a opção pela Ginecologia surgiu do “fascínio” pela saúde da mulher. Nascida em Guimarães, ficou por lá apenas um mês, tendo crescido em Barcelos e no Porto, onde ainda se mantém. É coordenadora da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia do Instituto CUF Porto e da Unidade de Uroginecologia do Serviço de Ginecologia do Centro Hospitalar Universitário de São João. É ainda professora da FMUP. Na SPG está há mais de 20 anos, tendo sido fundadora e presidente da Secção de Uroginecologia. Nos tempos livres, gosta de viajar. “Já visitei os cinco continentes e todos me maravilharam. Gosto de preparar tudo ao pormenor, por isso vivo o antes, o durante e o depois de cada uma das viagens”, revela. Sente-se, assim, realizada pessoal e profissionalmente, frisando, acima de tudo, que há um valor que não se sobrepõe a nenhum outro: “Sou uma pessoa de família, tenho realmente uma ligação muito forte aos meus familiares!”

Conselho Fiscal Presidente: Alexandre Morgado Vogais: Mário Oliveira Ana Luísa Ribeirinho

fevereiro 2021

17


live E Obstetrícia e ginecologia evento

189.ª Reunião da spg ílhavo, 10 e 11 de novembro 2017

o ponto de partida para a criação de consensos em uroginecologia A 189.ª Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, presidida por Fernanda Águas, foi o ponto de partida, um momento “determinante”, para a criação de um documento visando definir um conjunto de consensos em Uroginecologia. O evento realizou-se em Ílhavo. Segundo Bercina Candoso, tesoureira da Secção Portuguesa de Uroginecologia da SPG, o objetivo é esclarecer os ginecologistas sobre a melhor forma de abordar patologias nesta área. Como sublinhava, em declarações à Just News, “esta especialidade tem sofrido nos últimos 20 anos avanços consideráveis, tanto no que diz respeito à compreensão da etiopatogenia como no diagnóstico e tratamento da incontinência urinária (UI) e do prolapso dos órgãos pélvicos (POP)”. Propunha-se que o documento tivesse por base as mais recentes evidências

Bercina Candoso referia também as guidelines emitidas por um conjunto de entidades internacionais, nomeadamente, a International Urogynecology Association, a International Continence Society, a International Urogynecology Association, a European Urogynecology Association e a Scientific Committee on Emerging and Newly Identified Health Risks of European Union. Para a elaboração dos consensos estava prevista a constituição de dois grupos de trabalho, que se iriam debruçar sobre a IU e a POP. “É nossa pretensão desenvolver, de forma mais didática possível, os vários pontos de que trataremos no livro e definir indicações terapêuticas, com os níveis de evidência existentes na Uroginecologia atual”, esclarecia Bercina Candoso. Apesar deste trabalho, para a ginecologista/obstetra, “a experiência e pon-

Amália Martins, Sofia Alegra (presidente e secretária da SPUG), Fernanda Águas (presidente da SPG) e Bercina Candoso (tesoureira da SPUG)

De acordo com Bercina Candoso, “a subespecialização é uma forma de se reconhecer o trabalho dos ginecologistas que dedicam grande parte da sua atividade à Uroginecologia”.

publicadas na literatura a nível mundial, das quais são exemplo as revisões da Cochrane Library, as guidelines emitidas pela German Society of Gynecology and Obstetrics e pela European Association of Urology.

18

Fevereiro 2021

deração de cada médico será sempre, seguramente, a mais-valia a considerar para a tomada de decisões”. Na reunião, abordou-se também a atribuição de subespecialização nesta área para os clínicos que pretendam traba-

lhar de forma certificada. De acordo com Bercina Candoso, “a subespecialização é uma forma de se reconhecer o trabalho dos ginecologistas que dedicam grande parte da sua atividade à Uroginecologia”.

A criação de centros de referência em Uroginecologia foi outra temática em debate, face à necessidade de existirem “unidades que tenham um papel formativo, nomeadamente para os internos da especialidade”.


Obstetrícia e ginecologia

live E evento

Reunião científica da spommf porto, 24 e 25 de novembro 2017

Obesidade em grávidas no chsj aumentou 30% numa década No espaço de 10 anos, a prevalência da obesidade aumentou 30% nas mulheres que tiveram o parto no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar de São João. O alerta é do seu diretor, Nuno Montenegro, que considera ser esta “a prova cabal de que é preciso preocuparmo-nos e investir na prevenção deste problema de saúde”. A questão foi abordada na sessão de abertura da Reunião Científica da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal (SPOMMF), evento que teve como palco o auditório do Centro de Investigação Médica da FMUP e que foi organizado pelo Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do CHSJ. Sob a temática central “Obesidade e Gravidez”, vários especialistas reuniram-se para debater as especificidades de uma doença que, segundo Nuno Montenegro, “é uma epidemia social que afeta a maioria dos países do mundo”.

O médico relembrou que um dos principais fatores de risco de mortalidade materna é a obesidade, daí que no CHSJ se tenham tomado várias medidas nos últimos anos. “Criámos a Consulta de

Obstetrícia-Obesidade, além de se terem estabelecido protocolos com outros serviços, como o de Pneumologia e o de Medicina Física e de Reabilitação”, disse. Nuno Montenegro destacou ainda dois

Luís Graça, Nuno Montenegro e José Artur Paiva

dos trabalhos desenvolvidos no âmbito destes protocolos: a realização de um estudo sobre a síndrome de apneia obstrutiva do sono em grávidas obesas do CHSJ e as classes de exercício monitorizado para o mesmo grupo de mulheres. Luís Graça, presidente da SPOMMF, chamou a atenção para a importância do tema em debate e anunciou a publicação, pela Sociedade, de algumas recomendações sumárias sobre a imersão na água em trabalho de parto e sobre o parto no domicílio. “Trata-se da opinião dos membros da SPOMMF, são 20 linhas que podem apoiar os clínicos”, informou. José Artur Paiva, diretor clínico do CHSJ, deixou igualmente algumas palavras, enaltecendo a inovação do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia e o trabalho conjunto com outras especialidades. “Têm a capacidade de responder às modificações sociais e demográficas com equidade e inclusão.”

Reunião da primavera da spommf lisboa, 13 e 14 de abril 2018

Patologia médica na gravidez Uma mesa-redonda sobre “Patologia infeciosa”, uma outra dedicada à “Patologia hematológica” e a conferência “Vacinas na gravidez” foram a base do programa do primeiro dia da Reunião da

Primavera da SPOMMF, que se realizou na FMUL. Na manhã do segundo dia de trabalhos foi debatida a “Patologia cardiovascular”, a “Grávida transplantada” e a “Pa-

tologia abdominal”, enquanto a parte da tarde foi preenchida com a conferência “Should we screen for thyroid disease and give iodine supplements” e com uma mesa-redonda sobre “Doença on-

cológica”. No âmbito do evento, tiveram lugar quatro cursos, que decorreram na Maternidade Alfredo da Costa e no Hospital de Santa Maria.

fevereiro 2021

19


live E Obstetrícia e ginecologia informação

Melhorar a saúde feminina: um compromisso decisivo e irreversível Miguel Coelho

Country manager da Procare Health Portugal

O ano 2018 assinalou o início do 2.º mandato da Direcção da FSPOG presidida pelo Dr. Daniel Pereira da Silva e, coincidentemente, foi também o ano em que a Procare Health iniciou a sua atividade em Portugal. O passado da Procare Health é muito recente, enquanto laboratório de Investigação em Biotecnologia. Com efeito, a empresa, sob a influência das suas origens, foi criada por um grupo de experts na Saúde da Mulher, propósito que partilha com a FSPOG nos seus fundamentos básicos, ou seja, melhorar a saúde feminina.

A Mulher de Hoje tem condições de assumir quaisquer desafios, sem perder a sua condição de Mulher.

Não há maior responsabilidade social do que a de desenvolver formas mais eficazes de combater a doença.

Em 2012, depois de identificadas as áreas terapêuticas onde havia espaço para melhorar as opções de tratamento ou até mesmo para preencher lacunas terapêuticas, os investigadores da Procare Health iniciaram a sua atividade de identificar novas formas de combater a doença. Esse processo levou a que, em 2016, a empresa chegasse ao mercado com as primeiras soluções desenvolvidas, amplamente estudadas e sujeitas a um plano de Investigação Clínica, que é um dos pilares estratégicos da organização. Com base nesta abordagem, desenvolvemos o conceito de naturally based medicine, que tipifica os produtos da empresa, de base natural ou síntese não química, totalmente isentos de hormonas. Outro pilar estratégico da empresa foi a criação de parcerias e, neste campo, cedo percebemos quão fundamentais são as sinergias com as sociedades médicas, associações de doentes e centros de decisão. Também foi uma feliz coincidência a realização, no ano 2018, do Congresso Português de Ginecologia, na altura em que inaugurámos a afiliada local, a Procare Health Portugal. Depois de discutirmos entusiasticamente com alguns dos especialistas mais importantes na área da Saúde da Mulher o portefólio da empresa e o seu plano de atuação, no contexto de um Advisory Board científico, a nossa primeira aparição a toda a especialidade aconteceu justamente nesse Congresso. Este momento foi crucial porque expusemos a todos os médicos os nossos produtos mas, mais importante, apresentámos todo o trabalho de investigação e de estudo clínico que os sustenta. Tão logo nos diferen­ ciámos enquanto empresa de Investigação.

20

Fevereiro 2021

Desde esse momento, o nosso compromisso com os profissionais de saúde e as doentes em Portugal tornou-se decisivo e irreversível. Para além de produtos, as empresas têm também processos, que são executados por pessoas. Assim, o sucesso da Procare Health assenta nas suas pessoas e na forma como estas criam, executam e avaliam esses processos. A nossa proximidade às sociedades médicas que contactamos, a nossa participação em todos os eventos científicos e a disponibilidade para desenvolvermos projetos disruptivos contribuem para que a Mulher de Hoje seja uma Mulher com condições de assumir quaisquer desafios, assegurada que está a especificidade do género, graças a novas formas de debelar a doença. Noutra vertente, a Investigação Clínica tem para nós uma importância vital. Daqui nasce a evidência de eficácia e segurança dos nossos produtos, a matéria-prima que permite aos médicos recorrer aos nossos produtos com a garantia do sucesso no tratamento das suas doentes. E essa Investigação Clínica está também a ser feita em Portugal, com os nossos investigadores, através de diversos ensaios clínicos que temos em implementação ou em curso. Mais uma vez, a nossa relação com as sociedades médicas e as suas secções específicas é decisiva para podermos trazer respostas às questões que são colocadas. Tal como as organizações científicas, temos um longo caminho a percorrer, mas reunimos as condições para o fazer com sucesso, mesmo em tempos de grandes contrariedades, porque as nossas pessoas estão dedicadas à melhoria da saúde das outras pessoas e não há maior responsabilidade social do que a de desenvolver formas mais eficazes de combater a doença.


Obstetrícia e ginecologia

www.procarehealth.com.pt

live E

PCHP – WOMEN CARE UNIPESSOAL,LDA Lagoas Park, Edifício 7, Piso 1 Sul 2740-244 Porto fevereiro 2021 Salvo 21 NIF: 514 512 377


live E Obstetrícia e ginecologia entrevista

Pedro Xavier, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR):

“A área da Medicina da Reprodução ext a Ciência, detendo um caráter social ba Ciente da dimensão social que a Medicina da Reprodução evoca além da pura componente clínica, Pedro Xavier tem vindo a apostar, como presidente da SPMR, na realização de campanhas de sensibilização e de sessões de esclarecimento sobre a procriação medicamente assistida. Prestes a terminar o seu mandato, o subespecialista em Medicina da Reprodução pondera uma possível recandidatura ao cargo. Reconhecendo a existência de múltiplas áreas médicas eminentemente clínicas, em que os doentes apenas se consciencializam da sua existência perante uma necessidade, muitas vezes, pessoal, Pedro Xavier, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, destaca que, pelo contrário, “a área da Medicina da Reprodução extravasa muito a Ciência, detendo um caráter social bastante forte”.

“Há uma série de projetos que não se esgotam num único triénio.”

O facto de os tratamentos de fertilização in vitro estarem associados a uma componente ética, moral e religiosa contribui, na sua opinião, para a existência de um verdadeiro debate nacional quanto a esta temática. No entanto, e apesar de ser católico, o médico defende que “se os grupos mais conservadores não concordam com a realização destes tratamentos, porque há uma suposta entidade divina a determinar a possibilidade de os casais terem filhos, esta abordagem teria de ser extrapolada a todas as

22

Fevereiro 2021

áreas, como a oncológica, o que não se verifica”. Nesse sentido, ao longo do seu mandato, Pedro Xavier procurou desde logo sensibilizar a sociedade para a importância da procriação medicamente assistida. “Começámos por realizar várias sessões de esclarecimento nas universidades, junto dos jovens adultos, sobre a doação de gâmetas e o significado dos tratamentos, e posteriormente alargámos esta abordagem junto de empresas e até de grandes superfícies”, descreve. Pedro Xavier tomou posse como presidente da SPMR em maio de 2018, em assembleia-geral realizada durante as XXXVI Jornadas Internacionais de Medicina da Reprodução. Três anos volvidos, o ano de 2021 marca o fim do mandato. A tradição tem demonstrado existir uma habitual tendência para a realização de um segundo e último mandato, apesar de ter havido, na história da Sociedade, dois presidentes que apenas cumpriram um. Pedro Xavier garante ainda não ter tomado uma decisão. “Nos próximos meses, será tempo de refletir sobre uma potencial continuidade”, refere, destacando que “há uma certa dinâmica que se estabelece e uma série de projetos que não se esgotam num único triénio.” Com uma Direção constituída por sete elementos, Pedro Xavier realça que procurou criar uma equipa “com o dinamismo que a faixa etária entre os 40 e os 50 anos ainda permite e, ao mesmo, um percurso profissional

Pedro Xavier: “A Medicina de Reprodução é uma área muito bipolar, em que numa consulta os casais cho texto contrário”

que contribuísse para a realização das melhores escolhas”. Por outro lado, considerou fundamental reunir um leque de especialistas que representassem as várias zonas do país e as diferentes áreas de interesse, no que respeita aos setores público e privado, por acreditar que “os dois são complementares em termos de prestação de cuidados”. Além desta composição, o especialista realça a presença das secções de Psicologia e de Embriologia como elementos integrantes da Sociedade.

FSPOG potencia “trabalho de cooperação permanente” Pedro Xavier admite que a existência da Federação Portuguesa das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia é uma mais-valia para a conexão das quatro sociedades, principalmente em dois grandes eixos. Por um lado, “permite que as sociedades conheçam os projetos que estão a ser desenvolvidos e se ajudem nas adversidades, existindo uma constante cordialidade e um trabalho de coopera-


Obstetrícia e ginecologia

live E

entrevista

ravasa muito stante forte” 8.º Congresso Português da Reprodução adiado para 2022 Inicialmente agendado para o próximo mês de maio, nos Açores, o 8.º Congresso Português de Medicina da Reprodução foi adiado em virtude da atual situação pandémica. De forma a não condicionar a presença de um leque de palestrantes estrangeiros convidados, a reunião deverá agora acontecer em maio de 2022.

SPMR – Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução

Órgãos sociais 2019-2021

ram porque finalmente conseguiram ter um filho e na consulta seguinte o cenário se repete num con-

“A FSPOG permite que as sociedades conheçam os projetos que estão a ser desenvolvidos e se ajudem nas adversidades.”

ção permanente”. A segunda vantagem centra-se na articulação que a FSPOG procura encontrar entre todas as sociedades para a organização do calendário de reuniões científicas. “É um modelo quase único, que faz todo o sentido e realmente funciona”, avalia Pedro Xavier, salientando que desta forma é possível garantir que “os encontros não se sobrepõem e que, principalmente os internos da especialidade, por serem os mais interessados nas diferentes áreas, não vejam o acesso à formação limitado”.

Direção Presidente: Pedro Xavier Vice-presidentes: Luís Vicente Margarida Silvestre Secretário-geral: José Teixeira da Silva Tesoureiro: Ricardo Santos Vogais: Joana Mesquita Guimarães Ana Sousa Assembleia-Geral Presidente: Pedro Sá e Melo Vice-presidente: Eduarda Felgueira Secretária: Sónia Sousa Conselho Fiscal Presidente: Sofia Dantas Vogais: Isabel Reis Ana Peixoto

“o nosso sucesso resulta do número de bebés que nascem” Pedro Xavier nasceu há 54 anos em Guimarães. Em 1992, concluiu a licenciatura pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e, em 2001, especializou-se em Ginecologia e Obstetrícia, no Hospital de São João. Quatro anos depois, realizou o doutoramento na área da Endometriose e no ano seguinte começou a coordenar a Unidade de Medicina da Reprodução daquele hospital, onde já era assistente. Em 2011, obteve o título de subespecialista em Medicina da Reprodução. Em janeiro de 2015, liderou a equipa cirúrgica que fez no então Centro Hospitalar de São João o primeiro transplante de tecido ovárico em Portugal. Desde fevereiro de 2018 que é membro do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, entidade que regula a prática da PMA no nosso país. Em maio daquele ano foi eleito presidente da SPMR, mandato que será concluído em setembro de 2021. Atualmente, exerce atividade na PortoClínica e faz parte do Centro de Genética da Reprodução Prof. Alberto Barros, além de manter uma pequena ligação ao CHUSJ. Definindo a Medicina da Reprodução como uma área “muito bipolar, em que numa consulta os casais choram porque finalmente conseguiram ter um filho e na consulta seguinte o cenário se repete num contexto contrário”, o especialista reconhece que “o nosso sucesso resulta do número de bebés que nascem”. No entanto, ressalva que “a realização profissional depende muito do sucesso dos tratamentos, mas também da sensação de consciência tranquila pelo empenho que depositámos, mesmo quando as coisas correm menos bem”. Pai de três filhos, Pedro Xavier acompanha com paixão as áreas da arte contemporânea e do futebol.

fevereiro 2021

23


live E Obstetrícia e ginecologia evento

190.ª Reunião da spg guimarães, 19 e 20 de janeiro 2018

Menopausa: uma fase importante da vida Em Portugal, a esperança média de vida das mulheres tem vindo a crescer mais do que a dos homens, situando-se nos 83,9 anos, o que significa, segundo Fernanda Geraldes, presidente da Secção Portuguesa de Menopausa da SPG, que “a mulher vive em fase pós-menopausa mais de um terço da sua vida”. A médica falava à Just News no âmbito da 190.ª Reunião da SPG, que se centrou no tema “Refletir sobre a menopausa” e que decorreu em Guimarães. No seu entender, é fundamental que a comunidade científica e a própria sociedade reconheçam que a menopausa é uma fase importante na vida da mulher. “É preciso investir na melhoria da qualidade de vida da mulher em pós-menopausa”, até porque numa boa parte desse tempo ainda se encontra ativa do ponto de vista laboral. A terapêutica com as hormonas bioidênticas, assunto que está hoje na ordem do dia, foi um dos temas discutidos na reunião. Segundo Fernanda Geraldes, com frequência, por desconhecimento, tanto dos meios de comunicação como até da comunidade científica, estas hormonas são tratadas como uma terapêutica à medida dos sintomas das mulheres. No entanto, salientou, “muitas vezes, na tentativa de fazer uma terapêutica à medida, perdem-se alguns padrões de segurança relativamente aos medicamentos utilizados”. A médica explicou que muitas destas hormonas bioidênticas são manipuladas ou compostas e não estão aprovadas e as mulheres, por vezes, não sabem disso, desconhecendo que as mesmas não apresentam a segurança que têm aquelas que são aprovadas e estudadas mediante “rigorosos estudos científicos”. Segundo referiu, há estudos publicados que revelam que estas hormonas não aprovadas podem ter efeitos nefastos.

24

Fevereiro 2021

muitas vezes associadas à menopausa, tendo-se refletido sobre se se pode prevenir o aparecimento da demência e de que forma. Houve igualmente espaço para uma sessão que incidiu sobre uma nova terapêutica que contém duas substâncias ativas, estrogénios conjugados e bazedoxifeno, que está no mercado há cerca de um ano e que se apresenta “promissora”, sobretudo porque um dos seus constituintes, o bazedoxifeno, parece ter vantagens na proteção do cancro da mama e evita a utilização do progestativo na terapêutica hormonal. Falou-se, ainda, da existência de um novo fármaco, cujo constituinte é o 17b estradiol, uma hormona bioidêntica que já existia no mercado, mas

A saúde musculoesquelética na menopausa foi outro dos temas discutidos, tendo estado em destaque a sarcopenia, que se refere à fragilidade muscular e a alterações ao nível da parte articular. “A doença oncológica mata, a doença cardiovascular é a principal causa de morte, mas o que compromete muitas vezes as mulheres no dia-a-dia são as dores osteoarticulares, que constituem causa de absentismo laboral, mas também dificultam a vida regular e normal”, disse.

Coordenação da Secção Portuguesa de Menopausa com a presidente da SPG: Ana Casquilho (tesoureira), Fernanda Águas, Fernanda Geraldes (presidente) e Cláudio Rebelo (secretário)

Falou-se, também, de cérebro e menopausa. Com o aumento da esperança de vida, as demências, como a perda de memória e de capacidade de concentração e, em situações mais extremas, como na doença de Alzheimer, estão

agora com uma nova forma de administração, em spray, em vez da aplicação com os selos ou da toma diária de um comprimido que, afirmou, “vai ser uma ótima opção no tratamento da menopausa”.


Obstetrícia e ginecologia

live E

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

fevereiro 2021

25


live E Obstetrícia e ginecologia entrevista

Daniel Pereira da Silva, presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecolo

“Procurei sempre estabelecer pontes e e entre as diversas regiões do país, par No final de dois mandatos à frente da FSPOG, Daniel Pereira da Silva faz um balanço da atividade de uma Federação que tem como objetivo unir em vez de dividir. Quanto à pandemia, a grande preocupação é o mais que provável atraso no diagnóstico e tratamento do cancro. Just News (JN) – É presidente da FPSOG desde 2015, mas está ligado à Federação desde o seu início. Daniel Pereira da Silva (DPS) – Sim, a FSPOG foi criada por conversações, à época, entre a Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), da qual eu era presidente, e a Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia (SPOG), presidida, então, pelo Prof. Carlos Santos Jorge, a quem aproveito para saudar. Foi graças a esse diálogo e a uma relação de confiança que soubemos construir que a SPOG acabou por concordar com a criação da FSPOG, num acordo que foi selado numa reunião realizada em Évora, em junho de 2004. Ao chegar-se a acordo quanto à criação da atual Federação foi possível criar o espaço necessário para que surgisse a SPOMMF e congregar todas as sociedades na Federação. JN – Como surgiu a necessidade de criar esta Federação? DPS – Tínhamos algumas discrepâncias entre nós, ou seja, existia a SPG e a SPGO, que era a mais antiga. Isso criava algumas desconformidades, nomeadamente na nossa representação internacional, como no Board Europeu de Obstetrícia e Ginecologia ou na International Federation of Gynecology and Obstetrics (FIGO). Mesmo com o Colégio da Especialidade da Ordem dos Médicos, a existência de duas sociedades, ambas para a área da Ginecologia, criava alguns constrangimentos. Daí sentirmos a necessidade de se harmonizar as relações interpares, porque cada Sociedade tinha obviamente direito ao seu espaço e à sua disciplina e não era necessário que nos atropelássemos uns aos outros.

26

Fevereiro 2021

JN – Que caminho teve que se desbravar? DPS – Enfim… Com toda a franqueza, acabou por não ser tão difícil quanto isso, porque todos perceberam que estávamos de boa-fé, que os propósitos eram os melhores, não se queria ultrapassar ninguém. Pelo contrário, quería­mos dar voz própria a cada Sociedade e sem quaisquer atropelos. Inicialmente, claro que houve alguma desconfiança, já que durante muitos anos havia duas sociedades que até competiam para ter mais associados e isso, naturalmente, contribuiu para que algumas pessoas se sentissem desconfiadas. Mas rapidamente se ultrapassaram estes obstáculos e criou-se um ambiente de respeito mútuo e de convívio entre todos. A liderança do Prof. Carlos de Oliveira foi também muito importante para isso. Hoje em dia, mantém-se este bom ambiente. JN – Pode-se concluir, assim, que a FSPOG permitiu o fortalecimento da relação interpares? DPS – Julgo que sim. Aproximou-nos, nomeadamente nas áreas que não eram tão afins no dia-a-dia da prática clínica, além de ter criado mais espaço de diálogo. Acabou por permitir a afirmação da especialidade como um todo, o que é essencial. A nível internacional, acabámos por ter uma voz representativa de todos nós. É importante sabermos reconhecer o espaço devido a cada uma das disciplinas, já que são todas necessárias e todas concorrem para proporcionar a melhor formação aos colegas. Com tudo isto, quem mais ganha é a mulher, que pode ter acesso a cuidados de melhor qualidade.


Obstetrícia e ginecologia

live E

entrevista

ogia (FSPOG):

entre os mais novos e os mais velhos ara se evitar grandes discrepâncias” “A nível internacional, acabámos por ter uma voz representativa de todos nós. É importante sabermos reconhecer o espaço devido a cada uma das disciplinas, já que são todas necessárias e todas concorrem para proporcionar a melhor formação aos colegas.”

JN – Como foi suceder ao Prof. Carlos Freire de Oliveira? DPS – O Prof. Carlos tem uma personalidade singular, é um líder por inerência, não necessitando de se impor. A sua presença, postura e atitude impõem-se naturalmente. É uma pessoa de elevados valores, que cultiva o diálogo e com quem é fácil trabalhar. Foi, assim, uma enorme responsabilidade sucedê-lo, porque esses atributos são dele e eu não os tenho. Procurei ser digno do cargo, respeitar todo o património que tinha recebido das suas mãos, sem, contudo, deixar de lhe dar uma sequência no mesmo tom, congregando e dando mais afirmação à nossa especialidade. Não nos podemos esquecer que o que nos traz para estas lides é a missão de dar o máximo pelos nossos colegas e também contribuir para que a mulher possa ter acesso ao melhor da arte da Obstetrícia e Ginecologia. JN – Os presidentes das sociedades são unânimes em dizer que o Dr. Daniel Pereira da Silva é muito cordial e que promove o diálogo entre todos… DPS – Pois... Agradeço esse feedback e fico muito lisonjeado. De facto, foi isso que procurei fazer, quer na FSPOG

como nas sociedades científicas, ou como médico. O meu papel foi sempre estabelecer pontes entre os mais novos e os mais velhos e entre as diversas regiões do país, para se evitar grandes discrepâncias…. Acima de tudo, pugnei pela promoção do diálogo, da conversação, dos bons princípios. Sinto-me realmente feliz por os meus colegas o reconhecerem. “A OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA, EM PORTUGAL, ESTÁ BEM, NÃO TEM NADA DE QUE SE ENVERGONHAR” JN – Nestes dois mandatos da FSPOG, quais foram os principais desafios? DPS – O maior deles é sempre a realização dos congressos, que é um momento alto de grande afirmação daquilo que é feito pela especialidade no seu todo e também pelo convívio com colegas de outras escolas e países. É nesses momentos que verificamos como a Obstetrícia e Ginecologia, em Portugal, está bem, não tem nada de que se envergonhar. Obviamente que temos sempre algo a melhorar, mas os indicadores são bons e temos evoluído naquilo que se faz de melhor no mundo. Temos também progredido ainda na área da investigação, reafirmando a nossa presença em revistas nacionais e internacionais. O anterior Congresso, o 21.º, decorreu de uma forma absolutamente fantástica! O ano de 2020 ficou marcado pela contingência de estarmos a viver numa pandemia, não permitindo que nos reuníssemos presencialmente, como se previra, em novembro do ano passado. Temos agora, na segunda semana de fevereiro de 2021, estas sessões online, que funcionam como sessões pré-Congresso, dando espaço, em diferentes dias, às várias disciplinas da especialidade. Esperamos que em novembro possamos, então, estar novamente juntos, na Alfândega do Porto.

(Continua na pág. 28)

fevereiro 2021

27


live E Obstetrícia e ginecologia entrevista

(Continuação da pág. 27)

JN – Como tem sido lidar com todas estas mudanças sem colocar em causa a formação dos pares? DPS – Tem sido uma adaptação… As novas tecnologias têm dado um contributo incrível, embora nada ultrapasse as vantagens do contacto presencial, do convívio... Somos latinos! Mas, na sua impossibilidade, as plataformas permitem criar espaços de diálogo e discussão e de atualização e todas as sociedades científicas têm-no feito, sob o formato de webinars – e, por sinal, com muitos participantes. A FSPOG, como não quer atropelar as iniciativas de cada uma das sociedades que a integram, resguardou-se e resolveu avançar só agora com este pré-Congresso. JN – É uma forma de não estarem tanto tempo sem realizar o vosso Congresso? DPS – Houve várias razões…. Primeiro, queríamos estar próximos dos ginecologistas/obstetras e pareceu-nos que esta era uma boa opção. Mas também contou muito o facto de termos recebido cerca de 300 trabalhos, que foram avaliados e selecionados pela Comissão Científica, isto é, especialistas e internos estavam à espera de os apresentar. Não podíamos perder a oportunidade de o fazer agora, já que não foi possível em novembro. JN – Isso também demonstra como ninguém ficou parado, apesar da pandemia… DPS – Sem dúvida! Numa primeira fase, sentiu-se algum abalo, mas depois recuperámos. A atividade nunca se normalizou totalmente e, nesta altura, voltámos a uma fase muito aguda, em que os serviços de Ginecologia foram muitas vezes transformados em enfermarias covid. Só não parou a Obstetrícia, porque, obviamente, os bebés não podem esperar… “PARA QUEM VIER A TER UM CANCRO DO OVÁRIO, MUITO AGRESSIVO, NESTA ALTURA, ELE PODE SER FATAL” JN – Relativamente à especialidade, como tem visto a evolução ao longo dos anos? DPS – Tem havido uma grande evolução, sobretudo na personalização e humanização de cuidados. Na Obstetrícia, por exemplo, dá-se mais importância à vontade da grávida. Nesta área, tem-se enfrentado vários desafios por causa da idade mais avançada das gestantes, mas

28

Fevereiro 2021

a especialidade está cada vez melhor preparada para dar uma resposta eficaz, no sentido de garantir a sua segurança e um bom desfecho do trabalho de parto, com um recém-nascido saudável. Tem sido uma evolução incrível e fantástica! Quanto à Ginecologia e à Medicina da Reprodução também tem havido grandes desenvolvimentos. Inevitavelmente, a própria biologia da natureza humana não permite ultrapassar algumas barreiras naturais, mas a doação de ovócitos, e não só, veio criar outro campo maravilhoso na resolução de alguns problemas de fertilidade. Ainda na Ginecologia, é estrondosa a evolução na cirurgia, que, de uma forma geral, é cada vez mais minimamente invasiva e muito mais específica do que há uns anos. Quando me formei, imperava uma abordagem mais generalista e transversal, o que também contribuía para a ocorrência de mais danos colaterais do que na atualidade. JN – Com a pandemia, o que mais o preocupa? DPS – Na Obstetrícia, não se para por razões óbvias e, felizmente, as grávidas com covid acabam por não ser um grupo particular de risco, contrariamente ao que se receou numa primeira fase. O grande problema, do meu ponto de vista, é a nível oncológico, sobretudo no atraso do diagnóstico e do tratamento da doente com cancro da mama ou com cancro ginecológico, seja este de que natureza for. É o que mais me preocupa, podendo colocar em causa o prognóstico destas mulheres e até a sua própria qualidade de vida. JN – E relativamente ao Planeamento Familiar e ao rastreio do HPV, receia que possamos regredir? DPS – Esse é um ponto importante, mas as consequências destas disrupções levam algum tempo a notar-se e esperemos que isso não se venha a verificar. Nessa área, há capacidade para recuperar, na medida em que temos uma elevada taxa de vacinação. No caso das jovens não há assim tão grande preocupação, o problema poderá estar nas que não foram vacinadas por sua própria vontade ou porque não foram contempladas no plano vacinal por causa da idade. Nesses casos, temos que manter o rastreio. Por outro lado, o cancro do colo do útero é relativamente lento na sua evolução, por isso, com uma boa estratégia no pós-pandemia, podemos recuperar muito do tempo perdido. Preocupa-me muito mais o cancro da mama e o ginecológico. Por

exemplo, para quem vier a ter um cancro do ovário, muito agressivo, nesta altura, ele pode ser fatal. Na mama, alguns meses de atraso podem também inviabilizar a realização de uma cirurgia conservadora, sendo necessário avançar para uma radical, pondo em causa o prognóstico. JN – Nas suas consultas, sente que as mulheres, nesta altura, por receio, pedem menos ajuda? DPS – Houve duas fases. Quando o país parou, deixámos de ter consultas. Depois, quando voltámos, notou-se uma procura progressivamente superior e o voltar à normalidade. Muitas até vinham sem ser por problemas de saúde agudos. Atualmente, voltámos a uma fase de disrupção e, excetuando os casos agudos, acabam por não vir às consultas. É perfeitamente natural sentirem medo… “DESTAPOU-SE UMA SITUAÇÃO QUE NÃO ESTAVA DEVIDAMENTE AVALIADA, QUE É A FORMA COMO OS IDOSOS VIVEM NOS LARES” JN – É médico desde 1975. Como tem sido lidar com uma situação de pandemia como esta? DPS – Infelizmente, tende-se a desvalorizar tudo o que se faz de bom… Mas, por

“Na Obstetrícia, não se para por razões óbvias e, felizmente, as grávidas com covid acabam por não ser um grupo particular de risco, contrariamente ao que se receou numa primeira fase.”

uma questão de educação, não sou assim e valorizo muito todas as evoluções e experiências de vida. Em 1975, fui um dos primeiros internos do Hospital dos Covões, em Coimbra, e três anos depois fiz parte do grupo de médicos que enfrentaram um surto de cólera que houve na época na região centro… E o Hospital dos Covões estava dedicado a essa doença. Não era, obviamente, uma situação tão grave como a atual, mas internamente trabalhava-se com poucos recursos e recordo-me que eu, como recém-licenciado, tive que integrar as equipas de combate à cólera da região centro. Mas vivi aquilo com um enorme entusiasmo, sentindo, de repente, que era importante e que conseguia fazer a diferença. Vi tam-


Obstetrícia e ginecologia

live E

entrevista fez a diferença. O mesmo devem estar a sentir os internos, hoje em dia, com a covid-19? DPS – Sim, estão a ser chamados para apoiar enfermarias covid e também o sentem. Obviamente que, perante tudo o que se está a passar, já se nota uma grande exaustão, sendo normal que a sua resiliência, como seres humanos que são, tem limites. Mas, perante a necessidade, o que mais nos honra é exercer a nossa atividade desta forma, em favor de alguém. É para isso que somos médicos e essa diferença que podemos fazer acaba por nos elevar.

bém nascer o Serviço Médico à Periferia, todos os centros de saúde… Conquistas incríveis de um país tão subdesenvolvido como era àquela data e que não queremos, de maneira alguma, que volte a ser. Olhar para o que se passa atualmente choca-me… Não me refiro tanto aos cuidados de saúde, mas ao que acontece nos cuidados prestados aos idosos e no impacto que este vírus está a ter. Destapou-se uma situação que não estava devidamente avaliada, que é a forma como os idosos vivem nos lares. Muitos deles são bem tratados por profissionais que se dedicam, mas que trabalham em condições muito precárias, frequentemente, sem retaguarda, apoio científico ou organização para se fazer face a situações extremas como esta pandemia. E, claro, os idosos institucionalizados são os que mais sofrem com esta doença. Esse país silencioso não pode ser esquecido e no pós-pandemia temos mesmo que criar melhores condições para esta população, que vai crescer por causa do envelhecimento da população. Estas pessoas têm de viver com dignidade e os profissionais que as apoiam têm que ser melhor preparados, devidamente recompensados e apoiados por estruturas multidisciplinares. JN – Voltando ao surto de cólera…. Esteve na linha da frente e concluiu que

JN – Mesmo assim, receia que haja algum atraso no internato da especialidade? DPS – Sim, a nível do Colégio da Especialidade essa questão está a ser avaliada. Na primeira vaga parou-se e houve internos prejudicados na sua formação. Naturalmente que se tem assistido a uma capacidade progressiva de adaptação, mas não estamos a viver tempos normais e, sem qualquer dúvida, em muitas áreas, vai-se sentir algum prejuízo. Mas depois vamos, provavelmente, expandir o tempo de internato, para fazer face a estas dificuldades. Após a pandemia impõe-se que a Ordem dos Médicos e o Ministério da Saúde encetem negociações para a reforma das carreiras médicas. Nos últimos 20 anos muito foi feito para as destruir e esta pandemia tornou óbvia a necessidade de quadros clínicos adequados e motivados. É um imperativo que o país exige. JN - Considera que, apesar de tudo, esta época é de grande aprendizagem, nomeadamente do ponto de vista humano? DPS - Indiscutivelmente! E a vários níveis. Hoje em dia, temos um problema específico, que é a forma simplória como se fala na comunicação social sobre esta pandemia. Já o Prof. Henrique Barros [presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto] dizia, no outro dia, que uma coisa é uma opinião, outra é a evidência científica. A primeira pode ser dada por um político, a segunda apenas por quem tem conhecimentos específicos. Veja-se o caso dos EUA ou de outros países… É muito perigoso quando responsáveis políticos põem em causa, de forma muito leviana, a Ciência. A sociedade tem muitos grupos e alguns, com base nessas ideias, afetam da pior maneira a liberdade dos outros…

JN – Relativamente à FSPOG, quais os desafios que se seguem? DPS – A situação está estabilizada e as sociedades científicas estão todas envolvidas num mesmo espírito de desenvolvimento agregador. Vamos também integrar a Associação Portuguesa de Diagnóstico Pré-Natal e continuar a contribuir para a afirmação da especialidade no seu todo, congregando, nunca dividindo. JN – Que mensagem gostaria de deixar, a poucos dias de terminar o seu segundo e último mandato como presidente da FSPOG? DPS – Sinto-me grato por ter servido todos os ginecologistas e obstetras, agradeço todo o apoio dado pelos meus colegas de Direção e dos restantes elementos dos Corpos Sociais, e desejo a maior felicidade a quem se segue. E tenho a certeza de que a FSPOG vai ficar em muito boas mãos!

FSPOG – Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia

Órgãos diretivos 2018-2021 Direção Presidente: Daniel Pereira da Silva Secretário-geral: Diogo Ayres de Campos Tesoureira: Filomena Nunes Vice-presidentes: Fátima Palma Nuno Clode Pedro Xavier Teresa Mascarenhas Vogais: Cristina Nogueira da Silva José Teixeira da Silva Margarida Martinho Teresa Bombas Assembleia-Geral Presidente: Carlos Freire de Oliveira Secretários: Carlos Calhaz Jorge Fátima Serrano Conselho Fiscal Presidente: Francisco Nogueira Martins Secretárias: Maria do Céu Almeida Luísa Pinto

A opção de viajar para locais onde a experiência humana substitui o conforto Daniel Pereira da Silva, que é natural de Viseu, tem agora 70 anos. Passou uma boa parte da infância no Brasil, para onde os seus pais emigraram quando tinha apenas 2 anos. “Recordo com alegria a liberdade que aquele clima proporcionava. A vida é mais leve no Brasil, as pessoas têm a felicidade como objetivo central de vida. Essa forma de estar parece ser dominante, independentemente da situação social. Todos eles arranjam maneira de se divertir e de festejar por esta ou aquela razão. Mas escolhi viver em Portugal e tive muitas recompensas por isso”, comenta. Já viajou por muitos países de vários continentes. Como a mulher não gosta de aventuras, aproveita as viagens com os filhos para conhecer culturas diferentes. Os seus locais preferidos são aqueles onde o conforto dá lugar a experiências muito humanas. “É o caso do Caminho de Santiago, que já percorri duas vezes. Foi muito enriquecedor viver o ambiente dos romeiros, estar em contacto com a natureza e, claro, conversar muito com os meus filhos”, afirma. Licenciou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, cidade que o acolheu até aos dias de hoje. É especialista em Ginecologia e Obstetrícia desde 1983, tendo-se diferenciado na área da Ginecologia Oncológica. Começou a trabalhar no IPO de Coimbra em 1978 e foi diretor do seu Serviço de Ginecologia entre 1996 e 2013. É membro da Direção do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia e da subespecialidade de Ginecologia Oncológica da Ordem dos Médicos.

fevereiro 2021

29


live E Obstetrícia e ginecologia evento

XXXVI Jornadas internacionais de medicina da reprodução figueira da foz, 4 e 5 de maio 2018

Aos 40 anos, uma spmr mais plural, respondendo a desafios mais complexos O fim do anonimato nas doações de gâmetas, ditado pelo recente acórdão dos juízes do Tribunal Constitucional, foi um dos focos das últimas Jornadas Internacionais de Medicina da Reprodução em Portugal, que decorreram no início de maio de 2018, na Figueira da Foz. Segundo Teresa Almeida Santos, que falou à Just News após a reunião, já depois de ter deixado a presidência da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, “vive-se uma fase de transição que precisa de ser regulada, para dar alguma tranquilidade quer aos casais beneficiários, quer aos centros de fertilidade”. A reunião contou com a presença do jurista e ex-presidente do Tribunal Constitucional Rui Moura Ramos, que explicou o que muda com o mencionado acórdão, que “censura o anonimato”. “Seria um momento do agrado dos participantes porque foi clarificador. Percebemos quais são as consequências com as quais vamos ter que lidar nos próximos tempos”, referia Teresa Almeida Santos. A especialista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra explicava que, “neste momento, todo o material biológico produzido com gâmetas de dador não pode ser utilizado, a não ser que os dadores que o deram no pressuposto do anonimato o autorizem, mesmo que o anonimato não esteja garantido”. “Os centros têm de contactar os dadores no sentido de saber se eles autorizam que o material seja usado mesmo sem o anonimato assegurado. Se não autorizarem, ou se não for possível contactá-los durante esta fase em que não há ainda uma nova legislação, o material não pode ser utilizado, o que pode causar perturbações sérias em alguns centros e, sobretudo, a alguns casais beneficiários dessas doações”, esclarecia.

30

Fevereiro 2021

Pedro Xavier e Teresa Almeida Santos

Teresa Almeida Santos lembrava, na altura, que se impunha igualmente a produção de uma nova lei para a gestão de substituição, que também havia sido declarada inconstitucional. Em debate estiveram outros temas relacionados com o momento que se viva na altura, entre os quais as novas perspetivas de estimulação ovárica, o tratamento da obesidade e os seus efeitos na infertilidade e a preservação de óvulos para adiar a maternidade (preservação por indicações pessoais ou não médicas).

Teresa Almeida Santos: “Tudo mudou nestes 40 anos e a SPMR foi sabendo adaptar-se à evolução e às mudanças, sendo hoje uma Sociedade mais alargada, quer em número de associados, quer em termos de categorias profissionais.”

40 anos depois, 6% das crianças nascem com recurso a técnicas de PMA No evento, foram também assinalados os 40 anos da Sociedade, que haveriam de se cumprir meses depois, em novembro. Teresa Almeida Santos recordava que o

número de anos que a SPMR completava coincidia com o nascimento do primeiro bebé proveta no mundo, em Inglaterra. Salientava que, quatro décadas depois, 3% das crianças nascem com recurso a

técnicas de procriação medicamente assistida, acrescentando: “Tudo mudou nestes 40 anos e a SPMR foi sabendo adaptar-se à evolução e às mudanças, sendo hoje uma Sociedade mais alargada, quer em número de associados, quer em termos de categorias profissionais. No início, era constituída por médicos. Hoje, temos muitos biólogos, embriologistas, psicólogos, enfermeiros, juristas, etc., ou seja, é uma Sociedade mais plural, de forma a poder responder também aos desafios cada vez mais complexos e multidisciplinares.” Estas Jornadas marcaram o fim do segundo mandato de Teresa Almeida Santos como presidente da SPMR, tendo sido eleita, em assembleia-geral, a nova Direção da SPMR, presidida por Pedro Xavier.


Obstetrícia e ginecologia

live E

fevereiro 2021

31


live E Obstetrícia e ginecologia evento

XIV Congresso português de ginecologia vilamoura, 7 e 10 de junho 2018

recorde de participação no evento mostra “sinal de vitalidade” da spg O XIV Congresso Português de Ginecologia foi o mais participado de sempre, registando cerca de 700 inscritos. Fernanda Águas, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, considerou tal facto “um sinal de vitalidade”, permitindo augurar um “futuro promissor” para a especialidade em Portugal. A diretora do Serviço de Ginecologia do CH e Universitário de Coimbra afirmou isso mesmo na cerimónia de abertura. “A SPG tem 1242 associados e é por estes que a estrutura diretiva se esforça

5

1

por atingir os seus grandes objetivos, ou seja, a formação contínua dos ginecologistas, procurando contribuir para que a Ginecologia que se pratica em Portugal acompanhe o que de melhor se faz na Europa e por esse mundo fora”, referiu. Manifestou, ainda, publicamente o seu “reconhecimento e profunda admiração” por João Luís Silva Carvalho, presidente de honra do Congresso, que esteve sempre muito ligado à Sociedade, da qual foi tesoureiro e secretário-geral, tendo sido ainda por sua iniciativa que foi criada a Secção de Endos-

6

2

7

8

copia, tendo sido o seu primeiro presidente. Enquanto Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve, resumiu um pouco da história da instituição, em representação do bastonário da OM, mas também na qualidade de presidente do Colégio de Ginecologia/Obstetrícia da OM, João Bernardes afirmou ser “impressionante como na SPG a ciência, a formação e o humanismo se ligam tão bem”. Teresa Mascarenhas foi eleita, em assembleia-geral, presidente da SPG para o mandato 2019-2021.

9

3 4

DIREÇÃO da SPG (2019-2021)

Daniel Pereira da Silva, João Luís Silva Carvalho, Fernanda Águas, Paulo Águas e João Bernardes

32

Fevereiro 2021

Presidente: Teresa Mascarenhas (Porto) ➌ Secretária-geral: Margarida Martinho (Porto) ➏ Tesoureira: Liana Negrão (Coimbra) ➑ Vice-presidentes: Almerinda Petiz (Porto) ➍ José Alberto Moutinho (Covilhã) ➋ Fátima Faustino (Lisboa) ➊ Vogais: Pedro Vieira Baptista (Porto) ➎ Nuno Nogueira Martins (Viseu) ➒ José Reis (Lisboa) ➐


Obstetrícia e ginecologia

live E evento

8.ª reunião nacional da spdc Carvoeiro, 21 e 22 de setembro 2018

A importância da parceria com a MGF A 8.ª Reunião Nacional da Sociedade Portuguesa da Contracepção registou o envolvimento da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, o que nunca tinha acontecido, pelo menos de forma tão evidente. Subordinado ao tema “Atualização na prática contracetiva: a ciência ao serviço da mulher”, o maior evento anual da SPDC foi desta vez organizado em colaboração com os serviços de Ginecologia e de Obstetrícia de Faro e de Portimão do CHUAlgarve e com a delegação regional da APMGF. “A parceria entre a Ginecologia e a MGF é de extrema importância para a melhoria dos cuidados de saúde prestados à mulher, nomeadamente no âmbito da saúde sexual e reprodutiva”, considerou Amália Pacheco, presidente da CO Local. “Esta ligação é fundamental porque, de acordo com vários estudos, sabe-se que quem aconselha o método contracetivo é, na maioria dos casos, o médico de família, ou o ginecologista, havendo va-

Elementos dos Órgãos Sociais da SPDC 2019-2021: Ana Rosa Costa, Maria José Alves, Teresa Bombas, Fátima Palma, Amália Pacheco (à frente); Maria João Carvalho, Joaquim Neves e Maria do Céu Almeida (atrás); Filomena Sousa (ao lado)

riações segundo o método contracetivo, sublinhou, em declarações à Just News, esclarecendo que a pílula é sobretudo recomendada pelo médico de família. A especialista do CHUAlgarve destacou, a esse propósito, a organização do workshop sobre “Dificuldades práticas

em contraceção nos cuidados de saúde primários”, da responsabilidade de médicos de família. “As mulheres não são todas iguais e o método contracetivo deve ser escolhido para satisfazer as necessidades contracetivas, tendo em conta, nomeadamente,

outras patologias que podem beneficiar do mesmo, como acontece, por exemplo, nas doenças crónicas”, lembrou. Por outro lado, “a obesidade é cada vez mais prevalente, sendo necessário perceber, por exemplo, como os regimes de perda de peso podem influenciar a escolha da contraceção”. Para além da participação da APMGF, de realçar que o encontro do Carvoeiro contou ainda com a colaboração da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade e da Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Trato Genital Inferior da SPG. Na 8.ª Reunião Anual da SPDC esteve presente, mais uma vez, Johannes Bitzer, ex-presidente da European Society of Contraception and Reproductive Health (ESC). O evento realizado no Carvoeiro ficou associado à eleição da nova presidente da SPDC: Fátima Palma.

9.ª reunião nacional da spdc lisboa, 20 e 21 de setembro 2019

Saúde sexual e reprodutiva em agenda O Museu do Oriente, em Lisboa, acolheu a 9.ª Reunião Nacional da SPDC, cujo programa abordou os seguintes temas: “A contraceção nos cuidados de saúde primários”, “Contraceção de

emergência”, “Contraceção definitiva”, “Contraceção e doenças ginecológicas”, “Debate sobre a formação em saúde sexual e reprodutiva”, “LGBTQI e a saúde sexual e reprodutiva”, “No-

vidades em contraceção” e “Violência de género”. No âmbito da 9.ª Reunião, subordinada ao tema “Saúde sexual e reprodutiva em Agenda”, foram ainda realizados três

cursos: “Aspetos práticos da contraceção intrauterina e intradérmica”, “Entrevista motivacional em contraceção” e “Otimização do rastreio do cancro do colo do útero”.

fevereiro 2021

33


live E Obstetrícia e ginecologia evento

X Emigo - encontro de médicos internos de ginecologia e obstetrícia coimbra, 28 e 29 de setembro 2018

Ginecologia e obstetrícia sem fronteiras “Ginecologia e Obstetrícia sem Fronteiras” foi o tema central do 10.º EMIGO, organizado pela PONTOG (Portuguese Network of Trainees in Obstetrics and Gynaecology), com o apoio científico da FSPOG e das sociedades que a integram. Pedro Brandão, que assumira a presidência da PONTOG no início de 2018, afirmava à Just

gumas dessas ‘zonas cinzentas’, com uma visão multidisciplinar, para que pudéssemos reunir num mesmo espaço e no mesmo tempo diferentes opiniões, pontos de vista e modos de atuação.” Uma das palestras foi batizada precisamente com o título do tema central. O propósito foi, de acordo com Pedro

Brandão, expor aos internos os variados projetos de educação para a saúde, de formação de profissionais de saúde e de prestação de cuidados em Gine-

De realçar, neste X EMIGO, a realização de uma Masterclass que abordou, de forma sistemática, os cuidados perioperatórios e periparto.

News, após o Encontro, que os objetivos se mantinham: “Trabalhar pelo melhor interesse dos internos e da sua formação.” Revelou ter-se procurado encontrar um tema geral que abordasse assuntos presentes na prática clínica diária dos internos, mas que saísse do frequentemente debatido nas várias reuniões científicas de Ginecologia/ /Obstetrícia: “Dada a área de atuação da nossa especialidade, que muitas vezes se sobrepõe ou complementa a abordagem de outras áreas médicas, surgiu a ideia de trazer até nós temas de al-

34

Fevereiro 2021

Conselho Executivo da PONTOG (2018-2019): Filipa Rafael, Ana Helena Fachada, Pedro Brandão, Marta Sales Moreira e Margarida Cal

cologia e Obstetrícia em países desfavorecidos. “O nosso país tem uma das melhores taxas de morbilidade e mortalidade materna e perinatal do mundo. Ao mesmo tempo, temos uma forte ligação a vários países que, infelizmente, constam no polo oposto desses mesmos rankings”, afirmou, acrescentando que isso dá ao nosso país uma posição privilegiada para organizar e participar neste tipo de iniciativas. “Há projetos com vários objetivos, desde formação de médicos e enfermeiros em tocologia e emergências obstétricas ou ecografia obstétrica, por exemplo, até à realização de procedimentos cirúrgicos em locais mais remotos, com falta de recursos humanos e materiais”, explicou. De realçar, neste X EMIGO, a realização de uma Masterclass que abordou, de forma sistemática, os cuidados perioperatórios e periparto e terminou com o espaço i9, criado para que os jovens médicos apresentassem projetos inovadores que tenham em curso. Durante o encontro, teve lugar uma sessão dedicada e organizada pela ENTOG - European Network of Trainees in Obstetrics and Gynaecology. Pedro Brandão contou que quando lançou o desafio a Agnieszka Horała e a Goknur Topçu – respetivamente, presidente e secretária-geral daquele organismo – de participarem no X EMIGO, ficou “surpreso” e “maravilhado” com a reação entusiasta de ambas: “Prontificaram-se logo a vir a Portugal e a trazer para os nossos internos os atuais e futuros projetos da ENTOG, assim como o PACT – o novo documento guia para os curricula de Ginecologia e Obstetrícia europeus, aprovado e divulgado este ano pelo EBCOG.”


Obstetrícia e ginecologia

live E evento

R

A Atrofia Vulvovaginal também tem solução.

Intrarosa® está indicado para o tratamento da atrofia vulvar e vaginal (AVV) em mulheres após a menopausa que apresentem sintomas moderados a graves1

óvulo 11óvulo 1x dia 1x dia 1 1 ao aodeitar deitar

Inclui aplicador

Este medicamento está sujeito a monitorização adicional. Isto irá permitir a rápida identificação de nova informação de segurança. Pede-se aos profissionais de saúde que notifiquem quaisquer suspeitas de reações adversas. NOME DO MEDICAMENTO - Intrarosa 6,5 mg óvulo. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA - Cada óvulo contém 6,5 mg de prasterona. FORMA FARMACÊUTICA - Óvulo branco ou esbranquiçado, em forma de torpedo, com cerca de 28 mm de comprimento e 9 mm de diâmetro na extremidade mais larga. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS - Intrarosa está indicado para o tratamento da atrofia vulvar e vaginal em mulheres após a menopausa que apresentem sintomas moderados a graves. POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO - Posologia: A dose recomendada é de 6,5 mg de prasterona (um óvulo) administrados uma vez ao dia, ao deitar. Populações especiais: Idosos - Não é necessário um ajuste de dose em mulheres de idade mais avançada. Doentes com compromisso renal e/ou hepático - Uma vez que Intrarosa atua localmente sobre a vagina, não é necessário um ajuste em mulheres pós-menopausa com insuficiência renal ou hepática, ou qualquer outra doença ou anomalia sistémica. População pediátrica - Não existe utilização revelante de Intrarosa em crianças do sexo feminino de qualquer grupo etário para a indicação de atrofia vulvar e vaginal devido à menopausa. Modo de administração: Uso vaginal. Intrarosa pode ser inserido na vagina com o dedo ou com um aplicador fornecido dentro da embalagem identificada. O óvulo deve ser inserido na vagina o mais profundamente possível sem forçar, de modo a ficar confortável. Caso seja inserido com um aplicador, deve seguir-se os seguintes passos: 1. O aplicador deve ser ativado (puxando o êmbolo para trás) antes da utilização. 2. O lado espalmado do óvulo deve ser colocado dentro da extremidade aberta do aplicador ativado. 3. O aplicador deve ser inserido na vagina o mais profundamente possível sem fazer força. 4. O êmbolo do aplicador deve ser pressionado para libertar o óvulo. 5. O aplicador deve então ser retirado e desmontado, as duas peças do aplicador devem ser lavadas com água corrente durante 30 segundos antes de serem secas com um toalhete de papel e montadas de novo. O aplicador deve ser mantido num local limpo até à próxima utilização. 6. Cada aplicador deve ser eliminado após uma semana de uso (são fornecidos dois aplicadores adicionais). CONTRAINDICAÇÕES - Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes; Hemorragia genital não diagnosticada; Suspeita de cancro da mama, ou cancro da mama conhecido ou passado; Suspeita ou diagnóstico de tumores malignos dependentes de estrogénio (por ex., cancro do endométrio); Hiperplasia do endométrio não tratada; Doença aguda do fígado ou historial de doença hepática enquanto as análises da função hepática não voltarem a apresentar valores anormais; Tromboembolismo venoso atual ou passado (trombose venosa profunda, embolismo pulmonar); Distúrbios trombofílicos conhecidos (por ex., deficiência de proteína C, proteína S ou antitrombina); Doença tromboembólica arterial ativa ou recente (por ex., angina, enfarte do miocárdio); Porfíria. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE UTILIZAÇÃO - Para o tratamento de sintomas pós-menopausa, Intrarosa só deve ser iniciado no caso de existirem sintomas que afetem adversamente a qualidade de vida. Em todos os casos, deve ser feita uma reavaliação cuidadosa dos riscos e benefícios, pelo menos a cada 6 meses, e Intrarosa só deve ser continuado enquanto o benefício for superior ao risco, após discussão com o médico. Durante o tratamento, devem ser levados a cabo exames, incluindo Papanicolau e à tensão arterial, de acordo com as práticas de rastreio atualmente aceites, modificadas de acordo com as necessidades clínicas individuais. Condições que requerem supervisão - Há que ter em consideração que estas condições podem recorrer ou ser agravadas durante o tratamento com Intrarosa, em particular: Leiomioma (fibromas uterinos) ou endometriose; Fatores de risco para distúrbios tromboembólicos; Fatores de risco para tumores dependentes do estrogénio, por ex. cancro da mama hereditário de primero grau; Hipertensão; Distúrbios hepáticos (por ex. adenoma hepático); Diabetes mellitus com ou sem envolvimento vascular; Colelitíase; Enxaqueca ou cefaleia (grave); Lúpus eritematoso sistémico; Historial de hiperplasia do endométrio; Epilepsia; Asma; Otosclerose. Motivos para interrupção imediata da terapêutica - A terapia deve ser descontinuada no caso de ser descoberta uma contraindicação e nas seguintes situações: Icterícia ou deterioração da função hepática; Aumento significativo da tensão arterial; Nova ocorrência de cefaleias do tipo enxaqueca; Gravidez. Hiperplasia e carcinoma do endométrio - O estrogénio é um metabolito da prasterona. Em mulheres com o útero intacto, o risco de hiperplasia e carcinoma do endométrio é aumentado quando são administrados estrogénios exógenos durante períodos prolongados. Não foram comunicados casos de hiperplasia do endométrio em mulheres tratadas durante 52 semanas nos ensaios clínicos. Intrarosa não foi estudado em mulheres com hiperplasia do endométrio. No caso de produtos à base de estrogénio para aplicação vaginal, nos quais a exposição sistémica ao estrogénio permanece no intervalo normal pós-menopausa, não se recomenda a adição de um progestativo. A segurança endometrial a longo prazo da prasterona local administrada por via vaginal não foi estudada durante mais do que um ano. Desse modo, caso se repita, o tratamento deve ser revisto pelo menos anualmente. Caso surja sangramento ou perdas de sangue ocasionais em qualquer momento durante a terapia, a causa deve ser investigada, o que pode incluir a realização de uma biópsia do endométrio para excluir doença maligna do endométrio. A estimulação com estrogénio sem oposição pode conduzir a modificações pré-malignas ou malignas nos focos residuais do endométrio. Por isso, recomenda-se precaução na utilização deste produto em mulheres que tenham sido submetidas a histerectomia por endometriose, especialmente nos casos em que seja conhecida endometriose residual, visto que a prasterona intravaginal não foi estudada em mulheres com endometriose. A prasterona é metabolisada em compostos estrogénicos. Os seguintes riscos foram associados à terapêutica hormonal de substituição (THS) sistémica e aplicam-se com menor extensão aos produtos de estrogénio para aplicação vaginal nos quais a exposição sistémica ao estrogénio permanece no intervalo normal pós-menopausa. Contudo, devem ser considerados no caso de utilização repetida ou a longo prazo deste produto. Cancro da mama - As evidências globais sugerem um risco aumentado de cancro da mama em mulheres tratadas com terapêutica hormonal de substituição (THS) sistémica combinada de estrogénio-progestativo e possivelmente também apenas com estrogénios, estando o risco dependente da duração da THS. O aumento do risco torna-se evidente após alguns anos de uso, regressando à linha de base poucos (no máximo cinco) anos após a interrupção do tratamento. Intrarosa não foi estudado em mulheres com cancro da mama ativo ou passado. Foi comunicado um caso de cancro da mama na semana 52 num grupo de 1196 mulheres que foram expostas à dose de 6,5 mg, o que fica abaixo da taxa de incidência observada na população normal para a mesma idade. Cancro do ovário - O cancro do ovário é muito mais raro do que o cancro da mama. A evidência epidemiológica de uma grande metaanálise sugere um ligeiro aumento do risco nas mulheres que tomam THS sistémica apenas com estrogénios, que se torna evidente no espaço de 5 anos de utilização e diminui com o tempo após a interrupção do tratamento. Intrarosa não foi estudado em mulheres com cancro do ovário ativo ou passado. Foi comunicado um caso de cancro do ovário num grupo de 1196 mulheres que foram expostas à dose de 6,5 mg, o que fica acima da taxa de incidência observada na população normal para a mesma idade. É de notar que este caso estava presente antes do início do tratamento e apresentava uma mutação BRCA1. Exame de Papanicolau anormal - Intrarosa não foi estudado em mulheres com exame de Papanicolau anormal (Células Escamosas Atípicas de Significado Indeterminado (ASC-US)) ou pior. Casos de exames de Papanicolau anormais correspondentes a ASC-US ou Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau (LSIL) foram comunicados em mulheres tratadas com a dose de 6,5 mg (frequência comum). Tromboembolismo venoso - Intrarosa não foi estudado em mulheres com doença tromboembólica venosa atual ou passada. A THS sistémica está associada com um risco 1,3 a 3 vezes superior de desenvolver tromboembolismo venoso (TEV), i.e., trombose venosa profunda ou embolismo pulmonar. A ocorrência de um acontecimento deste tipo é mais provável durante o primeiro ano de THS do que mais tarde. Doentes com estados trombofílicos conhecidos apresentam um risco aumentado de TEV e a THS pode aumentar esse risco. Por isso, a THS é contraindicada nessas doentes. Fatores de risco geralmente reconhecidos para TEV incluem o uso de estrogénios, idade avançada, grandes cirurgias, imobilização prolongada, obesidade (IMC > 30 kg/m2), período de gravidez/pós-parto, lúpus eritematoso sistémico (LES) e cancro. Não existe consenso acerca do possível papel de veias varicosas no TEV. Tal como em todos os doentes de pós-operatório, é necessário considerar medidas profiláticas para prevenir o TEV após a cirurgia. Caso se preveja uma imobilização prolongada após cirurgia eletiva, recomenda-se a interrupção temporária da THS 4 a 6 semanas antes. O tratamento não deve ser recomeçado até que a mulher esteja com a mobilidade completamente reposta. Em mulheres sem historial pessoal de TEV, mas com um familiar em primeiro grau com historial de trombose em jovem, pode ser proposto o rastreio após aconselhamento cuidado em relação às suas limitações (apenas uma proporção de defeitos trombofílicos são identificados por rastreio). Se for identificado um defeito trombofílico independente da trombose em membros da família ou se o defeito for «grave» (por ex., deficiências de antitrombina, proteína S ou proteína C ou uma combinação de defeitos), a THS é contraindicada. Mulheres que já estejam a receber tratamento crónico com anticoagulantes requerem uma consideração cuidada do risco-benefício da utilização de THS. Caso se desenvolva TEV após o início da terapia, o medicamento deve ser descontinuado. As doentes devem ser informadas que devem contactar imediatamente o seu médico, assim que notem um potencial sintoma tromboembólico (por ex., inchaço doloroso da perna, dor súbita no peito, dispneia). Foi comunicado um caso de embolia pulmonar no grupo dos 6,5 mg e um caso no grupo do placebo durante os ensaios clínicos. Doença arterial coronária (DAC)/ Hipertensão - Intrarosa não foi estudado em mulheres com hipertensão não controlada (tensão arterial acima dos 140/90 mmHg) e doença cardiovascular. Foram comunicados casos de hipertensão em ensaios clínicos com uma frequência pouco frequente, e foram observadas taxas de incidência semelhantes em ambos os grupos (6,5 mg de prasterona e placebo). Não foi comunicado nenhum caso de doença arterial coronária durante os ensaios clínicos. Acidente isquémico - A terapia sistémica apenas com estrogénios está associada a um aumento até 1,5 vezes no risco de acidente isquémico. O risco relativo não se altera com a idade nem com o tempo desde a menopausa. Contudo, uma vez que o risco de base de acidente isquémico depende fortemente da idade, o risco global de ataque isquémico em mulheres que usam THS aumentará com a idade. Intrarosa não foi estudado em mulheres com doença tromboembólica arterial atual ou passada. Não foi comunicado nenhum caso de doença tromboembólica arterial durante os ensaios clínicos. Deve evitar-se o uso de Intrarosa com preservativos, diafragmas ou capuz cervical em látex, uma vez que a borracha pode ser danificada pela preparação. Intrarosa não foi estudado em mulheres com tratamento hormonal corrente: terapêutica hormonal de substituição (com estrogénios isolados ou em combinação com progestativos) ou tratamento com androgénios. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E OUTRAS FORMAS DE INTERAÇÃO O uso concomitante com terapêutica hormonal de substituição sistémica (tratamento apenas com estrogénios ou combinação estrogénio-progestativo ou androgénio) ou estrogénios vaginais não foi estudado e, por isso, não é recomendado. EFEITOS INDESEJÁVEIS Resumo do perfil de segurança - A reação adversa observada com maior frequência foi o corrimento vaginal. Isto deve-se ao derretimento da gordura dura utilizada como veículo, o que acresce ao aumento esperado de secreções vaginais devido ao tratamento. Não é necessário interromper o Intrarosa caso ocorra corrimento vaginal. Tabela de reações adversas - As reações adversas observadas com óvulos de prasterona 6,5 mg durante os ensaios clínicos encontram-se na tabela seguinte. Classes de sistemas de órgãos MedDRA: - Frequentes (≥ 1/100 a < 1/10): Perturbações gerais e alterações no local de administração: Corrimento no local de aplicação. Doenças dos órgãos genitais e da mama: Exame de Papanicolau anormal (principalmente ASC-US ou LGSIL). Exames complementares de diagnóstico: Flutuação do peso. - Pouco frequentes (≥ 1/1,000 a < 1/100): Doenças dos órgãos genitais e da mama: Pólipos cervicais/uterinos, Massas mamárias (benignas). Foram notificadas outras reações adversas associadas ao tratamento com estrogénios/progestativos: Doença da vesícula biliar; Distúrbios da pele e do tecido subcutâneo: cloasma, eritema multiforme, eritema nodoso, púrpura vascular; Demência provável acima dos 65 anos de idade. Notificação de suspeitas de reações adversas A notificação de suspeitas de reações adversas após a autorização do medicamento é importante, uma vez que permite uma monitorização contínua da relação benefício-risco do medicamento. Pede-se aos profissionais de saúde que notifiquem quaisquer suspeitas de reações adversas diretamente ao INFARMED, I.P.: INFARMED, I.P. - Direção de Gestão do Risco de Medicamentos, Parque da Saúde de Lisboa, Av. Brasil 53, 1749-004 Lisboa Tel: +351 21 798 73 73 Linha do Medicamento: 800222444 (gratuita) Fax: +351 21 798 73 97 Sítio da internet: http://www.infarmed.pt/web/infarmed/submissaoram E-mail: farmacovigilancia@infarmed.pt DATA DA REVISÃO DO TEXTO: setembro 2018 Está disponível informação pormenorizada sobre este medicamento no sítio da internet da Agência Europeia de Medicamentos http://www.ema.europa.eu. Para mais informações deverá contactar o representante do titular da autorização de introdução no mercado. 1. Intrarosa®. [Resumo das Características do Medicamento] Bruxelas, Endoceutics S.A.. 2018. TECNIMEDE- Sociedade Técnico-Medicinal, s.A. Rua da Tapada Grande, nº2, 2710-089 ABRUNHEIRA, PORTUGAL NIF: 500626413 | Tel.: +351 210 414 100 | Fax: +351 219 410 839 www.tecnimede.com | TINTRA193A2GO/Elaborado maio 2019/Revalidado anualmente

Intrarosa® é um produto licenciado pela Endoceutics

fevereiro 2021

35


live E Obstetrícia e ginecologia entrevista

Fátima Palma, presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC):

“É muito importante para a especialidade todas as sociedades que tratam da saúd O Consenso sobre Contraceção 2020 foi um dos marcos importantes da SPDC no ano de 2020. Fátima Palma fala sobre a Sociedade a que preside mas também do papel da FSPOG e do impacto que a mesma tem na saúde da mulher. Fazendo um balanço do trabalho desenvolvido pela SPDC, Fátima Palma lembra que um dos seus objetivos é procurar estreitar a ligação à Medicina Geral e Familiar, nomeadamente, promovendo cursos de formação para a colocação de métodos de contraceção de longa duração, uma vez que é nos centros de saúde que acontece a grande maioria das consultas de Planeamento Familiar. “Temos colaborado na organização de protocolos e na definição de linhas de atuação que podem ajudar os colegas dos cuidados de saúde primários”, refere Fátima Palma. Mesmo em tempo de pandemia, a SPDC não deixou de lançar, em junho de 2020, uma atualização dos consensos de contraceção, tendo realizado, inclusive, um webinar para dar a conhecer as novidades nesta área. “Os consensos são um ótimo instrumento de trabalho, quer para a Ginecologia como para a MGF, dando a conhecer todos os métodos contracetivos, a sua eficácia e segurança, bem como qual deles se deve aconselhar nas diferentes situações clínicas”, sublinha a médica. A segurança dos métodos contracetivos hormonais é um assunto “particularmente importante”, dada a hormonofobia que se tem vindo a instalar nos últimos anos: “A opção pelos chamados métodos naturais não deve ser apenas baseada no receio dos efeitos nefastos das hormonas. Não podemos nem devemos desprezar muitos anos de investigação nesta área!” Outra das atividades da SPDC, em 2020, decorreu durante a comemoração do Dia Mundial da Contraceção, em 26 de setembro, quando foram publicados

36

Fevereiro 2021

alguns vídeos de curta duração para a população em geral sobre temas mais polémicos. Foram ainda realizados dois inquéritos – um junto dos profissionais de saúde e outro das utentes –, para se ter uma noção de como funcionaram as consultas de Planeamento Familiar durante o primeiro confinamento. O primeiro permitiu concluir que muitas consultas foram desmarcadas ou decorreram por teleconsulta; o segundo demonstrou a pouca satisfação das utentes relativamente ao atendimento por telefone, além de se ter verificado que optaram mais por métodos de curta duração. Este ano, a Sociedade vai continuar a apostar em atividades à distância, contudo, anseia-se que o vírus dê algumas tréguas e que se consiga realizar o Congresso da SPDC, em setembro, no âmbito da Semana Mundial da Contraceção, já presencialmente. Evitar sobreposição de iniciativas e apoiar a investigação portuguesa Fátima Palma: “Temos colaborado na organização de protocolos e na definição de linhas de atuação que

Desde a sua criação que a SPDC fez questão em integrar a FSPOG. Segundo Fátima Palma, “a Federação congregou todas as sociedades que tratam da saúde sexual e reprodutiva da mulher, o que é muito importante para a especialidade”. Acrescenta ainda que o facto de a FPSOG ter ligação com a International Federation of Gynecology and Obstetrics (FIGO) é outro modo de apoiar e facilitar o acesso aos cuidados: “É uma ajuda crucial no que diz respeito à criação e divulgação de procedimentos consensuais, quer

a nível dos cuidados primários como secundários, e quem mais beneficia com isso é, inevitavelmente, a mulher.” Ainda sobre a FSPOG, Fátima Palma realça como tem sido “muito mais fácil” conseguir marcar e organizar eventos sem que qualquer uma das sociedades se sobreponha às outras: “Mesmo nas iniciativas online foi possível evitá-lo, o que só traz benefícios aos profissionais de saúde que, independentemente da área a que se dedicam, precisam de estar a par de todos os assuntos que

“A opção pelos chamados métodos naturais não deve ser apenas baseada no receio dos efeitos nefastos das hormonas. Não podemos nem devemos desprezar muitos anos de investigação nesta área!”


Obstetrícia e ginecologia

live E

entrevista

e que a FSPOG tenha congregado d e sexual e reprodutiva da Mulher” “O Dr. Daniel Pereira da Silva é uma pessoa extremamente consensual, muito preocupado com a equidade que deve haver entre as diferentes sociedades que integram a FSPOG.”

desde sempre dedicada à saúde sexual e reprodutiva

SPDC – Sociedade Portuguesa da Contracepção

ÓRGÃOS SOCIAIS 2019 - 2021

podem ajudar os colegas dos cuidados de saúde primários”

dizem respeito à Obstetrícia e Ginecologia.” A responsável salienta ainda o papel da Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa, por permitir a publicação de trabalhos de investigação que decorrem em Portugal: “Contribui para a atualização dos nossos conhecimentos e para ficarmos atentos ao que se passa no nosso país.” Fazendo um balanço do mandato de Daniel Pereira da Silva à frente da FSPOG, não tem dúvidas de que foi um sucesso. “Foi um excelente Pre-

sidente! Pertenço ao núcleo de sócios fundadores da SPDC e o Dr. Daniel também fez parte da Direção nessa altura, sempre tivemos uma colaboração muito boa.” E acrescenta: “O Dr. Daniel Pereira da Silva é uma pessoa extremamente consensual, muito preocupado com a equidade que deve haver entre as diferentes sociedades que integram a FSPOG, com a formação dos internos – veja-se a ligação ao PONTOG – e tem sido alguém fundamental na questão do rastreio do cancro do colo do útero.”

Direção Presidente: Fátima Palma Vice-presidente: Ana Rosa Costa Secretária: Teresa Bombas Tesoureira: Maria do Céu Almeida Vogal: Amália Pacheco

Fátima Palma nasceu em Almada, licenciou-se em Medicina pela FMUL e entrou para a especialidade de Obstetrícia/Ginecologia na Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em 1990, tendo-se mantido até hoje neste hospital. No fim da especialidade, integrou o Serviço de Medicina Materno Fetal, onde tem exercido a sua atividade profissional. É ainda a coordenadora da Unidade de Ginecologia da Infância e Adolescência da MAC. Sendo membro fundador da SPDC, faz ainda parte da Direção da Sociedade Europeia de Contraceção. Sempre se dedicou à saúde sexual e reprodutiva e à defesa dos direitos sexuais e reprodutivos. Casada com um especialista de ORL do IPO de Lisboa, tem uma filha também otorrinolaringologista. Nos tempos livres, gosta de estar com os seus cães e de dançar.

Assembleia-Geral Presidente: Maria José Alves Secretários: Vasco Freire Isabel Martins Conselho Fiscal Presidente: Joaquim Neves Vice-presidente: Filomena Sousa Secretária: Maria João Carvalho Vogais: Cláudio Rebelo Maria João Trindade

fevereiro 2021

37


live E Obstetrícia e ginecologia evento

191.ª Reunião da spg peniche, 9 e 10 de novembro 2018

A abordagem multidisciplinar que o cancro ginecológico requer A 191.ª Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, organizada pela Secção de Ginecologia Oncológica, foi marcada pela multidisciplinaridade, característica que, aliás, “se requer na abordagem da doente oncológica”, refere Cristina Frutuoso, presidente da referida Secção. Em declarações à Just News, a assistente hospitalar graduada de Ginecologia do CHUC destaca que a reunião teve como objetivo primário “a abordagem de temas atuais e pertinentes da área da Ginecologia Oncológica”, juntando todos os especialistas envolvidos no tratamento do cancro ginecológico, como ginecologistas, oncologistas médicos, radio-oncologistas, patologistas, radiologistas e nuclearistas. À semelhança de outras reuniões organizadas pela Secção, o programa incluiu os quatro principais cancros ginecológicos: útero, corpo uterino, ovário e vulva. Entre as temáticas abordadas, e admitindo ser difícil eleger só uma, a médica salienta o curso pré-congresso sobre síndrome hereditária do cancro mama-ovário, a aplicação da técnica do gânglio sentinela no cancro do colo e útero e a radioterapia estereotáxica no cancro ginecológico. Segundo Cristina Frutuoso, o primeiro “conduz a medidas profiláticas”, os outros dois a “atitudes terapêuticas menos invasivas”. A especialista destaca, também, a realização de uma palestra na área da Anatomia Patológica, da qual, refere, “estamos totalmente dependentes para dar orientação terapêutica”, e ainda outra conferência de Medicina Nuclear, a propósito da utilização da PET CT no cancro ginecológico. “A reunião correu muito bem. Foi participada, com a presença de internos da especialidade e de jovens especialistas”, conclui, adiantando que estiveram presentes cerca de 150 pessoas.

38

Fevereiro 2021

À semelhança de outras reuniões organizadas pela Secção, o programa incluiu os quatro principais cancros ginecológicos: útero, corpo uterino, ovário e vulva.

Cristina Frutuoso e Paulo Aldinhas


Obstetrícia e ginecologia

live E

fevereiro 2021

39


live E Obstetrícia e ginecologia evento

reunião científica da spommf braga, 30 de novembro a 1 de dezembro 2018

o processo multidisciplinar do parto do séc. XXI Desde há várias décadas que em Portugal o parto deixou de ser domiciliário e passou a ser realizado em serviços hospitalares. Contudo, “tal não significa necessariamente o que muitos querem apregoar como uma medicalização de um fenómeno natural, mas sim a sua realização num cenário que permite a atuação emergente em situações que o exigem”. O comentário é de Cristina Nogueira-Silva, secretária-geral da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, surgindo a propósito da Reunião Científica da SPOMMF a cuja CO presidiu e que foi organizada pelo Serviço onde desenvolve atividade. O evento foi subordinado ao tema “O parto no Século XXI” e decorreu em Braga. “Em qualquer pesquisa na internet, o que mais se vê são fotografias de partos nas mais diversas posições, com diferentes tipos de adereços, com histórias e/ou experiências mais ou menos floreadas, que a população, ávida de informação, tudo absorve e sempre dá como verdadeiras e repetíveis”, afirmou Isabel Reis. A diretora do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Braga

disse-o na sessão de abertura da Reunião, onde também marcou presença o presidente da SPOMMF, Luís Mendes Graça, De acordo com Cristina Nogueira-Silva, perante a evolução da ciência tocológica, o tema e o programa desta reunião surgiram naturalmente, como “impe-

rativo”: “Era premente uma reflexão, à luz da ciência, promovida pela SPOMMF. Temos responsabilidade pela saúde das mães e recém-nascidos portugueses, na melhoria dos índices de morbimortalidade associados com o parto e, simultaneamente, na concretização das expectativas de cada casal para o mo-

Cristina Nogueira-Silva e Nuno Clode

mento tão especial que é o nascimento de um filho.” Das temáticas em discussão, e pela relevância para a prática clínica atual, na era da medicina defensiva, Cristina Nogueira-Silva realça uma mesa-redonda dedicada aos aspetos médico-legais no parto (consentimento informado para o parto, responsabilidade legal dos profissionais em Tocologia, comunicação de desfechos adversos). A utilização da sonda de Foley na indução do trabalho de parto, incluindo em mulheres com cesariana anterior, cuja evidência atual a coloca como uma estratégia de primeira linha, foi outro dos temas abordados. A especialista também destaca o facto de ter sido possível congregar numa mesma reunião diferentes especialidades médicas, para além da Obstetrícia e Ginecologia. E refere a Pediatria, a Anestesiologia, a Gastrenterologia e a Medicina Física e de Reabilitação, bem como outros profissionais que não da área da saúde, como advogados e juristas, deixando patente como “o parto no século XXI é um processo multidisciplinar”.

De acordo com Cristina Nogueira-Silva, perante a evolução da ciência tocológica, o tema e o programa desta reunião surgiram naturalmente, como “imperativo”. Isabel Reis e Luís Mendes Graça

40

Fevereiro 2021


Obstetrícia e ginecologia

live E evento

192.ª Reunião da SPG porto, 11 e 12 de janeiro 2019

Reunião marcada pela tomada de posse da nova direção da SPG “É uma imensa honra presidir à Sociedade Portuguesa de Ginecologia, que integro há mais de 20 anos. Para mim, não é uma mera sociedade, mas uma casa pela qual nutro um profundo respeito e admiração”, assegurou Teresa Mascarenhas, ao tomar posse como presidente da SPG. Tal aconteceu a 12 de janeiro, segundo dia da 192.ª Reunião, que se realizou na cidade do Porto. Referiu ainda que “na SPG não tem apenas colegas, mas amigos e profissionais de excelência, que primam pela cooperação e pelo espírito de interajuda”. À frente dos destinos da Sociedade no triénio 2019-2021, deu a conhecer os objetivos da nova equipa, tendo começa-

Elementos dos Órgãos Sociais da SPG 2019-2021

Teresa Mascarenhas e Teresa Osório

do por frisar que irá dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelas anteriores direções, que são “um legado exemplar, fruto de muito trabalho e dedicação”. Afirmou também que a base para todos os projetos será “um espírito aberto e crítico face às inovações e necessidades atuais”, não esquecendo “uma liderança em espírito de diálogo, cooperação e compromisso absoluto entre todos os elementos dos Corpos Sociais e restantes membros da SPG”.

“Estamos perante um grupo de ginecologistas que não baixa os braços e que procura renovar-se e reinventar-se, mantendo-se assim a tradição da SPG de divulgar o conhecimento científico

através da investigação, da realização de reuniões científicas e da participação em iniciativas junto das mulheres portuguesas”, observou. Para se cumprirem os objetivos, a res-

ponsável realçou: “É nosso dever entender as necessidades da sociedade atual para exercer o nosso papel de ginecologistas da forma mais profissional e holística, criando uma relação sinergética entre observação científica, tecnologia, inovação e prática médica.” O sucesso futuro da SPG passa igualmente, segundo disse, pela “união entre gerações de ginecologistas, aliando o conhecimento, a experiência e a avidez”. Teresa Mascarenhas deixou algumas palavras à Direção anterior, presidida por Fernanda Águas durante seis anos. “É uma amiga do coração, sem dúvida. Agradeço o muito que fez pela SPG, tendo contribuído de forma ímpar para que a mesma tivesse atingido um patamar de excelência de que todos nos orgulhamos.”

fevereiro 2021

41


live E Obstetrícia e ginecologia evento

reunião da primavera da spommf lisboa, 12 e 13 de abril 2019

O desafio colocado pelo aumento da idade maternal A idade da mulher é um dos desafios que os obstetras enfrentam nos cuidados pós-parto, segundo Luís Graça, que falou à Just News na qualidade de presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, na sequência da Reunião da Primavera da SPOMMF, subordinada ao tema “Cuidados no pós-parto”. A verdade é que “as mulheres são mães cada vez mais tarde e podem surgir complicações daí decorrentes”. Além

ções inerentes à amamentação ou não amamentação.” Apesar deste desafio, o presidente da SPOMMF destacou a evolução que se fez sentir no puerpério nos últimos anos: “A principal foi o controlo da hemorragia pós-parto, que é mais prevalente por causa do aumento da idade materna, não apenas em termos de prevenção como igualmente de controlo e tratamento.” A Reunião contou com a organização conjunta do Departamento de Obstetrí-

“A depressão pós-parto tem sido muito negligenciada, mas merece toda a nossa atenção”, alerta Luís Graça.

Maria José Alves, Luís Graça e Diogo Ayres de Campos

disso, continuou, “não nos podemos esquecer do problema da obesidade, que também tem aumentado na nossa sociedade”. Luís Graça alertou ainda para a importância de se estar atento às patologias que podem surgir depois do parto: “A depressão pós-parto tem sido muito negligenciada, mas merece toda a nossa atenção, assim como a anemia, que pode não ser decorrente de hemorragia pós-parto, os riscos de rutura uterina de cesarianas anteriores ou as complica-

42

Fevereiro 2021

cia e Ginecologia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e do Serviço de Obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa (CHULC), sob a égide da SPOMMF e o patrocínio científico da Federação Portuguesa das Sociedades de Obstetrícia e Ginecologia. Na sessão de abertura do evento, além de Luís Graça, estiveram presentes Maria José Alves, diretora do Serviço de Obstetrícia da MAC-CHULC, que salientou a importância desta temática: “Ainda bem que a Sociedade escolheu este tema

para podermos debater o puerpério, um tempo em que, como obstetras, já olhamos de forma diferente para a mulher, por já ter passado a expectativa própria da gravidez e a adrenalina do parto.” Diogo Ayres de Campos, diretor do Serviço de Obstetrícia do CHULN, aproveitou para chamar a atenção para o Congresso Mundial da European Society in Fetal Medicine, que iria decorrer entre 10 e 13 de junho de 2020, em Lisboa, mas que foi, entretanto, remarcado para 14 a 17 de julho de 2021.


Obstetrícia e ginecologia

live E evento

7.º congresso português de medicina da reprodução porto, 8 a 11 de maio 2019

A vontade de contribuir para reduzir o número de gravidezes gemelares A transferência eletiva de embrião único (eSET) representa pouco mais de 15% do total de transferências embrionárias em Portugal. Para Pedro Xavier, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, “o eSET é um grande desafio e a SPMR pretende estabelecer consensos para que esta prática seja mais comum no país”. O responsável falava à Just News a propósito do 7.º Congresso Português de Medicina da Reprodução, que teve lugar no Porto. “eSET: há lugar para um consenso em Portugal?” foi o tema de uma mesa-redonda do Congresso, onde se debateram várias questões, com o objetivo de que a SPMR pudesse vir a criar um documento com consensos a ser utilizado pelos vários centros. “O nosso propósito é que se consigam reduzir, progressivamente, as transferências de mais de um embrião, para que, com o eSET e mantendo a eficácia, se reduzam as gravidezes gemelares”, referiu Pedro Xavier, acrescentando: “Tecnicamente, estamos preparados para tal, porque as técnicas de criopreservação evoluíram de forma significativa nos últimos 5 anos, sendo que a taxa de sucesso é praticamente igual quando se comparam os embriões congelados com os frescos.” Outra questão em destaque no Congresso foi a mais recente lei do não-anonimato na doação de óvulos e gâmetas. Para Pedro Xavier, o possível risco de queda de dádivas exige à SPMR ser ativa: “Atualmente, decorre a campanha “Dá vida à esperança”, que sensibiliza a população para a importância de doar óvulos e espermatozoides e acredito que o mais importante é apostar na informação para que as pessoas percebam que não estão a doar um filho,

Carla Rodrigues, Pedro Xavier e Miguel Guimarães

Miguel Guimarães salientou o facto de a Medicina da Reprodução ser “uma área com um impacto importante na sociedade, mas que tem sido desprezada pelo poder político”.

mas uma célula que vai ajudar casais inférteis.” Presentes na sessão inaugural do 7.º Congresso Português de Medicina da Reprodução estiveram Miguel Guimarães, bastonário da OM, e Carla Rodri-

gues, presidente do Conselho Nacional de PMA (CNPMA). O bastonário salientou o facto de a Medicina da Reprodução ser “uma área com um impacto importante na sociedade, mas que tem sido desprezada pelo poder político”. Disse mesmo que “não é aceitável o apoio financeiro que é dado atualmente à PMA”, destacando “o esforço e a dedicação” dos vários profissionais desta área. Quem também fez questão de sublinhar o impacto das campanhas foi Carla Rodrigues, tendo-se focado, sobretudo, no projeto “Dá vida à esperança”, a que se referiu como sendo “um trabalho cívico em prol da comunidade e, sobretudo, das famílias que têm uma doença de infertilidade”. Não

deixou de apontar as dificuldades com que o CNPMA se depara todos os dias: “Existe carência de recursos, estrutura orgânica desadequada e insuficiente, ignorância generalizada sobre as suas competências.”

fevereiro 2021

43


live E Obstetrícia e ginecologia entrevista

Nuno Clode, presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno Fetal (SPOMMF):

“A nossa especialidade é reconhecida ao papel da FSPOG, que tem uma visão Há pouco mais de um ano à frente da SPOMMF, Nuno Clode destaca os objetivos do seu mandato e as iniciativas online de 2020, que se prevê continuarem. Em entrevista à Just News, aborda ainda a relevância da FSPOG no crescimento da especialidade em Portugal e alémfronteiras. Nuno Clode está à frente da SPOMMF desde novembro de 2019, quando foi eleito no V Congresso Nacional de Obstetrícia e Medicina Materno Fetal, após um total de cinco mandatos na Direção da Sociedade, como secretário-geral e como vice-presidente. Logo na tomada de posse defendeu que era necessário ter “conhecimento do comportamento dos diversos centros nacionais relativamente a questões como a pré-eclampsia, os procedimentos perante as apresentações pélvicas ou as atitudes relativamente ao colo do útero curto”. “Tenho encarado este mandato como presidente da SPOMMF como uma missão, pois, acho que devemos prosseguir o caminho que traçámos nestes últimos anos. Acima de tudo, queremos dar continuidade ao trabalho que temos feito até agora”, diz, salientando que faz parte dos objetivos da Sociedade a elaboração de normas de orientação clínica e recomendações, de modo a uniformizar as práticas a nível nacional. Nuno Clode afirma, contudo, “ser sempre possível e desejável que cada serviço as possa alterar consoante as suas particularidades”. Um dos temas que nem sempre gera consenso, mas que faz questão de levar em frente, prende-se com a discussão em torno da criação de “eventuais consentimentos informados” relativamente às práticas obstétricas mais frequentes, como é o caso da cesariana, assim como em técnicas de diagnóstico pré-natal e no parto instrumental. Um trabalho que exige, como diz, “aspetos muito específicos e complexos”, que exigem, per si, consentimentos elaborados, não só por médicos, mas também por juristas.

44

Fevereiro 2021

Outra área em destaque é a investigação médica na área da Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal que é produzida no país, além da realização de webinars: “Tínhamos esta ideia, que era inovadora, mas a pandemia acabou por torná-la banal… Pretendemos utilizar a plataforma online, a fim de se estabelecer contacto com o maior número de pessoas, num curto espaço de tempo. Nota-se que nestas sessões é mais fácil colocar questões, já que os colegas não se sentem tão expostos como nos encontros presenciais.” A atualização dos clínicos é também um propósito da Sociedade a que Nuno Clode preside. Assim, surge, em maio de 2020, a “Sugestão da Semana”, em que semanalmente um especialista faz uma análise a um artigo científico que tenha sido publicado nos dois meses anteriores, usando apenas 300 palavras. A vantagem é clara: “Não é possível ler tudo o que sai em termos de avanços científicos e, desta forma, podemos estar mais a par das novidades.” O médico mantém o propósito de a SPOMMF lançar normas e recomendações, estando previsto que este ano seja possível abranger os seguintes tópicos: versão cefálica externa, parto pélvico e obesidade e gravidez. Também ambiciona o estreitar de contactos com os colegas de Medicina Geral e Familiar e manter a atribuição da Bolsa de Investigação, tendo a última sido entregue no final de 2020. “Sempre considerei que o médico não pode apostar apenas na prática clínica, tem que investigar e que promover o conhecimento desde o internato”, frisa. Quanto ao próximo Congresso, irá de-

Nuno Clode: “É fundamental existir uma Federação, que permita organizar os vários eventos que vão

correr nos últimos dias de novembro, esperando-se que já seja presencial. FSPOG permite uma maior organização e articulação entre as sociedades Questionado sobre a importância da FSPOG, destaca o papel relevante da mesma ao longo destes anos, nomeadamente, ao permitir uma maior organização e articulação entre diferentes sociedades da mesma especialidade. Segundo Nuno Clode, “é fundamental existir uma Federação, que permita organizar os vários eventos que vão acontecendo nesta área, de modo a que não

“Tenho encarado este mandato como presidente da SPOMMF como uma missão, pois, acho que devemos prosseguir o caminho que traçámos nestes últimos anos.”


Obstetrícia e ginecologia

live E

entrevista

na Europa muito graças além-fronteiras” “A nossa especialidade é reconhecida na Europa muito graças ao papel da Federação.”

SPOMMF – Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal

ÓRGÃOS SOCIAIS 2020- 2022 acontecendo nesta área, de modo a que não se sobreponham uns aos outros”

se sobreponham uns aos outros.” Um pormenor que, na sua opinião, faz toda a diferença, por permitir que todos os especialistas e internos possam participar nas diversas iniciativas formativas. Nuno Clode salienta ainda a importância da Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa. “Nesta revista tem-se acesso a todas as áreas da Obstetrícia e Ginecologia e à investigação que se faz em Portugal, o que é muito relevante para qualquer um de nós.” O presidente da SPOMMF destaca também “a visão além-fronteiras”, que permite à FSPOG estar integrada na

International Federation of Gynecology and Obstetrics (FIGO). “A nossa especialidade é reconhecida na Europa muito graças ao papel da Federação”, admite. Relativamente ao papel de Daniel Pereira da Silva, é perentório: “É uma pessoa extremamente ativa e de um trato muito fácil, que consegue congregar vontades, levando o barco a bom porto, através de uma estrutura de diálogo e de compreensão do outro.” Quanto ao futuro da FSPOG, Nuno Clode espera que se mantenha o caminho de sucesso até aqui traçado, mas estando aberto ao mundo da comunicação à distância.

Direção Presidente: Nuno Clode Vice-presidente: Ana Luísa Areia Secretária-geral: Cristina Nogueira-Silva Tesoureira: Ana Paula Machado Vogal: Susana Santo Assembleia-Geral Presidente: Maria do Céu Almeida Vogal: Teresa Bombas

A importância de estimular a investigação logo desde o internato Natural de Lisboa, Nuno Clode, 60 anos, licenciou-se em Medicina na FMUL. Após ter feito o Internato Complementar de Obstetrícia e Ginecologia do então Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital de Santa Maria, foi aí que se manteve até 2019, nos últimos 3 anos como diretor do Serviço de Obstetrícia. Desde 2019 que é coordenador do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital CUF Torres Vedras. Atualmente, é editor associado da Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa, tendo já sido seu editor-chefe. “É muito importante haver uma revista nesta área. Tenho muitas publicações a nível internacional e, como acredito que a investigação deve ser estimulada logo desde o internato, penso que uma revista específica da área ajuda a publicar trabalhos em língua portuguesa e a educar os autores para a criação de textos científicos. Além disso, é uma plataforma que possibilita a manifestação de opiniões e, consequentemente, o debate.” Na vida pessoal, não tem, atualmente, qualquer hobby em concreto, mas dedicou-se à Filatelia durante muito tempo. “Já não faço nada disso e sou o que se chama um pescador de sofá, daqueles que sabe e gosta de pesca, mas que depois não tem tempo para ir pescar. O mesmo acontece com os desportos náuticos, como a vela...”, refere.

Conselho Fiscal Presidente: Fátima Serrano Vogais: Inês Nunes Teresa Rodrigues

fevereiro 2021

45


live E Obstetrícia e ginecologia evento

193.ª Reunião da spg carvoeiro, 6 a 8 de junho 2019

um workshop e um curso no 1.º dia mais nove sessões e cinco conferências Depois de ter realizado o XVI Congresso Português de Ginecologia em junho de 2018, e tendo em consideração que a sua reunião magna só voltará a acontecer em 2021, a SPG aproveitou a mesma altura do ano para organizar mais um encontro que não envolveu especificamente apenas uma das suas secções. Subordinada ao tema “Desafios presentes e futuros na Ginecologia”, decorreu no Carvoeiro (Algarve) a 193.ª Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, que se estendeu por 6, 7 e 8 de junho. No primeiro daqueles dias foi realizado o workshop “Sutura laparoscópica”, focado no treino intensivo em endotrainer com tutor, com um caráter predominantemente prático, organizado por Luís Ferreira Vicente, António Lanhoso e Hugo Gaspar, da Secção de Endoscopia da SPG. No seu entender, “o domí-

nio da sutura laparoscópica é essencial para a evolução dos skills que permitem a realização e progressão para cirurgias mais complexas”. Nesse mesmo dia realizou-se o curso “Ecografia do pavimento pélvico”, que teve como formador o especialista australiano Hans Peter Dietz. Eram os seguintes os objetivos desta ação de formação: tomar conhecimento com a metodologia básica para a realização de ecografia transperineal do pavimento pélvico; realçar possíveis fatores de confusão para evitar resultados falso-negativos; realçar os aspetos relevantes de imagens dos compartimentos anteriores e posterior, para avaliação dos sintomas do trato urinário e intestinais; avaliar imagens de slings e redes e suas possíveis complicações; compreender os aspetos ecográficos do trauma obstétrico.

O programa da 193.ª Reunião incluiu um total de nove sessões e cinco conferências, com a presença de vários palestrantes estrangeiros. Teresa Mascarenhas (presidente), Margarida Martinho (secretária-geral) e Liana Negrão (tesoureira) foram os três elementos da Direção da SPG mais diretamente envolvidos na organização do evento.

O programa da 193.ª Reunião incluiu um total de nove sessões e cinco conferências, com a presença de vários palestrantes estrangeiros.

Margarida Martinho, Teresa Mascarenhas e Liana Negrão

46

Fevereiro 2021


Obstetrícia e ginecologia

live E evento

XI Emigo - encontro de médicos internos de ginecologia e obstetrícia costa de caparica, 11 e 12 de outubro 2019

Debater as emergências em Ginecologia e Obstetrícia O XI EMIGO teve como tema central “Emergências em Ginecologia e Obstetrícia”. De acordo com Pedro Brandão, presidente da PONTOG, “numa especialidade com uma importante urgência de ‘porta aberta’ – em que em segundos se passa de uma enorme tranquilidade para um ‘bolus’ de adrenalina, carecendo de atuação imediata, equiparável a poucas outras atividades laborais –, considerámos que era prioritário apostar na formação dos internos perante diversos cenários de verdadeira emergência”. Tal como no Encontro anterior, realizou-se uma sessão de apresentação dos principais projetos nacionais e internacionais, passados e futuros, organizados pela PoNTOG, ENTOG e WATOG. Mais uma vez, esteve presente um representante da ENTOG, desta vez um português, o webmaster Manuel Gonçalves Henriques. Este EMIGO contou com uma sessão dedicada à apresentação dos trabalhos a decorrer no âmbito dos projetos de investigação multiétnica da PoNTOG e dos que integram o Advanced, programa de

formação em estudos de síntese. No final, decorreram 2 cursos de hands-on training (simulação) – Manobras Obstétricas Básicas e Sutura Laparoscópica. Na Assembleia-Geral da PoNTOG, que decorreu durante o EMIGO, foi eleito por sufrágio universal o seu novo Conselho Executivo, findos os 2 anos de

mandato da equipa liderada por Pedro Brandão, sucedendo-lhe no cargo Marta Sales Moreira. Para o médico, “foi um misto de 3 sentimentos – a sensação de dever cumprido (melhor ou pior), a saudade e o prazer de estar convicto de que este novo grupo vai levar a PoNTOG a muito bom porto”.

“É certo que é para os internos de Ginecologia e Obstetrícia que o EMIGO existe, mas é com o incansável apoio dos especialistas e, em particular, dos responsáveis da FSPOG e das suas sociedades afiliadas (dos quais destaco, e agradeço, o constante apoio e dedicação do seu presidente, o Dr. Daniel Pereira

Pedro Brandão: “Destaco, e agradeço, o constante apoio e dedicação do presidente da FSPOG, Dr. Daniel Pereira da Silva.”

Pedro Brandão, Daniel Pereira da Silva e Teresa Mascarenhas

PONTOG - The Portuguese Network of Trainees in Obstetrics ang Gynaecology

Conselho Executivo (2020-2021)

Marta Moreira

Helena Fachada

Margarida Cal

Maria Liz Coelho

Sara Nunes

da Silva), que este privilegiado momento proporcionado aos internos é uma realidade. Como muitos outros exemplos, é o reflexo do interesse dos superiores na formação dos mais recentes elementos da nossa especialidade e a preocupação com o futuro da mesma”, fez questão em referir Pedro Brandão.

fevereiro 2021

47


live E Obstetrícia e ginecologia evento

194.ª Reunião da spg torres vedras, 8 e 9 de novembro 2019

Site da SPG terá plataforma de imagens e videos Luís Ferreira Vicente, presidente da Secção de Endoscopia Ginecológica da SPG, anunciou, no decorrer da 194.ª Reunião daquela Sociedade, que teve lugar em Torres Vedras, a disponibilização, precisamente no site da SPG, de uma plataforma de imagens e vídeos, onde se incluem os da Endoscopia Ginecológica. Para aquele médico, “os centros de formação da especialidade, em Portugal, permitem a evolução desta técnica, mas é fulcral a partilha de experiências entre cirurgiões”. A plataforma estará disponível apenas a sócios. “Falo em partilha científica de casos clínicos raros ou outros, por exemplo, e que contribuam para a formação contínua”, disse à Just News. O ginecologista lembrou que, hoje em dia, “os internos já têm à disposição, no nosso país, formação em cirurgia minimamente invasiva, mas é preciso apostar na atualização de conhecimentos e na troca de experiências, inclusive entre especialistas”. Em suma: “Em vez de se analisar uma dada intervenção apenas dentro da nossa equipa, disponibilizamos imagens e vídeos a todos os sócios da SPG.”

“Os internos já têm à disposição, no nosso país, formação em cirurgia minimamente invasiva, mas é preciso apostar na atualização de conhecimentos e na troca de experiências, inclusive entre especialistas”, lembrou Luís Ferreira Vicente. 48

Fevereiro 2021

Luís Ferreira Vicente com a presidente da SPG, Teresa Mascarenhas, e os restantes elementos da SPEG: Hugo Gaspar (tesoureiro) e António Lanhoso (secretário)

Luís Ferreira Vicente considera, inclusive, que “esta plataforma vai também dinamizar o próprio site da SPG, que sofrerá uma remodelação”. A pensar neste projeto, na 194.ª Reunião da SPG foi organizado um curso sobre “Edição de imagem”. “Para que os vídeos e as imagens tenham a qualidade necessária, é preciso capacitar os médicos”, referiu. O evento ficou ainda marcado pela apresentação do livro Endometriose – A doença das mil faces, sob coordenação de Fátima Faustino, coordenadora do Centro Especializado em Endometriose do Hospital Lusíadas Lisboa, e de Sandra Sousa, responsável pela Imagiologia da mesma unidade.


Obstetrícia e ginecologia

live E evento

V Congresso nacional da spommf figueira da foz, 28 a 30 de novembro 2019

Reunião da Spommf marcada pela eleição de um novo presidente O V Congresso Nacional de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, que decorreu na Figueira da Foz, ficou marcado pela passagem de testemunho entre Luís Graça e Nuno Clode. O novo presidente da SPOMMF salientou, na altura, que é “cada vez mais importante conhecer a realidade das diversas regiões do país em relação a algumas entidades nosológicas e procedimentos na área da saúde materno-fetal” e que esse seria um dos principais objetivos do seu mandato.

“É cada vez mais importante conhecer a realidade das diversas regiões do país em relação a algumas entidades nosológicas e procedimentos na área da saúde materno-fetal”, salientou Nuno Clode.

Nuno Clode e Luís Graça

Direção da SPOMMF 2020-2022: Susana Santo (vogal), Ana Paula Machado (tesoureira), Nuno Clode (presidente), Ana Luísa Areia (vice-presidente) e Cristina Nogueira-Silva (secretária-geral)

Outros pontos seriam a elaboração das normas de orientação clínica e recomendações, de modo a uniformizar as práticas a nível nacional, bem como a investigação e discussão na eventual criação de consentimentos informados relativa-

mente às práticas obstétricas mais frequentes, como é o caso da cesariana. Foram vários os temas em debate no Congresso, como “Dilemas em gravidez múltipla”, “Formação em Ginecologia/ /Obstetrícia”, “Imunologia e gravidez”,

“Placenta: o misterioso intermediário”, “Restrição de crescimento fetal”, “Suplementação na gravidez” e “Updates em hipertensão e gravidez”. O evento teve o patrocínio científico da Federação das Sociedades Portuguesas

de Obstetrícia e Ginecologia e na sessão de abertura participaram Luís Mendes Graça, presidente da SPOMMF, e ainda Paulo Moura e Maria do Céu Almeida, da Comissão Organizadora do Congresso.

fevereiro 2021

49


live E Obstetrícia e ginecologia evento

195.ª Reunião da spg peniche, 17 e 18 de janeiro 2020

A necessidade de criação da subespecialidade de uroginecologia “Não vamos desistir da obtenção da subespecialidade de Uroginecologia”, garantiu à Just News Bercina Candoso, presidente da Secção Portuguesa de Uroginecologia (SPUG), à margem da 195.ª Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, que teve lugar em Peniche. Tendo como temática central “Uroginecologia – Subespecialidade, o Futuro”, o evento contou com a presença de vários profissionais, ginecologistas e não só, que se dedicam ao diagnóstico e tratamento das mulheres com prolapsos e incontinência. Bercina Candoso defende que “os ginecologistas diferenciados na área da Uroginecologia são cada vez mais

necessários para que as mulheres possam receber cuidados de excelência para um problema de saúde que é altamente incapacitante”. A especialista frisa que, “embora não sendo uma condição que ponha em risco a vida das doentes”, o impacto na qualidade de vida é muito significativo. E adianta que “as mulheres têm fre-

50

Fevereiro 2021

rior e disfunções do pavimento pélvico”. Note-se que a SPUG-SPG já apresentou um documento, que foi aprovado pelo Colégio da Especialidade de Obstetrícia e Ginecologia da Ordem dos Médicos, mas que ainda não obteve o aval final da OM.

SPUG-SPG: Maria Geraldina Castro (tesoureira), Bercina Candoso (presidente) e Sofia Alegra (secretária)

quentemente vergonha de referir aos seus médicos qualquer disfunção do pavimento pélvico e de assim chegarem a tratamentos que podem solucionar os seus problemas”. Na sua opinião, “com a criação da subespecialidade, teriam a possibilidade de saber a quem se dirigir, com a certeza de que estão a ser consultadas por

profissionais que se diferenciaram no estudo e tratamento destas patologias”. Desenvolvendo um pouco a sua ideia, indica que “o grau de subespecialista apenas será dado a médicos que, em virtude da sua preparação específica, estejam superiormente preparados para fornecer tratamento abrangente dos distúrbios do trato urinário infe-

Bercina Candoso defende que “os ginecologistas diferenciados na área da Uroginecologia são cada vez mais necessários para que as mulheres possam receber cuidados de excelência para um problema de saúde que é altamente incapacitante”.

Para a médica, não há qualquer dúvida quanto às mais-valias: “Este título, que foi muito bem pensado e trabalhado, inclui o domínio de múltiplos conhecimentos e técnicas terapêuticas médicas/cirúrgicas, de forma a que a nossa prestação de cuidados seja o mais abrangente possível.” Quanto às condições no terreno, são “mais que suficientes, existindo unidades nos principais hospitais, há muitos anos, que se dedicam quase em exclusivo à Uroginecologia”. Bercina Candoso espera, assim, que na Ordem dos Médicos se deem os “necessários passos” para que esta pretensão venha a ser uma realidade num futuro próximo.


Obstetrícia e ginecologia

live E

fevereiro 2021

51


live E Obstetrícia e ginecologia

Tenossis 150 mg + 22400 U.I. comprimidos revestidos por película. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA. Cada comprimido revestido por película contém 150 mg de ácido ibandrónico (na forma de ibandronato de sódio mono-hidratado) e 22400 U.I. (560 µg) de colecalciferol. Cada comprimido contém 269,26 mg de lactose mono-hidratada. Este medicamento contém menos do que 1 mmol (23 mg) de sódio por comprimido revestido por película ou seja, é praticamente “isento de sódio”. FORMA FARMACÊUTICA. Comprimido revestido por película. Comprimidos revestidos por película brancos, oblongos e convexos. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS.Tenossis está indicado como terapêutica de substituição no tratamento da osteoporose pós-menopáusica, em mulheres com risco de insuficiência de vitamina D e risco aumentado de fratura e que se encontram medicadas com a administração concomitante, mensal, de ácido ibandrónico 150 mg e de colecalciferol 22400 U.I.. Foi demonstrada a redução do risco de fraturas vertebrais, a eficácia nas fraturas do colo do fémur não foi estabelecida. POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO. Posologia: A dose recomendada é de um comprimido revestido por película uma vez por mês. O comprimido deverá ser tomado de preferência sempre no mesmo dia de cada mês. Tenossis deve ser tomado após o jejum noturno (de pelo menos 6 horas) e 1 hora antes da ingestão da primeira refeição ou bebida (se esta não for água) do dia ou de qualquer outro medicamento ou suplemento (incluindo cálcio), administrado por via oral. No caso de omissão de uma dose, os doentes devem ser instruídos a tomar um comprimido de Tenossis na manhã seguinte do dia em que se lembrarem, exceto se a dose seguinte estiver programada para daí a menos de 7 dias. Posteriormente, os doentes devem voltar a tomar o comprimido uma vez por mês, na data originalmente estabelecida para a administração. Se a dose seguinte estiver programada para um dos 7 dias seguintes os doentes deverão aguardar até ao dia originalmente estabelecido para a administração da dose seguinte e depois continuar a tomar o comprimido uma vez por mês, tal como anteriormente. Os doentes não devem tomar dois comprimidos na mesma semana. Na osteoporose, devido à natureza da doença, Tenossis está indicado para tratamento prolongado. Não foi estabelecida a duração adequada para o tratamento da osteoporose com bifosfonatos. A necessidade da continuação do tratamento deve ser reavaliada periodicamente de acordo com os benefícios e potenciais riscos de Tenossis em cada doente individualmente, particularmente após 5 ou mais anos de utilização. Populações especiais: Doentes com compromisso renal: Não é necessário ajuste da dose em doentes com compromisso renal ligeiro ou moderado, nos quais a taxa de filtração glomerular apresente um valor igual ou superior a 30 ml/min, devendo ser administrado com precaução. Tenossis não deve ser administrado em doentes com insuficiência renal grave (taxa de filtração glomerular inferior a 30 ml/min). Doentes com compromisso hepático: Não é necessário ajuste da dose. População idosa (> 65 anos): Não é necessário ajuste da dose. População pediátrica: Tenossis não se destina para utilização em doentes com menos de 18 anos de idade e não foi estudado na população pediátrica. Modo de administração: Para administração por via oral. - Os comprimidos devem ser deglutidos inteiros com o auxílio de um copo de água não gaseificada (180 a 240 ml) estando o doente sentado ou em pé, em posição vertical. Águas com uma elevada concentração de cálcio não devem ser utilizadas. Se houver preocupação quanto à existência de níveis de cálcio potencialmente elevados na água da torneira (água dura), recomenda-se usar água engarrafada com um baixo teor mineral. - Os doentes não devem deitar-se durante a hora que se segue à toma de Tenossis. A água é a única bebida que deve ser tomada com Tenossis. - Os doentes não devem mastigar nem chupar o comprimido devido ao potencial para ulceração orofaríngea. CONTRAINDICAÇÕES. Hipersensibilidade à substância ativa. Hipervitaminose D. Nefrolitíase. Doença ou condição resultante de alterações nas concentrações séricas de cálcio (hipocalcemia ou hipercalcemia) e/ou hipercalciúria. Insuficiência renal grave. Anomalias do esófago que atrasem o esvaziamento esofágico, tais como aperto ou acalasia. Incapacidade de permanecer de pé ou sentado na posição vertical durante, pelo menos, 60 minutos. EFEITOS INDESEJÁVEIS. As reações adversas encontram-se listadas por classes de sistemas de órgãos segundo a MedDRA e por categoria de frequência. As categorias de frequência definem-se usando a seguinte convenção: muito frequentes (≥ 1/10), frequentes (≥ 1/100 a < 1/10), pouco frequentes (≥ 1/1.000 a < 1/100), raros (≥ 1/10.000 a < 1/1.000), muito raros (< 1/10.000), desconhecido (não pode ser calculado a partir dos dados disponíveis). Dentro de cada categoria de frequência, as reações adversas apresentam-se por ordem decrescente de gravidade. Efeitos indesejáveis associados ao Ácido ibandrónico: Doenças do sistema imunitário – Frequentes: Exacerbação da asma. Raros: Reação de hipersensibilidade. Muito raros: Reação anafilática/choque anafilático. Doenças do sistema nervoso – Frequentes: Cefaleia. Pouco frequentes: Tonturas. Afeções oculares – Raros: Inflamação ocular. Afeções do ouvido e do labirinto – Muito raros: Osteonecrose do canal auditivo externo (reação adversa de classe aos bifosfonatos). Doenças gastrointestinais – Frequentes: Esofagite, Gastrite, Afeção de refluxo gastroesofágico, Dispepsia, Diarreia, Dor abdominal, Náuseas. Pouco frequentes: Esofagite incluindo ulcerações ou apertos esofágicos e disfagia, Vómito, Flatulência. Raros: Duodenite. Afeções dos tecidos cutâneos e subcutâneos – Frequentes: Erupção cutânea. Raros: Angioedema, Edema facial, Urticária. Muitos raros: Síndrome de Stevens-Johnson, Eritema multiforme, Dermatite bolhosa. Afeções músculo-esqueléticas e dos tecidos conjuntivos – Frequentes: Artralgia, Mialgia, Dor musculosquelética, Cãibra muscular, Rigidez musculosquelética. Pouco frequentes: Dorsalgia. Raros: Fraturas femorais subtrocantéricas e diafisárias atípicas. Muito raros: Osteonecrose da mandíbula. Perturbações gerais e alterações no local de administração – Frequentes: Estado gripal. Pouco frequentes: Fadiga. Efeitos indesejáveis associados ao Colecalciferol: Doenças do metabolismo e da nutrição – Pouco frequentes: Hipercalcemia e hipercalciúria. Afeções dos tecidos cutâneos e subcutâneos – Raros: Prurido, exantema e urticária. Notificação de suspeitas de reações adversas: A notificação de suspeitas de reações adversas após a autorização do medicamento é importante, uma vez que permite uma monitorização contínua da relação benefício-risco do medicamento. Pede-se aos profissionais de saúde que notifiquem quaisquer suspeitas de reações adversas diretamente ao INFARMED, I.P.: INFARMED, I.P. Direção de Gestão do Risco de Medicamentos. Parque da Saúde de Lisboa, Av. Brasil 53. 1749-004 Lisboa. Tel: +351217987373. Linha do medicamento: 800222444 (gratuita). Sítio da internet: http://www.infarmed.pt/web/infarmed/submissaoram. E-mail: farmacovigilancia@infarmed.pt *A eficácia nas fraturas do colo do fémur não foi estabelecida. DATA DA REVISÃO DO TEXTO: Janeiro 2020. Para mais informações deverá contactar o representante do titular da autorização de introdução no mercado. MSRM. Medicamento comparticipado no escalão B. TECNIMEDE - Sociedade Técnico-Medicinal, S.A. • Rua da Tapada Grande, n.º 2, 2710-089 ABRUNHEIRA, PORTUGAL • Tel.: +351 210 414 100 • Fax: +351 219 412 157 • NIF: 500626413 • http://www.grupotecnimede.com

52

Fevereiro 2021

TTENO202A3CG Elaborado maio 2020/Revalidado anualmente


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.